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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Uma favela que o rádio criou

A expansão populacional verificada no século XX, numa região com limitações geográficas bem definidas - a ilha de São Vicente, onde estão as cidades de Santos e São Vicente - foi marcada pela degradação das condições de vida e do nível de urbanização na área.

A história de uma dessas ocupações, que ao contrário das demais teve dia e horário registrados - a noite de 9 de maio de 1963 - foi citada no livro 36 mil dias de Jornalismo - A história nas páginas de A Tribuna (de Eron Brum, 1994, Editora A Tribuna, Santos/SP). Nesse local invadido surgiu depois o Conjunto Habitacional Marechal Artur da Costa e Silva:

A favela criada na Areia Branca, alguns anos depois
Foto publicada em 26/8/1982 no jornal A Tribuna de Santos

Nasce uma favela

Notícia que teria sido veiculada por uma emissora de rádio provocou a invasão de uma gleba no bairro de Areia Branca, em Santos, e Jardim Guaçu, em São Vicente, intensificando a formação de mais uma favela na Baixada Santista. Segundo informaram alguns dos "invasores", uma estação de rádio divulgara que aquelas terras eram devolutas e, por conseguinte, poderiam ser ocupadas, a exemplo do que ocorreu, anos atrás, no bairro de Areia Branca, originando o atual conglomerado de casebres e chalés existentes no local. Acreditando na notícia, mais de mil pessoas dirigiram-se às terras indicadas e fixaram tabuletas assinaladoras de sua posse.

Como a prática se desenvolveu durante a noite de 9 de maio de 1963, pela manhã poucos locais restavam para ocupação. Entretanto, com o clarear do dia, o número inusitado de pessoas movimentando-se pela gleba chamou a atenção dos moradores das redondezas, os quais procuraram também conquistar seu quinhão.

A marcação dos lotes se fez com tabuletas, pedaços de galhos, com valas cavadas a enxada e, finalmente, com a permanência do próprio ocupante no local onde pretenderia construir seu barraco.

À tarde, não havia nem mais um palmo de terra a ser disputado; estava tudo repartido entre os mais afortunados. A maior parte dos "invasores", aliás, compunha-se de mulheres, muitas levando consigo filhos pequenos, as quais procuravam conseguir um pedaço de chão, enquanto os maridos saíam para o trabalho.

Essa invasão serviu bem, em última análise, para trazer à tona um problema dos mais angustiosos da Baixada Santista: o da casa. A ascensão contínua dos aluguéis foi, aos poucos, obrigando as pessoas de poucos recursos a buscarem os bairros periféricos, que, sem condições higiênicas satisfatórias, permitiam locação a preços baixos.

Foram, assim, proliferando os aglomerados de casebres, como o bairro de Areia Branca, onde os moradores constituíram um "município" à parte, inclusive batizando por conta própria as tortuosas ruas originadas do levantamento a esmo dos chalés.

A gleba invadida está localizada entre o Jardim Guaçu e o bairro de Areia Branca e apresenta 500 metros de frente para a avenida Antônio Emmerich, tendo mais de 1.000 metros de profundidade, até o Jardim Rádio Clube. Toda a região é habitada por pessoas de ínfimos recursos, as quais se submetem a morar em local sem as mínimas condições de saúde e higiene.

A Prefeitura Municipal de Santos, proprietária de metade da gleba - a outra metade pertence a Francisco Pires Martins e Irmãos Haddad - enviou dois guardas ao local. Apesar da excitação, os "invasores" não reagiram e os guardas cumpriram calmamente sua missão, tendo um deles dito, em tom de brincadeira, que "estava ali para marcar um terreinho" para si, no que foi aplaudido pelos presentes.

Agravando, porém, a situação, um indivíduo sem escrúpulos, ainda não identificado, teria estado no local, onde vendera lotes a preços que variavam entre Cr$ 12.000,00 e Cr$ 20.000,00. Ao que também consta, inúmeros incautos foram ludibriados.

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