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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Igrejas
A centenária comunidade dos luteranos (2)

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Em outubro de 2006, a Igreja Luterana comemorou um século de presença em Santos, embora seu templo atual só tenha sido inaugurado em 1935, na Avenida Francisco Glicério, 626. A Igreja Luterana foi fundada pelo ex-padre católico Martinho Lutero, na Idade Média, com o movimento denominado Reforma, e as primeiras comunidades no Brasil surgiram em 1824, com a chegada dos imigrantes alemães. Ao completar seu centenário, a comunidade luterana santista publicou este livrete comemorativo "Luteranos - 1906-2006 - Santos - Celebrando os 100 anos de uma história de fé":


Imagem: reprodução da capa da publicação original

Apresentação

Este livro é um pequeno registro de uma memória centenária. Ele é escrito em um momento de gratidão e alegria para comemorar os 100 anos de fundação da Igreja Evangélica Luterana de São Paulo, Paróquia de Santos. Uma história que inicia com um grupo de imigrantes evangélicos luteranos alemães no início do século XX. Muitos vieram para Santos movidos pelo comércio do café. A Igreja Evangélica Luterana desde a sua fundação foi uma comunidade pequena num contexto urbano, exigindo constantemente desta comunidade muita persistência e esperança.

Como comunidade de fé, somos herdeiros da reforma protestante iniciada em 1517 por Martim Lutero. Logo, estamos inseridos num movimento maior. Por isso, iniciamos este livro contando um pouco da origem da nossa fé. Apresentamos uma biografia de Martim Lutero. Em seguida, procuramos contextualizar a presença dos imigrantes alemães na região do litoral santista.

Fomos uma Igreja formada por imigrantes, mas a fé que eles trouxeram vai além da etnia. Hoje criamos raízes em solo brasileiro, onde temos o compromisso de anunciar a graça e o amor que vem de Deus.

A liberdade é uma marca da nossa fé. Nesta liberdade, os que nos antecederam ousaram anunciar o Evangelho em meio à história e construíram caminhos de esperança. Hoje uma nova geração continua ousando, com coragem e fé. A tarefa de construir a esperança é permanente. Nela estamos unidos a todos que desejam a justiça e paz. A força da nossa história não está na grandeza de uma instituição, mas no testemunho de fé de centenas de pessoas que ousaram viver o amor que vem Deus.

Somos gratos a Deus por fazermos parte da história da Igreja Evangélica Luterana em Santos, a qual partilhamos neste livro. Seja bem vindo para conhecer a nossa história. Vamos juntos construir caminhos de esperança!

Santos, 14 de outubro de 2006.

Diretoria da Paróquia de Santos


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Martim Lutero

Hans Lutero, um simples mineiro estabelecido em Eisleben (Alemanha), correu para casa onde sua esposa Margarete já estava em trabalho de parto. Naquela mesma noite, 10 de novembro de 1483, nascia seu segundo filho, que, batizado no dia seguinte, recebeu o nome do santo do dia: Martim.

A família mudou-se para Mansfeld, onde Hans chegou a prosperar com minas de cobre. Aos 5 anos Martim freqüentou a escola de Mansfeld, muito rígida, onde aprendeu latim e os fundamentos da fé cristã. Ajudava também nas tarefas domésticas, como buscar lenha no bosque, ocasião em que ouvia, de sua mãe, lendas povoadas de bruxas, fantasmas e demônios puxando a lua e cavalgando pelo ar no lombo de vacas pretas!

O menino se assustava com histórias como, por exemplo, seis bruxas foram torturadas na roda. Quatro foram esmagadas membro a membro com uma barra de ferro abençoada pelo Papa! Os olhos do menino se arregalavam diante das temíveis vinganças às quais os servos de Deus eram submetidos se perpetrassem qualquer ação ímpia.

O temor infundido pelas histórias, a rigidez da educação familiar e a opressão da primeira escola, fizeram com que o menino visse Deus como uma figura terrível e reprovadora, e a ele mesmo, como uma pessoa fraca e pecadora. "Se alguém esquecer de pagar os dízimos à Igreja, sua alma não terá descanso, não irá à missa, nem as orações habituais poderão protegê-lo!".


Mapa da Alemanha indicando as cidades pelas quais Lutero passou

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Os primeiros anos de estudos - Em 1496 foi para a escola da catedral de Magdeburgo, cujos professores pertenciam a uma Ordem Religiosa dos Irmãos de Vida Comum. O pequeno Lutero ficou impressionado com a devoção e calma contemplativa dos frades. A partir de 1497, seu pai o transferiu para uma escola laica em Eisenach, onde permaneceu por dois anos se preparando para entrar na universidade.

Nesse período surgiram conflitos internos. Deveria se tornar um grande magistrado como o queriam seu pai e professores, ou seguir sua consciência e levar uma vida de santidade, isolando-se do mundo?

Aos 17 anos, em maio de 1501, Martim Lutero entra para a Universidade de Erfurt, onde na Faculdade dos Artistas deu início à longa série de estudos preliminares e obrigatórios a todo aspirante e estudante de Direito. A disciplina era extremamente rígida, com o despertar às 4 horas, aulas do nascer do sol até as 17 horas e a primeira refeição somente às 10 horas. Lutero estudou latim, lógica, filosofia, astronomia, música, aritmética, geometria e teologia. Obteve o grau de bacharel em setembro de 1502 e a licenciatura em janeiro de 1505. Estava, portanto, habilitado a dar aulas de filosofia e a inscrever-se no Curso de Direito.

 

"Eu estava imbuído de idéias nocivas desde a infância, de modo que ficava apavorado e empalidecia ante mesmo a menção do nome de Cristo, pois fora persuadido de que ele era um juiz."

  Martinho Lutero, em texto de 1535

Lutero entra para a ordem religiosa dos Agostinianos - Em 2 de julho de 1505, ao voltar a Erfurt após uma visita a seus pais, Lutero foi surpreendido por uma repentina tempestade. De repente, um raio caiu ao seu lado e ele foi atirado ao chão. Naquele único clarão viu o desfecho de seu drama de existência. Levantando-se, Lutero gritou em terror e desespero: "Santa Ana, ajuda-me! Eu me tornarei monge!" Ele não poderia mais seguir os desejos de seu pai.

A 17 de julho de 1505, dirigiu-se ao convento e vestiu o hábito negro da Ordem dos Eremitas Agostinianos. Os Agostinianos, prestigiosa instituição religiosa, diferentemente dos Beneditinos, voltados quase que exclusivamente à contemplação, deveriam trabalhar também junto à sociedade. Lutero poderia ficar como noviço por um ano, findo o qual, seus superiores decidiriam se deveria ou não continuar no convento.

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Martim Lutero aceitava e seguia todas as exigências formais. Orava, jejuava, estudava e cumpria as vigílias, a ponto de quase comprometer sua saúde. Porém, nada disso lhe trouxe a tão ansiada paz e o encontro de Cristo. Estudou a Escritura a ponto de praticamente decorá-la e também os textos de Santo Agostinho. Em 1506 fez profissão de fé e foi admitido na Comunidade Agostiniana. Em 2 de maio de 1507 rezou sua primeira missa, diante de seus pais, que nunca lhe perdoaram o abandono da carreira de Direito e de seus companheiros da Ordem.

Lutero tremeu ao erguer o cálice. Sentiu-se indigno sequer de mencionar o nome de Deus. O prior o trouxe à realidade e ele concluiu a missa. Oficiou outras missas, porém algo havia mudado dentro dele.

Em 1508, Lutero foi convocado para lecionar Filosofia da Moral na Universidade de Wittenberg. Lecionava e estudava com tanta dedicação que seus superiores, percebendo suas qualidades intelectuais e morais, decidiram que ele deveria se preparar para o Bacharelado Bíblico (Bacclaureus Biblicus), um curso de cinco anos, findos os quais ele poderia dar aulas sobre a Bíblia.

Com o Bacharelado, poderia fazer o curso que em dois anos o levaria ao grau Setentiarius, qualificando-o a dar aulas sobre as Sentenças, uma enorme coleção de textos religiosos compilados no século XII pelo teólogo Pedro Lombardo. Com este último grau, poderia se doutorar em Teologia, feito que conseguiu em 18 de outubro de 1512, com apenas 30 anos de idade.

Lutero, grande orador, pregava também com freqüência na igreja do castelo de Wittenberg, e seus sermões, baseados nas aulas que ministrava na universidade, atraíam grande audiência e sua fama já se espalhava por toda a região.

 

"Apesar de viver como um monge, sentia que era um pecador diante de Deus (...) Não podia acreditar que se aplacasse com minhas escusas. Eu não amava, mas, sim, odiava o Deus justo que pune os pecadores (...) Eu estava zangado com Deus."

  Martinho Lutero em texto de 1546

 a respeito da  depressão que o afligiu

 em seu primeiro ano de vida monástica

Viagem para Roma - De novembro de 1510 a abril de 1511, viajou a Roma acompanhando um Irmão da Ordem para resolver certas questões monásticas. Lá chegando, reparou no comportamento excessivamente liberal e mundano do clero. Mas, cumpriu suas obrigações religiosas, oficiando missas, ouvindo confissões, percorrendo lugares santos e realizando obras de caridade.

Nesta passagem por Roma, uma dúvida fundamental irrompeu em sua mente ao subir os 28 degraus da Capela de Sancta Sanctorum. Acreditava-se que estes degraus haviam sido retirados do corredor em Jerusalém por onde Jesus Cristo passara a caminho do Calvário. O papa Leão IV havia proclamado uma indulgência: "Para cada degrau que um peregrino subisse de joelhos dizendo preces especiais, poderia diminuir em nove anos a estada de um membro da família no purgatório". Lutero, excessivamente exausto, ergueu-se com dificuldade no último degrau com a sensação da possível futilidade do que acabara de fazer, e se perguntou: "Quem sabe se é realmente assim?"

"Pela autoridade de todos os santos, e em misericórdia perante ti, eu absolvo-te de todos os pecados e crimes e dispenso-te de quaisquer castigos por 10 dias" - Uma indulgência vendida, com autoridade do papa, por João Tetzel em 1517

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Lutero torna-se vigário provincial dos Eremitas Agostinianos - Em 1515, recebeu também precocemente outra promoção, tornando-se vigário provincial dos Eremitas Agostinianos. Nesse posto, tinha sob sua responsabilidade a supervisão espiritual e administrativa de onze conventos na Saxônia e Turíngia.

Lutero se sobrecarregava física, mental e espiritualmente, pois não queria deixar de cumprir nenhuma de suas obrigações e era acometido por sensações de conflito.

 

"O que só pode ser ensinado por meio de vara e com pancada não levará a nada de bom: eles não continuarão devotos quando a vara não estiver mais atrás deles."

  Martinho Lutero

A grande descoberta: o justo viverá por fé - A Epístola de Paulo aos Romanos, matéria de suas aulas entre 1515 e 1516, iria inspirá-lo na sua crença da fé, como o verdadeiro caminho da salvação. Uma grande alegria se apossou de sua alma quando vislumbrou com seus estudos que "a justiça de Deus é aquela pela qual os justos vivem através de um presente de Deus, conhecido por fé". Ele, que antes abominava a frase "justiça de Deus", por que sempre visualizava nela o retrato de um Deus distante, insensível e punidor, descobre a dimensão da graça de Deus.

Lutero descobriu a fé única, Sola Fides, através apenas das palavras da Escritura, Sola Escriptura, e não através das convenções, obras ou leis eclesiásticas. Todo o seu medo foi banido na certeza da graça. Não era mais uma questão de assentimento a certas doutrinas, mas um simples ato pessoal de capitulação, uma confiança total em Deus pela Palavra e em seu filho Jesus.

Lutero em frente da igreja do castelo de Wittenberg, após ter afixado as 95 teses

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A venda de indulgências - Por volta de 1515, o papa leão X autorizou a coleta de indulgências em todo o seu principado. Necessitava de fundos para a construção da Catedral de São Pedro. E também atendia aos desejos do príncipe Alberto de Brandenburgo (arcebispo de Magdeburgo e administrador da diocese de Halberstadt) de ter um terceiro cargo, o de arcebispo da Mogúncia. Metade dos lucros iria para Roma e a outra metade para pagamento da casa bancária dos Fugger, que financiaria o pagamento de Alberto ao papa. A indulgência entraria em vigor em 31 de março de 1515, com validade de oito anos.

A população, crente na salvação através da compra das indulgências, descuidava das demais atividades de ser um verdadeiro cristão. Diziam os vendedores de indulgências, entre os quais o mais escandaloso era Tetzel, que "tão logo a moeda no cofre cai tilintando, do purgatório a alma sai voando!".

 

"Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à total remissão de pena e culpa, mesmo sem as bulas de indulgência."

  Martinho Lutero

As 95 Teses e o conflito com Roma - Lutero assumiu publicamente sua posição em 31 de outubro de 1517, afixando. na porta da igreja do castelo de Wittenberg, um texto contendo as 95 teses. Não desejava editá-las. Pretendia apenas abrir um debate. Mas, elas se difundiram rapidamente.

Em 1518, Lutero enviou as explicações sobre suas teses ao papa Leão X, pois estava convicto de que o papa não poderia estar concordando com as práticas abusivas e iria apoiá-lo. No entanto, foi chamado a Roma para responsabilizar-se por seus ensinamentos, pois já estava ameaçado de excomunhão e de morte na fogueira. O príncipe Frederico da Saxônia conseguiu que o julgamento fosse realizado em Augsburgo, diante do cardeal Caetano. O interrogatório aconteceu entre os dias 12 e 16 de outubro de 1518 e terminou sem sucesso. No dia 20, Lutero, ameaçado, fugiu secretamente de Augsburgo.

 

"Somos todos cristãos iguais e temos Batismo, Fé, o Espírito (Santo) e todas as coisas iguais (...) de onde vem essa grande distinção entre aqueles que são chamados cristãos?"

Martinho Lutero a propósito da primazia dos sacerdotes sobre os crentes comuns

Dieta de Worms - Em 1519, questionou a infalibilidade do papa em debate com o teólogo Johan Eck. O papa Leão X, ameaçando Lutero com a excomunhão, emitiu a Bula Exsurge Domine. Em 10 de dezembro daquele mesmo ano, Lutero queimou-a em praça pública. Defendeu suas crenças perante Carlos V, na Dieta (Parlamento) de Worms.

Pressentindo o perigo que Lutero corria, o príncipe Frederico o seqüestrou e escondeu no castelo de Wartburgo. No ano seguinte, 1520, Lutero redigiu os grandes escritos reformatórios: "Da Liberdade Cristã", "Do Cativeiro Babilônico da Igreja" e "À Nobreza Cristã da Nação Alemã".

A 26 de maio de 1521, Carlos V emitiu o édito de Worms, uma proclamação violenta aos eleitores, príncipes e ao povo alemão, clamando que abandonassem o dissidente cujas doutrinas ameaçavam dividir a a nação. Lutero era agora um homem proscrito. Ninguém podia dar-lhe abrigo, alimento etc. Podia ser preso. Seus bens podiam ser apropriados por quem quisesse fazê-lo.

Seus textos deviam ser destruídos e ter sua impressão e divulgação totalmente proibidos. No entanto, aumentou o ritmo e a profundidade das reformas religiosas desencadeadas por seus ensinamentos.

Escondido no castelo de Wartburgo, barba e cabelos compridos, disfarçando-se de cavaleiro George, começou a traduzir o Novo Testamento diretamente do grego para o alemão, para que o povo pudesse compreender os textos sagrados na língua materna e coloquial. No Natal de 1521, ele distribuiu a Santa Ceia na forma de pão e vinho pela primeira vez. A missa, a confissão, os santos nas igrejas, o monastério, tudo devia desaparecer.

Em setembro de 1522 publicou o Novo Testamento. Era seu desejo que a Sagrada Escritura tivesse a "linguagem mais simples, de modo que todos pudessem entendê-la", eliminando-se intermediários entre o cristão e Deus. Em 1524, surgiu o "Livreto de Cânticos Espirituais", na linguagem do povo, contendo 37 hinos compostos por Lutero.

 

"Nenhum cristão deve tornar a invocar a espada para si e para sua causa. Em favor dos outros, porém, pode e deve tomá-la e apelar para que se impeça a maldade e se proteja a honestidade."

Martinho Lutero

A Guerra dos Camponeses - Em 1524, os camponeses alemães, sofrendo terríveis dificuldades de sobrevivência, esmagados por taxas, dízimos, impostos e toda sorte de impedimentos, revoltaram-se contra as autoridades intermediárias (príncipes, eleitores, cavaleiros, bispos  e cardeais).

Lutero, que nunca quis fundar nova religião e abominava o uso que faziam de seu nome e ensinamentos, abandonou seu esconderijo e retorno a Wittenberg realizando as prédicas condenando os seguidores de Karlstadt (um dos líderes dos camponeses). Tomou esta decisão de apoiar os príncipes no restabelecimento da ordem, porque os motins estavam causando verdadeira devastação em bens e vidas, sem perspectivas de melhorar as condições do povo.

Catarina von Bora - Pintor: Lucas Cranach, 1526

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Casamento de Lutero com Catarina von Bora - Em 13 de junho de 1525 casou-se com uma ex-freira, Catarina Von Bora, com quem teve seis filhos.

Viajou entre 1528 e 1529 na tarefa de organizar as comunidades. Percebendo os lapsos de conhecimento das coisas da fé entre os pastores e as comunidades, escreveu o "Catecismo Maior" e o "Catecismo Menor" para orientá-los. Preocupava-se também com a melhoria das escolas como locais de ensino para a juventude, sendo pioneiro no incentivo do ensino público para todos.

 

"Seria bom e justo que, sempre que se dê um florim para a luta contra os turcos, se dêem cem para a educação."

  Martinho Lutero

A Confissão de Augsburgo - Na segunda Dieta de Spira, realizada em abril de 1529, foi proposta lei que garantia a prática da nova fé apenas nas regiões que a aceitassem, impedindo a sua divulgação nas demais regiões, enquanto que os católicos podiam divulgar sua fé em toda a Alemanha. As regiões que aceitaram os ensinamentos e práticas de Lutero eram minoria na Dieta, aceitando esta lei restritiva "sob protesto", daí a origem do termo "Protestantes".

No ano de 1530, a primeira Confissão Protestante foi apresentada na Dieta de Augsburgo, por Felipe Melanchton. Lutero, ainda fora da lei, aguardava em Coburgo. A Confissão foi recusada, levando a uma cisão permanente com os católicos da Alemanha.

Em 1534, Lutero completou a tradução do Antigo Testamento, do hebraico para o alemão. A tradução da Bíblia por Lutero criou a base da língua alemã.

 

"Quantas mentiras sobre as relíquias! Um alega ter uma pena da asa do anjo Gabriel, e o bispo da Mogúncia tem uma chama da sarça ardente de Moisés. Como podem dezoito apóstolos estarem enterrados na Alemanha, quando Cristo tinha apenas doze?"

  Martinho Lutero

A morte de Lutero - Em 23 de janeiro de 1546, Lutero viajou para Eisleben para resolver uma pendência entre duas poderosas famílias da região. Lutero já era um homem doente e a viagem havia sido difícil. Após muitas negociações, Lutero conseguiu promover a paz entre os dois condes de Mansfeld. Esta foi a última ação de sua vida.

Com a idade de 62 anos, Lutero sofreu um ataque cardíaco e faleceu a 18 de fevereiro de 1546, na sua cidade natal, Eisleben. Foi enterrado no dia 22 de fevereiro de 1546, na igreja do castelo de Wittenberg.

Lutero traduzindo a Bíblia, gravura de Gustav König (1808-1869), 1847

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Como ele era...

"Martim é de estatura mediana, de corpo magro e cansado de tanto estudo e preocupação - assim que se pode contar quase todos os seus ossos - de aparência juvenil e máscula, e com uma voz clara e volumosa. Mas ele é repleto de sapiência e de primoroso conhecimento das Escrituras, de tal maneira que tudo parece estar escrito na palma de sua mão. Sabe tanto grego como hebraico, e pode julgar acerca de diferentes interpretações. Também não lhe falta conteúdo, e ele tem grande estoque de palavras e pensamentos. É atencioso e amigável em seu modo de viver e agir, e não há nada estranho ou carrancudo em sua pessoa. Sabe comportar-se em todas as ocasiões. É uma companhia animada, alegre, brincalhona, viva e sempre simpática. Está sempre de rosto alegre e satisfeito, ainda que seus opositores o ameacem intensamente. Percebe-se que o poder divino está agindo nele em sua difícil obra".

Relato de Pedro Mosellanus, reitor da Universidade de Leipzig, extraído do folheto "A vida de Martin Lutero", IECLB.

Dieta de Augsburgo em 1530. Os príncipes protestantes da Alemanha defendem suas crenças diante do imperador Carlos V
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