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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ORQUIDÁRIO
Do Parque Indígena ao Orquidário (8)

Ambiente do parque é comparado ao de uma catedral
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Bem no final da Avenida Conselheiro Nébias, junto à praia do Boqueirão, funcionou por muito tempo uma bem cuidada chácara, com fama internacional: o Parque Indígena, mantido por Júlio Conceição. Perto de sua morte, as orquídeas ali mantidas foram adquiridas pela Municipalidade, que formou com elas o Orquidário Municipal. Quando o parque situado no José Menino completou seu cinqüentenário, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria, na edição de 11 de novembro de 1995:
 


Faiçal: "Quando você estiver no meio do Orquidário, olhe para cima.
Terá a sensação de que está dentro de uma catedral"
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Orquidário faz 50 anos e ainda desperta encanto

O biólogo e veterinário Faiçal Simon considera o parque um lugar impressionante, onde nenhuma pessoa consegue se sentir sozinha

Maria Estela Galvão
Da Editoria Local

O chefe da divisão de Ciências Biológicas do Zoológico de São Paulo, Faiçal Simon, é um homem viajado. Conhece países como os Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Áustria, Portugal, Itália, Tunísia, Marrocos e Paraguai. Mas desconhece algum lugar como o Orquidário Municipal, que hoje completa 50 anos. "Aquele parque é impressionante. Ninguém se sente sozinho lá dentro".

Há 11 anos ele freqüenta o Orquidário. Costuma vir de São Paulo acompanhado de grupos de estrangeiros para mostrar o que considera um patrimônio natural da Cidade. Quando soube que o parque está comemorando 50 anos hoje, sentiu-se honrado: "Fico surpreso em ver no que aquilo se transformou. A variedade e o tamanho das árvores nos dão a impressão de que estamos no meio de uma floresta".

Faiçal admite que existe um outro parque com características semelhantes. Mas fica aqui mesmo, no Brasil. Mais precisamente, no Rio de Janeiro. Só que, para ele, lá não existe a mesma quantidade de plantas e animais. E, falando em animais, este é outro ponto que o impressiona. Além de trabalhar no zoológico, Faiçal também é veterinário. Ele acredita que uma das peculiaridades do parque é a quantidade de bichos que andam soltos por lá, passando diversas vezes pelos pés de quem está visitando o local.

Faiçal aborda um lado completamente diferente ao falar do Orquidário. Quando elogia o clima de Santos, que facilita a manutenção da mata do parque, fala, ao mesmo tempo, do cima interior, aconchegante, fazendo do Orquidário uma reserva biológica que protege a espécie humana da solidão.

"Quando você estiver no meio do Orquidário, olhe para cima. Terá a sensação de que está dentro de uma catedral". Com comparações deste tipo, Faiçal define com clareza a magia e o encanto que um lugar desses pode ter. Um lugar que costumamos freqüentar quando crianças, acompanhados pelos pais, e onde só voltamos com os nossos filhos, os quais, por sua vez, tendem a fazer o mesmo.


Vinda de mico-leão-dourado foi autorizada por comitê internacional de preservação
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Mico-leão veio do Rio de Janeiro

A bióloga-chefe do Orquidário, Maria Cecília Furegato de Souza, considera como verdadeiro presente de 50 anos do parque a vinda de um mico-leão-dourado, do Rio de Janeiro, autorizada pelo Comitê Internacional de Preservação do Mico-leão, com sede em Washington. Para a chegada do animal, foi necessária a inspeção de um funcionário do Milwaukee Country Zoo, em Milwalkee, Estados Unidos.

Preocupação - Segundo Cecília, a preocupação dos responsáveis pelo Orquidário não é apenas a de proporcionar lazer aos visitantes. Ela contou que, com a formação de um grupo de técnicos, a atenção dos dirigentes tomou um caminho paralelo, o de informar o público sobre questões da natureza a partir do próprio aprimoramento dos estudos do grupo. "Só amamos o que conhecemos. Procuramos conhecer mais a fauna e a flora brasileira para, então, fazer com que os outros as conheçam".

Há 11 anos no Orquidário, Cecília explicou que os profissionais envolvidos em projetos para o desenvolvimento do parque passaram a adotar algumas condutas técnicas, como a retirada dos animais domésticos de todo o local, antes misturados aos animais silvestres. Além disso, a área conta apenas com espécies de plantas nativas e de preferência da Mata Atlântica. Atualmente, são mais de 2 mil plantas e 800 animais.

Orquídeas - Quando surgiu, em 1945, o Orquidário contava apenas com um grande acervo de exóticas orquídeas. Cecília lembra que, em conversas com Ignácio Manso Filho, que foi administrador do parque por quase 30 anos, soube que as pessoas começaram a reclamar da monotonia do parque. O ex-funcionário passou, então, a permitir as doações de animais.

Exposição - A exposição de orquídeas é uma das principais atrações do Orquidário. Este ano, ela acontece pela 60ª vez e conta com participantes de diversas cidades de São Paulo, como São Bernardo do Campo, Piraju, Casa Branca, Assis e Rio Claro, além de Belo Horizonte.

De acordo com Vladimir Neves, presidente da Associação dos Orquidófilos de Santos, são mais de 1.200 orquídeas expostas até o dia 15. Ontem, elas foram julgadas pelos próprios expositores, que escolheram 15 sob os critérios de forma, cor e cultivo. Existem troféus para os três primeiros lugares, cinco para cada colocação. O Orquidário tem, hoje, cerca de 26 gêneros de orquídeas.


Enila e Berta acham o parque um excelente atrativo turístico
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Verde e animais deixam irmãs maravilhadas

Depois de 25 anos longe da Cidade, as irmãs Maria Enila Fruh e Berta Simões Fruh decidiram retornar a Santos para passear. E, logo que chegaram, foram visitar o Orquidário, um dos lugares que mais freqüentavam na infância, entre as décadas de 40 e 70.

"Me sinto pequena diante dessas árvores enormes. Antes, só tinha grama e tudo parecia imenso", afirmou Maria Enila. "Tinha mais flores", confessou Berta. Quem as ouve, pensa até que se decepcionaram ao rever o Orquidário, mas estas foram apenas exclamações naturais de quem passa tanto tempo longe de um lugar.

As irmãs contaram que, na verdade, ficaram maravilhadas com a quantidade de verde e animais. Quando brincavam no parque, não podiam desfrutar da surpresa de quase tropeçar numa tartaruga ou desviar o caminho por causa da cauda do pavão. Na época, só havia orquídeas e algumas plantas.

Com a certeza de que não há outro lugar em que se possa manter um contato tão direto com a natureza, além de constatarem que o parque é um grande atrativo turístico, Berta e Maria Enila deixaram o local com satisfação. "Está tudo muito bonito. Não imaginava que este lugar se transformaria assim", afirmou Maria Enila.

Maria de Lurdes Maciel dos Santos e a neta Débora, de apenas quatro anos, costumam vir de São Paulo para hospedar-se na Cidade e passear no Orquidário. Lurdes disse que é um lugar perfeito para a neta, que tem onde correr, brincar e manter contato com as plantas e animais. Mas confessou: "Mesmo antes, quando não havia a menina, eu costumava vir muito aqui".

Reforma - A polêmica gerada em torno da reforma do Orquidário, que visa incorporar a praça localizada em frente ao parque, intensificou-se com a notícia de que seria cobrado ingresso para freqüentar aquela área, antes utilizada pelas crianças gratuitamente.

Agora, os que foram contra a decisão da Prefeitura estão mais aliviados, porque a possibilidade da cobrança está descartada. Maria Alice Carvalho de Matos, que mora nas imediações, ficou satisfeita. "Não estava certo pagar para entrar num lugar que antes tinha acesso livre", desabafou.

A professora primária Luci Massa Ferreira reside em São Vicente, mas vai ao Orquidário com freqüência. Para ela, qualquer excesso de cobrança afasta as pessoas e isso aconteceria se a Prefeitura levasse a idéia adiante. Mesmo sabendo que crianças até 12 anos não pagam entrada, ela pensa que os trabalhos realizados por escolas com turmas ginasiais poderiam ser prejudicados. De qualquer maneira, confessou que achou positiva a decisão da Prefeitura de manter a livre entrada na praça do parque.

Construção começou em 43

Pesquisa A Tribuna

Originalmente denominado Parque Indígena, em homenagem a Júlio Conceição, 1º orquidófilo do Brasil e que possuía no Boqueirão um enorme viveiro de plantas denominado Parque Indígena, o Orquidário Municipal, na Praça Washington, no José Menino, ocupa uma área de 22.240 m², doada pelo Governo do Estado à Prefeitura de Santos em 4 de julho de 1915.

A construção propriamente dita teve início em meados de 1943, por iniciativa do então prefeito Antônio Gomide Ribeiro dos Santos, também o autor do projeto. Mas as obras só terminaram dois anos depois, na gestão do prefeito nomeado Lincoln Feliciano da Silva, que inaugurou festivamente o Orquidário no dia 11 de novembro de 1945, dispondo, conforme registros da época, "de uma coleção de 60 mil plantas ornamentais, nacionais e estrangeiras, das mais variadas espécies, também acomodando perto de 600 aves, quase todas nacionais".

Ali podem ser vistas plantas raras, espécies da Mata Atlântica, e belas flores, como begônias, violetas e antúrios, além da coleção que em determinadas épocas do ano chega a 6 mil orquídeas. Junto com essa fauna exuberante, o Orquidário reúne inúmeros pássaros, além de aves migratórias e aquáticas, atraídas pelo lago artificial de 1.179 m² de superfície e 436 m de área, onde vivem peixes (carás, tilápias, carpas e lebistes), quelônios (tartarugas e cágados) e ainda aves como garças, irerês, maguaris, mergulhões, guarás, cisnes e patos.

Em 15 de dezembro de 94, foi introduzida a cobrança de ingressos para os 1.300 visitantes diários do Orquidário: a renda, segundo a Prefeitura, se destina à manutenção e limpeza do local que, com a anexação da área de recuo fronteira, ganha um acréscimo de 900 m².

Diversas atividades marcam aniversário

Para comemorar os 50 anos do Orquidário, diversas atividades foram programadas. Às 10 horas, o prefeito David Capistrano estará no cemitério do Paquetá para colocar flores no túmulo do ex-prefeito Lincoln Feliciano, que inaugurou o parque.

Às 11 horas, acontece um culto ecumênico em frente ao parque, com padres e pastores de várias religiões; às 12 horas, será realizado o descerramento das placas em homenagem a Lincoln Feliciano e ao orquidófilo Júlio Conceição, além da inauguração da 60ª Exposição Nacional de Orquídeas; às 12h30, apresentação da Banda da Base Aérea e, às 13 horas, abertura da exposição "50 Anos do Orquidário Em Fotos".

Apresentações de shows infantis com palhaços, equilibristas, mágicos, engolidores de fogo e contorcionistas estarão acontecendo a partir das 13 horas. Às 14 e 15 horas, oficinas de arte e dança realizadas pelo Centro de Cultura São Judas Tadeu. Finalmente, até as 18 horas, apresentação dos corais do Gonzaga, Terceira Idade da UniSantos e da orquestra do maestro Arruda Paes.

Programação extensa - Até o final do mês, ainda estarão acontecendo outras atividades como parte das comemorações do cinqüentenário do parque. Hoje e amanhã acontece a oficina Álbum do Orquidário, para crianças de 9 a 13 anos, das 14h30 às 18 horas. De 20 a a 24, a terceira idade poderá participar da oficina de Expressão Artística em Papel Reciclado, das 14h30 às 16h30; de 28 a 1º de dezembro, ocorre a Exposição de Vídeos Sobre Ambiente, na estação Trilho Verde (bonde em frente ao Orquidário), e no dia 30, termina a Exposição de Sauveiro, realizada em conjunto com o Zoológico de São Paulo.

Obras - O chefe do DEPT, Departamento de Ecoturismo e Parques Turísticos da Sictur, João Ricardo Guimarães Caetano, contou que a Prefeitura vem realizando algumas obras no Orquidário que também fazem parte das festividades em torno do aniversário. Ele explicou que, brevemente, serão inaugurados um recinto para uma coleção de papagaios e outro de visitação interna, uma espécie de viveiro com animais soltos, onde as pessoas poderão entrar em horários determinados.

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