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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ENSINO
A educação... e as antigas escolas (18-b)

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Tradicionais colégios, que muito santista recorda com saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade, e por eventos que também fizeram história. No jornal A Tribuna, edição de 27 de agosto de 2011, foi registrada na página A-7 a passagem do 60º aniversário da Universidade Católica de Santos (Unisantos):
 


Sede da entidade: testemunha de importantes momentos da história da Cidade.

UniSantos foi a primeira universidade da região

Foto: Davi Ribeiro, publicada com a matéria

Sociedade Visconde de São Leopoldo vira sexagenária

Entidade nasceu em plena época de agitação política e virou celeiro de personalidades regionais e até nacionais

Alcione Herzog

Da Redação

O ano era 1951. O clima de agitação política tomava conta do País. Getúlio Vargas havia sido eleito pelo voto popular, após 15 anos de ditadura.

No início do período chamado Anos Dourados, o Brasil do pós-guerra decide ficar do lado dos americanos na bipolarização mundial entre Estados Unidos e União Soviética. O Partido Comunista Brasileiro passava para a ilegalidade.

Na cultura, o rock and roll ainda não fazia a cabeça dos mais jovens e os boleros e sambas-canção ditavam a trilha sonora do País que acabara de perder, em casa, a Copa do Mundo para o Uruguai.

Na Santos que já ostentava o título de Cidade Vermelha, por seu perfil revolucionário e pelo forte movimento sindical no Porto, o café era a mola mestra da economia.

Nesse cenário de mudanças políticas, culturais e econômicas surgiu, há 60 anos, o embrião de uma instituição que passou a ser o celeiro de personalidades marcantes para a história regional e até mesmo nacional.

Em 28 de agosto de 1951, foi fundada a Sociedade Visconde de São Leopoldo pelo bispo dom Idílio José Soares e por um grupo de empresários do café. Santos passou para o seleto rol de cidades brasileiras que formavam profissionais com graduação em nível superior.

"A idéia do bispo era criar uma entidade capaz de transmitir conhecimentos e preparar cidadãos conscientes, éticos e críticos", resume a diretora-secretária da mantenedora, Clotilde Paul.

Dom Idílio tinha os olhos voltados ao futuro e acreditava que o crescimento de Santos passava pela inserção de cursos superiores para qualificação dos jovens santistas.

Tal objetivo começou a ser cumprido em 1952, com a instalação da Faculdade de Direito, conhecida como Casa Amarela. Em 1953 iniciou-se, então, o primeiro curso de ensino superior da região.

Vieram depois as faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, em 1955, e de Ciências Econômicas e Comerciais, incorporada pela mantenedora em 1959. Na década 1970, já com o bispo dom David Picão na presidência da Sociedade, foi criada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Nos anos 1980, era a vez das faculdades de Comunicação e de Serviço Social e a de Farmácia, Enfermagem e Engenharia. O título de Universidade Católica de Santos (UniSantos) – a primeira universidade da região -, veio em 1986, com o reconhecimento do Ministério da Educação.

Antes, em 1977, a Sociedade Visconde de São Leopoldo passou, também, a administrar o Liceu Santista, criado em 1902 e originalmente pertencente à Associação Feminina Santista.

VISADA

“Santos era uma cidade muito visada pelos militares. Com a perda da autonomia política, os sindicatos foram fechados e seus líderes afastados e presos. O que sobrou foi o movimento estudantil”

Cláudio José dos Santos, pró-reitor comunitário da UniSantos

Transformações – Primeiro colocado no vestibular da primeira turma da Casa Amarela, o ex-desembargador e professor de Direito Walter Theodósio é um dos que acompanharam de perto as transformações da instituição.

Ele lembra alguns nomes de destaque que passaram pelo curso de Direito e contribuíram de alguma forma para desenhar a história do Estado e do Brasil.

"Meu calouro foi o Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça no governo de José Sarney. Um dos meus colegas era o poeta Narciso de Andrade. Foram vários expoentes".

Outro nome de expressão formado pela Faculdade de Direito é o atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. A galeria de pessoas ilustres na área jurídica conta ainda com Dora Vaz Treviño, desembargadora e ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), Gastone Righi, ex-deputado federal, Vicente Fernandes Cascione, ex-deputado federal, entre outros.

A tradição de ex-alunos reconhecidos é uma marca registrada da Católica também em outras áreas. Clotilde Paul, que há 55 anos está na Sociedade Visconde de São Leopoldo, primeiro como aluna dos cursos de Letras, Direito e História e depois à frente de diversos cargos na diretoria, enumera alguns desses expoentes.

"Foram meus alunos gente muito boa como, por exemplo, o escritor José Roberto Torero, a diretora de teatro Neyde Veneziano e a atriz Jandira Martini. A universidade respirava arte. Era um verdadeiro caldeirão cultural".

NÚMERO

7 mil alunos estudam em três campi da UniSantos

500 professores lecionam em 45 cursos

400 funcionários trabalham nas instalações da universidade

1.200 estudantes freqüentam o Liceu Santista

 


Reunião preparatória para a fundação, com o bispo d. Idílio José Soares

Foto: divulgação, publicada com a matéria

Na ditadura, refúgio da resistência

Nos anos de chumbo da ditadura militar, os muros das faculdades representavam uma espécie de refúgio, onde intelectuais e estudantes se reorganizavam e repunham as energias para sobreviver diante do regime repressor.

Em Santos não era diferente. Após o Golpe de 1964, as faculdades de Direito e de Filosofia, Ciências e Letras eram palco de idéias que se manifestavam de várias formas, sobretudo pela arte e o teatro amador. O pró-reitor comunitário da UniSantos, Cláudio José dos Santos, era aluno de Pedagogia e na década de 1970 lecionava Sociologia. "Tínhamos a instituição como centro de resistência e luta e, ao mesmo tempo, de livre expressão de idéias".

Uma das fontes mais ricas de manifestações culturais foi o Teatro Escola Faculdade de Filosofia Santos (Tefi), por onde passaram figuras importantes da dramaturgia nacional como Sérgio Mamberti, Ney Latorraca e Carlos Alberto Soffredini, além do crítico de cinema e colunista de A Tribuna, Rubens Ewald Filho.

Passados os anos turbulentos, a Sociedade Visconde de São Leopoldo e a UniSantos diversificaram suas áreas de atuação e investiram em pesquisa e extensão comunitária. Um dos destaques foi o credenciamento do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Ipeci) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O número de cursos e de alunos mais do que triplicou nas últimas três décadas e deve continuar a se expandir. Entre os projetos para 2012, está a abertura de duas turmas de Engenharia Portuária – curso inédito no País.

Atualmente, a universidade conta com 45 cursos de graduação, entre bacharelados, licenciaturas e superiores de tecnologia. Na pós-graduação, há programas de Mestrado em Administração, Educação, Direito e Saúde Coletiva, além de cursos de Especialização e MBA.

FAMOSOS
Alguns ex-alunos famosos:
Abel Neto, repórter esportivo na TV Globo
Araquém Alcântara, fotógrafo de natureza
Carlos Monforte, apresentador da Globo News
Cézar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal
Jandira Martini, atriz
José Roberto Torero, escritor e jornalista
Luiz Roberto, narrador da TV Globo
Narciso de Andrade, poeta
Neyde Veneziano, dramaturga
Perito Ribeiro, dramaturgo
Rubens Ewald Filho, crítico de cinema e teatro
Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça
Sérgio Mamberti, dramaturgo
 
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