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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Santistas notáveis, no Almanak de 1873

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Os principais santistas na história brasileira foram relacionados em quatro páginas (163, 164, 165 e 166) do suplemento do Almanak da Provincia de S. Paulo - 1873, organizado e publicado por Antonio José Baptista de Luné e Paulo Delfino da Fonseca, com impressão na Typographia Americana, da capital paulista (exemplar preservado no acervo Memória da Biblioteca Nacional Digital - ortografia atualizada nesta transcrição):
 

Imagem: reprodução parcial da página 163 do Suplemento do Almanak da Provincia de S. Paulo - 1873 (acervo Memória da Biblioteca Nacional Digital - acesso em 16/9/2012)

Santistas notáveis

Padre André de Almeida - Nasceu em Santos em 1573, sendo filho de Antonio Rodrigues de Almeida, cavaleiro fidalgo da casa de el-rei d. João III, que da vila de Monte-mór o Novo em Portugal veio para São Vicente pelos anos de 1547, e de sua mulher d. Maria castanho, natural da mesma vila.

Tomou a roupeta de jesuíta em 1589 com 16 anos de idade, e foi religioso 60, tendo aprendido a língua latina no Colégio de S. Paulo de Piratininga.

O padre André de Almeida faleceu na idade de 76 anos no Colégio do Rio de Janeiro, a 22 de janeiro de 1649.

Padre Gaspar Gonçalves de Araujo - Nasceu em Santos a 4 de maio de 1661, sendo filho do capitão Gaspar Gonçalves de Araujo, natural da vila da Ponte de Lima no reino de Portugal, e de sua mulher d. Maria Corrêa, filha do provedor da fazenda Sebastião Fernandes Corrêa. Foi bacharel em Leis pela universidade de Coimbra, vigário de Santos, provisor do vigário-geral do bispado da Bahia etc. Faleceu no Rio de Janeiro a 25 de outubro de 1754, e jaz na capela dos Terceiros do Carmo.

Dele falou com muito louvor monsenhor Pizarro, à fls. 105 do 6º volume de suas Memórias: "Seu nome e seus escritos, gravados gloriosamente nos fastos da diocese fluminense, existirão como padrões eternos, que eternizem a memória do mais benemérito eclesiástico deste bispado, do melhor de seus ministros, e de um dos mais dignos de entre os nascidos na vila de Santos, pelas suas virtudes e qualidades pessoais".

Frei Simão Alvares - Jesuíta. Irmão de frei Patricio de Santa Maria, nasceu em Santos em 1682. Foi pregador de merecimento.

Padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão (o Voador) - Natural de Santos, 4º filho de Francisco Lourenço, que foi cirurgião-mor do presídio da dita vila, e de sua mulher d. Maria Alvarez, nasceu em 1685.

Foi presbítero secular, e não jesuíta como alguns erradamente julgaram. Doutor em Cânones pela universidade de Coimbra, fidalgo capelão da casa real, e encarregado de missões diplomáticas na corte de Roma, membro da Academia Real de História, e da Portuguesa etc. etc.; faleceu em Toledo (Espanha) a 19 de novembro de 1724.

Foi o inventor dos balões aerostáticos, e obtendo privilégio pelo alvará de 19 de abril de 1709, fez a primeira experiência em Lisboa aos 8 de agosto do mesmo ano.

Deixou escritas várias obras que são hoje de grande raridade e estimação.

Frei Patricio de Santa Maria - Franciscano. Nascido em Santos em 1690 e irmão de Bartholomeu de Gusmão. Estudou na Itália, formou-se em Piza, viajou à Ásia, esteve em Jerusalém, publicou suas viagens em Latim em 1742, e algumas obras de controvérsia religiosa.

Alexandre de Gusmão - Irmão dos antecedentes, nasceu em Santos em 1695. Foi cavaleiro professo da Ordem de Cristo, fidalgo da casa real, doutor em Direito Civil, enviado extraordinário à corte de Roma, onde foi nomeado, pelo papa Benedito XIII, príncipe romano.

Secretário particular de el-rei d. João V, membro da Academia Real de História Portuguesa e do Conselho Ultramarino etc. etc.

Prestou importantes serviços diplomáticos, e à sua influência se deve a criação dos bispados de S. Paulo, Minas e Pará.

Faleceu em Lisboa a 31 de dezembro de 1753, e foi sepultado no convento de Nossa Senhora dos Remédios.

Padre Ignacio Rodrigues - Jesuíta. Nasceu em Santos em 1701. Foi pregador notável, e dele diz o erudito autor do Diccionario Bibliographico o seguinte: "Ele e o padre José Pegado, parece haver sido os primeiros que tentaram introduzir em Portugal o novo método de pregar, conforme a escola francesa, ou pelo menos os que apresentaram exemplos práticos desse método, o que atraiu sobre eles críticas e sarcasmos da parte dos indivíduos do velho gosto".

Extremado em todas as virtudes, floresceu nele particularmente uma caridade e zelo entranhável de conversão e salvação dos índios, como largamente refere o padre Simão de Vasconcelos na vida do Padre João de Almeida, impressa em Lisboa em 1658.

José de Souza Ribeiro e Araujo - Nasceu em Santos em 24 de fevereiro de 1702, sendo filho do capitão Thomaz de Souza e de d. Maria Ribeiro.

Cursou as aulas dos padres jesuítas, tomou o grau de Mestre em Artes, e, passando à universidade de Coimbra, formou-se em Cânones.

Ocupou diversos cargos importantes, e seu nome, como diz monsenhor Pizarro, ficou memorável à posteridade nos fastos do bispado e do cabido.

Faleceu no Rio de Janeiro a 26 de junho de 1753, e jaz na igreja de S. Pedro.

Padre João Alvares de Santa Maria - Carmelita. Irmão dos Gusmões, nasceu em Santos em 1703. Distinguiu-se como pregador, acompanhou a seu irmão Bartholomeu à Espanha, e regressou a Lisboa, onde faleceu.

Frei Gaspar da Madre de Deus - Monge beneditino. Nasceu na fazenda de Santa Anna, na vila de S. Vicente, em 1714. Teve por pais o coronel Domingos Teixeira de Azevedo e d. Anna de Siqueira Mendonça. Por parte paterna era descendente (3º neto) de Amador Bueno.

Professou aos 17 anos no mosteiro da Bahia, em 14 de agosto de 1731. Foi o 56º abade de sua ordem, e sócio correspondente da Academia Real de Ciências de Lisboa.

Escreveu as Memorias para a Historia da Capitania de S. Vicente e outros estudos históricos.

Faleceu em Santos a 28 de janeiro de 1800, e jaz sepultado na capela-mor da igreja do mosteiro de S. Bento, do lado da epístola.

José Bonifácio de Andrada e Silva - Nasceu em Santos a 13 de junho de 1763. Filho do coronel Bonifácio José de Andrada e de sua mulher d. Maria Barbara da Silva, sendo neto por parte paterna do coronel José Ribeiro de Andrada e de d. Anna da Silva Borges, e pela materna de Gonçalo Fernandes Souto e de d. Rosa Viterbo da Silva.

Faleceu no Rio de Janeiro a 6 de abril de 1838, e seu corpo embalsamado acha-se depositado no convento do Carmo da cidade de Santos.

Um de seus biógrafos, o dr. Emilio Joaquim da Silva Maia, assim se exprimiu a respeito deste ilustre varão: "Nestes últimos anos sobretudo, têm decido ao túmulo grandes gênios brasileiros: entre estes ocupa, sem dúvida alguma, o primeiro lugar o homem que, sendo um dos principais fundadores da emancipação do seu país, deixou-nos além disto imensos e importantes trabalhos literários, científicos e políticos, que o fizeram célebre nos dois mundos".

Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva - Irmão de José Bonifácio, nasceu em Santos em 1º de novembro de 1773 e faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1845. Este varão reuniu a virtudes eminentes uma ilustração colossal, que o distinguiu especialmente pela eloquência parlamentar de que era dotado em subido grau. Prestou à pátria serviços grandiosos como cidadão.

Formado em Direito pela universidade de Coimbra, deputado às cortes constituintes portuguesas em 1821, e, depois da independência, ministro de estado, senador do Império, do conselho de Sua Majestade, condecorado com diversas ordens militares, membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil etc. Traduziu diversas obras para a língua portuguesa.

José Feliciano Fernandes Pinheiro (visconde de S. Leopoldo) - Filho do coronel José Fernandes Martins e de d. Thereza de Jesus Pinheiro, nasceu em Santos a 9 de maio de 1774 e faleceu na cidade de Porto Alegre a 6 de julho de 1847.

Foi bacharel em Cânones pela universidade de Coimbra, deputado às cortes constituintes portuguesas, à assembleia constituinte do Brasil, ministro do Império que referenciou o decreto da criação das academias jurídicas e de belas-artes, senador, sócio da Academia Real de Ciências de Lisboa, e de outras corporações científicas e literárias da Europa e América, fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e seu primeiro presidente, gravando aí um padrão imorredouro à sua memória.

Escreveu os Annaes da Provincia de S. Pedro do Sul, e outros trabalhos históricos, e fez diversas traduções de obras científicas e literárias.

Martim Francisco Ribeiro de Andrada - Irmão de José Bonifácio e de Antonio Carlos, nasceu em Santos em 1775, onde faleceu a 23 de fevereiro de 1844.

Tomou parte ativa com seus irmãos na independência do Brasil.

Foi deputado à assembleia constituinte e ministro de estado. Seu patriotismo e abnegação junto à proverbial probidade e profunda ilustração, o fizeram credor da gratidão e respeito de seus concidadãos.

José Ricardo da Costa Aguiar - Digno sobrinho dos Andradas, nasceu em Santos a 15 de outubro de 1787.

Bacharel pela universidade de Coimbra em 9 de julho d e1810, militou com distinção no corpo de Voluntários Acadêmicos em Portugal.

Foi juiz de fora em Belém do Pará, ouvidor geral de Marajó e desembargador da Bahia. Escreveu os Annaes dessa província.

Deputado às cortes em 1821, mostrou denodado civismo, deixando de assinar a Constituição portuguesa.

Deputado em 1826, e ministro do Supremo Tribunal de Justiça em 1828.

Conhecia as línguas e dialetos europeus, viajou quase toda a Europa, e em 1842 foi aos Santos Lugares com a unção religiosa de Chateaubriand e Lamartine, aprendendo antes as línguas orientais, que chegou a falar familiarmente.

De volta ao Rio de Janeiro, quando se ocupava em rever os seus manuscritos, suas preciosas viagens, seus trabalhos linguísticos, inclusive a Grammatica Turca e Arabe, morreu na idade de 58 anos.

Os restos deste varão ilustre acham-se depositados na Capela de Jerusalém, no Rio de Janeiro.

Joaquim Octavio Nebias - Nascido em Santos a 29 de junho de 1811, sendo filho de João Octavio Nebias e de d. Emerenciana Maria da Purificação Nebias.

Recebeu o grau de bacharel em ciências sociais e jurídicas em São Paulo, e adotando a carreira da Magistratura, a honrou muito por uma honestidade e justiça nunca desmentidas.

Deputado à assembleia geral em muitos quatriênios, ilustrado, eloquente e firme nos princípios políticos que professava, prestou importantes serviços ao país.

Foi ministro de estado nimiamente notável por seu civismo e proverbial abnegação.

Faleceu no Rio de Janeiro em 15 de julho de 1872.

Veja também:

Santos em 1873 - pelo Almanak da Provincia de São Paulo

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