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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA - BIBLIOTECA NM
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Em 1979, o jornalista Olao Rodrigues lançou o livro História da Imprensa de Santos, com edição do autor, única obra do gênero a abordar de forma tão ampla o desenvolvimento da imprensa santista. Novo Milênio apresenta esta obra pela primeira vez em versão digital, autorizada em junho de 2008 por sua filha Heliete Rodrigues Herrera:
 

Jornais (cont.)

[...]

O Biscouto - 1890

Em junho de 1890, surgiu o primeiro número de O Biscouto. Responsável Eurico Saldanha, na ocasião simples tipógrafo do Diário da Manhã, em cujas oficinas se imprimia o semanário.

Diário da Manhã assim se referiu ao aparecimento do jornalzinho: "É o título de uma folhazita semanal, órgão desopilante que acaba de surgir, redigido com espírito e graça. Este primeiro número traz bons versos, boa prosa humorística, pilhérias de bastante sal, número leve, que trata de muita coisa em poucas palavras e sempre pelo lado simpático da troça. Agradecemos a visita da coleguinha, cuja redação é desconhecida, desejando-lhe mil prosperidades".

Acontece que o jornaleco andou a mexer indiretamente com pessoas conhecidas na Cidade, pois desde logo tornou-se popular. E começaram os esclarecimentos. Na edição de 10 de julho de 1890, Diário da Manhã publicou este comunicado: "Declaro que desta data em diante sou completamente estranho à redação de Biscouto, espirituosa folha que se publica nesta cidade. Santos, 6 de julho de 1890 (ass.) Cândido de Oliveira". Esta outra: "O abaixo-assinado declara para todos os fins que, desde o dia 1º de julho, deixou de fazer parte da redação deste órgão desopilante. Eurico Erico".

E ainda no Diário da Manhã anúncios de Carlos Belmiro, Júlio Souza, J. C. Morais e A. Oliver Morais em que comunicavam que jamais haviam participado do corpo redatorial ou de colaboradores de uma folha humorística intitulada O Biscouto. Era a debandada geral. E O Biscouto, de tanto torrar, queimado ficou...

A Revista - 1890

A Revista, a segunda do nome, surgiu no dia 6 de abril de 1890.

Dirigiam-na e redigiam-na os jornalistas Deocleciano Fernandes e Júlio de Souza.

A despeito dos esforços de seus fundadores, esse órgão de publicidade teve pouca duração.

Gazeta do Povo - 1890

Gazeta do Povo, primeiro desse nome, teve duas fases. A segunda delas, mais desenvolvida, teve a direção de Alfredo Prates. Eis o que disse Diário da Manhã, de Vicente de Carvalho, na edição de 12 de março de 1890, sobre Gazeta do Povo em sua segunda fase: "Temos à vista o 1º número da nova fase de Gazeta do Povo. Conforme noticiamos anteriormente, esse jornal passa a ser dirigido pelo ilustre moço Alfredo Prates, sendo redator literário o brilhante e jovem prosador Américo de Campos Sobrinho, uma das mais belas esperanças do jornalismo paulista.

"Auxiliando a direção da folha, os talentosos rapazes Luís Quirini e Ângelo Sousa, ficando na administração o conhecido e prático sr. Manoel Ribeiro. Foram contratados para escrever correspondências literárias do Rio de Janeiro o apreciado humorista do Diário de Notícias e distinto poeta Gastão Bousquet. De Santos o nosso companheiro de redação Alberto Sousa. Também terá Gazeta do Povo bem cuidada parte comercial, para o que já contratou um correspondente telegráfico nesta cidade".

O Nacional - 1890

Imagem publicada com o texto, na página 66

No dia 14 de julho de 1890 aparecia O Nacional, órgão republicano de propriedade de Horácio de Carvalho & Cia. Como se inscrevia no cabeçalho, pugnava pelas artes, ciências, comércio e indústria. Tinha redação e oficinas na Rua 15 de Novembro, 74. Seu redator-chefe era Heitor de Carvalho. Custava 60 réis o número avulso.

Seções dos números iniciais: Um Conchego de Solteirão, novela de Honoré de Balzac, em folhetim, no rodapé da 1ª página; Sombrinhas, crítica em versos assinada por K. Tanovas; Telegramas; Seção de Comércio e Porto; Várias; Religião e outras. Saía aos domingos pela manhã. 4 páginas, grande formato, tipo "lençol". Havia ainda uma seção Memorial, em que médicos, advogados e dentistas faziam abreviados anúncios. Órgão do Partido Republicano Municipal.

No número inicial publicou o artigo de apresentação, que assim dizia: "Isto de apresentação é simplesmente de estilo porque, em realidade, estes cartões do primeiro número de nada valem. Assim como todos podem ser uma verdade, também podem ser de sofisma, uma mentira... O órgão é republicano, isto está fora de dúvida. Absolutamente republicano. Mas há de refletir fatalmente a individualidade de quem o dirige".

Em sua sessão de 13 de outubro de 1890, a Intendência Municipal resolveu acolher a proposta da direção de O Nacional por julgá-la de maior vantagem para o Município. Publicação de todos os atos oficiais.

A Revista do Brasil, do Rio de Janeiro, assim noticiou o aparecimento de O Nacional: "Com este título acaba de aparecer em Santos um novo jornal redigido por Horácio de Carvalho, nome já vantajosamente conhecido. O seu programa está sintetizado no cabeçalho: Pelas Ciências e pelas Artes - Pelo Comércio e pela Indústria. Desenvolvido esse programa, como é de esperar do talento do redator de O Nacional, o novo colega merece que seus esforços sejam eficazmente secundados com a boa aceitação que merece do público e são esses os nossos sinceros votos".

O Nacional, o segundo desse nome, encerrou a publicação no número 248, de 16 de maio de 1895.

A Pérola - 1890

Órgão oficial da Sociedade Recreativa e Dançante Flor dos Alpes, A Pérola distribuía-se internamente entre os associados dessa agremiação. Surgiu no ano de 1890. Redigido por diretores do Grêmio Recreativo, entre os quais Marco Antônio Ferreira, sócio da Casa de Ferragens Rios, Ferreira & Cia., popular na época.

Seu filho, também Marco Antônio, ainda hoje deve servir à Fornecedora Santista de Navios, de Mansueto Pierotti.

Isca - 1890

Nem mesmo como jornaleco humorístico, que contava piada, mexia com os bigodes do seu Manoel e publicava ilustrações de fazer rir a gente pacata e acomodatícia daquele ano de 1890, Isca não foi levada a sério.

Era uma isca fraca, que não ajudava a pescar peixes e peixões. E o fim foi a sustação.

Luneta - 1891

No século passado (N.E. XX) apareciam jornalecos com títulos esquisitos, extravagantes e estapafúrdios. Luneta foi um deles. Por que esse nome? Provavelmente porque os leitores eram tão poucos, tão fugidios, que era necessário vê-los por um óculo! Luneta foi um desses minúsculos jornais que tiveram duração efêmera na Cidade.

Eis como Diário de Santos, absoluto na época, em sua edição de 20 de outubro de 1891, noticiou o aparecimento do pasquim: "Recebemos o primeiro número de A Luneta, periódico que começa a publicar-se nesta cidade. Promete em sua vida jornalística ter por fins essenciais a crítica inofensiva e a literatura. Ao coleguinha desejamos vida longa e que o terrível mal dos números não o persiga..."

Magnólia - 1891

Noutros tempos era assim. Se havia periódicos com os nomes de O Raio, A Metralha, Tempestade e Desfalque, outros se mostravam delicados e amenos nos títulos, atribuídos à espécie floral como O Lírio, Sempreviva, A Violeta e, no caso especial, Magnólia.

Magnólia foi distribuído no dia 2 de maio de 1891, dois anos após o advento da República. Era órgão oficial do Clube Magnólia, uma das mais distintas agremiações recreativas e cívicas da penúltima e última décadas do século passado (N.E. XX).

Na edição de 1º de maio de 1891, Diário de Santos publicava anúncio do Clube Magnólia, com este texto: "Comunicamos aos senhores sócios que sábado, dia 2 de maio de 1891, no salão das Escolas Públicas, à Rua Dois de Dezembro (hoje D. Pedro II) haverá sarau dançante do clube. A secretária - Joana Monte Bastos". Pois bem. Nessa festa dançante foi distribuído o número inicial de Magnólia, que, como dissemos, era o órgão oficial da agremiação.

Joana Monte Bastos, ainda moça naquele tempo, tornou-se esposa do jornalista Deocleciano Fernandes e foi uma mulher que, sozinha, ergueu em Santos um monumento de benemerência, obra que se impõe e avulta no campo da assistência social da Terra da Caridade: o Educandário Santista.

Novidades - 1891

Novidades era o título de uma revista que se publicou nos anos de 1923-1924, da qual Galeão Coutinho foi um dos dirigentes. 30 anos antes, porém, houve um jornal com o mesmo nome, de que era redator Porfírio Lisboa. Essa publicação desapareceu no dia 7 de dezembro de 1893. Em seu número XVII, de 1891, o jornal abriu subscrição em suas colunas em favor da construção de mausoléu sobre a sepultura do grande filólogo Júlio Ribeiro.

Mesmo depois de desaparecido o jornal de que era redator, o sr. Porfírio Lisboa dirigiu carta a Alberto Veiga, redator-chefe de Diário de Santos, em que, dizendo nada ter a ver com a parte financeira do pequeno jornal cuja redação chefiava, remetia-lhe o resultado da subscrição - 68$000. Diário de Santos noticiou o recebimento da carta e da quantia correspondente na edição de 2 de novembro de 1894.

A Ação Social - 1892

Em 1892 o dr. Silvério Fontes, genitor do poeta Martins Fontes, lançou o primeiro jornal de doutrina socialista sob o título de A Ação Social. Não foi bem compreendido nem entendido pelo público santense da época, mas deixou as raízes de que Santos se tornara a pioneira no Estado e no País do movimento socialista, não o radical, o comunizante, mas o de conceito filosofal pregado e professado por Karl Marx.

Anos depois surgiu A Questão Social, órgão oficial do Centro Internacional, dirigido também pelo dr. Silvério Fontes, com o concurso do professor Carlos de Escobar e dr. Raimundo Sóter de Araújo.

O alheamento do público serviu para convencer Silvério Fontes de que o Socialismo constituía doutrina assaz avançada para a época. Ele se adiantara!

O Operário - 1892

Imagem publicada com o texto, na página 68

O Operário era outro órgão de publicidade de formato minúsculo. Semanário. Circulava aos domingos. B. Figueiredo Ramos, seu redator principal. Folha de tendência socialista, com alguma penetração nas classes trabalhistas.

Temos em nosso poder a xerox do número 3, editada a 30 de outubro de 1892. A assinatura custava 4$000 por três meses e o número avulso 400 réis. Segundo o expediente, a folha aceitava anúncios. Todo negócio de interesse deveria ser tratado provisoriamente no Restaurante Socialista, à Rua General Câmara, 108. A redação, chefiada por Benedito Figueiredo Ramos, solicitava aos jornais em geral o serviço de permuta.

Nesse número 3, do 1º ano, inseria-se artigo de fundo com este trecho inicial: "Os horizontes mostram-se turbados, as nuvens correm de Sul a Leste, e o câmbio que parecia conservar-se tranqüilo já não confia em seu apoio. Triste! Os governos não inspiram confiança e o crédito do Brasil, como o de toda nação que se regula pela confiança externa, parece que vai desaparecendo. Muito triste! A República, que era esperada para salvar a Pátria, não correspondeu à expectativa; os vendilhões do templo têm-se incumbido de prostituí-la! Tristíssimo!"

Ainda na primeira página dessa edição, notícia sobre conflito entre praças de linha e polícia, ocorrido a 23 de outubro daquele ano de 1892, em que os policiais foram completamente batidos e a razão estava com os elementos de linha. O Operário profligou o acontecimento, acentuando "que não é para fazer badernas e demonstrações de força que o Governo paga a esses praças. Enquanto brigam, o povo, pobrezinho, fica desprotegido e sem qualquer segurança!"

O Leque e Carta Branca - 1892

A grande dificuldade que se deparou ao pobre pesquisador, que paciente e arduamente buscou coligir elementos para escrever este livro que bem ou mal trata da história dos jornais de Santos,não foi propriamente "descobrir" os nomes dos periódicos, mas sim seus detalhes.

Julgamos haver feito muito obtendo nomes de determinados pasquins do século passado que nasciam num dia e morriam no mesmo dia... Outros já nasciam mortos. Quejandos tinham abreviada existência. Publicavam dois ou três números e desapareciam sem qualquer explicação, como fato nacional.

Assim se verificou com O Leque, que não disse ao que veio na limitadíssima "arena jornalística" do outro século, embora lançado e dirigido por José Inácio da Glória. Assim como ele, o periódico Carta Branca que, surgindo no dia 22 de março de 1892, não teve "carta branca" para viver um pouco mais.

A Notícia - 1893

A Notícia, o segundo jornal do mesmo nome, apareceu em 1893, já na era republicana, em que a tranqüilidade pública foi sacudida pela Revolta da Armada chefiada pelo almirante Custódio de Melo.

Foram redatores do periódico o professor normalista Eugênio Assis, nome que refulgiu no ensino municipal, e Ângelo Sousa, talentoso jornalista e poeta, irmão do grande Alberto Sousa.

Olho - 1893

No ano de 1893 iniciou sua publicação o jornalzinho Olho. A princípio, era olho vivo, que enxergava à distância. Depois, foi tomado pela opacidade, via pouco, muito pouco, e acabou por não ver mais nada.

Cego, entrou para o rol das coisas imprestáveis. Até desaparecer da vista de todos...


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