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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1972 - pelo jornal A Tribuna

"...a agricultura não terá sucesso na região..."

Na edição comemorativa do Sesquicentenário da Independência, em 7 de setembro de 1972, o jornal santista A Tribuna (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), publicou esta matéria:


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Depois de José, sua terra é assim

Um rápido perfil da terra de José Bonifácio, 150 anos depois: 350 mil habitantes, 7 quilômetros das mais belas praias do Brasil, a população concentrada na Ilha (que representa 4,2 por cento de um território de 721 quilômetros quadrados), orçamento da ordem de Cr$ 125.200.000,00 e a maior parte dos recursos orçamentários conseguidos com o imposto predial.

Na terra de José Bonifácio existem 12 escolas superiores, hoje, e todas são particulares. Não há universidade, ainda, e existe uma queixa dos estudantes: o Governo Federal jamais construiu, aqui, um prédio escolar, e nos últimos anos o Governo do Estado fez isso muito poucas vezes.

Há duas estradas importantes no futuro da Cidade onde nasceu o Patriarca da Independência: a Rodovia dos Imigrantes, que ligará a Baixada Santista ao Planalto, e a Rio-Santos, para fazer a união com o Litoral Norte do País. Algumas pessoas acham que tais estradas serão muito boas para a Cidade; outras, vêem nelas elemento negativo:

Uma opinião a favor: "As estradas trarão o progresso, novos fluxos turísticos, possibilitarão maior desenvolvimento, maior comércio, facilitarão a implantação de indústrias e aproximarão Santos dos dois maiores centros do País: São Paulo e Rio de Janeiro".

Uma opinião contra: "Para que as estradas fossem um bem, o Município precisaria ter uma infra-estrutura turística à altura, capaz de atrair para si os fluxos. Caso contrário, Santos tornar-se-á apenas um local de passagem; os paulistanos continuarão um pouco mais sua viagem, até as praias do Litoral Norte do Estado, ainda semi-selvagens, e os cariocas ou ficarão no caminho, ou poderão preferir ir até São Paulo, com maior número de diversões, melhores acomodações do que aqui".

Na terra de José Bonifácio, hoje, 55 por cento da população recebem menos de dois salários mínimos; 29 por cento, entre 2 e 3 salários; entre 3 e 5 salários, 11% e o restante, mais de 5 salários mínimos.

Estudos realizados demonstraram que a agricultura não terá sucesso na região, seja pela má qualidade dos terrenos, ou pelos altos preços que, por poderem ser loteados, tornam-se caros demais para uma destinação agrícola.

Santos, a terra onde nasceu o Patriarca da Independência, tem, na opinião de muitos especialistas, dois caminhos a seguir, daqui para a frente: o desenvolvimento turístico ou o desenvolvimento industrial. Ou os dois.


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Cercada de praia, cercada de porto

E depois dos sete quilômetros de praia, o que vem? Depois, existem os nove quilômetros do Porto de Santos, o mais importante da América Latina e um dos escolhidos para receber investimentos maciços do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis para ter "categoria internacional", ao lado dos portos de Rio Grande, Paranaguá e Rio de Janeiro.

Santos também está incluído no programa dos "corredores de exportação de cereais", do Governo Federal, e é preparado para receber navios graneleiros com grandes tonelagens, a fim de que o Brasil possa cumprir seu programa de exportação, em 1973, e enviar cereais principalmente para o Japão.

"A Independência começa pela independência econômica, nos dias atuais, e o Porto de Santos é um dos principais fatores da independência econômica do Brasil", comenta autoridade portuária de Santos.

Afinal, o que acontece? - Há cinco anos, o porto santista era considerado um dos mais problemáticos do País, e muitos viam nele um porto em decadência. De um momento para o outro, assumiu outra vez o lugar de destaque ocupado em épocas passadas. Hoje, é por causa do porto que as maiores autoridades do Brasil vêm à Cidade; foi o porto quem chamou para cá técnicos de outros países, e é nele que se baseia o plano de desenvolvimento da área continental do Município.

A "nova fase" de expansão do Porto de Santos começou com a construção do cais do Macuco: 830 m a mais de porto. Essa faixa recebe, no momento, as obras complementares e os armazéns. Enquanto o cais do Macuco ainda estava em construção, autoridades do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis autorizaram a construção de um terminal para granéis líquidos, na Alemoa, a estrada de acesso à Ilha Barnabé, novos sistemas transportadores, mais equipamentos para movimentação de carga.

Foi nessa mesma época que começou a construção do Terminal de Fertilizantes de Conceiçãozinha, na margem esquerda. O Terminal, para a descarga de adubo, não fica em terra santista, mas do Guarujá. Porém, as estradas de ferro e de rodagem, que estão em construção para servi-lo, atravessarão o território santista, possibilitando a implantação do Distrito Industrial.

O ministro Mário Andreazza, quando viu Conceiçãozinha, comentou que "o porto, deste lado, pode crescer toda a vida". Tal crescimento começa agora: será implantado também na margem esquerda um terminal para movimentação de cofres-de-carga ("containers"), que são grandes embalagens metálicas, fechadas, e a carga é colocada no seu interior. Desta forma, além de melhor protegida, é mais fácil a sua movimentação no porto.

Do outro lado de Conceiçãozinha, o Governo Federal construirá um terminal para descarga de milho, com um silo capaz de armazenar, de uma vez, 100 mil ton. É plano ainda do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis continuar a expansão da margem esquerda, de acordo com as necessidades do comércio exterior brasileiro.

Com sua profundidade tradicional, o Porto de Santos podia receber navios de até 30.000 toneladas. Agora já entram aqui embarcações com 57.000 toneladas e, dentro de alguns meses, o porto poderá receber barcos de até 87.000 ton., graças às dragagens que são realizadas, dentro do plano de implantar os "corredores de exportação de cereais".


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Veja também:
Cubatão em 1972, por A Tribuna