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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PIONEIROS DO AR
Tudo era novidade, nos tempos pioneiros

O tempo de viagem de uma carta, o batismo de um novo avião...

Nos primeiros tempos da aviação, cada pormenor das conquistas dos aviadores de todo o mundo virava manchete de jornal, e a redução do tempo de viagem de uma carta internacional ganhava matéria na primeira página, da mesma forma que outros feitos dos raides aéreos, ou ainda o batismo de um hidroavião em Santos.

Assim, o jornal Folha da Manhã, da capital paulista, registrou o recebimento de uma carta de Paris, na página 4 da edição de 22 de março de 1928 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução da matéria original

Como nos sonhos de Julio Verne

Seis dias de Paris a Santos - A primeira carta que nos chega pelo correio aéreo

No dia 12 de março deste ano, uma carta foi posta no Correio em Paris. A 18 chegava a Santos.

Seis dias de Paris a Santos!

Até hoje nenhuma outra carta viajou com tanta rapidez.

É um recorde.

Andou mais ligeiro que muitos telegramas passados pelo nosso respeitabilíssimo Telegrapho Nacional.

Positivamente o mundo se está tornando pequeno. O homem dominou, realmente, o mundo. Já não há oceanos caprichosos a hostilizar quilhas sobranceiras, retardando correspondências esperadas com ansiedade.

Os aviões voam serenamente. Voam com horário. E transportam de continente a continente cartas, encomendas, passageiros...

A primeira carta que chega a São Paulo é esta cujo fac-símile publicamos.

Vem com a rubrica "Inauguration de la ligne Aérienne France Amerique du Sud - 1928".

É endereçada à Companhia de "Cigarros Castellões".

Essa primeira carta que de Paris chega pelo Correio aéreo, nos dá a impressão animadora de que, dentro em breve, a nossa correspondência postal para a Europa será um assombro de facilidade e rapidez.

Na edição de 18 de maio de 1930, o jornal santista A Tribuna também destacava em sua primeira página (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução da matéria original

Maravilhas da velocidade no espaço

O Estado de São Paulo está a quatro dias de Paris!

A gravura representa três envelopes de correspondência postal trazida pelo aviador Mermoz, com destino a firmas comerciais da nossa praça. Pelos respectivos carimbos do correio se verifica que de Paris a Santos gastaram apenas 4 dias, pois deixaram a capital francesa no dia 10 do corrente e em 14 foram entregues a seus destinatários. A data de 9, que dois dos envelopes acusam, não altera o cálculo supra, pois que demonstra apenas terem sido entregues ao Correio na véspera da partida do avião, de Paris para São Raphael.

 

Texto publicado no jornal santista A Tribuna - sexta-feira, 9 de maio de 1930 (primeira página - ortografia atualizada nesta transcrição):

 


Grupo de convidados à cerimônia do batismo do hidro-avião Santos, da Companhia Nyrba, tirado antes dum vôo, ontem, na Ponta da Praia

Foto e legenda publicadas com a matéria

O batismo do hidro-avião Santos

Aspectos da bela festa aviatória promovida pela Nyrba Line

Foi magnífica a festa que a Nyrba do Brasil realizou na manhã de ontem, em regozijo ao batismo de um dos seus melhores aviões, que, em homenagem a esta cidade, recebeu o nome de Santos.

Às dez horas, em lanchas especiais, seguiram para bordo do avião, amerissado em frente à velha Fortaleza da Barra, numerosos convidados, quer de Santos, quer vindos especialmente de São Paulo.

Teve, então, lugar a cerimônia do batismo, servindo de madrinha, a convite do diretor Murdo Mackenzie, da Nyrba, a exma. sra. d. Maria Ondina Ribeiro Nogueira, que, contra a quilha do avião, quebrou uma garrafa de champanha.

Em seguida, em brilhante improviso, o dr. Celso Vieira, em nome da Nyrba do Brasil, agradeceu a aquiescência de d. Maria Ondina Ribeiro Nogueira em ter servido de madrinha, do comparecimento da seleta assistência e fez votos pela longa vida do neófito e pela prosperidade crescente da empresa.

Foram, nessa ocasião, batidas várias chapas fotográficas.

Teve, depois, início a série de vôos, em que tomaram parte as seguintes pessoas:

Dr. José de Sousa Dantas, prefeito municipal; dr. Luiz Bastos Cruz, representante do secretário da Justiça; dr. Percival de Oliveira, representante do chefe de Polícia; dr. Fábio de Oliveira Barros, representante do secretário da Viação; dr. Eurico Miranda, representante do secretário da Agricultura; Manoel Nascimento Júnior e Giusfredo Santini, pela A Tribuna; Galeão Coutinho, pela Gazeta; Nelson de Oliveira China, pelo Estado de São Paulo; Luiz Assumpção e Cherubim Assumpção, representando Mac. Millen e Goulart, agentes da Nyrba em São Paulo; Oswaldo Pereira da Cunha, Velsírio Martins Fontes, Maurício assumpção, Antonio Álvaro Assumpção, Drauzio Mesquita Nogueira e senhora; Suzana e Maria Ondina Ribeiro Nogueira, Maria Nogueira da Gama, Achilles Israel e senhora; Richard Varty e senhora; Raul Machado e senhora; Lúcia e Zenaide Machado, Lygia Junqueira, Sylvio Junqueira, Pedro Gonçalves e senhora; Isette Fontes, Marina Fontes, dr. Brasilino Lima Júnior, Luiz Ferreira e senhora; José Leme Ferreira, Darcy Stockler, José Carlos Pereira da Cunha, Haroldo Levy e senhora; José Nitsch da Silva; Mariano da Câmara Leite, Fernando Pacheco, João da Silva Pessoa, Murdo Mackenzie, diretor do tráfego da Nyrba, no Rio; representantes do Aéreo Civil de São Paulo; Hermenegildo Rocha Brito e senhora; Krausche, pela Casa Almeida Prado; vários outros representantes de folhas da capital e desta cidade, além de diversas pessoas cujos nomes nos escaparam.

O aparelho, que se pode classificar entre os mais potentes da frota da Nyrba, executou diversos vôos sobre a baía e o estuário, atingindo as proximidades da serra, sempre com admirável precisão de manobras.