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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 83]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

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Tratado descritivo do Brasil em 1587

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Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 10 — Das aves

Capítulo LXXXIII

Em que se relata a diversidade que há de papagaios.

Ajuruaçus são uns papagaios grandes todos verdes, que têm tamanho corpo como um adem, os quais se fazem mui domésticos em casa, onde falam muito bem; estes, no mato, criam em ninhos, em árvores altas; são muito gordos e de boa carne, e muito saborosos; mas hão de ser cozidos.

Ajerueté são uns papagaios verdadeiros, que se levam à Espanha, os quais são verdes, e têm os encontros das asas vermelhos, e o toucado da cabeça amarelo; criam nas árvores, em ninhos, e comem a fruta delas, de que se mantêm; cuja carne se come; e para se amansarem tomam-nos novos.

Há outros papagaios, a que chamam curicas, que são todos verdes, e não têm mais que o só queixo amarelo, e algumas penas nas asas encarnadas; os quais criam em ninhos nas árvores, de onde fazem grande dano nas searas de milho; tomam-nos novos para se amansarem em casa, onde falam muito bem; cuja carne comem os que andam pelo mato, mas é dura.

Maracaná é um pássaro verde todo, como papagaio, tem a cabeça toucada de amarelo, o bico grosso e sobre o grande, e voltado para baixo, o rabo comprido e vermelho; criam-se em árvores altas, em ninhos; e amansam-se alguns, porque falam, cuja carne é dura, mas come-a quem não tem outra melhor.

Há uns passarinhos todos verdes, que têm os pés e bico branco, a que os índios chamam tuim; têm o bico revolto para baixo, e criam em árvores, em ninhos de palha, perto do mar, e não os há pelo sertão; os quais andam em bandos; tomam-nos em novos para se criarem em casa, onde falam muito claro e bem, e têm graça no que dizem.

Há outros pássaros todos verdes, maiores que os tuins, que têm o bico branco voltado, toucado de amarelo e azul, que criam em árvores, em ninhos, de onde se tomam em novos, para se criarem em casa, onde falam também; estes andam em bandos, destruindo as milharadas.