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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (T)
Plano Diretor se rende a usos e costumes (3)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. Nesse turbilhão, os planejadores urbanos descobrem que na prática, a teoria é outra, é necessário adaptar os planos à realidade de uma cidade/metrópole que tem vida e vontade própria.

É o caso de uma pequena favela que surgiu num terreno baldio atrás do Cemitério da Filosofia e em poucos anos cresceu, tomando conta de extensa área e se transformando em uma vila. A favela virou caso de polícia, quando passou a ser controlada por narcotraficantes e foi preciso desmantelar a quadrilha. O parágrafo inicial de uma notícia - do jornalista Eduardo Velozo Fuccia, publicada em 11 de janeiro de 2004 no jornal santista A Tribuna - dá uma idéia do que estava ocorrendo na área:


A Favela Pantanal, no Saboó, é o principal local de atuação da quadrilha
denunciada pelo Ministério Público
Foto: Alberto Marques, em 19/7/2003, publicada com a matéria

Adolescentes e jovens são aliciados pelo bando

Expulsão de uma família da favela, porque não concordou que em seu terreno fosse construído um observatório para verificar a chegada de policiais; aliciamento de adolescentes e jovens, a maioria viciados, para a venda de drogas; imposição de fechamento do comércio do bairro em luto pela morte de marginal durante confronto com a polícia, e implantação de um clima de terror entre os moradores da área são alguns dos fatos atribuídos a Dioguinho no inquérito da Dise (N.E.: sigla de Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes).
[...]

Devido ao agravamento dos problemas sociais e da degradação da área, foi preciso promover a sua urbanização, usando terrenos próximos para a construção de um conjunto habitacional, surgindo assim o Conjunto Habitacional da Vila Pantanal, que seria batizado com o nome do falecido governador paulista Mário Covas. A primeira parte do projeto, concluída em 2004, permitiu a remoção de parte dos barracos, liberando terreno para a realização da segunda fase das obras a partir de 2005.

Em 30 de julho de 2004, o Diário Oficial de Santos registrou:


Foto: Vagner Dantas, publicada com a matéria

Vila Pantanal - Dos 13 blocos do conjunto habitacional Mário Covas, na Vila Pantanal, seis já estão pintados externamente. Os blocos A, E e F estão pintados de azul e palha e os B, C e D de flamingo (tom de vermelho). A pintura interna já está totalmente concluída em todos os apartamentos e a previsão de entrega do empreendimento é para a segunda quinzena de setembro. A sub-base da pavimentação das ruas também está pronta, assim como as guias e sarjetas, e a capa de asfalto será executada no início de agosto.

Em 25 de novembro de 2004, o Diário Oficial de Santos voltou a destacar o conjunto da Vila Pantanal:


Projeto da segunda fase, que prevê mais 340 moradias numa parceria entre Cohab e CDHU
Imagem publicada com a matéria

HABITAÇÃO
Cohab inicia demolição de barracos para 2ª fase do Conjunto Mário Covas

No local, deverão ser construídos mais 340 apartamentos

Prossegue até o final do mês a demolição dos 260 barracos da Vila Pantanal (Saboó), que eram ocupados pelas famílias contempladas na 1ª fase de construção do Conjunto Habitacional Mário Covas Júnior (entregue em 25 de setembro).

Os trabalhos estão sendo executados por 15 homens da Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab-Santista). Nesta área, ainda estão 32 barracos ocupados por famílias que não tinham cadastro e que, por isso, não puderam ser contempladas na primeira etapa. Estas pessoas serão remanejadas para uma área na divisa entre os dois conjuntos, para não prejudicar o andamento das obras.

Cerca de dez boxes comerciais de madeirite também serão erguidos, provisoriamente, para abrigar comércios que existiam dentro da favela e que são o sustento destas famílias. Os mais de 260 barracos estão numa área de 16 mil m², que abrigará a 2ª etapa do Conjunto Mário Covas, que prevê a construção de 340 apartamentos, divididos em 17 blocos. Cada bloco terá quatro andares, além do térreo, com 20 unidades.

Este segundo conjunto terá quadra de esportes, Centro de Apoio ao Condomínio (CAC), área comercial e também institucional, que poderá abrigar escola ou policlínica. A construção é uma parceria da Cohab-Santista com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

Registro feito pelo jornal santista A Tribuna, em 10 de novembro de 2004:


Mesmo satisfeitos com o novo lar, os ex-moradores reclamam 
que na residência anterior espaço era maior
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

CONJUNTO HABITACIONAL
Enfim, um endereço

Famílias que habitavam o núcleo Vila Pantanal, no Saboó, vão se adaptando à nova vida nos apartamentos e já pedem área de lazer para as crianças

Luiz Gomes Otero
Da Reportagem

A partir deste mês, a residência de Regina Souza Durval, de 20 anos, funcionária de uma casa lotérica da Cidade, passa a ter um endereço oficial: Avenida Martins Fontes, 1.115. Ela e seus familiares já estão ocupando um dos 260 apartamentos do Conjunto Habitacional Mário Covas Júnior, que abriga ex-moradores do núcleo Vila Pantanal, no Saboó.

O empreendimento foi viabilizado pela Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab-Santista), em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU).

A mudança de vida ainda provoca alguns contratempos que, de acordo com os próprios moradores, serão solucionados com o decorrer do tempo.

No caso de Regina, ela vive com os pais e a irmã caçula, de 16 anos. "O apartamento tem dois dormitórios e demais dependências. As dimensões são menores do que a da nossa casa antiga. Mesmo assim, vale a pena, porque agora temos condições de receber correspondências, como qualquer outro cidadão".

Na manhã de ontem, Antonio José de Jesus, que trabalha em uma empresa de dedetização, ainda ajudava os familiares a acomodar os móveis no novo apartamento. Ele vive com a mulher, quatro filhos e um primo. "Somos sete pessoas vivendo neste apartamento de dois dormitórios. Mesmo assim, compensa o sacrifício".

Ele lamentou a ausência de um espaço de lazer, como quadra esportiva, para que as crianças pudessem praticar esportes. "Já tem carros no estacionamento com marcas de bolas. E isto não é culpa das crianças. Onde é que elas podem jogar futebol?", indagou o morador.

Para a família de Francisca Oliveira, que morava há mais de 10 anos na Vila Pantanal, a mudança chegou em boa hora. "Para nós tudo melhorou, apesar dos transtornos que toda mudança provoca".

Ela só manifestou preocupação quanto ao valor que será cobrado pelo condomínio, uma das novidades que os moradores terão pela frente. "Ainda existem prédios que precisam de algum tipo de acabamento, como o piso das escadas e antenas de televisão".

A família de Marinês Belo Vieira, de 20 anos, também está providenciando a mudança, de forma gradativa. "Nós ainda estamos colocando os móveis no apartamento. Mas já estamos sentindo a falta de espaço. A casa antiga era maior".

Ela está preocupada com o futuro do ponto comercial, que funcionava na antiga residência da família. "Meu pai mantinha um pequeno bar na casa, que ajudava a complementar a nossa renda".


Antônio José de Jesus: vale o sacrifício de ter sete pessoas em um apartamento de dois quartos
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

Segunda fase contará com 340 unidades em 2005

O presidente da Cohab-Santista, Frederico Karaoglan, confirmou ontem que a segunda fase do projeto, que deve ser iniciada no final do primeiro semestre de 2005, contará com mais 340 unidades e novos espaços de lazer com quadras poliesportivas.

O empreendimento também prevê áreas de uso institucional, que podem vir a abrigar um posto de saúde, creche ou escola, de acordo com a necessidade dos moradores.

O projeto completo do Conjunto Habitacional Mário Covas Júnior prevê um total de 970 unidades. "A CDHU só aceita executar a obra com o terreno limpo e livre de edificações. Por isso, já iniciamos a demolição dos barracos desocupados", assinalou Karaoglan.

Depois de concluída a segunda fase, o conjunto passará a ter 600 unidades e mais os espaços de lazer e institucional. "Também estamos prevendo um espaço comercial no conjunto. Muitas residências antigas mantêm pequenos pontos comerciais, que contribuem para a sua subsistência".

Este espaço comercial será ocupado com base no levantamento feito pela Cohab. "Só serão instalados os comércios que já estão em atividade no núcleo".


O conjunto habitacional erguido no lugar da Vila Pantanal
Foto: Carlos Marques, em A Tribuna de 19 de abril de 2004

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