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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Calouros e carnaval, no antecessor do rádio

Serviço funcionou até 1960 no centro de S. Vicente

Antes do surgimento das emissoras de rádio no município (embora já existissem algumas no Brasil, inclusive em Santos), e mantendo-se por várias décadas depois, funcionou em São Vicente um serviço semelhante, mas com transmissão por alto-falantes: o Serviço Royal de Alto-Falantes, assim descrito na Poliantéia Vicentina (obra editada em 1982 para comemorar os 450 anos desse município, pelo pesquisador Fernando Martins Lichti, em publicação da Editora Caudex Ltda., São Vicente/SP):

Na Praça Barão do Rio Branco, onde o Royal tocava as músicas carnavalescas, o prefeito Charles A. de Souza Dantas Forbes montou um circo em 1954, substituindo os tradicionais tablados populares, para que o povo pudesse dançar, pular, desfilar com sol ou com chuva
Foto: Poliantéia Vicentina, 1982, Ed. Caudex Ltda., S. Vicente/SP

Serviço Royal de Alto-falantes

O Serviço Royal de Alto-Falantes - instalado no último andar do Edifício Zuffo, na Praça Barão do Rio Branco (hoje sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de São Vicente), por volta de 1937, por A. Tabagy - fazia as vezes de emissora de rádio, que São Vicente ainda não tinha, e também um pouco mais.

Além de música e publicidade transmitida por poderosos alto-falantes, dava avisos importantes, apresentava shows e até um famoso programa de calouros - A Hora do Pato... -, além de cinema ao ar livre. Tabagy, o seu fundador, não permaneceu muito tempo com o serviço de alto-falantes, logo o transferindo à propriedade de Antônio Peixoto, que o transformou na Empresa Royal de Publicidade, ampliando seu campo de atividade à corretagem de anúncios para as emissoras santistas.

A Royal promovia, todos os anos, o Carnaval do Povo, com amplo tablado que a prefeitura municipal instalava na Praça Barão do Rio Branco, onde promovia danças, matinês infantis e concursos de blocos e de fantasias. Patrocinou a Campanha do Metal para o Bem do Brasil, em 1942, durante a II Guerra Mundial, recebendo todo o tipo de metais para as famosas Pirâmides da Vitória. Quando do término da guerra, a Royal entrou no ar, pela manhã, com toda sua força, para anunciar, com grande alarde, que a guerra terminara - dia 8 de maio de 1945 - e que os países aliados haviam vencido o eixo nazi-fascista.

O famoso Conjunto Calunga projetou-se muito, em São Vicente, através da Royal. Os shows aos domingos, com grande público, apresentavam Maurício e Mauricy Moura, Saraiva e seu Saxofone, Leila Silva, Jarina Rezende, Avelino Thomaz, Buick, Joara Gonçalves, Monte Alegre, Bill Bom, Jararaca e Ratinho, Bob Nélson e muitos outros. A Royal teve em Ary Correa Neto e Marcos L. Machado, dois dos expressivos locutores e animadores revelados.

A marcha do progresso acabou com aquela fase áurea dos serviços públicos de alto-falantes, com os cinemas ao ar livre e com os shows semanais em praça pública e a Royal teve o seu fim, deixando saudades e uma folha de relevantes serviços prestados ao comércio e à cidade. Nos últimos anos, Antônio Peixoto já havia transferido à propriedade de Marcos L. Machado. Encerrou suas atividades em 1960.

O Edifício Antonio Zuffo, construído em 1935 com frente para a Praça Barão do Rio Branco, ruas Frei Gaspar e Martim Afonso, é o maior conjunto comercial construído em São Vicente até fins do século XX, em testada para vias públicas. A foto é de 1936.
Foto: Poliantéia Vicentina, 1982, Ed. Caudex Ltda., S.Vicente/SP

 

Antônio Peixoto - Nascido em Portugal, em Lamego, Distrito de Viseu, a 27 de março de 1909, faleceu em São Vicente a 24 de outubro de 1973. [...] Chegou ao Brasil em 1921, radicando-se inicialmente em Santos. Por volta de 1928 passou a residir em São Vicente [...], em 1934 instalou, em sociedade, o Cine Anchieta (no mesmo local onde está o Cine Teatro Jangada e onde funcionou, anteriormente, o Cine Teatro S. Vicente.

Antônio Peixoto
Foto: Poliantéia Vicentina

[...] Royal permaneceu sob sua direção até 1º de março de 1956, quando transferiu para Marcos L. Machado. Concomitantemente, Antonio Peixoto manteve programas radiofônicos em Santos, na Rádio Atlântica e na Rádio Clube, obtendo sucesso maior, nesta última, com seu programa Recordar é Viver.

Durante mais de vinte anos, a partir da década de 40, foi representante, em São Vicente, da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e da União Brasileira de Compositores. A 11 de julho de 1948 fundou a Sociedade São Vicente Jornal, Gráfica e Editora, com a cooperação de um grupo de cidadãos vicentinos, por ele escolhidos, cuja organização dirigiu até 31 de julho de 1962. [...] Passou a dirigir a sucursal dos Diários Associados em São Vicente [...].

Em dezembro de 1970 o dr. Antonio Lima adquiriu a propriedade do São Vicente Jornal e logo no início de 1971 incorporou-o à Editora e Gráfica Danúbio, onde Antonio Peixoto, como um dos seus sócios, voltou a dirigir, por mais algum tempo, o S. Vicente Jornal.

Antônio Peixoto, logo que chegou a São Vicente, tornou-se esportista do Beija-Flor Futebol Clube, onde foi diretor e presidente, a cuja presidência renunciou em março de 1930. Por volta de 1935 dedicou-se à arte cênica, revelando-se além de entusiasta um bom ator, montando um grupo teatral no Esporte Clube Beira-Mar, de cujo clube também foi diretor.

Ao deixar o Beira-Mar, na memorável crise de 1938, fundou o Centro Artístico Martim Afonso, promotor de extraordinários espetáculos cênicos em São Vicente, Santos e interior paulista. Ao sair do Beira-Mar participou do grupo dissidente que fundou o Atlântico Clube Vicentino, em 1938. [...] Terminou os seus dias à frente do Hospital São José - Santa Casa da Misericórdia de São Vicente, como provedor, em cuja instituição hospitalar construiu o Pronto-Socorro Infantil, instalou o Banco de Sangue e reformulou toda a estrutura técnica, cirúrgica, clínica e administrativa [...].


O Edifício Antonio Zuffo, em 1936, que no ano seguinte ganharia o serviço de alto-falantes Royal
Foto: Poliantéia Vicentina, 1982, Ed. Caudex Ltda., S. Vicente/SP

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