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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Os piratas em Santos

Nomes famosos das pilhagens marítimas também atacaram a vila santista

Piratas, corsários, bucaneiros, flibusteiros. Sob diferentes nomes e bandeiras, inúmeros ataques foram feitos às então nascentes vilas de Santos e São Vicente, e apesar dos saques várias vezes destruírem documentos importantes para a reconstituição da história da época, muitos relatos restaram desse conturbado período da história brasileira.

Conta o historiador Francisco Martins dos Santos que a história da pirataria internacional "começa ao amanhecer do Brasil, antes mesmo de existirem as cidades litorâneas de hoje, quando aventureiros de várias nações pervagavam a costa brasileira em busca do pau-brasil, da pimenta, do algodão nativo, das raízes, das plumas e do próprio escravo indígena. Muitos desses aventureiros, tornados piratas ao azar, e muitos dos seus barcos, são conhecidos.

"Depois, o tipo de pirataria foi se transformando, muitas vezes ligadas às expedições corsárias e governos europeus, e seu objetivo passava a ser a pilhagem declarada, o assalto a navios e a cidades desprevenidas ou sem defesa. O ouro, a prata, a moeda, a obra de arte transformável em massa metálica foram grande procura dos corsários e flibusteiros em todo o Atlântico, em pilhagens diretas ou em resgates impostos, vez ou outra mistos, em moeda, em metal, e em gado para a alimentação de bordo e revenda.

"Santos não foi dos portos atlânticos mais visados pelo corso internacional, mas, ainda assim, pôde contar entre os seus indesejáveis visitantes grandes figuras daquele corso, como Drake (que deixou menos notícias em nossos arquivos), Fenton e Ward, Cavendish e Cook, Spilbergen e Francisco Duclerc, que levaram até mais tarde na escala do tempo os dramas anteriores sofridos pela gente santista, com as invasões de terra, promovidas pelos indígenas contrários até 1563", diz ainda o historiador, em sua obra História de Santos, de onde são extraídos os principais relatos.

É comum, inclusive entre os pesquisadores, a confusão entre as várias denominações desses aventureiros do mar:

Bucaneiro é a denominação dada aos piratas que infestavam as Antilhas nos séculos XVI e XVII, bem como ao caçador de bois selvagens (do francês boucanier, de boucan, carne defumada). A razão do nome é que aventureiros europeus iam caçar bois selvagens nas Antilhas (mais especificamente, em São Domingos) para defumar-lhes a carne (numa grelha nativa denominada boucan) ou fazer comércio de peles. Assim, já em 1578, Jean de Léry usa o termo significando carne defumada ou grelhada, seguindo-se anos depois a forma portuguesa mocaém, que gerou moquém, e os derivados moquear, moqueação, provavelmente também moquenca e moqueca. De boucan surgiu o verbo francês boucaner (grelhar), daí o substantivo boucanier, documentado em 1661/1671. Na mesma época, aparece o inglês bucaneer ou bucanier, significando "caçadores franceses", e em 1690 com o significado de "piratas das Índias Ocidentais". Só na segunda metade do século XIX é documentado em português o termo bucaneiro. Expulsos das Bahamas pelos ingleses em 1629 e de San Cristóbal pelos espanhóis em 1630, os bucaneiros aliaram-se aos piratas da ilha da Tortuga e à França, ocupando em seu nome o Oeste de Santo Domingo em 1665.

Corsário é o particular autorizado por seu governo beligerante (através de uma Carta de Corso) a dar caça às embarcações mercantes de uma nação inimiga, apresando-as e às suas cargas. O corso foi empregado entre os séculos XVI e XVIII pelas nações que não podiam enfrentar o poderio naval da Inglaterra e da Espanha. Em certos casos, por força dos tratados assumidos pelos soberanos, essas autorizações eram dadas verbalmente a súditos leais, sem apoio documental, traduzindo-se na condescendência dos soberanos para com tais práticas. Em tempos modernos, os submarinos alemães que atacaram navios mercantes aliados, nas duas grandes guerras mundiais do século X, podem ser classificados como corsários, o mesmo ocorrendo com algumas ações ocorridas na Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939. Proveniente do latim cursus (significando viagem, marcha, de currere - correr, viajar, marchar), o termo cursarius é documentado no latim medieval em 1234 e gerou os italianos corsale e corsare (antes corsaro e corsario), o espanhol corsario, e também o francês corsaire, o provençal corsari e o português corsário, todos entre os séculos XIII e XVI.

Flibusteiro é o nome dado ao pirata americano dos mares nos séculos XVII e XVIII (do francês flibustier, derivado do inglês filibuster, palavra por sua vez derivada do neerlandês vrijbuiter). No século XIX, designava certos aventureiros americanos que chefiaram expedições às Antilhas e à América do Sul com o objetivo de saque. A palavra é uma composição de radicais conexos com os ingleses free (livre) e booty (butim), significando "o que pilhava livremente", e origionou o holandês vrijbiter no século XV, e depois os termos ingleses freebooter (em 1570) e filibuster (em 1587), apesar do uso desta segunda palavra só se intensificar entre os últimos anos do século XVIII e meados do século XIX. Paralelamente, de forma direta ou indireta, derivou do holandês o termo flibustier (francês, em 1667), que gerou o espanhol filibustero (em 1836) e o português flibusteiro (na segunda metade do século XIX). Diferentes dos corsários, os flibusteiros só pilhavam navios espanhóis em alto-mar, usando para isso uma carta de corso qualquer, apenas como precaução.

Pirata é o ladrão do mar, não se submetendo às leis do país nem às convenções internacionais, acometendo pessoas no mar ou na costa para se apoderar dos seus bens (do italiano pirata, palavra derivada do latim piratae e este do grego peirates). Termo surgido nos fins do século XV e inícios do século seguinte, junto com o holandês piraat, o sueco e dinamarquês pirat e o alemão Pirat. Antes, porém, já eram registrados o francês pirate (em 1448) e o inglês pirate em 1426; o grego peiratés, oriundo do verbo grego peirãn (significando atacar, assaltar) e o latim pirãta, com sentido semelhante (ladrão do mar).

Forbantes, vitualheiros (contrabandistas de vitualhas - víveres), vikings (reis do mar), gueux de mer, irmãos da costa (autodenominação dos piratas) são outros nomes dos piratas, segundo a História, que registra ainda uma advertência aos governantes descuidados: em 1066, o duque normando Guilherme montou uma expedição contra a Inglaterra, capturou-a e fez-se rei: foi o maior assalto de pirataria da história...

Segundo os historiadores, os principais episódios da pirataria em Santos foram:

Edward Fenton atacou em 16/12/1583
Thomas Cavendish, em 25/12/1588, 1590 ou 1591
Joris Van Spilbergen, em 1615
Francisco Duclerc, em 9/1710

Nesta gravura, denominada "Glorificação de Willem Van Schouten", são mostrados vários dos atacantes de Santos. Enquanto o circunavegador Willem Van Schouten é comparado a Fernão de Magalhães, por ter sido o primeiro a dobrar a ponta meridional da Terra do Fogo (Cabo Horn), nas imagens laterais são vistos Francis Drake, Oliver van Noord, Thomas Cavendish e Joris van Spilbergen:


Conforme publicado em Americae Praeterita Eventa - Helmut Andrä e Edgard de Cerqueira Falcão, Editora da Universidade de São Paulo, 1966. Obra trílingüe (português/inglês/alemão), reproduz parte de Historia Antipodum oder Newe Welt, originalmente publicada em 1631 pelo gravador suíço Matthäus Merian e pelo escritor e compilador Johann Ludwig Gottfried

Veja:
A passagem de Edward Fenton
Um ataque dos piratas na noite de Natal - I
Um ataque dos piratas na noite de Natal - II
Um ataque dos piratas na noite de Natal - III
Uma gruta escondida no monte - I
Spilbergen atacou Santos em 1615
O desventurado Francisco Duclerc
Piratas em Santos usam novos métodos... (1)
Piratas em Santos usam novos métodos... (2)
Piratas em Santos usam novos métodos... (3)
Piratas em Santos usam novos métodos... (4)

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