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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Embaré, uma praia que cura (1)

Muitas vezes, a simples pesquisa sobre o significado de uma denominação tradicional de uma região pode revelar muito sobre ela, às vezes coisas que com o passar do tempo e as transformações ocorridas acabaram sendo esquecidas.

Quem hoje freqüenta a praia santista do Embaré pode até ligar esse nome ao de uma figura histórica, dos tempos do Império. Mas precisará pesquisar um pouco para descobrir informações ainda mais interessantes. Como fizeram Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti, na obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista (Editora Caudex Ltda., São Vicente/SP, 1986), que assim relataram:


Antiga Capela do Embaré em 1922

EMBARÉ

Bairro atualmente bem caracterizado, entre o Boqueirão e a Ponta da Praia. Teve início com a antiga chácara do Barão depois Visconde do Embaré, ali situada, e a capelinha de Santo Antônio construída por aquele notável santista e titular do Império (Antônio Ferreira da Silva Júnior), inaugurada a 19 de outubro de 1875 pelo cônego Scipião Junqueira, que a abençoou e nela rezou a primeira missa.

O topônimo, em si, é um dos mais antigos da cidade, e um dos mais brasílicos (indígenas), companheiro e contemporâneo de Enguaguaçu, Saboó, Paquetá, Itororó, Jabaquara e Caneú.

Nome antigo da praia de Santos, desde a chamada "Ponta da Praia" até o chamado "José Menino" atuais, onde passa a chamar-se "Praia de Itararé" e onde tem início o município de São Vicente.

Hoje a Praia do Embaré está dividida por cinco bairros e em cinco denominações: Ponta da Praia (do canal 5 à curva final da entrada do porto), Embaré (do canal 4 ao canal 5), Boqueirão (do canal 3 ao canal 4), Gonzaga (do canal 2 ao canal 3) e José Menino (da Divisa com São Vicente ao canal 2). É de nosso dever, porém, conservar a tradição, mantendo sempre em nossa cultura a denominação geral e histórica Embaré para a bela praia onde desceu Martim Afonso em 1532 (junto ao porto de Santos, então chamado "Rio de São Vicente").

Praias santistas, num cartal postal de cerca de 1985

Embaré, segundo a identificação do Dr. João Mendes de Almeida, autor preferido por nós, para a maioria das nossas identiicações (por mais científico) é voz indígena, de Mbaràa-Hé "Cômodo, cura ou repouso para enfermidades" - de Mbaràa "enfermidade, moléstia" e "comodidade, conforto", por contração: Mbar'hé, que se pronuncia como hoje pronunciamos na linguagem corrente: Embaré.

Refere-se o nome antigo à propriedade tradicional das suas águas e portanto de seus banhos, para a cura de várias moléstias da pele, dos nervos e músculos, de certas carências sangüíneas e até dos resfriados comuns. Esta revelação proporcionada à posteridade, à ciência e aos estudiosos, pelo nome Embaré, tem sido confirmada pelos fatos. São inúmeros os casos conhecidos, de curas realizadas pelas águas da praia santista, alguns verdadeiramente surpreendentes e do nosso conhecimento, entre os quais o de um paralítico, o de um hemiplégico e o de uma senhora que apresentava um "bócio", a deformação vulgarmente chamada "papo", e que constitui doença da tiróide (ou tireóide).

Este último caso é muito interessante pela circunstância de que se reveste. A referida senhora (parente do autor desta obra) residia no Rio de Janeiro, e lá, com um médico famoso, realizou um tratamento inicial. Terminado esse pequeno tratamento, disse-lhe o médico que viesse tomar uns banhos de mar na praia do Embaré, em Santos, o que a surpreendeu bastante, pois que estava no Rio de Janeiro, e perto de muitas praias. O notável médico, porém insistiu: os banhos deviam ser em Santos. Em conclusão: a paciente possuía parentes aqui, e para aqui veio; tomou 21 banhos nas águas do Gonzaga, e, ao fim desse tempo, estava completamente curada, livre do "bócio" ou "papo".

Há uma justificativa científica para isso: as águas de Santos são muito salitradas e altamente iodadas, razão por que produzem fenômenos de iodismo, em certos hepáticos ou doentes do fígado, com necessidade de suspensão dos banhos. Há, ainda, em suspensão permanente, ou em mistura, nessas águas, enorme quantidade de "tanino" exudado pelos milhões de plantas taníferas dos mangues vizinhos, cujas cascas e folhas se decompõem nas lamas e nas águas invasoras das cheias, mais o cálcio e o fósforo e outros elementos, das fermentações, decomposições, e transformações de milhões de moluscos e crustáceos que ali vivem e ali morrem, naqueles mesmos mangues, tão abundantes junto às águas interiores da região santista, que vão ter às águas e às correntes da barra.


Basílica do Embaré é ponto de referência do bairro da orla
Foto: José Herrera, Decom/Prefeitura Municipal de Santos, Diário Oifical de Santos, 14/9/2002

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