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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1912 - por Laércio Trindade (Indicador Santense)

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Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas Clique aqui para voltar à página inicial do 'Indicador Santense 1912'condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Em 1912, Laércio Trindade era o redator do anuário Indicador Santense, propriedade do "Bureau Central" Agência Central de Negócios, empresa concessionária pela Câmara Municipal, com sede na Praça da República, 16 ("telephone 257, Caixa do Correio 361"). A obra foi impressa na Typ. da "Casa Rembrandt", na Rua 15 de Novembro, 80, Santos. O exemplar, com 620 páginas (entre fotos, anúncios e textos, divididos em seis capítulos e apêndice) foi cedido a Novo Milênio para cópia pelo professor e pesquisador Francisco Carballa.

O texto a seguir integra a 2ª Parte (grafia atualizada):

Companhias, Sociedades, Instituições, Cultos e Associações em geral
[...]


Imagem: Indicador Santense 1912

Instrução em Santos

É bastante animador o desenvolvimento da instrução primária e secundária neste município; e fazendo justiça se deve reconhecer que a municipalidade tem concorrido muito para difundir e melhorar este importante ramo da administração pública. As casas de ensino, há uns dez anos mais ou menos, eram apenas de curso primário: escolas isoladas do Estado, em pequeno número, algumas municipais e outras particulares. Convencidos devem estar, todos os que residem nesta cidade, de que se a nossa instrução ainda se ressente de faltas, todavia muitos bons serviços prestam hoje os estabelecimentos que conta o município.

Damos neste anuário uma relação pela qual verá o leitor o número de casas de ensino em funcionamento. A relação a que nos referimos é completa quanto aos institutos de caráter oficial e nela incluímos também alguns fundados e mantidos pela iniciativa particular.

Para melhorar as escolas isoladas do Estado quanto a instalações, seria preciso que o governo, por uma lei, mesmo de exceção, aumentasse os vencimentos dos professores pelas razões seguintes: é caríssima a vida em Santos, e uma das coias que mais custam são as casas de aluguel. Ora, dar a um professor duzentos e poucos mil réis mensais, obrigando-o ao aluguel de uma casa em que exista uma sala com os requisitos determinados no regulamento, é exigir o impossível. Além do pesado aluguel, pois uma casa em condições não custará mensalmente menos de 250$000, o funcionário, pela posição social, ainda é obrigado a despesas que ultrapassam muito o vencimento.

Os dois grupos escolares do Estado - "Dr. Cesário Bastos" e "Barnabé" - estão sempre com a lotação completa, o que impede os diretores de aceitar os pedidos de lugares que recebem. Grande serviço à infância prestaria o governo se mandasse com urgência construir os dois prédios projetados para os grupos escolares de Vila Macuco e Vila Mathias, arrabaldes importantes e nos quais existe grande população escolar. Construídos os dois prédios, poderia o governo neles reunir as escolas isoladas, corrigindo assim a falta que apontamos: más instalações.

As escolas municipais, isoladas, principalmente as de arrabaldes, funcionam em salas que deixam muito a desejar quanto ao conforto dos alunos, e sabemos que o atual inspetor, o ilustre lente sr. Delfino Stockler de Lima, em relatório apresentado ao sr. Prefeito, já aventou a idéia da construção de pavilhões escolares, neles funcionando duas sessões: uma pela manhã e outra à tarde. Certo estamos de que a Câmara ainda fará em realidade esta idéia, que muito melhorará as escolas mantidas na cidade e nos arrabaldes.

Um dos estabelecimentos de curso secundário que possuímos, fundado há quatro anos pela Câmara, e que reais serviços está prestando à mocidade santense, é a Academia de Comércio, sob a direção do ilustrado dr. Adolpho Porchat de Assis, que tem desempenhado com dedicação inexcedível os seus deveres, fazendo-a prosperar a bem da mocidade estudiosa. A congregação fundou e mantém anexo á Academia o Ginásio José Bonifácio que, se até agora prestava tais serviços, de agora em diante mais útil se torna aos candidatos à matrícula nos cursos de Direito, Engenharia etc., que necessitam o preparo para o exame de admissão, segundo exige a Lei Orgânica do Ensino.

O que temos hoje em matéria de instrução pública, conquistamos num período apenas de dez anos, e é claro que um belo futuro devemos esperar, desde que em tão importante ramo de administração continuem a se empenhar os dirigentes do Município. Para a construção dos prédios escolares de Vila Macuco e Vila Mathias, já a nossa Câmara ofereceu ao Governo os terrenos precisos e esperamos em breve mais este melhoramento que se torna de urgente necessidade.

Uma grande e justa aspiração de Santos é que o governo do Estado instale aqui uma Escola Normal, e não é exagerada inspiração, porquanto cidade de muito menos importância do que esta já tem estabelecimentos desta natureza. Uma Escola Normal em Santos prestaria serviços ao Município e a toda a importante zona marítima do Estado. Fundando nesta cidade uma escola Normal e construindo os dois prédios projetados, o Governo faria obra valorosa e de justiça, pois Santos tem sido e continuará a ser sempre um dos maiores fatores do progresso de S. Paulo, como segundo porto que é do Brasil.


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