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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - VISITANTES
Presidentes na beira do cais (1)

Diversos presidentes da República passaram pelas instalações do porto de Santos, em momentos de tensão que marcaram a História do Brasil ou apenas a passeio, para embarque ou desembarque dos navios ali atracados. Uma relação parcial (não cita, por exemplo, D. Pedro II e a família imperial) foi publicada pelo jornal santista A Tribuna, na edição de 2 de fevereiro de 2005, quando era comemorado mais um aniversário da inauguração do primeiro trecho de cais organizado (em 1892):


Em 1957, Juscelino Kubitschek inaugurou terminal da CDS
Foto: Arquivo A Tribuna, publicada com a matéria

HISTÓRIA

Visitas presidenciais mostram importância do complexo

Quase 20 chefes do Executivo já vieram ao cais santista

Da Reportagem

A história do mais importante porto do Brasil também é marcada pela passagem da maioria dos chefes de Estado do País, do então príncipe-regente Dom Pedro I a ditadores e os presidentes da Velha e da Nova República. As viagens foram feitas pelos mais diversos motivos, da inauguração de novos terminais, a entrega de navios à Marinha e uma visita a amantes, até o embarque no navio que levaria o estadista ao seu exílio.

Os primeiros registros da passagem de um líder da nação pelo cais santista surgem às vésperas da Declaração da Independência do Brasil. Oficialmente, em 5 de setembro de 1822, D. Pedro I veio a Santos para inspecionar as fortificações do porto. Aproveitando a descida da Serra do Mar, visitou sua amante, a Dona Domitila de Castro, a Marquesa de Santos (N.E.: na verdade, eles se encontraram na capital paulista).

Foi exatamente na volta à Capital Federal (o Rio de Janeiro) que, quando passava por São Paulo, às margens do Rio Ipiranga, o príncipe-regente recebeu a mensagem do seu ministro e conselheiro, o santista José Bonifácio de Andrada e Silva (que se tornaria o Patriarca da Independência), sobre a exigência dos portugueses para que retornasse à Europa. Irritado diante da ordem, o futuro imperador do Brasil declarou ali a definitiva separação entre a colônia e a metrópole.

O próximo registro aparece em 1909, durante as primeiras décadas da República. Foi neste ano em que o então presidente Afonso Pena (que governou a nação de 1906 a 1909) visitou as terras santistas.

Quase uma década depois, em 1918, os comerciantes de Santos, motivados no início do século 20 pela indústria cafeeira - que gerava também as maiores movimentações no porto - convidaram o então presidente Wencesláo Braz (1914-1918) para uma visita à Cidade. O chefe do Executivo da época esteve na região em 22 de maio daquele ano, quando foi homenageado.

Outro líder brasileiro que participou diretamente da história do cais santista foi Getúlio Vargas (1930-1945). O ditador passou pela região no dia 6 de janeiro de 1938, a bordo do hidroavião Tupã, em viagem para Porto Alegre, onde faria o lançamento da ponte ligando Brasil e Argentina. Como escala da viagem, o aparelho pousou na entrada do porto, no início do Canal do Estuário (onde hoje ocorre a travessia da balsa para Guarujá), o que levou centenas de pessoas à Ponta da Praia, como mostram fotos de A Tribuna da época.

Algumas inaugurações de pontos importantes do cais santista também contaram com a participação de ex-presidentes. Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) inaugurou, em 15 de outubro de 1949, o Cais do Saboó. Na passagem por Santos, também assinou um convênio entre a companhia de navegação do Governo, o Lloyd Brasileiro e a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (antiga São Paulo Railway), visando melhorar o transporte de cargas e passageiros pelo País através da intermodalidade.

Outro presidente que esteve em Santos para marcar o início das operações em instalações do porto foi Juscelino Kubitschek (1956-1961), no dia 29 de janeiro de 1957. Veio à Cidade para inaugurar um novo armazém da Companhia Docas de Santos (CDS), empresa que administrou o porto por 90 anos.


Portuários viram do costado a partida de Jânio Quadros para o exílio
Foto: Arquivo A Tribuna, publicada com a matéria

Jânio renuncia e parte para o exílio pelo Porto de Santos

Jango esteve em sindicato e Medici entregou terminal graneleiro

Da Reportagem

Presidente do Brasil em 1961, Jânio Quadros teve um capítulo importante de sua biografia passado nas águas do Porto de Santos. Após renunciar ao cargo (depois de sete meses de governo, em 25 de agosto desse ano), ele seguiu para a Baixada Santista no dia seguinte. Após chegar a São Paulo de avião, tendo sempre ao lado sua esposa, Dona Eloá, e sua mãe, Dona Leonor Quadros, o estadista desceu para o Litoral. Dirigindo o carro de um amigo, percorreu a Serra do Mar, passou por Santos, pegou a balsa para Guarujá e rumou para a Praia de Pernambuco, onde permaneceu confinado por dois dias na casa do empresário José Kalil.

O estadista só deixaria a residência para se auto-exilar na Inglaterra. Em 28 de agosto de 1961, o político seguiu até Vicente de Carvalho, onde embarcou em uma lancha que o traria ao navio Uruguay Star, atracado no Armazém 15 (onde funcionava o antigo terminal de embarque de passageiros). Conforme reportagem de A Tribuna do dia 29, centenas de trabalhadores do cais e moradores da região se aglomeraram no costado para saudar o ex-presidente.

O sucessor de Jânio Quadros, João Goulart (1961-1964) também veio ao porto. Em maio de 1962, ele visitou os armazéns da Companhia Docas de Santos e o prédio da Alfândega, onde discursou para a população, e participou de uma sessão solene no Sindicato dos Operários Portuários.

O próximo presidente a conhecer o complexo portuário foi Emílio Garrastazu Medici (1969-1974), que dirigiu o País na pior fase da Ditadura Militar (época denominada Anos de Chumbo). Para entregar o complexo de armazéns graneleiros da Ponta da Praia, o Corredor de Exportação (na época, denominado somente Terminal de Grãos), ele esteve na região no dia 24 de outubro de 1973, em plena Ditadura Militar. Além do porto, ele também visitou a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), para celebrar o início do funcionamento de um alto-forno da empresa.

Engano - Algumas visitas chegaram a ser canceladas. O mau tempo que fazia na região no dia 29 de junho de 1976 impediu a vinda do então presidente Ernesto Geisel (1974-1979) ao Porto de Santos. O gaúcho, que viria à Cidade para a inauguração da Rodovia dos Imigrantes, desceria na Base Aérea de Santos (em Guarujá) e atravessaria o cais para chegar até a Prefeitura, de onde partiria para a estrada.

Todo o esquema de recepção ao chefe da Nação entrou em funcionamento, quando uma lancha da Polícia Naval cruzou o canal do estuário do Porto de Santos na hora em que estava prevista a chegada do militar. Apitos de navios e de empresas situadas no Centro foram acionados. Dezenas de pessoas se aglomerarm junto a um cordão de isolamento, na faixa do cais atrás do edifício da Receita Federal, e acenavam para a embarcação. Todos, porém, estavam enganados, pois o ex-presidente não estava a bordo.

Quando o avião que traria o general se aproximava da Baixada Santista, recebeu informações sobre as condições de tempo na região, inclusive o nível zero de visibilidade na área onde a aeronave iria descer. Foi então que Geisel decidiu, por motivos de segurança, ir para o Aeroporto de Congonhas e chegar a Santos pela Rodovia dos Imigrantes, que horas depois iria inaugurar.

Segundo reportagem de A Tribuna, ninguém se lembrou de desarticular o esquema que recepcionaria o presidente no porto.


Presença do ex-presidente Garrastazu Medici no cais
marcou inauguração do Corredor de Exportação
Foto: Arquivo A Tribuna, publicada com a matéria

Figueiredo anuncia autonomia da Cidade no Tecon

Episódio marcante na história política da Cidade ocorreu no dia da inauguração do Terminal de Contêineres (Tecon), na margem esquerda do Porto de Santos. O início das operações das instalações, em 30 de agosto de 1981, contou com a presença do presidente João Baptista Figueiredo.

Após acionar o portainer que efetuou a primeira operação completa de embarque e desembarque de um conteiner no terminal da Codesp, ele aproveitou a ocasião para anunciar que a autonomia política de Santos ocorreria nas próximas eleições municipais (em 1984). Na ocasião, Figueiredo chegou a aconselhar políticos, como o então prefeito de Santos, Paulo Barbosa (hoje, presidente da Câmara de Vereadores), a iniciarem suas campanhas.

A próxima passagem de um presidente pelo Porto de Santos ocorreu em 1988, já na Nova República. Primeiro presidente do Brasil após a ditadura militar, José Sarney esteve no Porto de Santos em 2 de setembro daquele ano, no Terminal Portuário da Cutrale, em Vicente de Carvalho (Guarujá). Sarney participou da comemoração do embarque da milionésima tonelada de suco concentrado pela Citrosuco Paulista S.A.

Na ocasião, um fato curioso chamou a atenção de alguns integrantes da comitiva presidencial. É que em frente ao terminal da Cutrale fica a Favela da Conceiçãozinha, onde os moradores se concentraram para pedir que Sarney distribuísse laranjas.

 

Sarney, FHC e Lula também já prestigiaram o porto

 

Regionalização - Em 2001, no dia 28 de abril, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002) foi recebido por autoridades no Porto de Santos. FHC, que chegou à Cidade a bordo do porta-aviões São Paulo, assinou a ordem de incorporação da embarcação ao Comando de Operações Navais da Marinha de Guerra do Brasil. O navio-aeródromo era a mais nova unidade adquirida pela Marinha.

Porém, o principal momento da sua visita ocorreu após a cerimônia, quando conversando com o governador Geraldo Alckmin, o presidente prometeu iniciar o processo de regionalização do complexo portuário. Apesar do anúncio, Fernando Henrique não conseguiu concluir a transferência do controle do cais santista para o Estado e os municípios da Baixada Santista, medida que é cobrada até hoje pelas autoridades.

Obras - Na sua primeira visita à região na condição de presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva, em 1º de agosto de 2003, participou da inauguração do novo terminal da Copersucar e aproveitou a ocasião para anunciar que o Governo Federal daria prioridade às obras de infra-estrutura do Porto de Santos.

Na época, Lula destacou, principalmente, a necessidade de se retomar a dragagem do canal de navegação. Suspensa desde o final do governo de FHC (dezembro de 2002), ela deve ser reiniciada até o final desse mês, segundo a Codesp. Na solenidade, o presidente declarou que "se os portos não forem eficientes, perde-se a produtividade conquistada".


João Baptista Figueiredo esteve no porto santista em 1981
para a abertura do Terminal de Contêineres
Foto: Arquivo A Tribuna, publicada com a matéria

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