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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIBLIOTECA - TEATROS
Memórias do Teatro de Santos (28)


Clique na imagem para voltar ao índice da obraComo em muitas outras cidades brasileiras, a memória do teatro santista raramente é registrada de modo ordenado que permita acompanhar sua história e evolução, bem como avaliar a importância dos artistas no contexto nacional, rememorando as grandes atuações, as principais montagens etc.

Uma tentativa neste sentido foi feita na década de 1990 pela crítica teatral santista Carmelinda Guimarães, que compilou depoimentos escritos e orais, documentos e outros registros, nas Memórias do Teatro de Santos - livro publicado pela Prefeitura de Santos em 1996, com produção de Marcelo Di Renzo, capa de Mônica Mathias, foto digitalizada por Roberto Konda. A impressão foi da Prodesan Gráfica.

Esta primeira edição digital em Novo Milênio foi autorizada pela autora, Carmelinda Guimarães, em 6 de janeiro de 2011. O exemplar aqui utilizado foi cedido pelo ator santista Osvaldo de Araujo:

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Memórias do Teatro de Santos

Carmelinda Guimarães

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Teatro Municipal

Quando é inaugurado, a 26 de janeiro de 1973, o Teatro Municipal vem suprir uma lacuna na cidade, que já tem uma considerável tradição cultural. Todas as casas de espetáculos existentes até então eram particulares. O projeto de arquitetura é de Oswald Correa Gonçalves, Abrahão Sanovicz e Júlio Roberto Katinsky e cenotécnica de Aldo Calvo, cenógrafo italiano que participou do TBC de São Paulo e pertence à história do teatro brasileiro. Os engenheiros responsáveis: Sérgio Novita Fortis, Cyro Raphael e João Gilberto Tangary.

A criação deste teatro, que vem atender anseios da população, foi exaustivamente discutida. O projeto inicial que previa a construção nos jardins da praia foi rejeitado pelo Centro de Expansão Cultural e outros movimentos culturais, que consideravam a destruição dos jardins uma agressão às tradições de Santos. Chegou-se a um consenso com a escolha do terreno da Av. Pinheiro Machado, 48. A desapropriação do terreno e o contrato de construção foram assinados em 1967 pelo prefeito Silvio Fernandes Lopes, ocupando uma área de 12.650 m², com área construída projetada de 5.130 m².

Possui uma sala de 544 lugares e um palco de 543 m², dotado do mais moderno equipamento de iluminação, importado da Inglaterra, marca Rank Strand, composto de aproximadamente 240 refletores tipo elipsoidal de foco definido e refletores tipo Fresnell.

Em 1992 é inaugurada a segunda sala, prevista no projeto original, pequena, localizada no andar térreo, de arena, com platéia móvel, para espetáculos experimentais, batizada de teatro Rosinha Mastrângelo, sendo secretário de Cultura Reinaldo Martins.

O teatro vai abrigar escola de dança, o Grupo Estável de Dança, o Dança de Rua, os Festivais de Música Nova realizados em Santos desde a década de 60 pelo maestro e compositor Gilberto Mendes, as Bienais de Artes Plásticas, Mutirões do Folclore, reuniões das escolas de samba, o Festival de Teatro Amador da Baixada Santista (Festa), conferências, lançamentos de livros e uma variedade de eventos culturais reunindo o popular e o erudito, o clássico e o moderno. Todas as artes numa grande catedral, como proposta do arquiteto Gropius na Bauhaus, nos anos 20, na Alemanha. A cidade passa a pensar sua expressão artística neste grande Centro de Cultura fervilhante e vivo.

Retrospecto Histórico da Ocupação do Teatro

Na década de 70, o teatro amador sofreu um esvaziamento em Santos, como em todo o país. Os anos de Censura foram nefastos para o teatro em geral e para os amadores em particular. Fica difícil fazer teatro em períodos de exceção, quando não há a livre manifestação do pensamento. Quando o Municipal de Santos é inaugurado, em 1979, não encontra ressonância no ambiente teatral da cidade.

Seus primeiros anos são ocupados pelas temporadas líricas, pela música ou pelo teatro profissional vindo de São Paulo.

Neste período, muitos atores da cidade se apresentam no Municipal, como Cláudio Mamberti, Sérgio Mamberti, Jonas  Mello, Eliana Rocha, Nuno Leal Maia, Serafim Gonzalez, em temporadas de companhias profissionais paulistas.

Os amadores utilizam, para encontros e apresentações, o teatro do Sindicato dos Metalúrgicos, onde a Federação Santista de Teatro Amador realiza, em 1983, um Festival Infantil.

Neste mesmo ano, A Mantenedora, peça do santista Perito Sampaio Monteiro, leva os amadores ao palco do Teatro Municipal. Fazem parte do elenco Carlos Pinto, Neyde Veneziano, Valdira Lamuel e outros. A direção é coletiva. A Delegacia de Cultura de Santos, sob a coordenação de Carlos Pinto, promove uma Oficina de Teatro que reúne, novamente, os veteranos do teatro amador.

O Teatro Municipal começa a ser ocupado pelos amadores. Tanah Correa estréia o infantil Flicts, de Ziraldo, e Elisa Correia dirige O Rei e o Jardineiro, de Toinho Alves e João de Jesus. Neyde Veneziano dirige Jeremias o Herói, de Oscar von Pfuhl. O espaço da Cadeia Velha, então restaurada, é ocupado para duas encenações em 83: Inês de Castro, dirigida por Nélio Mendes, e Senhora dos Afogados, por Wilson Geraldo.

Em 1984, Neyde Veneziano dirige um musical infantil. Procurando Firme, adaptado de Ruth Rocha, que recebe o prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor adaptação, para Neyde, o Mambembe de melhor atriz para Valentina Rezende. No ano seguinte, Neyde apresenta O Noviço, de Martins Pena.

O teatro amador já conquistou seu espaço no Municipal. Em 1987, Eliel Ferreira dirige Bailei na Curva, que vai ao Festival de São José do Rio Preto e ganha o prêmio de melhor espetáculo adulto, enquanto Procurando Firme ganha o melhor infantil. Já se fala de novo com respeito no teatro amador de Santos em todos os festivais estaduais e nacionais de teatro realizados em outros lugares. Os santistas brilham no Festival do Sesc, em Tatuí, Blumenau e São José dos Campos.

A Secretaria de Cultura de Santos, criada neste ano, abre o Teatro Municipal para o I Festival Santista de Teatro Amador (Festa), realizado pela Federação Santista, sob a presidência de Naira Alonso, sendo secretário de Cultura Tanah Correa.

O Festival representa o estímulo que faltava para que o teatro amador ocupasse sua casa, o Teatro Municipal da cidade. São apresentados 20 espetáculos. Premiados na categoria adulto: Leila Baby, de Mário Bortolloto, direção do autor e de Miriam Vieira; O Noviço, de Martins Pena, direção de Neide Veneziano; Filme Triste, Wladimir Capela, direção de Eliel Ferreira. Na categoria infantil, Procurando Firme, direção de Neyde; Os Três Peregrinos, de Stella Leonardos, direção de Iracema de Paula Ribeiro; A Bruxinha que era Boa, de Maria Clara Machado, direção de Filomena Porto. É um festival variado, que revela uma grande empolgação da gente de fazer teatro. Muitos espetáculos e debates, bom público. Jovens e veteranos estão unidos em torno de um ideal, fazer teatro na cidade.

O II Festa, 1988, revela a dramaturgia local. São redescobertos os autores da cidade: Evêncio Martins da Quinta vê a reencenação do seu texto Enquanto o Rei Joga Buraco, numa montagem criativa de Filomena Porto; vários textos de Greghi Filho e Oscar von Pfuhl são apresentados. No total, 11 espetáculos. São premiados: Uma Lição Longe Demais, de Zeno Wilde, direção de Eliel Ferreira; Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal, na categoria adulto; infantil: Don Chicote Mula Manca e seu Criado Zé Chupança, de Oscar von Pfuhl, direção de Dagoberto Costa e Egberto Mesquita; No Reino do Rei Malvadum, de Edivaldo Francisco Pereira, direção do autor; A Idade do Sonho, de Tonho Carvalho, direção de Mirian Vieira e Cláudio Fernandez.

O III Festa, realizado em 1989, dá uma ênfase maior para a linguagem corporal. Foram apresentados 13 espetáculos e premiados: Henfil, a Relativa Revista, direção de Gilson de Melo Barros; A Fofoca, adaptado do livro de Ângelo Gaiarsa, direção de Luiz Thomas e Absurda Noite dos Absurdos, de Olbadía, direção de Walter Rodrigues.

Os amadores da cidade já ocuparam o lugar que lhes pertence no Teatro Municipal de Santos. O movimento volta a florescer na cidade e recupera seu espaço de direito. Já não se pode mais fazer uma história do teatro da cidade sem ligá-la ao Municipal, que é, neste momento, a casa dos amadores, que aí se reúnem, ensaiam e se apresentam.

Em setembro de 1996 realiza-se o X Festa, promovido pela Federação Santista de Teatro Amador, presidida por Toninho Dantas e o Porto Cultural, organizado pelo secretário de Cultura Marco Antonio Rodrigues, retomando 37 anos depois do evento organizado por Paschoal Carlos Magno a proposta de um festival nacional de teatro.

Ilustração de Henfil para a peça infantil Dom Chicote Mula Manca, de Oscar Von Pfuhl, direção e produção de Paulo Lara. Músicas de Gildinha Vandembrande, com elenco formado por: Débora Duarte, Lucélia Santos, Ney Mato Grosso, Lorival Paris, Cláudio Luchesi, entre outros. Estreou no Teatro Anchieta, em São Paulo, em março de 1972

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