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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ORQUIDÁRIO
Do Parque Indígena ao Orquidário (9)

Ambiente do parque é comparado ao de uma catedral
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Esta matéria foi publicada na edição de lançamento do antigo jornal Cidade de Santos, em 1º de julho de 1967:
 


Aspecto interno do Orquidário
Foto publicada com a matéria

Orquidário hoje em dia: nem só orquídeas

O Orquidário Municipal entrou em fase nova, de planos que a Secretaria de Obras, responsável por ele, quer pôr em prática com vontade de aumentar e melhorar o que já existe, não apenas orquídeas. Uma das novidades é a ampliação das estufas, que em breve poderão abrigar cerca de 12 mil variedades de plantas exigentes (não vivem fora de condições especiais de luz, água e sol). Também está planejada exposição permanente de flores, de espécies híbridas que florescem o ano todo, muito diferentes das comuns, que só dão flores duas vezes.

O Orquidário já tem 300 beija-flores, araras, faisões, quero-queros, perdizes australianas, saracuras, gansos, marrecos, jaós, jacus e três macacos. Logo, flamingos, cisnes e outras aves também poderão passear por lá.

Nem fechar, nem parar - Para o Orquidário fechar, só mesmo se houver eleição. Se não, suas portas estão abertas das 7 às 18 horas, ou até um pouco mais tarde, na época de temporada ou quando há exposição. Por isso, cerca de 900 mil visitantes são recebidos anualmente, levados pela curiosidade de ver mais de 60 mil orquídeas, as 1.440 árvores, plantas ornamentais, acaliças, íris, sanqueiras etc. E as aves, e os macacos, em 22 mil m² bem perto da praia, no bairro do José Menino.

De certa forma, as belezas que se vêem ali são obra do barão Júlio Conceição, que vendeu à cidade 60 mil orquídeas de sua coleção particular - o Parque Indígena. Era uma área aproximadamente igual à que hoje ocupa o Orquidário Municipal, na Av. Cons. Nébias, defronte ao atual cine Caiçara, que ia desde a praia até mais ou menos onde fica a Rua Emb. Pedro de Toledo. Quem quisesse, podia visitar.

O Orquidário que agora quer ficar ainda melhor foi inaugurado a 11 de novembro de 1945. Durante seus 22 anos, as mesmas 60 mil orquídeas. Só em novembro do ano passado houve algum progresso, que a administração municipal espera manter "indefinidamente".

Inácio, desde o começo - Os orquidófilos costumam dizer: "A Prefeitura comprou as orquídeas de Júlio Conceição e "seo" Inácio veio de contrapeso". Inácio Roberto Manso Filho é o administrador do Orquidário Municipal desde a inauguração. Antes, tomava conta das plantas do barão. Não gosta de seu nome no jornal: "Brasileiro, quando o nome começa a aparecer muito, se empavona e relaxa no serviço". Diz que o principal na vida é gostar do que se faz. "E eu gosto das minhas orquídeas".

Começou a cuidar de orquídeas para o barão em 1934. Tem muitas histórias. "A primeira exposição de orquídeas em Santos, que me lembro, foi em 1937, na Associação Cívica Feminina, que funcionava na Rua Amador Bueno".

Conta também que já houve duas exposições de orquídeas no Teatro Coliseu, patrocinadas pela Prefeitura, em 1943 e 1944. "As plantas ficavam no saguão de entrada do cinema. As duas exposições foram um sucesso".

Os orquidófilos falam de si mesmos, fazendo piada com as etapas que vão da coleção das plantas até sua seleção. "Primeiro somos orquidófilos, depois orquidiotas e no fim, arquidiotas". "Seo" Inácio diz que já atingiu a segunda fase, mas ainda não chegou nem perto da terceira.


Ninfa de Náiade
Foto publicada com a matéria

E a orquídea negra? - Há lendas entre os orquidófilos. Algumas até já caíram no domínio público, como a da orquídea negra, que seria raríssima, e que todo colecionador ambiciona, acima de tudo.

No Orquidário Municipal não existe a orquídea negra. "Seo" Inácio comenta: "Se ela existe, nunca vi durante meus 35 anos entre plantas da espécie. Só se for uma em que o labelo - parte central da orquídea - é completamente negro. Quem quiser vê-la, basta vir aqui. E existem outras espécies, de roxo ou vermelho bem carregado, que, de longe, chegam a parecer negras".

Um mal-entendido - O administrador diz também que, no mundo das orquídeas, ao contrário do que se pensa, raridade não significa beleza. Muitas vezes, uma planta natural pode ser mais bela que a híbrida rara, cujo valor está apenas na dificuldade em encontrar.

Cerca de 10% das plantas do Orquidário são consideradas raras. A coleção está aumentando, com as trocas entre Prefeitura e orquidófilos. Segundo os entendidos, o Orquidário poderá tornar-se, brevemente, uma das maiores reservas de orquídeas da região, pois essas plantas já não são fáceis de encontrar nas matas.

É o melhor momento - "Seo" Inácio acha que o Orquidário vive a fase de maior progresso, de novembro para cá. "Naquele mês, para a tradicional Exposição Municipal de Orquídeas, que se realiza há 25 anos, tudo ficou melhor com a iluminação noturna. Foi o mês em que começamos a adquirir novas espécies de plantas e animais, ampliamos as estufas. Este é o melhor momento, desde a inauguração".

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