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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Água & esgoto
O caminho das águas... e dos esgotos (2)

Desde as nascentes até o despejo dos esgotos, com todos os seus problemas
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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou estas matérias (grafia atualizada nesta transcrição):
 
Abastecimento de água à cidade de Santos

A cidade de Santos é abastecida pela magnífica água vinda dos mananciais de Pilões, nas fraldas da Serra do Mar. Aí são captados vários ribeirões e aduzidos a Santos por meio de duas linhas adutoras, com cerca de 20 quilômetros cada uma e com o diâmetro de 20 polegadas. Com o fim de melhorar ainda mais a qualidade da água e garantir a sua pureza, a Companhia City, contratante desse serviço público, construiu, há vários anos atrás, uma completa instalação de tratamento, onde as águas são submetidas aos modernos processos de purificação, compreendendo a coagulação pela cal e sulfato de alumínio, a floculação mecânica, decantação e finalmente a filtração em modernos aparelhos rápidos.

Possui, também, a instalação junto às tomadas dos córregos, peneiras mecânicas, aparelhagem aperfeiçoada que permite retirar mecanicamente da água o enorme volume de folhas e mais detritos vegetais existentes.

Existe, ainda, à margem da estrada Santos-S. Paulo, uma pequena instalação denominada Caixa 10, possuindo igualmente perfeita instalação de filtros e cloração. Este manancial abastece de preferência a Vila de Cubatão, indo somente suas sobras para Santos. A adução média da Caixa 10 é de 2.500.000 litros por dia.

Da instalação de Pilões a água vai aos reservatórios de distribuição situados no morro do Saboó. Os reservatórios construídos em cimento armado têm uma capacidade total de 30.000.000 de litros.

Também em Saboó estão as aparelhagens para a cloração da água, que funcionam permanentemente, assegurando ao precioso líquido prefeitas condições de potabilidade. Dos reservatórios do Saboó a água é distribuída a toda a cidade de Santos, indo reforçar o abastecimento municipal de S. Vicente.

O volume de água distribuída foi no ano passado, em média, de 33.000.000 de litros por dia, tendo o máximo diâmetro atingido a 40.000.000 de litros. Estão ligadas à rede de água cerca de 21.000 casas.

O controle da água é feito, diariamente, em Pilões, Caixa 10 e Saboó, por análises físicas, químicas e bacteriológicas, que confirmam sempre a perfeita potabilidade da água distribuída à cidade de Santos.

A água é paga pela população à razão de 18$000 por 45.000 litros, enquanto é calculado o consumo mensal, existindo em cada prédio um hidrômetro para o registro do mesmo.

O serviço de abastecimento de água foi inaugurado em 15 de julho de 1872, em virtude de contrato celebrado com a Municipalidade em 29 de janeiro de 1870. Posteriormente, em conseqüência da lei estadual n. 421, passou para o governo do Estado, que firmou contrato com a Cia. City, em 24 de maio de 1897. A fiscalização do serviço de abastecimento de água à cidade está afeta à Repartição de Saneamento do Estado.

Atualmente a Cia. City está construindo um grande tanque de cimento armado, em forma de gasômetro, na Vila Macuco, para depósito do precioso líquido, provendo, assim, as necessidades futuras daquele populoso bairro. Essa importante obra está orçada em 4.500 contos de réis.


Esgotos sanitários da cidade

(Serviços da Repartição de Saneamento de Santos)

O serviço de esgotos em Santos, reputado um dos mais aperfeiçoados do país, foi executado pela extinta Comissão de Saneamento, então sob a proficiente direção do notável engenheiro Francisco Saturnino Rodrigues de Brito, já falecido.

O sistema de rede de esgotos de Santos é o de separador absoluto, sendo o despejo do efluente feito "in natura", a 12 quilômetros da Usina Terminal, em pleno oceano na costa do Itaipu.

A parte esgotada da cidade está dividida em 12 distritos, sendo um de gravidade, que esgota diretamente para a Usina Terminal e que recebe as demais, e os outros onze com a sua rede convergente para estações elevatórias, uma para cada distrito, que recalcam o efluente para o primeiro mencionado.

A Usina Terminal de José Menino é o ponto de convergência de todo o esgoto residual da cidade, o qual é dali recalcado para o Itaipu por cinco grupos de bombas elétricas. Esse recalque é feito através de um emissário de ferro fundido de 0,70 m de diâmetro e 8,081 m de comprimento, sendo que, do fim desta extensão até o Itaipu, a descarga é feita através de uma canaleta de cimento armado.

A extensão atual da rede de esgotos é aproximadamente de 155 quilômetros. Existem, ainda, 650 coletores com 2.000 poços de visita (incluindo alguns de sifão) e 370 tanques flexíveis de descarga automática. Os diâmetros vão de 6" até 1,40 m e a profundidade varia de 1 a 5,5 metros.

Esse importante serviço público está a cargo da Repartição de Saneamento do Estado. O número de operários atualmente em serviço nessa repartição é de 700, inclusive os que trabalham na seção marítima de Guarujá.

Além do serviço propriamente dito dos esgotos sanitários, a Repartição de Saneamento tem mais as seguintes atribuições: fiscalização de águas; construção e conservação dos canais de drenagem; manutenção da rede de esgotos de Santos, São Vicente e Guarujá; conservação da Ponte Pênsil e canais; fiscalização do abastecimento de água a Santos pela Cia. City; serviços de transportes de Guarujá (barca e tramway); abastecimento de águas de Guarujá; iluminação pública e particular de Guarujá; conservação da estrada de rodagem do Guarujá ao Ferry-Boat.

Funciona à Rua São Francisco, em magnífico prédio recentemente construído pela Secretaria da Viação.


Quedas d'água santistas

Cinco são as cachoeiras que existem no município: a de Itapanhaú, pertencente à Cia. Docas de Santos e aproveitada por essa grande empresa nacional para a produção de energia elétrica da sua usina de Itatinga; a da fazenda das Pirambeiras, situada na divisa com Mogi das cruzes, não aproveitada para qualquer fim industrial; a do rio das Pedras, na Serra do Mar, próximo à estrada de rodagem, aproveitada pela The San Paulo Light and Power, para a produção de energia da grande usina que instalou no distrito de Cubatão e cujo volume líquido é de uma capacidade invulgar e inesgotável, pelas obras de represamento realizadas no planalto, entre Santo Amaro e Mogi das Cruzes; a da Serra do Mar, aproveitada pela antiga Companhia Fabril de Cubatão, para a produção de energia de consumo privado, e a do rio dos Pilões, formado pelas diversas vertentes da Serra de Paranapiacaba e represada na fazenda de Itatinga, de propriedade da The City of Santos Improvements Co. Ltd., e utilizada para o serviço de abastecimento de água aos municípios de Santos e S. Vicente.


Memorando assinado pelo engenheiro sanitarista Miguel Presgrave, diretor da Comissão de Saneamento de Santos, tratando de assuntos referentes ao esgotamento sanitário no bairro santista do Valongo, em 25 de julho de 1912
Imagem cedida a Novo Milênio pelo historiador Waldir Rueda

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