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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - M.PESCA
Museu de Pesca... e sua baleia (1)

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Construído sobre as ruínas do antigo Forte Augusto, e inicialmente destinado ao uso como Escola de Aprendizes Marinheiros, o Museu de Pesca é uma das atrações turísticas de Santos. Isso não impediu que ficasse por muitos anos fechado, com parte de seu acervo destruída por cupins e pela umidade dos vazamentos do teto, que também exigiram uma ampla recuperação das instalações, com troca integral do piso - que, mesmo assim, só ocorreu após ampla mobilização popular nos anos finais do século XX.

Esta matéria foi publicada em A Tribuninha, suplemento infantil do jornal santista A Tribuna, em 6 de maio de 1995, quando o museu ainda estava fechado e suas instalações deterioradas (só reabriria normalmente a partir de 1998, após a recuperação do prédio e do acervo):


Entrada do museu, então praticamente abandonado e fechado ao público
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Museu de Pesca abre as portas e mostra tesouros

Um casarão antigo e maltratado, que fica em frente ao mar, espera uma chance para abrir as portas ao público. Sua aparência é feia e abandonada. Bem diferente do que era há alguns anos, quando crianças, que hoje já são adultas, podiam admirar os tesouros históricos que havia lá, como a ossada de uma baleia.

Esse lugar é o Museu de Pesca, fechado há oito anos e que abriu para visitação pública apenas no último final de semana e feriado, recebendo 3.783 pessoas. Foi uma iniciativa de um grupo de funcionários do Instituto de Pesca, para mostrar às pessoas como é importante salvar esse lugar. O prédio espera por reformas no teto, no chão e na parte elétrica. Mas, enquanto isso não acontece, o museu continua fechado, escondendo o acervo e deixando muita gente sem poder conhecê-lo.


O esqueleto da baleia, uma das peças do acervo do museu que mais chama a atenção
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

Emoção - Vários visitantes estavam emocionados quando passaram pela porta principal do museu. Eram adultos que se lembravam da época em que eram crianças e iam ao museu. Antes, era possível conhecer as focas e o leão-marinho empalhados, além de peixes e objetos resgatados de naufrágios.

Hoje, a maior parte do acervo está guardada no Instituto de Pesca, esperando que a reforma do prédio (hoje parada) termine. "Sempre vinha aqui quando era criança e sempre trouxe a família e os primos que vinham de fora", explicava a professora Maria Aparecida Daccache.

Sentindo vergonha e tristeza pelo abandono do museu, a professora lembrava que o que mais gostava de ver era o esqueleto da baleia: "Eu me encantava, ficava horas aqui".

Seus dois filhos, Samuel, 6 anos, e Ariel, com quase 3, também participavam da visita. "Gostei mais da ossada, ela é bonita", dizia Samuel. Junto com o irmão, era a primeira vez que conhecia o museu e esperava voltar outro dia.


Piso deteriorado, sob o esqueleto da baleia, permitia a visão desde o andar térreo
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

Céu - A ossada da baleia sempre foi a atração principal do museu. "Ela é muito pequena", criticava Caio Marins Tomás, de 5 anos. O garoto, que espiava o esqueleto de longe, dizia que esperava ver uma baleia "grandona". Mas concordou que os ossos deviam ser um pouquinho pesados.

Montada no primeiro andar e suspensa por causa da falta de assoalho, a ossada podia ser vista do térreo, por entre grossas vigas de madeira. Lá embaixo, Ariel não pôde evitar a curiosidade. "Por que ela está lá no céu?"


Com a frente parecendo a de um prédio abandonado,
o museu espera por reformas para mostrar o acervo
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria (legenda original)

História

O local onde está o Museu de Pesca nem sempre foi museu. Em 1734, foi construído naquele terreno o Forte Augusto, que tinha uma murada de pedra com peças de artilharia. O casarão foi erguido em 1908 para ser a Escola de Aprendizes-Marinheiros. Vinte e dois anos depois, o local virou Escola de Pesca.

Foi o Gabinete de História Natural, ligado à Escola de Pesca, que acabou dando início ao museu. Em 1942, foi montada a famosa ossada da baleia, que existe até hoje.

Pesca - Mas foi só em 6 de fevereiro de 1950 que a entidade ganhou o nome de Museu de Pesca. Hoje, está vinculada ao Instituto de Pesca, que desenvolve pesquisas sobre a fauna e a flora aquáticas. Ele fica na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia, e está interditado desde 5 de fevereiro de 1987.


Tubarão empalhado, uma das atrações
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

Conheça um pouco do acervo

A grande atração do museu é um esqueleto enorme. Medindo 23 metros, ele já foi um dia uma baleia da espécie Balaenoptera physalus, encontrada morta em agosto de 1941 numa praia em Peruíbe. Quem conta a história é Giselda Palubinskas, técnica de apoio do Instituto de Pesca.

Tubarão empalhado - Ele é da espécie Odontaspis noronhai. Pequeno e com a boca cheia de dentes ameaçadores, ele deixou os menores com um pouco de medo. Mas a curiosidade acabou vencendo e muita gente quis colocar a mão dentro da boca aberta do animal.


O tubarão empalhado amedronta, a princípio, mas a curiosidade vence...
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Coisas pequenas - Outra coisa que chamou bastante a atenção dos visitantes foi um microscópio. Através dele, foi possível conhecer as pequeninas micro-algas, que servem de comida para as larvas de vários peixes, como a tainha. Em outras palavras, alimentam os peixes enquanto são filhotes.

Oscar Barreto, pesquisador do Instituto de Pesca, explicava que os rotíferos (tipo de micro-alga) são alimento para peixinhos com 1 a 15 dias de vida. Já os náuplios de artemia formam a segunda alimentação para quem tem de 15 a 30 dias. Na fase adulta, a tainha, por exemplo, passa a comer algas maiores.

Painéis - Vários painéis mostravam o trabalho de pesquisa realizado pelo Instituto de Pesca, como  o cultivo de mexilhão ou um estudo sobre macro-algas, premiado na França em 1993.


A garotada gostou de ver os organismos no microscópio
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria (legenda original)

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