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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Colônia lusa
A cidade dos portugueses (10)

Jornal de 1944 destaca a participação lusa no desenvolvimento santista
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Texto publicado na edição especial comemorativa do cinqüentenário do jornal santista A Tribuna (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 26 de março de 1944 (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Homenagem da A Tribuna à laboriosa colônia portuguesa

[...]


Sociedade União Portuguesa - robusta expressão da atividade construtiva dos portugueses - Como já tivemos oportunidade de acentuar, a Sociedade União Portuguesa é motivo de justo orgulho dos portugueses de Santos. A sua história é um relato de esforços, de sacrifícios, de dedicação de um punhado de homens abnegados, não medindo trabalho nem canseiras para elevar bem alto o nome de sua pátria e de bem servir a terra que os acolheu.

Assentando seus alicerces, hoje fortalecidos e robustos, sobre os fundamentos de uma coletividade que ameaçava ruína, é presentemente uma das mais sólidas e prósperas instituições, vivendo exclusivamente da modesta colaboração de seus associados.

Como se sabe, a sua fundação data de 1913, sob o título de Sociedade Musical União Portuguesa. A sua finalidade era a esse tempo meramente recreativa, tendo organizado uma banda musical que foi uma das melhores corporações que no gênero possuía a nossa cidade. Viveu anos de glórias e de triunfos.

A iniciativa de sua fundação coube a um punhado de cidadãos empreendedores e ativos, tais como José Joaquim Marques, Antônio Cordeiro, Artur da Fonseca Vasconcelos, Benjamim Alves dos Santos, Manoel Fernandes Tavares, Vítor Soalheiro, que ainda hoje é o sócio n. 1 da União Portuguesa; Manoel Cabral Guedes, Antonio Maria Colaço, Manoel Bento de Sousa, Antonio de Matos, Carlos Alberto Frias, Manoel Dias da Mota Braga, Custódio Pereira de Carvalho e muitos outros.

O sr. Augusto Messias Burgos foi o primeiro maestro da banda, à qual dedicou a mais carinhosa atenção e a serviço da qual o melhor da sua capacidade artística.

Finalmente, em 1929, a União entrou num período de decadência, de desinteresse. Tinha encerrado o ciclo de sua finalidade. O gosto pelos espetáculos musicais desse gênero tinha decaído, pelo aparecimento de outros gêneros de diversões. O desinteresse era, pois, quase geral.

Foi nessa ocasião que apareceram novos entusiastas, que tomaram a peito a tarefa de reerguer a sociedade. Notam-se entre estes Mota Braga, Abílio Ferreira Nunes, José Abel Martins de Carvalho, e, mais do que qualquer outro, Bernardino Pereira Leite, a cuja tenacidade, paciência e labor infatigável se deve o não ter essa coletividade se dissolvido irremediavelmente. Pereira Leite, no momento mais grave, deitou ombros à tarefa. Suas sugestões para a modificação das finalidades sociais foram sucessivamente aprovadas. Sacrifícios pessoais foram exigidos de quantos o acompanhavam.

Organizaram-se novos estatutos, que previam a criação de uma Caixa de Socorros. Muitos nomes apareceram emprestando sua colaboração a essa tarefa gigantesca. Citaremos alguns: José Simões Álvaro, Francisco de Almeida Guilherme, Mário Fontes, João S. Carvalho, José Mendes Rollo, Manoel Gonçalves Poças, Joaquim Ribeiro da Silva Leal, Joaquim de Almeida Paiva. Para melhor adaptar a Sociedade aos seus novos objetivos, foi suprimida a palavra "Musical", passando a designar-se apenas Sociedade União Portuguesa. Criou-se uma Falange Protetora, que foi o esteio da nova instituição.

Nesta formavam novos nomes, além dos já citados, entre eles Carlos Herdade, dr. Tomaz Alvim, João Pimentel, Antônio da Silva Agria, Artur Rodrigues, Venâncio Diniz, Francisco Lourenço Gomes, Augusto Joaquim da Silva, Antônio Augusto Marialva, Aristides Cabrera Corrêa da Cunha, Luiz Filipe Saavedra, dr. Paulo Menano, David Duarte Louro, João de Barros, Francisco de Almeida, Urbino Silva, Eduardo da Costa Lima, Teodomiro Veiga, Joaquim Lopes Calçada, Casemiro Monteiro, Antônio Corrêa, José Luiz Antunes, Artur da Silva Agria, Henrique Simões, Abílio Vaz Colaço, Antônio Luiz de Oliveira, Alípio Negrão, Antônio Ferreira Nunes, Benjamim Alves dos Santos.

Desentendimentos surgem às vezes. Desânimos se manifestam mesmo entre os mais entusiasmados. Bernardino Pereira Leite, entretanto, galvaniza todos com o seu entusiasmo e, com raras defecções, mantém firmes as hostes protetoras. Inicia então uma campanha intensa de propaganda, já pela palavra e pelo exemplo, já pela imprensa, e por meio de boletins.

Graças a esse trabalho extraordinário, já em fins da gestão de 1930 a sociedade contava 1.354 sócios, com a Caixa prestando apreciáveis socorros. O número de novos associados aumenta progressivamente. Há reuniões de diretoria em que são aprovados mais de 150 propostas.

Desde então, o desenvolvimento da sociedade tem sido uma escala uniformemente ascensional, apresentando hoje um número de mais de 14 mil associados inscritos, com 152 sócios protetores.

Até o presente, já a União Portuguesa distribuiu auxílios num total de Cr$ 3.231.714,60, pelas verbas Diárias, Retiradas, e Fundo Humanitário, tendo pago mais de Cr$ 270.000,00 em socorros médicos e mais de Cr$ 130.000,00 no seu ambulatório, mantendo ainda uma Escola Noturna de Alfabetização, na qual despendeu Cr$ 90.000,00.

Esta estatística é a consagração máxima dos esforços despendidos. E tudo isto se deve em geral ao esforço comum, mas em particular à fibra de realizador, de animador e infatigável abnegação de Bernardino Pereira Leite, ao qual a Sociedade, em sinal de reconhecimento, conferiu o título de Presidente de Honra.

Merece especial referência o Fundo Humanitário da União, pois é por assim dizer único, em sociedades de finalidade mutualista. Pelo Fundo Humanitário, a União Portuguesa distribui auxílios a todas as pessoas necessitadas que batem à sua porta, que não sejam associados, sem distinção de cor, de nacionalidade, de credo político ou religioso. Por esta verba, já distribuiu, desde o início do funcionamento de seus serviços beneficentes, Cr$ 113.625,20.


Planta perspectiva do futuro edifício social da Sociedade União Portuguesa
Foto e legenda publicadas com a matéria

Em obediência à lei que estabelece normas para o funcionamento de sociedades civis, a União Portuguesa registrou-se entre as coletividades nacionais, satisfazendo todas as exigências legais nesse sentido. Sua atual diretoria está assim constituída:

Presidente, Antônio Teixeira Júnior (brasileiro); vice-presidente, Francisco Lourenço Gomes (português); 1º secretário, Miguel Silveira (brasileiro); 2º secretário, Fernando Salvatori Santos (português); 1º tesoureiro, Carlos Herdade (português); 2º tesoureiro, José Francisco Paulo (brasileiro).

Vogais: José Gomes dos Santos Neto, Herculano Domingues dos Santos, José Lourenço Gomes, Áureo da Silva Praça, José da Silva Noé Magalhães Vaz. A mesa do Conselho Deliberativo é composta dos seguintes cidadãos: Aristides Cabrera Corrêa da Cunha, Antônio Freire de Oliva, José Abel Ferreira de Macedo e Joaquim Ribeiro de Moura.

Atualmente, uma das maiores aspirações da sociedade é a da construção de sua nova sede social, para o que conta com uma reserva especial, que tende a aumentar com a colaboração de elementos dedicados à causa social. O patrimônio social é presentemente de mais de Cr$ 700.000,00. O número de sócios portugueses contribuintes apresenta atualmente uma porcentagem de 800 por cento (N.E.: SIC) sobre o total de associados.

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