Edição 118 - MAR/2003

Pela Mesopotâmia transitaram - se não surgiram ali mesmo - os primeiros sinais da escrita e da contabilização (números). Que nos permitiram conhecer a história dos milênios seguintes, aqui resumida a poucas palavras altamente significativas para o leitor: Babilônia (e seus jardins suspensos), Fenícia (e seus navegantes), Hamurábi (e seu código)...

Criança iraqueana num protesto pela guerra, em Bagdad
Imagem: TV 5, de Paris, França, em 18/03/2003 às 19h33 (hora de Brasília)

A televisão mundial mostrou crianças de colo, em Bagdad, com revólveres nas mãos, em meio a protestos pela guerra que começaria 48 horas depois. Talvez já não tenham, ao morrer, os mesmos cuidados dedicados pelos primeiros mesopotâmios - que, por mais humildes que fossem, procuravam dar conforto na morte a seus entes queridos: uma tumba de criança perto de Mosul ostentava uma flauta de osso entre seus parcos pertences...

Quando os mortos da guerra do Iraque forem contados e enterrados, alguém se lembrará de colocar nas sepulturas uma lápide? As primeiras lápides surgiram em Eridu, cidade iraqueana que já os sumérios diziam ser a mais velha do mundo. E onde possivelmente surgiu o mesmo capitalismo responsável pela guerra atual: pequenas vasilhas ali produzidas em série poderiam ter contido gêneros alimentícios entregues como pagamento por tarefas executadas - os primeiros salários pagos no mundo.

(*) Carlos Pimentel Mendes é jornalista, editor do jornal eletrônico Novo Milênio.

Veja as partes [1], [2] e [3] desta matéria e também:
A guerra visível e a guerra secreta