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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OS IMIGRANTES - 2012/13
Os imigrantes - 2013 [32 - Australianos]

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Trinta anos depois da primeira série de matérias, o jornal A Tribuna iniciou em agosto de 2012 uma nova série Os Imigrantes, abordando em páginas semanais as principais colônias de migrantes estrangeiros estabelecidas em Santos. Esta matéria foi publicada no dia 25 de março de 2013, na página A-8:


Imagem publicada com a matéria

Com um passado similar ao brasileiro

Uma história de colonização parecida com a vivida no Brasil aproxima os dois países. Mas semelhanças param por aí

Tatiane Calixto

Da Redação

Um país de extensão continental, com meio ambiente variado que lhe rende um lugar no grupo dos megadiversos. Um povo caloroso que não dispensa um bom churrasco. Brasil? Não, Austrália.

Quando conheceu a brasileira Andreia Amparo Neris, Glenn Ian Buckingham foi comparado a um típico carioca. "Ela disse que eu era um carioca importado", conta Glenn com um sotaque ainda carregado. E a mistura deu bons frutos. Andreia, anos depois, adotou o pomposo sobrenome Buckingham.

No Brasil há 15 anos, Glenn escolheu Praia Grande como lar e sabe que o caldeirão cultural no qual vivem os australianos o ajudou a fixar raízes em um outro país. Mais fácil ainda quando se trata de terras brasileiras.

Mesmo tendo um mundo inteiro para separá-las – a Austrália fica na Oceania –, as duas nações compartilham muita coisa em comum, garante. O churrasco, por exemplo, é amado tanto por uma quanto por outra. "A diferença é que no nosso barbie (de barbecue, churrasco, em inglês) nós bebemos um pouco, conversamos, comemos e vamos embora. Aqui no Brasil, vira festa", diz em tom brincalhão o australiano- carioca.

Tanto na Austrália, como no Brasil, o povo é caloroso e receptivo, diz Glenn, não poupando um ‘bom dia’ a um desconhecido ou um bate-papo sobre o calor só para o tempo no elevador passar mais depressa. Até mesmo em um ponto nefasto há semelhança. "Aqui, invadiram a terra dos índios. Lá, a dos aborígenes", recorre Glenn à História.

Os aborígenes, população nativa da Austrália, quase foram dizimados. Sofreram, primeiro, com a matança promovida por colonizadores ingleses e, depois, com o preconceito da população do país. Hoje, representam 1% dos australianos.

Desenvolvimento e pouca gente - Mas assim como se aproximam, os dois países também têm o que os separa. A Austrália figura entre os melhores países para se viver e está entre as nações mais desenvolvidas do mundo. É um pouco menor que o Brasil em extensão territorial, mas só precisaria da metade de São Paulo para abrigar todos os seus cerca de 20 milhões de habitantes.

É um país muito procurado por turistas e atualmente virou praticamente uma rota cultural e educacional. "A educação na Austrália é algo muito forte. Aqui, ouvimos falar em escolas particulares. Lá, não. As escolas são públicas e de qualidade. E desde o início vão fazendo testes de aptidão nas crianças. Dessa forma, conseguem encaminhar melhor os estudos".

Hoje, em Praia Grande, Glenn é diretor de uma escola de idiomas. Na Austrália, era chefe de cozinha e surfista, como todo bom australiano deve ser. Afinal, é na Austrália que quebram ondas perfeitas. E é nesse clima de homem versus praia que está um dos equilíbrios mais exemplares, na opinião do australiano.

"Há um respeito muito grande com o meio ambiente. Você vê um monte de surfistas na praia. Quando eles saem, não tem lixo. E é do australiano bater no ombro de quem deixa lixo na praia para dizer: ‘você esqueceu seu lixo", garante Glenn.

Outra diferença entre os países, conta Glenn, é em relação à violência. Em cidades como Sidney, é necessário atenção, mas fora dos grandes centros urbanos, as pranchas de surf descansam nos gramados com cercas baixas das casas sem nenhum problema. É por isso, afirma Glenn, que já ficou conhecida a frase "Austrália é o Brasil que deu certo".

Porém, Glenn prefere pensar que cada um dos países têm suas próprias histórias, que se encarregam de ditar o rumo das coisas. Sua terra natal, por exemplo, foi colonizada pelos ingleses e acabou virando uma colônia penal da Inglaterra. Isso aconteceu entre 1788 e 1868, fazendo da Austrália o destino de 160 mil condenados.

Anos depois, já libertos, eles receberam terras e iniciaram nova vida. E vem daí a relação com a Inglaterra que, de certa forma, perdura até hoje. Tanto que existe uma pequena bandeira inglesa dentro da bandeira australiana, diz Glenn.

"E é o único país em que o povo come os dois animais de seu brasão", brinca, mais uma vez em referência ao emu (que lembra a ema brasileira) e ao canguru que, rodeados por acácias, compõem o brasão australiano. A carne de canguru, conta, é muito apreciada: mal passada, é como um filé mignon.

Passou mal com a feijoada - No entanto, mais do que a carne do canguru, é da meat pie, torta de carne, que Glenn sente mais falta à mesa. Na Inglaterra, a diversidade cultural é tão grande que há de tudo. Mas as tortas de carne, que ao longo dos anos foram ganhando sabores variados, são uma marca.

E quem vai à terra dos cangurus também não pode deixar de experimentar o vegemite. É um extrato feito à base de levedura, utilizado em pães e biscoitos como se fosse manteiga. É tradicional entre os australianos, mas para Glenn, que sempre gostou da culinária brasileira, o nariz retorcido ao falar da pasta mostra que o vegemite não é unanimidade por lá.

Ele prefere feijoada. "Na primeira vez que comi feijoada, repeti três vezes. Depois, apaguei. Dormi muito. E quando acordei, estava passando mal. Na Austrália, feijão se come na salada, nunca quente".


Glenn e a fusão de culturas: ele adora comida brasileira. E, na bandeira, australiana, surge também, menor, o pavilhão do Reino Unido – símbolo do passado de colônia inglesa.
Foto: Alexander Ferraz, publicada com a matéria

Megadiversos - Os países megadiversos são um grupo de países que abriga a maioria das espécies da Terra e são, portanto, considerados extremamente biodiversos. O Centro de Monitorização de Conservação Ambiental, uma agência das Nações Unidas para o ambiente, identificou 17 países megadiversos, entre eles a Austrália e o Brasil.

Austrália, o filme - De 2008 e dirigido por Baz Luhrmann, Austrália é um romance estrelado por Nicole Kidman e Hugh Jackman. Além do diretor e dos atores principais, quase todo o elenco do filme é de origem australiana.


Foto: divulgação, publicada com a matéria

Vegemite - O vegemite é a marca registrada para uma pasta de untar, de sabor salgado e elaborado a partir de extrato de levedura. Usa-se principalmente como ingrediente de untar nos sanduíches e torradas.


Foto: divulgação, publicada com a matéria

Bumerangue - A origem não é certa. A história diz que antigas tribos na Europa usavam machados de arremesso e diversos tipos de bumerangues foram achados em várias partes do planeta em diferentes continentes.

No entanto, a Austrália ficou conhecida como o país dos bumerangues. Os aborígenes usaram tanto bumerangues quanto bastões de arremesso por milhares de anos. O arqueólogo Roger Luebbers, em 1973, encontrou os mais antigos exemplares australianos. Acredita-se que tenham aproximadamente 9 mil anos.


Foto: divulgação, publicada com a matéria

Taz ou Diabo da Tasmânia - Quem não se lembra do Taz, aquele personagem dos desenhos animados Looney Tunes? Taz se locomove num redemoinho e devora tudo que vê pela frente. O personagem é inspirado no Demônio da Tasmânia, um mamífero marsupial endêmico da ilha da Tasmânia, pertencente à Austrália.

Comunidade da Austrália
(Commonwealth of Australia)

Capital - Camberra
População - 23.200.412
Língua oficial - Inglês
PIB - US$ 918,978 bilhões (2001, estimativa)
Renda per capita - US$ 40.836
IDH - 0,938 (2012, muito elevado)
Datas Nacionais - Independência do Reino Unido, 1º de janeiro de 1901
Colônia - O Consulado Geral da Austrália em São Paulo foi procurado por email e questionado sobre a colônia na Baixada Santista, mas não houve resposta

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