Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0230o.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/11/04 16:55:30
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (O)
A urbanização da Zona Noroeste (1)

Leva para a página anterior
Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Depois de ocupar quase todos os espaços em direção às praias, Santos passou a se expandir no sentido contrário, nos dois lados da Avenida Nossa Senhora de Fátima, em direção à divisa com São Vicente. O editor de Novo Milênio, Carlos Pimentel Mendes, naquela época atuando como jornalista em A Tribuna, publicou nesse jornal santista, em 15 de março de 1979, esta matéria:

Clique na imagem para ampliá-la
Clique na imagem para ampliá-la
Planta: livro Santos Obras 74/79, Prefeitura Municipal de Santos,

balanço da gestão do prefeito Antônio Manoel de Carvalho, edição Prodesan, 1979, Santos/SP

Surge uma nova Zona Noroeste

Jardim Rádio Clube, Jardim Castelo, Areia Branca, Vila São Jorge, Caneleira, Santa Maria, Bom Retiro, Jardim São Manoel, Alemoa, Chico de Paula, Saboó... Há pouco tempo, esses nomes significavam unicamente lama, doenças, mosquitos, mato, criminalidade, favelas, terrenos de baixo valor, mangues.

Essa situação modificou-se, nos últimos anos: tais nomes deixaram de ser sinônimo de pobreza e péssimas condições de vida, para significar bairros integrados ao restante da Cidade - em conseqüência das inúmeras obras de infra-estrutura ali realizadas, que paralelamente permitiram a extensão a essas áreas de inúmeros serviços (pronto-socorro, posto de bombeiros, telefones, ônibus, escolas, parques de recreação infantil e de lazer, iluminação mais eficiente, policiamento).

Atualmente, a ZN representa, em termos globais, um terço da Cidade, com seus 150 mil habitantes já integrados ao contexto urbano de Santos, extinta que foi a defasagem antes existente em obras e serviços.

Em conseqüência das obras realizadas por toda a ZN nos últimos anos, eliminou-se ainda o alto custo de manutenção da área, pois não há praticamente mais necessidade constante de aterros, nivelamento de ruas, abertura e limpeza de valas, capinação e eliminação de insetos e ratos, e outros serviços de manutenção de áreas não pavimentadas. Ao mesmo tempo, melhorou em todos os setores o padrão de vida dos moradores.

O prefeito Antônio Manoel de Carvalho, que agora deixa o cargo, governou durante os quatro anos praticamente voltado para a Zona Noroeste, buscando equipará-la às demais regiões da Cidade. Para isso, foi necessário articular não somente os recursos municipais e dos próprios moradores da área (através do Plano Comunitário e do Sistema de Contribuição de Melhoria), mas igualmente as verbas estaduais e federais, obtidas de programas como os Finc-I e Finc-II (Financiamento para Urbanização de Conjuntos Habitacionais, do BNH), do Fundo de Desenvolvimento Urbano, do Projeto CURA (Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada, do BNH) e do Fundo de Participação dos Municípios, entre outros.

Pavimentação e drenagem - As principais obras executadas durante a gestão de Antônio Manoel de Carvalho foram sempre as que visavam a drenar e pavimentar a região, incluindo a retificação e o revestimento dos canais. Várias técnicas novas foram empregadas em tais obras, como o sistema de colchões de náilon enchidos de concreto especial, para revestimento do Canal São Jorge (da Avenida Jovino de Melo) e de outros, como o Canal Bom Retiro. O sistema suíço VSL permitiu não apenas uma economia considerável de verbas, mas sobretudo uma aceleração dos trabalhos, que agora estão quase concluídos.

Um dos primeiros bairros a receberem melhorias na gestão que ora termina - e também um dos últimos - é a Vila São Jorge. Em 8 de dezembro de 1975 era assinado um contrato de drenagem beneficiando 16 ruas, com verbas do Fundo de Desenvolvimento Urbano. Essas ruas começam agora a ser pavimentadas, por meio de contrato assinado dia 9 de fevereiro, com recursos do Projeto Finc-II.

Dois outros contratos, com verbas do projeto CURA, trariam em março de 1976 a drenagem, os meios-fios e as sarjetas ao Jardim Santa Maria, beneficiando-se igualmente o Bom Retiro, com um terceiro contrato, assinado no mesmo período. Mas a Areia Branca receberia também, por essa época, a pavimentação, e logo depois as ruas da Caneleira seriam beneficiadas com um contrato de Cr$ 10 milhões - verba obtida do Fundo de Desenvolvimento Urbano - que traria àquele bairro a drenagem e a pavimentação.

Em junho de 1976, era a vez do Jardim Piratininga ter suas ruas pavimentadas, benefício estendido em dezembro do mesmo ano a diversas ruas do Saboó (situadas no trecho antes incluído na denominação Chico de Paula). O Conjunto Habitacional Costa e Silva recebeu drenagem, saneamento de ambas as áreas do núcleo, pavimentação e execução de pontilhões, por contrato assinado em dezembro de 1977.

Nesse mês, ainda, foi contratada a execução de pontilhões sobre o Canal Bom Retiro e desobstrução do leito desse canal, no Jardim Santa Maria e no Bom Retiro, incluindo a pavimentação de todas as ruas próximas. Outro contrato era assinado no mesmo dia 14 de dezembro de 1977, para pavimentação de 20 ruas e 2 praças do Jardim Santa Maria, incluindo também desobstrução do leito e execução de pontilhões em outro trecho desse canal e reconstrução de seus taludes, e ainda o recapeamento asfáltico das ruas Alberto de Carvalho e Roberto de Molina Cintra.

As vias mais importantes mereceram contratos à parte, para drenagem e pavimentação. Foi o caso da Rua Divisória A, agora conhecida como Avenida M. Ferramenta Júnior; das ruas São Sebastião e Renato Xavier Krone, no Saboó; da Rua Francisco Pedro dos Reis (também no Saboó) e, mais recentemente, da Avenida Hugo Maia, incluindo o revestimento de seu canal e a execução de 3 pontilhões, nos jardins Rádio Clube e Castelo - obra essa inaugurada no último dia 7.

Cuidado especial mereceu a Avenida Vereador Álvaro Guimarães, pela importância que tem como elo na ligação entre o dique do Jardim Rádio Clube e a Avenida Nossa Senhora de Fátima; ali, além dos serviços de pavimentação e drenagem, os passeios estão sendo executados dentro de um projeto urbanístico inédito em Santos, embora bastante difundido nos Estados Unidos e Europa (N.E.: com a inclusão de um trecho ajardinado e arborizado entre o passeio e o leito carroçável da rua). E, na Alemoa, a pavimentação da Av. Vereador Alfredo das Neves está permitindo o desenvolvimento industrial dessa área, antes de péssimo acesso.

Destacam-se ainda as obras de tratamento paisagístico das praças Maria Coelho Lopes e Júlio Dantas, no Jardim Santa Maria, concluídas no primeiro semestre de 1978; a drenagem, pavimentação e serviços complementares no Conjunto Habitacional Dale Coutinho, por  contrato assinado em janeiro passado, e que devem estar concluídas em 60 dias; a pavimentação das ruas do Jardim Castelo, iniciada também em janeiro; a drenagem e pavimentação da Rua Francisco de Domênico, no trecho do Jardim Castelo, entre outras.


Canal do Bom Retiro, na Zona Noroeste de Santos
Foto: livro Santos Obras 74/79, Prefeitura Municipal de Santos,
balanço da gestão do prefeito Antônio Manoel de Carvalho, edição Prodesan, 1979, Santos/SP

Edificações e serviços - Além dessas, outras obras de importância para o desenvolvimento e melhoria dos padrões de vida na região foram também executadas, como a reforma total do Pronto-Socorro da Zona Noroeste, no Jardim Castelo, ou a construção do Posto de Bombeiros da ZN, no mesmo bairro. Foi executada também a reforma do pavilhão de artes plásticas, incluindo a construção de um almoxarifado, no Parque de Recreação Infantil da Zona Noroeste, bem como a reforma do Grupo Escolar da Vila São Jorge (G.E. André Freire), situado no Jardim Santa Maria. A capacidade de atendimento do Cemitério de Areia Branca foi também bastante ampliada, com a construção de 3.341 carneiros e 100 campas durante a gestão que agora termina, tendo sido beneficiado também com a execução de passeios e pintura dos muros que o circundam.

Dentro de 60 dias, outra edificação deverá estar também concluída: são as novas instalações do Canil Municipal, na Av. Nossa Senhora de Fátima, 375, que permitirão desativar as atuais, atrás do Horto Municipal.

De execução direta - Além das obras contratadas a empreiteiras, por intermédio da Prodesan, diversas outras tiveram execução direta, pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos, principalmente. É o caso das reformas na Escola Estadual da Vila São Jorge e no Grupo Estadual de Areia Branca, bem como a construção de uma sala especial na Escola do Jardim São Manoel e a pintura em diversos prédios escolares municipais e outras edificações. Também se pode incluir a construção e conservação de galerias de drenagem e sarjetas, renivelamento de guias e outros serviços de manutenção, em inúmeras vias da Zona Noroeste.

Também a iluminação da área recebeu importante apoio nos últimos quatro anos. Em 1976, toda a Areia Branca foi dotada de iluminação a vapor de mercúrio, com 350 lâmpadas de 125 Watts. Também nesse ano o Conjunto Residencial Marechal Arthur da Costa e Silva e todo o Bairro do Saboó (ex-Chico de Paula) receberam iluminação desse tipo, com a instalação de 145 e 192 luminárias, respectivamente. Em 1977, com verbas do Projeto CURA, diversas ruas da região receberam essa melhoria, com a instalação de 117 unidades, por intermédio da Prodesan.

Por outro lado, foi estabelecido em 1978 um acordo entre a Prefeitura e o Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), para execução de serviços de limpeza no canal lateral ao dique, que contorna praticamente toda a Zona Noroeste, no Jardim Rádio Clube. Esse serviço foi executado com a máquina própria do DNOS, cabendo à Prodesan, pelo seu Departamento de Limpeza Urbana, o fornecimento dos caminhões necessários para o transporte do material retirado, bem como seu destino final. O serviço incluiu ainda a limpeza do Canal São Jorge, no trecho não revestido (junto ao Jardim Caneleira).

Integração rápida - Todas essas obras permitiram não só a melhoria direta da Zona Noroeste, mas também uma série de benefícios indiretos, bastando como exemplo lembrar que, anos atrás, um motorista de táxi que levasse um passageiro a um dos bairros da ZN com certeza o deixaria em algum ponto da Avenida Nossa Senhora de Fátima; também, quem precisasse tomar um táxi teria que andar quilômetros para chegar a essa avenida, por ruas de lama e mato.

Atualmente, grande parte dos moradores pode contar com ônibus e táxis a algumas quadras de distância de sua casa, como se morasse em qualquer bairro da Zona Leste. Quanto aos ônibus, vale lembrar que anteriormente à concessão das linhas municipais que servem à Zona Noroeste, a Companhia Santista de Transportes Coletivos (CSTC) mantinha seis linhas, com 40 carros em circulação (número esse que, pelas condições da frota na época, nem sempre era atingido). Atualmente, servem à região sete linhas de ônibus municipais, com até 54 carros em circulação nos horários de maior movimentação de passageiros.

São estas as linhas que servem a Zona Noroeste, com seus destinos finais: linha 47 (Boqueirão, pela Av. Conselheiro Nébias), linha 49 (Conjunto Habitacional Castelo Branco, na Aparecida, pela Av. Conselheiro Nébias e praias); linha 74 (José Menino, pela Av. Pinheiro Machado); linha 91 (Ponta da Praia, via cais); linha 94 (ferry-boat, pela Avenida Bernardino de Campos) e linha 111 (Gonzaga, pela Av. Ana Costa). Como na Zona Leste, também na ZN foram construídos abrigos para os passageiros nos principais pontos de parada dos coletivos.

Outro benefício indireto foi a possibilidade de extensão da rede telefônica àquela região, embora, devido ao baixo nível de renda de grande parte dos moradores, a demanda não seja grande por esse serviço, atualmente.

A vida comunitária foi beneficiada pelas sociedades de melhoramentos de bairros, que obtiveram grande apoio da Prefeitura na construção ou reforma de suas sedes próprias e, principalmente, pela subvenção mensal no valor de um salário mínimo de referência (que atualmente vale Cr$ 1.150,70), a partir de agosto passado. Com isso, tais entidades tiveram sensivelmente melhorada sua situação financeira, pois em sua maioria funcionavam de forma precária e endividadas, sem possibilidades de expansão e melhorias em suas atividades.

Valorização constante - Relatório apresentado há alguns dias ao prefeito Antônio Manoel de Carvalho pela Secretaria de Finanças permite avaliar bem a valorização dos terrenos da Zona Noroeste, bairro por bairro, nos últimos anos - valorização essa decorrente das obras ali executadas nesse período.

Nesse relatório, foi acompanhada ano a ano a evolução dos valores venais de determinados imóveis, escolhidos aleatoriamente como padrões de amostragem, e situados nos diversos bairros da ZN. Considere-se que tais preços vêm sendo gradativamente aproximados dos valores venais do mercado imobiliário (objetivo já alcançado, com exceção dos bairros de Saboó e Areia Branca, onde a elevação tem sido mais branda, por serem esses locais de população com menor poder aquisitivo).

Um terreno no Jardim São Manoel, situado na Rua Coronel Feliciano Narciso Bicudo, valia Cr$ 15,00 o metro quadrado em 1972, Cr$ 23,94 em 1975; em 1976, teve uma valorização de 87,96 por cento, passando para Cr$ 45,00; em 1977, a valorização foi de 377,77 por cento: passou para Cr$ 215,00; agora, o mesmo terreno vale Cr$ 350,00 o metro quadrado.

A elevação foi ainda maior no Jardim Piratininga, onde um terreno de igual valor em 1972 já está valendo Cr$ 460,00 o metro quadrado. Na Vila Alemoa, em 1972, o metro quadrado da terra valia Cr$ 21,00; hoje, vale Cr$ 1.370,00, após reajustes no valor de até 656,2 por cento em um ano (1976).

Grandes índices de valorização também foram obtidos em outros bairros. Terrenos que, em 1972, valiam entre Cr$ 16,00 (na Areia Branca) e Cr$ 43,00 (na Caneleira) o metro quadrado, em 1977 já valiam entre Cr$ 285,00 (na Areia Branca) e Cr$ 600,00 (na Caneleira).

São estes os valores médios por metro quadrado, em terrenos dos demais bairros (segundo cotações atualizadas para 1979): Saboó, Cr$ 850,00; Vila São Jorge Cr$ 780,00; Jardim Bom Retiro, Cr$ 660,00; Areia Branca, Cr$ 530,00; Jardim Santa Maria, Cr$ 700,00; Chico de Paula, Cr$ 790,00; Caneleira, Cr$ 1.040,00.

A nova Zona Noroeste - Eliminada a defasagem em todos os setores entre o padrão de vida na Zona Noroeste e as demais áreas da Cidade - algumas das quais possuem condições de vida inferiores às de agora na ZN - foram assim criadas as condições básicas para o desenvolvimento espontâneo dessa parte da Cidade, com uma infra-estrutura de obras e serviços bem mais aperfeiçoada que na parte antiga, pelo emprego de técnicas e materiais mais modernos e adequados à solução dos problemas ali existentes.

Em conseqüência, a área vem sendo cada vez mais densamente habitada, diminuindo a pressão sobre o setor imobiliário na Zona Leste, e dando aos santistas melhores condições de vida, em qualquer parte da Cidade.

Leva para a página seguinte da série