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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - RADIOFONIA
Rádio Atlântica de Santos (1)

PRG-5, depois ZYK-534

As origens da Voz do Mar são contadas desta forma na obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista, de Francisco Martins dos Santos/Fernando Martins Lichti (1996, S.Vicente/SP):


Anúncio de radionovela da emissora (escrita por Ivani Ribeiro),
publicado em 14/12/1981 no jornal santista A Tribuna

Esta veio a ser a segunda emissora de rádio santista, fundada a 26 de maio de 1935 por Carlos Baccarat. Iniciou suas atividades no Parque Balneário Hotel, onde instalou seu estúdio, transferindo-se a seguir para o edifício da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de Santos, onde também instalou sua antena transmissora.

Por volta de 1945 (N.E.: na verdade, em 1943), instalou-se na Praça Correa de Melo, esquina com a Rua Itororó, onde reuniu sua administração, estúdios, discoteca, transmissores, com dependências para seu departamento de publicidade, de radionovela e de esportes, além de pequeno auditório, em cuja programação revelou magníficos artistas, conjuntos musicais etc. No final da década 60 (N.E.: em fins de 1970) transferiu-se para a Rua Frei Gaspar nº 100, onde, enfrentando sua maior crise financeira, começou a decair tecnicamente, e nesse local só mantinha sua administração, estúdio, técnica etc.

A Rádio Atlântica nasceu em função do apogeu do café, em Santos, onde militava, com sucesso, a família Baccarat, objetivando ser dinâmica, sensacional, diferente e disposta a proporcionar um melhor informativo do cotidiano e uma melhor movimentação artística e cultural. Efetivamente, ela conseguiu, por muito tempo, cumprir seus objetivos e conquistou a maior audiência santista.

Ela formou uma notável geração de artistas, locutores, narradores, cantores, comediantes, animadores de auditório, arranjadores e radioatores, muitos dos quais ganharam projeção nacional. Possivelmente Armando Rosas haja sido o seu homem de rádio na mais ampla acepção desse conceito, que se projetou no cenário radiofônico brasileiro, com extraordinário brilhantismo e sucesso.

Mas, também, tiveram grande participação no sucesso da emissora Vicente Leporace (daqui foi brilhar na Rádio Bandeirantes, em São Paulo), Caldeira Filho, Correia Júnior, Rosinha Mastrângelo, Walter Dias, José Liberato e outros.


O então futuro Edifício do Rádio em 1936. Sete anos depois, abrigaria as instalações da emissora
Imagem do cartão postal cedida a Novo Milênio pelo historiador santista Waldir Rueda

A Rádio Atlântica de Santos, que iniciou com o prefixo PRG-5, hoje tem o prefixo ZYK-534, transmitindo na freqüência 590 kHz, com a potência de 10 quilowatts. Em 1971, atravessando muitas dificuldades financeiras, ela foi vendida ao Grupo A Tribuna, que transferiu todas suas instalações para seu prédio próprio na Rua João Pessoa nº 129, sob a direção geral de Roberto Mário Santini.

No auge das décadas de 40, 50 e parte de 60, quando a programação de auditório dominava o povo, a Rádio Atlântica brilhou com a apresentação dos maiores cartazes da radiofonia brasileira e internacional, como Francisco Alves, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Carmem Miranda, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, Grande Otelo, Gregório Barrios, Dalva de Oliveira, Dircinha e Linda Batista e, posteriormente, com alguns artistas da nova geração, como Jair Rodrigues, Jerry Adriani, Genival Lacerda, Demetrius, Katya, Luiz Guedes, Perla e Tomás Roth, além do Chacrinha, que atravessou quase todas as gerações do rádio brasileiro.

A Rádio Atlântica de Santos, durante mais de trinta anos, foi absoluta em audiência, não só em suas radionovelas, como em suas programações esportivas, inicialmente com Gracioso Filho e depois com Ernani Franco. Exerceu função preponderante na vida de Santos, quer como órgão de informação, quer como difusora cultural, quer, ainda, influenciando na própria política da cidade.

Do Grupo A Tribuna passou à propriedade do sr. Élio Ávila de Souza, competente técnico de radiofonia radicado em Santos, que prestou serviços à Rádio Cultura São Vicente, à Rádio Cacique, à Rádio A Tribuna e à própria Rádio Atlântica, junto ao grupo A Tribuna.

Atualmente pertence ao sr. José Manoel Ferreira Gonçalves, que a transferiu para o Guarujá, onde tem sua sede, estúdios e transmissores, na Av. Dr. Adhemar de Barros nº 280, cj. 05. Seu principal programa é Deus é Amor, da Igreja Evangélica.

Foi uma rádio de grande tradição na vida santista.


Parque Balneário Hotel, onde a Atlântica teve suas primeiras instalações, em 1935

A rádio Atlântica usou por muito tempo o slogan "A Voz do Mar", como relata por sua vez o radialista Reynaldo C. Tavares em seu livro Histórias que o rádio não contou (1997, Negócio Editora Ltda., São Paulo/SP), citando também:

A Rádio Atlântica de Santos - SP, no dia 3 de setembro de 1937, inaugurou o seu Teatro de Antena sob a direção de Armando Rosas, com a peça de Luiz Iglesias Onde Estás, Felicidade?, apresentando no seu elenco um jovem radioator, vindo da PRB-5 Rádio Clube Hertz de Franca, interior de São Paulo, que anos mais tarde se tornaria um dos mais discutidos profissionais do rádio brasileiro: Vicente Leporace.

Leporace fez de tudo no rádio: foi redator, locutor, programador, discotecário, radioator, apresentador de televisão (Gincana Kibon com Clarice Amaral - Canal 7 - SP), ator de cinema e televisão, passando por diversos prefixos tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, sempre com muito sucesso e profissionalismo.


Anúncio publicado no jornal A Tribuna de 6 de novembro de 1985

A emissora tem, porém, assinalada uma outra data de fundação, 23 de dezembro de 1934. A ela se refere a antiga revista mensal santista Flama, em sua edição de dezembro de 1943 (ano XXII, nº 12) - grafia atualizada nesta transcrição:

Comemorado com uma grande revista radiofônica o 9º aniversário da Rádio Atlântica
Foto publicada com a matéria

Marcou êxito absoluto a apresentação da "Revista Atlântica de 1943", comemorativa do 9º aniversário de fundação da Rádio Atlântica. A "Revista Atlântica", que deveria ser apresentada a 23 de dezembro, dia exato da fundação da estação do sr. Carlos Baccarat, foi levada ao microfone no dia 27, pois que no dia 23 a "dinâmica" irradiava uma das grandes partidas do Campeonato Brasileiro de Futebol, diretamente do Rio de Janeiro.

Era, portanto, grande a expectativa em torno da apresentação desse trabalho de Raimundo Lopes e Armando Rosas - os dois festejados programadores da PRG-5. E podemos dizer que a "Revista Atlântica de 1943" constituiu uma apresentação das mais bonitas, deixando ótima recordação, quer nas partes dialogadas, quer nas partes musicais, que estiveram a cargo de Zico Mazagão, cujo arranjo do "carinhoso" foi um dos números mais aplaudidos.

Todos os artistas e músicos da popular emissora da Praça Correia de Melo tomaram parte nesse grandioso programa que marcou a passagem de mais um ano de brilhantes atividades da Rádio Atlântica, sob a orientação de Carlos Baccarat e José Luiz Baccarat.

Ouça:
1 de fevereiro de 1974 - Arquivo exclusivo de Novo Milênio: noticiário às 16h00 da Rádio Nova Atlântica, com novos detalhes do incêndio iniciado horas antes no edifício Joelma, na capital paulista (arquivo MP3, 286 kb, 71 segundos).

28 de julho de 1973 - Arquivo exclusivo de Novo Milênio: noticiário às 16h00 da Rádio Nova Atlântica, com detalhes sobre falhas técnicas na estação espacial norte-americana Skylab-2 (arquivo MP3, 128 kbps, 44 kHz, 471 kb, 29 segundos).

26 de fevereiro de 1974 - Arquivo exclusivo de Novo Milênio: o início do Boletim das 7, às 7 horas, quando as rádios AM A Tribuna e Atlântica formam cadeia de transmissão para apresentar esse noticiário diário, produzido pelo jornal A Tribuna de Santos (arquivo MP3, 468 kb, 118 segundos).

11 de setembro de 1973 - Arquivo exclusivo de Novo Milênio: noticiário das 16 horas  da Rádio Nova Atlântica, com notícia urgente sobre o ataque ao palácio La Moneda, em Santiago do Chile, que levou ao suicídio o presidente Salvador Allende (arquivo MP3, 128 kbps, 44 kHz, 951 kb, 60 segundos).

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