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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Associação Japonesa de Santos (AJS) - 1

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A atribulada existência desta entidade foi em 2010 contada em um site provisório do clube, e aqui transcrita com autorização de sua diretoria em 19/4/2010:
 


Com cerca de 200 sócios e uma sede social, o Santa Cecília ainda atrai um bom público aos bailes
Foto publicada com a matéria

A história

A história da colônia japonesa em Santos remonta ao processo de adaptação dos primeiros imigrantes que, a procura de melhores condições, deixaram seus contratos de trabalho antes mesmo de completarem um ano de permanência no Brasil (os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil em 18 de junho de 1908), e radicaram-se em Santos.

Aproximadamente oito famílias vindas da Província de Okinawa (ilha ao sul do Japão) deram início à colônia japonesa no município de Santos. Trabalharam como estivadores em pedreiras e iniciaram a cultura de hortaliças nas chácaras localizadas no bairro do Campo Grande.

Em 1925, os imigrantes japoneses somavam cerca de 1600 pessoas, sendo a maioria (60%) procedente da Província de Okinawa. Esse fato deve-se ao fato da similaridade de Santos com as respectivas cidades de origem.

Segundo informações obtidas nos catálogos do Museu da Imigração, historicamente ao formar agrupamentos de famílias em determinados locais, uma das primeiras preocupações dos imigrantes era criar uma Associação, a fim de desenvolver trabalhos de caráter social e, também, de construir escolas da língua japonesa, objetivando dar suporte na formação cultural das crianças.

Dessa maneira surgiu a Sociedade Japonesa de Santos, tendo como objetivo principal ensinar a língua japonesa aos filhos de seus associados. Naquela época, 245 famílias (940 pessoas) atuavam na horticultura, 65 famílias (245 pessoas) envolvidas nas atividades de pesca, 49 famílias (222 pessoas) artesãos especializados em carpintaria, marcenaria e tinturaria e 37 famílias (193 pessoas) no ramo do comércio.

Propriedade do imóvel - Na década de 30, existiam três escolas para suprir o ensino aos descendentes: a Escola Matriz, localizada na Vila Mathias, recebia os filhos das famílias do próprio bairro, do Centro e da Ponta da Praia. Os filhos das demais famílias, maioria de origem da Província de Okinawa, eram atendidos em imóveis alugados nos bairros do Marapé (próximo ao do Campo Grande) e Saboó. Na mesma década o movimento imigratório de japoneses ao Brasil atingiu o seu auge. A colônia formada em Santos destacava-se das demais pela sua pujança econômica. Conforme dados do Jornal Seishu Shimpo, em 1933, havia na cidade de São Paulo cerca de 159 lojas de japoneses e, em Santos, 99 estabelecimentos.

Como incentivo à imigração de japoneses ao Brasil, o governo japonês instalou, em 1936, um Consulado daquele País na cidade de Santos, tendo como representante o cônsul Sakae Nanjo. Nesse período os líderes da colônia eram Sr. Toshiro Fujita e o Sr. Naokatsu Uehara.

Em razão do esforço dos japoneses radicados em Santos, foi adquirido o imóvel da Escola Japonesa em 31 de dezembro de 1928, de acordo com a transcrição de nº 35633, do 1º Cartório de Registro de Imóveis de Santos, tendo recebido importante cooperação técnica do Japão através de envio dos professores Yanaguizawa e Anbe, que vieram para ensinar a língua japonesa, bem como, difundir a cultura daquele País entre os descendentes.

Em 14 de junho de 1939 foi oficialmente fundada a Sociedade Japonesa de Santos localizada na Rua Paraná, no número 129, tendo como seu primeiro presidente o Sr. Fumito Myoshi e o Sr. Manhiti Doi como vice-presidente.

Na época, enquanto o Brasil da era Vargas enfatizava a Campanha de Nacionalização do Ensino Primário outras potências mundiais de regime militar encontravam-se envolvidas na política de expansão territorial.

Assim, quando em 1939 teve início a II Grande Guerra Mundial, a Sociedade Japonesa de Santos alterou, um ano depois, o nome da escola para Sociedade Instrutiva Vila Mathias, numa tentativa de não prejudicar os trabalhos de educação em pleno andamento.

Intervenção militar - Diante do Decreto-Lei nº 4166, de 11 de março de 1942 e, com o anúncio oficial da participação do Brasil na II Guerra Mundial ao lado dos aliados em 8 de julho de 1943, foi destruído todo o sistema organizacional da Sociedade Japonesa, obrigando os japoneses e seus descendentes a deixarem Santos num prazo de 24 horas.

O decreto-lei nº 9727 de 1946, de autoria do então presidente general Eurico Gaspar Dutra, portanto um ano após o término da II Guerra, dissolveu as sociedades civis de imigrantes dos países do Eixo, tendo os seus bens incorporados ao patrimônio nacional.

A baixa estima e o constrangimento causado pela expulsão da Cidade, além da perda dos seus bens, imóveis e negócios, fez com que muitos membros da colônia japonesa optassem em não mais retornar para Santos. Assim, desestruturada, a Sociedade Japonesa entrou em declínio, perdendo por completo a sua identidade.

Porém, as atividades culturais renasceram com a fundação de clubes e associações, através dos descendentes da segunda geração, os nisseis, contando com inestimável apoio dos imigrantes remanescentes.

Imóvel japonês - Enfrentando inúmeras adversidades decorrentes dos tristes episódios citados, a Sociedade Japonesa, teimosamente, batalhou no sentido de reconstruir a sua história, contando com a inestimável colaboração de seus filhos brasileiros, dando mostras evidentes de que os imigrantes japoneses nunca se posicionaram contra o país que os acolheu e que as intenções foram sempre de se fixarem no Brasil.

Vale lembrar que assim surgiram em Santos, agremiações nipo-brasileiras como Associação Atlética Atlanta, em 1949; Estrela de Ouro Futebol Clube, em 1952 e Nissei Vicentino, em 1956, que através de atividades sócio-culturais promoveram uma integração sadia na sociedade brasileira.

Em 1/5/1952, a Sociedade Japonesa, hoje denominada Associação Japonesa, reativou sua representatividade junto a colônia e ao Consulado Japonês e, em 1990, formalizou sua constituição jurídica.


Membros da associação, durante a confraternização de Ano-Novo Shinnenkai 2010, realizada no dia 31 de janeiro de 2010
Foto: Matheus Misumoto, divulgada pela AJS


Almoço de confraternização de Ano-Novo Shinnenkai 2010, realizado em 31 de janeiro de 2010
Foto: Matheus Misumoto, divulgada pela AJS


Apresentação cultural durante a reinauguração do Monumento ao Imigrante Japonês, no Parque Municipal Roberto Mário Santini, em 18 de outubro de 2009
Foto: Matheus Misumoto, divulgada pela AJS


Jovens assistem a apresentação cultural durante o 2º Festival da Cultura Japonesa, na sede da AJS, em 18 de outubro de 2009
Foto: Matheus Misumoto, divulgada pela AJS

Diretoria, em 2010

Diretoria Executiva

Presidente: Sérgio Norifumi Doi
Vice: Sadao Nakai
Secretário: Paulo M. Fukamy
Vice-secretário: Kenzo Ohashi
Tesoureiro: Shiguenobu Tomita
Vice-tesoureiro: Shoji Kubo

 

Conselho Deliberativo

Presidente: Hiroshi Endo
Vice-presidente: Jorge Ajifu
Membros efetivos: Yukimori Tamashiro e Julieta Aguena
Membros suplentes: Seitetsu Iha e André Yamauchi

 

Conselho Fiscal

Membros efetivos: Kazuei Hashimoto, João Goya e Armando Yonamine
Membro suplente: Zulmira Mongon Tanji

 


O Guardião
Foto publicada com a matéria

O Guardião [*]

Em busca de informações sobre a Escola Japonesa e da Sociedade Japonesa de Santos, já havia ouvido o nome do senhor Akio Yanaguizawa, alunas mocinhas da época, Srª Tazuko Nakai (Shiraki), Isaltina Naka (Uehara) e Janete Kanashiro (Kohatsu), se referiam a Yanaguizawa sensei como um dos docentes da escola. Ele aparece perfilado junto aos alunos em muitas fotos datadas de 39 a 42, dando respaldo as informações passadas pelas ex-alunas.

Em contato com sua família, recebemos do seu filho, sr. Sergio Yanaguizawa, além do currículo, cópia de documentos guardados do período que respondia pela direção da escola.

Para grata surpresa, encontra-se neste material uma listagem de nomes e de relatórios que nos remetem ao cenário vivido pela colônia no momento da retirada da cidade no ano de 1943. Uma lista totalizando números de famílias e de pessoas de todo o litoral do estado, cidade por cidade. Em Santos, uma lista mais apurada em dois momentos, especificando o nome do patriarca familiar, rua e bairro.

Diante destas informações, podemos buscar o nome dos pais, avós, ou mesmo dos atuais membros da colônia japonesa de Santos. Dentre os documentos, também um relatório dos bens do cônsul que, depois de leiloado, foi remetido ao governo japonês.

Yanaguizawa, que chegou ao Brasil como bolsista em 1933, e na cidade de Santos em 1939, onde residiu até o ano de 1953, teve atuações de professor, diretor de escola, membro do Corpo Consular do Japão, técnico de Contabilidade, gerente do Tênis Clube de Santos e auxiliar de agência de navegação.

Sua dedicação, capacitação e noção de dever nos proporcionam hoje, passados 68 anos de sua chegada a Santos, informações de extrema relevância para entender o mapeamento da colônia japonesa de Santos e quem são as famílias remanescentes deste período.

Aos familiares do Yanaguizawa Sensei, expressamos nossos profundos agradecimentos em  memória deste Guardião da história da Imigração Japonesa.

Sadao Nakai

[*] Pessoa que, por forte afeição, defende aguerridamente algo ou alguém; protetor, conservador, depositário.


Antigos presidentes do clube
Foto publicada com a matéria

Veja mais:

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