Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0342i.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/13/06 10:30:19
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Colônia lusa
A cidade dos portugueses (9)

Jornal de 1944 destaca a participação lusa no desenvolvimento santista
Leva para a página anterior
Texto publicado na edição especial comemorativa do cinqüentenário do jornal santista A Tribuna (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 26 de março de 1944 (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Homenagem da A Tribuna à laboriosa colônia portuguesa

[...]



O majestoso edifício do Real Centro Português,
um dos mais belos espécimes arquitetônicos de Santos
Foto e legenda publicadas com a matéria

Real Centro Português - Uma instituição tradicional e caracteristicamente lusitana - Em 1895, há quase cinqüenta anos, portanto, Luiz José de Matos, dr. Manoel Homem de Bitencourt, Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, José M. de Azevedo Magalhães e José Maria Soares, cinco portugueses ilustres, tomaram a iniciativa de fundar uma associação para a defesa dos interesses do imigrante lusitano em todos os setores. Iniciada uma intensa e elevada propaganda, a idéia tornava-se, dentro de pouco, vitoriosa, graças às valiosas adesões de todos os elementos mais destacados da colônia.

A 1º de dezembro do mesmo ano, quando se festejava, no Teatro Guarani, em memorável sessão solene, o aniversário da restauração de Portugal, era fundado o Centro Português de Santos, que se propunha, além da defesa pessoal e jurídica, a promover o alevantamento do nível cultural da colônia, com a criação de escolas de alfabetização, de arte dramática, dança etc., contando então, como sócios iniciadores, os acima indicados, e como sócios fundadores, mais os seguintes: Adelino Corrêa da Costa, Adriano Antônio, Alexandre Ventura, Antônio Alves Agante, Antônio Dias Pereira, Antônio dos Santos Coelho Germano, Antônio Marialva, Antônio Pereira Marques, Antônio Rodrigues Mercador, Antônio Simões Gonçalves, Artur Mendes Guimarães, Augusto Rosa da Fonseca, Augusto Rosa da Fonseca Júnior, Basílio da Fonseca, Basílio Pinto de Jesus, Durval Augusto Lourenço, Fernando Cerquinho, Firmino Antônio de Almeida, Francisco Augusto de Sousa, Francisco Augusto dos Santos, Francisco Luiz de Paiva, Francisco Marques Gaspar, Francisco Martins, Francisco Xavier Nunes, Joaquim Agostinho, Joaquim de Almeida, Joaquim Fróis Pião, Joaquim Soares, João Gonçalves dos Santos, José Adelino Corrêa, José Alves Agante, José da Silva Mascarenhas, José Gaspar, José Maria Simões Lopes, José Melo, José Moreira Maia, Júlio de Almeida Cardador, Leon Beri Ohel, Manoel Antônio Gomes Tinhela, Manoel Antônio Teixeira, Manoel de Almeida, Manoel de Sousa Carvalho, Manoel Domningues Guerra, Manoel Ferreira de Menezes, Manoel Leal, Manoel Pereira Ribeiro, Manoel Rosa, Manoel Soares, Sebastião Mendes Ferreira e Vitor Soalheiro.

Dessa plêiade de incansáveis lutadores, poucos já restam vivos. Mas a obra que realizaram aí está a atestar às gerações vindouras o valor do esforço e da capacidade portuguesa.

A vida do Centro Português, mais tarde condecorado com o título de Real, por ato do saudoso el-rei D. Manoel, a quem fora dada a presidência honorária, tem sido uma esteira brilhante de realizações e de vitórias. Além de dotar a cidade de um dos mais belos edifícios, o único de arquitetura rigorosamente típica do jamais ultrapassado estilo gótico, reuniu dentro de suas paredes uma série de magníficas obras de arte, entre elas sobressaindo belíssimos quadros históricos.

Numa época de agitação e de entrechoques de paixões, os portugueses encontraram sempre ali amparo e conforto moral.

O Real Centro, por outro lado, incorporou-se sempre às boas iniciativas de caráter social, não só nesta cidade como em todo o país, tendo causado a mais grata impressão o acolhimento dispensado ao apelo em favor dos flagelados das secas do Nordeste, em julho de 1915, quando realizou uma festa com esse objetivo, na qual se apurou a importância de 1:444$000, quantia a esse tempo apreciável.

Tirando a sua divisa de dois versos do épico imortal da Raça, o Real Centro Português vem cumprindo a finalidade a que se propôs, de difundir as virtudes tradicionalistas do caráter português, propagar o conhecimento dos feitos de seus maiores, recomendar ao respeito e à admiração a energia e o valor daqueles cujo destino implicava na gloriosa missão de semear o mundo de novos povos e novas civilizações.

Em suas fileiras formaram, outrora, os elementos mais destacados da colônia e ainda hoje um grupo de portugueses dignos pela energia, pelo caráter e pela devoção ao trabalho luta pelo seu desenvolvimento e pela sua cada vez mais gloriosa existência.

O corpo cênico do Real Centro Português proporcionou, aos seus associados e à sociedade santista em geral, noitadas brilhantes, por sua ribalta passando valores e méritos que constituíam verdadeiras revelações artísticas. Ainda hoje, a sua corporação teatral reúne um grupo de ótimos elementos e as suas representações coroam-se sempre de muito êxito.

Para disseminar entre os jovens santistas o gosto pela Arte de Talma, fundou o Real Centro um Grupo Dramático Infantil, que realizou dezenas de festas, cobrindo-se os seus componentes de merecidos aplausos.

O Grêmio das Camélias reuniu os elementos mais representativos da sociedade santista de há vinte anos atrás, e levou a efeito as mais belas iniciativas, no terreno recreativo e artístico.

Dentro do Real Centro Português existiu ainda uma escola de dança, por meio da qual os filhos dos associados se familiarizavam com os segredos da difícil arte de Terpsicore.

Mantinha ainda o Centro várias diversões, tais como tiro ao alvo e bilhares. A sua biblioteca reúne, hoje, alguns milhares das mais famosas obras literárias.

O edifício do Real Centro Português, notável pela sua arquitetura, encerra em seu interior verdadeiras preciosidades artísticas. Ornam o teto do seu salão nobre sete quadros a óleo, extraídos do poema de Camões, Os Lusíadas, pintados pelo hábil pintor espanhol Antônio Fernandes. São eles baseados nos cantos e estrofes seguintes: 1 - Canto I, Est. X; 2 - Canto I, Est. XXXIII; 3 - Canto II, Est. CI; 4 - Canto VII, Est. LXXV; 5 - Canto IX, Est. XLV; 6 - Canto IX, Est. L; 7 - Canto IX, Est. LXXXXIV (N.E.: SIC).

Guarnecendo a parede da entrada existem também: 1 quadro copiado duma fotografia, pelo mesmo pintor, representando a aclamação de D. Afonso Henriques (fundação da monarquia portuguesa). Outro - Restauração de Portugal e morte de Miguel de Vasconcelos, e ao fundo, nas costas da Presidência, a Descoberta do Brasil, cópia dum quadro existente no Palácio Presidencial, no Rio de Janeiro.

Com a legislação sobre sociedades estrangeiras, o Real Centro Português, satisfazendo as exigências legais, registrou-se como sociedade estrangeira, sendo a única em Santos que se conserva, agora, exclusivamente portuguesa.

Seus atuais corpos diretivos encontram-se assim constituídos:

Mesa do Conselho Deliberativo e Assembléias Gerais - presidente, José Antônio Prior, reeleito; vice-presidente, Antônio da Cruz, reeleito; 1º secretário, Domingos Cândido da Silveira, reeleito; 2º secretário,  Severino Antunes de Carvalho, reeleito.

Diretoria - presidente, Joaquim Moreira, reeleito; vice-presidente, Francisco Lourenço Gomes; 1º secretário, Nasciso Esteves da Cunha, reeleito; 2º secretário, Fernando M. Leite da Fonseca, reeleito; 1º tesoureiro, Acácio Augusto de Almeida, reeleito; 2º tesoureiro,  Américo de Oliveira Ramos, reeleito; fiscal, Joaquim da Cruz Fonseca; bibliotecário, Antônio José Prior. Conselheiros: Vitorino Dias de Almeida, Augusto Batista, reeleito, Ângelo Amado e Alfredo Borges. Comissão de exame de contas: Acácio de Oliveira Leite, reeleito; Antônio Francisco de Carvalho, reeleito; e Cesaltino de Carvalho.


[...]
Leva para a página seguinte da série