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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (W)
Recuperação do Centro... e nos bairros (4)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

No início do século XXI, os santistas começaram a se preocupar com a preservação de seu patrimônio histórico-arquitetônico, não apenas no Centro Histórico mas também nas áreas seguintes da expansão urbana, como a Vila Nova e ao longo da Avenida Conselheiro Nébias. Exemplo disso foi registrado nesta matéria, publicada na edição de 14 de dezembro de 2004 do jornal A Tribuna:


Donos têm autorização para demolir o imóvel,
hoje em processo de tombamento pelo Condepasa
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

CONSELHEIRO NÉBIAS
Casarão histórico está abandonado

Da Reportagem

Sem telhado, com escada e janela depredados, muros pichados e totalmente abandonado. É assim que se encontra o imóvel número 310 da Avenida Conselheiro Nébias, quase ao lado do campus Dom Idílio, da UniSantos. O casarão antigo, aparentemente do século 20, é um dos 13 imóveis da avenida que estão em processo de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa).

Presidente do Condepasa, Bechara Abdalla Pestana Neves afirma que o processo de tombamento do imóvel está em andamento desde abril. Como os proprietários do local, juntamente com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Seosp), conseguiram em janeiro licença para demolir o casarão, o Ministério Público também entrou com processo (nº 696/05) contra a Prefeitura e os donos do local.

Antes mesmo do processo movido pelo MP, o Ministério do Meio-Ambiente já havia iniciado investigação ministerial (procedimento nº 240/02) para apurar danos decorrentes da falta de conservação dos casarões históricos dessa avenida. Agora, embora o tombamento esteja esbarrando em pendências jurídicas, a casa continua sendo deteriorada, já que encontra-se em estado de abandono total.

Proprietários - De acordo com o processo movido pelo Ministério Público, os proprietários do local são Sebastião Dias Ferreira e Marco Aurélio Dias Ferreira. A Tribuna tentou entrar em contato com ambos, mas até o final da tarde de ontem não conseguiu encontrá-los.

Outra matéria, publicada no dia anterior (em 13 de dezembro de 2004) no mesmo jornal A Tribuna, mostra o esforço da comunidade para preservar esse patrimônio:


Com 21 cômodos, o casarão da Rua Constituição, 278,
tem 104 anos e 1.200 m² de área construída
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

PATRIMÔNIO
Condepasa tomba 5 imóveis da época do café

São três abrigos de estações da Sabesp e dois casarões

Da Reportagem

O Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Santos (Condepasa) tombou cinco imóveis construídos no início do século 20, época áurea do café na Cidade. A decisão foi tomada em reunião do conselho realizada na última quinta-feira.

Dos cinco imóveis, três são abrigos das estações elevatórias da Sabesp, projetadas por Saturnino de Brito (ver matéria), e os outros dois são os casarões da Avenida Conselheiro Nébias nº 361, e da Rua Constituição nº 278.

"A decisão de tombar um imóvel parte, na verdade, de todo um processo de tombamento, um estudo. Quando abrimos o processo, o imóvel já fica protegido, não se pode mexer nele", explicou o presidente do Condepasa, Bechara Abdalla Pestana Neves.

De acordo com ele, o conselho vem tentando agilizar a conclusão dos processos de tombamento. "No caso dos casarões, por exemplo, os processos foram abertos em abril deste ano. Os cinco imóveis tombados têm uma importância inegável para a Cidade. São alguns dos poucos exemplares restantes da arquitetura eclética do começo do século".

Estações - Os abrigos das estações elevatórias da Sabesp são quiosques hexagonais com telhado em madeira e azulejos na fachada e na parte interna. Na região, foram construídas quatro unidades, sendo três em Santos e uma em São Vicente.

Na Cidade, os abrigos estão localizados na Avenida Conselheiro Nébias, esquina com a Avenida Campos Sales; na Rua João Octávio, no Paquetá; e na Alameda Neiva da Mota e Silva, no José Menino, na área onde está a Estação de Tratamento da Sabesp em Santos.

"Tão ou mais importante que a questão da arquitetura dos abrigos, é que eles são remanescentes de um sistema de saneamento criado por Saturnino de Brito que revolucionou uma época".

Segundo o presidente, o tombamento dos abrigos das estações elevatórias veio complementar o tombamento dos canais da Cidade. "Eles fazem parte do conjunto da obra, do trabalho de Saturnino de Brito".

Casarões - Localizado na Vila Nova, o casarão da Rua Constituição tem 104 anos. Considerado uma das mais bem conservadas relíquias arquitetônicas de Santos, o imóvel foi construído pela antiga Companhia Docas de Santos.

São 21 cômodos e 1.200 metros quadrados de área construída, de um total de 1.700 metros quadrados de propriedade. O casarão foi colocado à venda este ano por R$ 700 mil.

Um dos detalhes que chama atenção para o imóvel é a sua fachada repleta de azulejos portugueses e espanhóis. Na parte interna, se destacam a imponente escadaria de mármore e as portas, janelas e o lustre da sala de jantar feitos de ipê.

Já o casarão da Avenida Conselheiro Nébias, construído em 1920, possui a fachada principal em estilo normando estilizado. A parte interna, a pintura das paredes, os lustres, móveis e objetos de decoração remetem aos anos 20.

"O nosso trabalho (Condepasa) estava focado na área central de Santos. Agora, estamos fazendo um inventário de outras regiões para que possamos garantir a preservação da história de toda a Cidade. Só na Conselheiro Nébias, já abrimos 13 processos de tombamento".

A casa da Avenida Conselheiro Nébias, 361, construída em 1920
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Saturnino de Brito criou estações elevatórias

As estações elevatórias faziam parte do revolucionário projeto de saneamento que o médico sanitarista Saturnino de Brito implantou na Cidade.

As unidades construídas no início do século passado possuíam abrigos revestidos por azulejos, com janelas, portas, e um telhado de madeira em forma de exaustor para liberar o odor provocado pelo esgoto.

Na parte interna, também revestida de azulejos, tampões no chão fechavam a entrada para o poço que recebia o esgoto. Uma talha presa ao teto puxava a bomba responsável por lançar o esgoto na tubulação.

De acordo com o engenheiro da Sabesp Sérgio Bekerman, das três antigas estações construídas por Brito, apenas a localizada no José Menino continua em funcionamento. "A última deve ser desativada em breve, talvez já no ano que vem, com a modernização e a ampliação do sistema da Sabesp".

Segundo o engenheiro, antes de chegar à Estação de Tratamento da Sabesp, no José Menino, para ser lançado pelo Emissário Submarino, o esgoto é trazido pela tubulação utilizando a força da gravidade.

"Os canos vão descendo pelo subterrâneo. Mas chega uma hora que eles vão tão fundo que não há como manter uma manutenção adequada além dessa profundidade. Então são construídas as estações elevatórias, que têm esse nome justamente porque pegam o esgoto lá no fundo, bombeiam e jogam para uma cota mais alta".

De lá, explicou Bekerman, o esgoto segue novamente pela tubulação até chegar à Estação de Tratamento da Sabesp, podendo, antes disso, passar ou não por outra estação elevatória.

Escoamento - Conforme o engenheiro, as estações elevatórias construídas por Saturnino de Brito tinham capacidade de escoar 80 litros de esgoto por segundo. Com o passar dos anos, tornaram-se incapazes de atender à demanda da Cidade em razão do crescimento populacional acelerado.

"Por isso fomos desativando e construímos outra estação elevatória ao lado do abrigo, com maior profundidade e capacidade para escoar 220 litros por segundo".

Um dos abrigos da Sabesp fica na Conselheiro Nébias
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

A desistência do tombamento de um dos casarões da Conselheiro Nébias foi divulgada nesta matéria de 9 de fevereiro de 2005, do jornal A Tribuna:


Imóvel excluído, situado na Conselheiro Nébias 310, tem sido alvo de ações de vandalismo
Foto: Ricardo Nogueira, publicada com a matéria

CASARÃO
Condepasa desiste de tombamento

Da Reportagem

Depois de quase um ano de abertura de um processo de tombamento por parte do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), que incluía alguns imóveis da Cidade, o órgão decidiu a exclusão da casa situada no número 310 da Avenida Conselheiro Nébias.

A decisão foi publicada na semana passada, no Diário Oficial do Município, após a 40ª reunião extraordinária do Condepasa, realizada em 20 de janeiro, que decidiu pelo não-tombamento do imóvel.

A Tribuna esteve no local para ver as condições da casa, que se encontra em péssimo estado. Algumas paredes da casa estão parcialmente destruídas, outras tomadas por folhagens. Não há teto, tem bastante entulho, porém é possível perceber que em outra época já foi uma casa muito bonita.

Uma escada de mármore dá acesso a uma sala que tem um belo vitral e a parede toda pintada na cor vermelha, com motivos florais. O piso é todo de madeira.

"Um horror" - "A Prefeitura tem que fazer alguma coisa nessa casa. Isso é um horror. Tem gente que dorme aí. É muito perigoso", diz a vizinha do imóvel, a aposentada Maria Luísa da Silva.

De acordo com ela, um caseiro morava na residência há pouco mais de um ano, até que o proprietário, que mora em Minas Gerais, resolveu tirar o funcionário de lá. "Essa casa é um inferno para nós que moramos por perto. Há uma semana aconteceu um assalto a uma copiadora que fica ao lado da casa. Os ladrões invadiram depois de pular o muro desse lugar. Além disso, tem gente que se droga aí".

A Tribuna tentou contato com o presidente do Condepasa, Bechara Abdalla Pestana Neves, para falar sobre o assunto, mas até as 16 horas de ontem não obteve sucesso.

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