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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SEU BAIRRO/mapa
Vila São Jorge se orgulha do 1º engenho (4)

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Publicado em 5/8/1982 no jornal A Tribuna de Santos

 Leda Mondin (texto) e equipe de A Tribuna (fotos)


Muito pouco resta do Engenho de São Jorge dos Erasmos: 
continua abandonado, apesar de ter sido o primeiro do País

Um pouco da história com o primeiro engenho do Brasil

A história da Vila São Jorge vai bem mais longe do que se possa pensar. Em pleno século XVI já existia lá um pequeno povoado, em função das atividades do Engenho de São Jorge dos Erasmos, cujas ruínas ainda podem ser encontradas, junto às encostas do Morro da Nova Cintra.

Não fosse uma ponte caindo, o mato e a lama que nem o sol forte consegue secar, o engenho seria um dos pontos de atração turística mais importantes da região. Afinal, é o primeiro engenho de açúcar do País e a primeira sociedade estruturada em moldes de sociedade anônima na América do Sul.

Foi construído por quatro sócios: Martin Afonso de Souza, que entrou na empresa com a terra; João Veniste; o piloto-mor Vicente Gonçalves e Francisco Lobo. Teve outros nomes - do Governador e dos Armadores -, e o atual é uma homenagem a Erasmo von Shertz, que comprou as partes dos fundadores e tornou-se seu único dono.

O Engenho possui características bem peculiares, conforme acentuam os historiadores: foi construído sob o único teto, ao contrário das edificações posteriores, que tinham vários compartimentos, cada um com a cobertura correspondente.

Sua arquitetura obedece à linha da Ilha da Madeira, na época, e para se unir as grossas paredes uma às outras usou-se óleo de baleia e ostras partidas, o "cimento" da época. Por suas particularidades, deduz-se que é anterior ao ciclo nordestino do açúcar. Não ficou muito famoso porque, devido à maior proximidade entre o Nordeste e a Europa, tornou-se mais fácil fazer-se engenhos lá, para auxiliar a comercialização.

Apesar de ter sido tombado pelo ex-Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN - substituído pelo SPHAN) e entregue à Universidade de São Paulo, em 31 de janeiro de 1958, para restauração e estudos, pouco se fez pelo Engenho de São Jorge dos Erasmos. Os trabalhos no local se limitaram à retirada de entulho, cobertura da parte dos fundos e construção da casa do zelador.

Ao lado das ruínas há um terreno que poderia ter sido um cemitério, e numa espécie de depósito subterrâneo foram encontradas vasilhas de barro. Mas a sua verdadeira importância para a história de Santos só será definida quando traduzidos os 729 documentos escritos em flamenco, francês e outras línguas não identificadas, guardados em um museu da Antuérpia. A USP os microfilmou, mas pelo que se sabe não teve verba para traduzir.

Não resta dúvida que o engenho guarda muitas histórias, como a invasão de piratas que colocaram fogo em tudo; as invasões de silvícolas; o progresso da Capitania de São Vicente e a posterior queda da produção de cana-de-açúcar. Mas poucos dos que se dispuseram a conhecê-lo conseguiram vencer os obstáculos resultantes do péssimo estado de conservação da área.

A esperança dos santistas, e particularmente dos moradores da Vila São Jorge, é que se leve adiante a idéia de se reunir vários órgãos para restaurar o engenho. Ainda este mês, o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), Nei Eduardo Serra, deverá encaminhar proposta nesse sentido à Universidade de São Paulo. O ideal seria construir um Museu do Açúcar, nos moldes dos que existem no Nordeste.

Veja as partes [1], [2] e [3] desta matéria
Veja Bairros/Vila São Jorge

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