Chegaram ontem a Santos os primeiros imigrantes suíços para o nosso país

Desembarcaram do Florida 44 agricultores que trazem suas próprias máquinas e ferramentas - Dedicar-se-ão, em Itapetininga, à fabricação de queijo Gruyére

O vapor francês Florida, ontem chegado ao porto de Santos, trouxe 325 passageiros, levando 523 em trânsito. A maioria dos passageiros aqui desembarcados são imigrantes de diversas nacionalidades.

Entre estes figura um grupo de imigrantes suíços. É esta a primeira vez que chegam ao Brasil imigrantes dessa nacionalidade. É mais uma experiência do tipo da constituída pelos imigrantes holandeses, que há tempos chegaram, indo fixar-se na Fazenda Ribeirão Preto, no município de Mogi-Mirim.

Trazem consigo todo o maquinário apropriado, pretendendo aqui pôr em prática todos os métodos que usam em seu país.

Nove famílias - São ao todo nove famílias, representando 44 pessoas, das quais três são homens solteiros. Sua bagagem, incluindo a maquinaria e apetrechos profissionais, representa 50 toneladas.

É este o primeiro grupo a chegar ao país, devendo outros se lhe seguir a curto prazo. Em abril próximo, aqui aportará o segundo grupo.

Fabricarão queijo Gruyére - Trata-se de agricultores e pecuaristas, especializados em sua profissão. Sua aplicação preferencial será a criação de gado leiteiro, de raça especial, pois desejam dedicar-se exclusivamente à fabricação de queijo do tipo Gruyére, famoso em todo o mundo.

Vão para Itapetininga - Vão fixar-se na Fazenda Cruz Branca, a 5 quilômetros de Itapetininga, de propriedade do sr. Emilio Stalder, que a adquiriu de um irmão do ex-governador do Paraná, e da senhora Maria Vargas Lupion, sobrinha do presidente da República. O sr. Salder adquiriu essa fazenda já com o objetivo de ceder metade dela aos referidos imigrantes. Todo o rebanho da fazenda será renovado, para apuração de 600 cabeças de raça especial, destinadas à produção de leite para a fabricação de queijo.

Radiantes por virem para o Brasil - Nossa reportagem encontrou a bordo o sr. Jurandir Fernandes Leal, funcionário da Inspetoria Estadual de Imigração, que nos apresentou aos srs. Emilio Stalder, Carlos Riedel, representante do prefeito de Itapetininga, e Edouard Brugger, chanceler do consulado da Suíça em S. Paulo, que vieram receber os viajantes, e os quais nos serviram de intérpretes junto aos imigrantes, que falam todos apenas o alemão, língua falada na Suíça.

Por seu intermédio, soubemos que todos os recém-chegados estavam radiantes por virem para o Brasil. O desejo de quase todos os europeus é virem para o nosso país, onde, dizem eles, se vive com tranqüilidade e paz. Todos desejam afastar-se o mais possível da fogueira que ameaça irromper a qualquer momento na velha e convulsionada Europa.

Novas levas - Brevemente, chegarão a Santos novas levas de imigrantes dessa nacionalidade. Encontra-se encarregado da seleção e arregimentação dos que desejam viajar para o nosso país o sr. José Huber, ex-procurador geral da República Helvética, que também é agricultor, e virá brevemente para o Brasil. Um seu irmão veio já no grupo chegado ontem.