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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SEU BAIRRO
Dramas do primeiro conjunto habitacional (4)

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Publicado em 8/7/1982 no jornal A Tribuna de Santos

 Leda Mondin (texto) e equipe de A Tribuna (fotos)


Quatro mesas e bancos em torno de um chapéu-de-sol: é o Clube Pé na Cova

Os campos de futebol num terreno emprestado e o clube sob uma árvore. Vejam como os moradores se divertem na falta de um centro comunitário à altura das necessidades

Só mesmo a chuva põe os velhinhos a correr. Do contrário, passam o dia inteiro e varam noite naquela sede tão peculiar: quatro mesas e bancos de madeira, ao redor de um chapéu-de-sol.

Isso mesmo: mesas, bancos de madeira e um lampião, é todo o patrimônio do Grupo Pé na Cova, formado por aposentados que moram no Castelo Branco.

Quem passa pela Vergueiro Steidel, altura do 375, logo tem a atenção despertada por aquela turma, que enquanto joga dominó reclama do novo aumento das prestações do BNH, do pacote da Previdência e da aposentadoria cada vez mais minguada. Mas também conta piadas e velhas histórias, porque afinal ninguém vive só de reclamar.

O Pé na Cova existe há vários anos. Primeiro era só uma mesa e um banco junto à árvore, mas o clube foi crescendo e o "patrimônio" também. E para que não fossem obrigados a parar o jogo com o cair da noite, compraram um lampião.

O ambiente não poderia ser mais amistoso. Como crianças, eles brincam, torcem e não deixam de dar risada às custas dos perdedores. E atentem para o detalhe: quem perde quatro vezes no dia se expõe ao vexame de ter seu nome escrito num papel, com a palavra "morcego" carimbada ao lado. A papeleta fica pendurada em um dos galhos do chapéu-de-sol, para quem quiser ver. Nem "seu" Euclides escapa da gozação, apesar de seus 82 anos.

Dizem eles que o termo certo para designar quem perde é "marreco", mas, como o carimbo se perdeu, vai "morcego" mesmo. Segundo os comentários que correm por lá, os maiores "marrecos" da turma são o Bezerra e o Marrom. O primeiro escuta gracejos do tipo mas nem por isso perde a esportiva. Pelo contrário, chega por trás de um dos velhinhos, segura sua cabeça e vai dizendo: "Português bonito é esse aqui". E sai rindo, como riem todos que estão por perto.

Um café bem quente e um papo amistoso nunca faltam no Clube Recreativo Castelo Branco, instalado na Vergueiro Steidel, 362, em área do INPS. É a segunda casa de muitos dos moradores do conjunto e, no dizer do conselheiro Oriovaldo Ricardo, "um asilo de portas abertas". Ele diz isso devido ao número de aposentados que freqüentam o clube, e se divertem jogando dominó, truco ou bocha.

O Castelo Branco comemorou, a 26 de janeiro, 10 anos. Tudo começou no Cai Dura, apelido que o pessoal deu ao enorme barracão dos operários que trabalharam na obra. Eles comiam lá mesmo, os primeiros moradores se chegavam para conversar e "seu" João Batista teve a idéia de formar o clube.

Logo o pessoal conseguiu instalar a primeira sede, um barracão não muito espaçoso, mas que dava para as brincadeiras dos sócios. Vai daí que novos associados foram se chegando, a sede cresceu junto com o clube e hoje tem até quadra de bocha.

Mas um medo perdura: que o INPS peça a área e o clube se desfaça, sem ter para onde ir. Por isso, os diretores pensam em construir uma sede em terreno próprio.

Enquanto os diretores traçam planos, a rapaziada demonstra muito desânimo. É que o clube já não tem time de futebol. Segundo Oriovaldo Ricardo, dava muita despesa. Não se faz de rogado e lança uma crítica: o pessoal só queria camisa bonita, só queria comer. Na hora de jogar..."

E se o Clube Recreativo Castelo Branco já não tem time de futebol, o Ipiranga pode se orgulhar de ter três: um de veteranos, um masculino e outro feminino, todos em sua maior parte integrados por moradores do Castelo Branco.

Tudo começou da feliz união entre o Ipiranga, "dono" de um dos campinhos de futebol do famoso terreno do INPS, e a rapaziada do time do Botafogo, que dependia de local para treinar. O casamento Ipiranga/Botafogo já dura três anos e até um barzinho funciona no barracão que serve de sede, na Vergueiro Steidel, 350.

Quando o Antônio Ramos Sanches e o Françual Alberto começam a citar os melhores atletas, desfiam uma lista que inclui pelo menos dez, entre eles Bigu, Nica, França Arlindo, Salame, Aguiar e João Neri. O time feminino? Ah, esse tem jogadoras que botam muito homem no chinelo, como Maria Helena, Marta, Silvinha, Kátia, Bety, Magda e outras mais.

E esse time feminino parece ser o orgulho de muita gente. Tanto que o diretor esportivo, Antônio Ramos, recomenda: "Dá uma força aí pras meninas". A força está dada!

Veja as partes [1], [2] e [3] desta matéria
Veja Bairros/Conjunto Habitacional Castelo Branco/Aparecida

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