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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - CUBATÃO EM... - 1839 - BIBLIOTECA NM
1839-1855 - por Kidder e Fletcher - 11

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Em meados do século XIX, os missionários metodistas estadunidenses Daniel Parrish Kidder (1815-1892) e James Cooley Fletcher (1823-1901) percorreram extensamente o território brasileiro - passando inclusive por Santos e por Cubatão em 1839 (Kidder) e 1855 (Fletcher) -, fazendo anotações de viagem para o livro O Brasil e os Brasileiros, que teve sua primeira edição em 1857, no estado de Filadélfia/EUA.

Kidder fez suas explorações em duas viagens (de 1836 a 1842), e em 1845 publicou sua obra Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil (leia), sendo seguido por Fletcher (a partir de 1851), que complementou suas anotações, resultando na obra O Brasil e os Brasileiros, com primeira edição inglesa em 1857 e sucessivamente reeditada.

Esta transcrição integral é baseada na primeira edição brasileira (1941, Coleção "Brasiliana", série 5ª, vol. 205), com tradução de Elias Dolianiti, revisão e notas de Edgard Süssekind de Mendonça, publicada pela Companhia Editora Nacional (de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre), publicada em forma digital (volume 1 e volume 2) no site Brasiliana, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ - acesso em 30/1/2013 - ortografia atualizada - páginas 210 a 242 do volume 1):

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O Brasil e os Brasileiros

Daniel Parrish Kidder/James Cooley Fletcher

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Vista de Ingá, São Domingos e baía do Rio de Janeiro

Imagem: reprodução da página 217 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional

Capítulo XI

Praia Grande e São Domingos.

O Rio de Janeiro, algumas vezes denominado a Corte pelos brasileiros, se bem que situado na província do mesmo nome, é a Capital somente do Império. Praia Grande, do lado oposto da baía, é que é a capital da província do Rio de Janeiro. A primeira está num distrito neutro, como o Distrito de Columbia nos Estados Unidos, e todas as leis dessa metrópole, como as de Washington, emanam do Governo Geral.

Barcas-férreas, semelhantes às dos Estados Unidos, atravessam de meia em meia hora a baía, entre a Corte e Praia Grande, tocando na pequena povoação de São Domingos. A travessia é feita em 30 minutos, e proporciona uma bela vista da entrada do porto, de todo o litoral do Rio e dos seus vários ancoradouros. Essas barcas americanas foram introduzidas pelo dr. Rainey
[T41].

Praia Grande e São Domingos estendem-se em volta de uma baía semicircular, contando provavelmente cerca de 16 mil habitantes. Devido ao sossego e barateza de vida que aí se desfrutam, muitos preferem esse lado da baía à urbs fluminis para residência. Tive aí, frequentemente, serviços religiosos e o sábado parece mais um dia de repouso do que no Rio, onde tantas lojas ficam abertas, e a população geralmente se entrega a diversões.

Em relação à observância do dia de repouso, os brasileiros não são mais escrupulosos do que os seus correligionários da França e da Itália. Paradas militares frequentemente se realizam nesse dia, como em qualquer outro; e as óperas, teatros e bailes são provavelmente mais frequentados, do que durante as tardes dos dias comuns. Todos os estabelecimentos estrangeiros se fecham; porém muitos dos nacionais e quase todos os pertencentes a pequenos negociantes franceses fazem tantos negócios, pelo menos de manhã como na segunda-feira ou nos sábados.

Deve-se, porém, levar em conta, em favor dos brasileiros, que se fizeram grandes progressos a esse respeito. Antigamente não se fechava nenhuma casa de negócios, ou escritório, no domingo, e esse dia, durante alguns anos, era o preferido na semana para realizar leilões públicos. Estes foram porém suprimidos pelas autoridades e, em 1852 numerosos negócios dirigidos por brasileiros foram por um convênio interrompidos no que respeita às vendas em hasta pública; mas, esses motivos não foram de modo algum tão notáveis como a supressão de leilões.

Na discussão que se levantou a respeito do descanso de sábado, o bispo do Rio de Janeiro e os principais jornais, tomaram parte ativa. Não obstante todas essas melhorias, o dia do Senhor é ainda dia de divertimentos e negócios, pelo menos no que diz respeito aos brasileiros; e sua profanação é tal que choca mesmo os que não estão acostumados com a rigorosa observância desse dia, na Inglaterra, na Escócia, ou nos Estados Unidos.

Em Praia Grande e São Domingos, veem-se belas chácaras e quietos e sombrios recantos, cuja deliciosa fragrância e frescor contrastam agradavelmente com os bancos da barca a vapor.

Vinte minutos de passeio pela praia nos levam a sítios muito pouco habitados, onde se pode ver cafeeiros, com suas frutas em forma de cereja, as mangueiras de nobre cimo abobadado, cujos frutos são tão apreciados pelos ingleses das Índias orientais, e laranjeiras cuja carga amarela e rica nunca se torna monótona para a vista, nem demais para o paladar.

A mandioca.

Aí, também, podem ver-se campos de mandioca, planta que está tão associada à alimentação do Brasil, como o trigo aos climas setentrionais. Essa planta (Jatropha manilhot L.) é a principal alimentação farinácea do Brasil, merecendo por isso uma descrição especial, sendo a sua peculiaridade a coexistência de um veneno mortal com qualidades altamente nutritivas.

É indígena no Brasil, e foi conhecida pelos índios, muito antes da descoberta do país. Southey observa: "Se Ceres merece um lugar na mitologia dos gregos, muito mais mereceria a deificação aquele índio que dizem ter ensinado aos seus contemporâneos o uso da mandioca". É difícil imaginar como os selvagens puderam descobrir que um tão salutar alimento podia ser preparado com a raiz da mandioca.

Essa preparação se faz raspando a raiz até alcançar uma fina polpa, por meio de ostras, ou com instrumento feito de pequeninas pedras agudas, colocadas em um pedaço de casca de árvore, de modo a formar uma raspadeira primitiva. A polpa é então triturada ou moída com pedra, sendo o sumo cuidadosamente espremido, evaporando-se a mistura resultante ao fogo. A operação é julgada prejudicial à saúde e os escravos que se incumbiam dela juntavam flores de Inhanbi, e raízes de Urucu, à farinha que comiam (para fortalecer o coração e o estômago).

Os portugueses desde cedo inventaram moinhos e prensas para tal fim. Costumavam espremer a mandioca em tinas, e colocavam-na onde não pudesse sofrer dano algum. Nesses lugares, segundo contam, um inseto branco se gerava do sumo mortífero, inseto este não menos mortal, com que as mulheres nativas, às vezes, envenenavam os maridos, e os escravos os seus senhores, misturando-o ao alimento.

Um emplastro de mandioca, feito com o sumo, era considerado excelente para tumores. Era ministrado para vermes e aplicado às feridas, para comer a carne estragada. Alguns venenos também, assim como a mordedura de certas cobras, tinham na mandioca um soberano antídoto. O simples sumo era usado para limpar ferro. As qualidades venenosas estão confinadas na raiz, pois as folhas da planta são comidas, e o próprio sumo pode ser inócuo, pela fervura, ou pela fermentação em vinagre, ou ficando em repouso até tornar-se doce bastante para ser tomado como mel.

A raiz crua, não se pode conservar por mais de três dias, e a mínima fermentação estraga a farinha. Piso observou grandes devastações entre as tropas de animais, que a comiam nesse estado. Há dois modos de preparação, pelos quais pode ser facilmente conservada. As raízes são partidas em baixo d'água e, depois, endurecidas ao fogo. Quando se precisa empregá-las, são moídas em pó fino que, misturadas com água, se tornam parecidas com creme de amêndoas.

O outro método era o de macerar a raiz n'água, até que apodrecesse, e então levá-la a secar ao calor da fumaça; isto produzia, quando socado em pilão, uma farinha tão alva quanto alimentícia. Dessa forma é que frequentemente a preparavam os selvagens. A preparação mais delicada, porém, é espremê-la através de uma peneira, e levar imediatamente ao fogo, numa vasilha de barro. Se, em seguida, é granulada, constitui excelente alimento, tomado frio ou quente.

O modo nativo de cultivo era rude e sumário. Os índios derrubavam as árvores da floresta, deixavam-nas ao relento, até ficarem secas bastante para poderem ser queimadas e, em seguida, plantavam a mandioca entre os tocos das antigas árvores. Comiam a farinha seca por um modo que frustraria todas as tentativas de imitação. Tomando-a entre os dedos, jogam-na dentro da boca, com habilidade tal que não perdem um grão. Nenhum europeu conseguiu ainda executar esse feito sem encher de pó o rosto ou a roupa, com grande divertimento para os selvagens.

A mandioca fornece-lhes também elementos para as bebidas de seus banquetes. Preparavam-na por um engenhoso processo, que os selvagens tiveram bastante argúcia para inventar, mas nunca pureza bastante para rejeitar. As raízes eram cortadas em fatias, fervidas até amolecer e retiradas para esfriar. As mulheres moças mastigavam-nas, depois do que voltavam a colocá-las na vasilha, que enchiam d'água e, mais uma vez fervidas, eram mexidas durante o tempo todo.

Quando este processo se tinha continuado por tempo suficientemente longo, o seu conteúdo era derramado em vasos de barro de grande tamanho, enterrados no meio do chão das casas. Os vasos eram fechados hermeticamente e, passados dois ou três dias, dava-se a fermentação. Tinham uma velha superstição, que a preparação não prestaria para nada se feita por homens.

Quando chegava o dia das bebidas, as mulheres acendiam fogueiras em volta dos vasos, e serviam a poção quente em meias-cuias, que os homens vinham dançando e cantando receber, esvaziando-as sempre de um trago. Nunca comiam nessas ocasiões, porém bebiam sem parar, até chegar a última gota da bebida e, tendo esvaziado todos os vasos de uma casa, passavam para a seguinte, até que acabassem de beber em todas as casas da aldeia.

Essas reuniões costumavam ser feitas uma vez por mês. Lery assistiu a uma que durou três dias e três noites. Assim o homem, em todas as idades e países, dá prova de sua depravação, convertendo as dádivas de uma bondosa Providência em meios de sua própria destruição.

A mandioca é difícil de cultivar — as espécies mais comuns requerem de 12 a 18 meses para amadurecer. Suas raízes têm grande tendência a se espalharem. Pedaços cortados da planta são fincados em grandes morros, que ao mesmo tempo contrariam aquela tendência e fornecem à mandioca o solo seco, que ela prefere.

As raízes, quando desenterradas, apresentam uma textura fibrosa, correspondendo no aspecto aos da nossa cenoura branca. O processo de preparação consiste primeiro em lavar as raízes, depois retirar a casca, feito o que as fatias são cortadas a mão em contato com uma serra circular, movimentada pela água. O material pulverizado é, em seguida, colocado em sacos, alguns dos quais são sujeitos a ação de uma prensa ou parafuso, para expulsão do líquido venenoso. As massas, assim solidificadas por pressão, são cortadas e trituradas, em pilões. A substância é depois levada a fornos abertos, ou prateleiras côncavas, aquecidas por baixo, onde é constante e rapidamente misturada até ficar completamente seca.

A aparência da farinha, quando bem preparada, é muito alva e bela, embora as suas partículas sejam um tanto grosseiras; encontra-se em todas as mesas brasileiras formando grande variedade de pratos saudáveis e gostosos. A fina substância depositada pelo suco de mandioca, quando conservada e deixada repousar por algum tempo, constitui a tapioca do comércio, tão bem conhecida nas cozinhas da América do Norte e da Europa, e que atualmente constitui um valioso produto de exportação do Brasil.

Outra espécie, denominada aipim (Manihot aipim), é comum no Brasil. É destituída de qualidades venenosas, e é comida cozida ou assada, sendo um pouco inferior à batata ou à grande castanha da Itália. Além disso, tem a vantagem de exigir apenas oito meses para amadurecer, embora não possa ser convertida em farinha.

Ponta da Areia — Ingá.

Não longe da Praia Grande existe a fundição e fábrica de máquinas e estaleiros de Ponta da Areia, onde 400 ou 500 mecânicos e operários, sob a direção de europeus e brasileiros, realizam trabalhos importantes de grande tamanho. No ano de 1854, além de caldeiras e alambiques, esses estabelecimentos construíram quatro vapores, com suas máquinas, e atualmente estão nos seus estaleiros mais dois vapores e uma barca.

A parte mais atrativa porém, deste lado da baía, é a pacífica e bela Rua do Ingá e também a Praia de Icaraí. Descansamos num logradouro — se assim se pode chamá-lo — encimado por graciosas árvores de sombra e, do outro lado, quase escondido por sebes de mimosas, parreiras, trepadeiras floridas, plantas altas e cactus de flores brilhantes, entre eles avistando-se os tetos vermelhos e os arabescos azuis das casas de campo brasileiras.

Em poucos minutos alcançamos a praia de Icaraí, onde a brisa do mar atira as ondas, em escuma brilhante, contra a praia coberta de conchas. O espetáculo do fundo desse panorama é de indescritível beleza e grandeza, e a vista das montanhas circundantes e do Rio de Janeiro, que se aninha ao sopé das mesmas, trouxeram-me a mente as observações do sr. Hillard, em relação à Nápoles e Edinburgo, quando diz: — "As obras das mãos humanas estão subordinadas aos grandes e dominadores aspectos da natureza que as circunda e cobre... as linhas e os contornos magníficos da paisagem sobrepujam a própria cidade".

Quando contemplava do escabroso penhasco do Ingá as ondas rolando embaixo — a graciosa baía de Jurujuba em forma de lagoa na nossa esquerda, a ilhota da Boa Viagem, na nossa frente, coroada com sua pitoresca capela, tão cara aos marinheiros e beijada pela brisa das palmeiras, eu, silenciosamente, me maravilhava contemplando, além no mar, o vulto gigantesco do Pão de Açúcar, dos Três Irmãos, da Gávea com o seu cimo largo, o colunar Corcovado, e a distante Tijuca — e pude avaliar as emoções daquele dedicado escritor quando reconheceu a impossibilidade de descrever o panorama italiano, de que o brasileiro é igual em beleza, e superior em sublimidade.

O que o dr. Hillard disse dos majestosos arredores de Nápoles é duplamente verdadeiro, aplicando-se à vista que se tem do Ingá: "Que palavras poderiam analisar e descrever as partes e as minúcias desse panorama sem rival! ou, traçar a mágica teia de beleza em que se tecem os palácios, as vilas, florestas, jardins, montanhas e o mar! Que pena seria capaz de descrever as curvas suaves, as delicadas ondulações, os contornos ondeantes, as escarpas escabrosas e as alturas distantes que, pela sua combinação, são tão cheias de graça e de expressão ao mesmo tempo! As palavras aqui são instrumentos imperfeitos, que devem ceder seu lugar ao lápis e ao buril. Mas nenhuma tela poderá reproduzir o brilho e a cor, que pairam em torno desta região encantadora. Nenhuma habilidade poderia exprimir os tons mutáveis das montanhas distantes, o constante agitar-se das ondas em movimento, as faixas de púrpura e verde, que se espalham na superfície das águas calmas, os poentes de ouro e alaranjado e os véus aéreos de rosa e ametista que, se estendem sobre os morros, nos céus matutinos e vespertinos".

Semelhante espetáculo, pode ser sentido, porém não descrito.

Damos, agora, a volta da praia e deixamos a magnífica Vista do Ingá procurando os morros coloridos de tons avermelhados que ficam no fundo da baía de Jurujuba; veremos com frequência nessas excursões trechos do solo recentemente revolvidos.

Os tatus.

Quem os revolveu foram os tatus (armadillos); com o seu focinho pontudo, suas fortes garras, esse pequeno animal, armado de um escudo, admiravelmente se adapta à operação de cavar buracos, o que faz com tão maravilhosa rapidez, que é quase impossível apanhá-lo cavando a terra em que se esconde.

Os caçadores, em tais circunstâncias, recorrem ao fogo, e obrigam pela fumaça o tatu a sair do seu esconderijo. Não conseguindo suportar a fumaça da madeira queimando, o pobre animal foge pela abertura recentemente feita, enrola-se em si mesmo, e é facilmente capturado, sendo a sua delicada carne enviada logo para a cozinha.

Esse poder de enrolar-se em si próprio tão completamente, dentro de sua carapaça, dá-lhe um aspecto semelhante ao da pedra redonda ou do coco, o que constituiu um cuidado da bondosa Providência. O tatu não pode correr com rapidez e, quando atacado por aves de rapina, ele se enrola como uma bola de neve, e oferece apenas uma superfície uniforme imprópria aos bicos, e às garras, ou então, perseguido pelos cachorros ou algum pequeno quadrúpede, "engole-se a si mesmo" e rola pelo morro abaixo.

Tenho, diante de mim, um exemplar de tatu que foi pego nessa posição enrolada, e posto imediatamente em água fervendo, o que o conservou na interessante posição. Tão pouco parece-se então com o animal vivo, cujo aspecto natural é alongado, que nenhum amigo, a quem o mostrei, pôde adivinhar o que era, quase todos tomando-o por uma estranha noz brasileira.

As faluas.

Regressando ao Rio de Janeiro, pode-se variar o modo de condução tomando passagem numa falua. É uma espécie de bote, com velas latinas, pesando vinte ou quarenta toneladas. É manejada por um patrão, que cansa e torna exaustos os pobres pretos remadores.

Quando faz calmaria, os negros, mais que seminus, lentamente movimentam seus longos remos, e esses são tão pesados que, para obter um impulso, são obrigados a trepar numa espécie de banco diante deles, e assim levantando e deixando cair os remos ao som de uma monótona cantiga africana, formam um dos aspectos mais peculiares do Rio.

Muitos passageiros das classes mais pobres viajam nessas faluas, porém elas são principalmente usadas no transporte de carga leve, entre as várias povoações da margem da baía. Se tomarmos a falua na Saúde, atravessaremos grande quantidade de navios, ancorados no porto.

O comércio brasileiro.

O grande interesse do comércio brasileiro atrai um imenso número de navios, de todas as partes do mundo.

O próprio Brasil possui a segunda frota do mundo ocidental, e suas fragatas a vapor e transportes de guerra prestaram capital serviço na vitória sobre o tirano Rosas de Buenos Aires.

Desde 1839 que o Brasil conta com linhas de vapor, que percorrem todas as quatro mil milhas do seu litoral, mas foi somente em 1850 que se estabeleceu a comunicação por meio de vapores com a Europa. Foi então que a Royal British Mail Steamship Company, cujos navios partiam de Southampton, iniciou as suas viagens mensais.

Em 1857, o Brasil teve por algum tempo seis diferentes linhas de navegação a vapor ligando a Inglaterra França, Hamburgo, Portugal, Bélgica e Sardenha.

Linhas de navegação para os Estados Unidos.

Os Estados Unidos, que até aqui foram o grande rival comercial da Inglaterra no Brasil, não possuem uma só linha de vapores para qualquer país da América do Sul; e, ao passo que a Inglaterra está colhendo grandes rendas em ouro, a balança do comércio cada ano pesa contra nós. Apesar disso ser tão evidente, parece estranho que o governo da União, que tem auxiliado a desenvolver os nossos interesses mercantis, subsidiando as linhas de vapores que se dirigem a outras terras, se haja mostrado muito tardo em relação à América do Sul, e principalmente esquecido do Brasil.

O comércio inglês com o Brasil, desde a fundação de sua primeira linha de vapores em 1850, aumentou as suas exportações de mais de 100%, ao passo que os Estados Unidos exigiram treze anos para fazer o mesmo progresso.

O seu comércio total com o Brasil aumenta de 225%, desde a inauguração da primeira linha de vapores. Cada ano, a balança do comércio vem aumentando rapidamente contra nós. Em 1860-61, os Estados Unidos exportavam para o Brasil, 6.018 contos, ao passo que os Estados Unidos importaram do Brasil 22.547 contos; ou, em outras palavras, um só ano de comércio com o Brasil produz, contra nós, o saldo de 16.528 contos, que temos que pagar a uma pesada taxa de câmbio. A Inglaterra, em 1864, vendeu ao Brasil 40.612 contos e, comprou-lhe apenas 33.079 contos tornando assim o Brasil seu devedor. Porque esse desastre financeiro contra nós? Os vapores ingleses, a energia e o capital desse país, e a nossa negligência fizeram desse modo progredir o comércio da nossa rival.

O nosso governo, e os nossos comerciantes, apesar de seus orgulhosos empreendimentos, nada fizeram para animar o comércio com o Brasil. Comprando, como nós o fazemos, metade da sua safra de café, e a maior parte da sua borracha, devia haver um esforço de nossa parte para introduzir efetivamente muitos produtos de nosso país, que podemos fornecer tão bem como a Inglaterra.

O nosso algodão comum é melhor do que as imitações manufaturadas em Manchester, que ainda são rotuladas "Lowell, Drillings" e "York Mills, Saco, Me." Podemos fornecer muitas espécies de ferramentas e outros artigos mais baratos e de melhor qualidade do que os ingleses. Os poucos esforços feitos individualmente (como é o caso de vários comerciantes americanos) para introduzir máquinas economizadoras de trabalho, fabricadas nos Estados Unidos, já deram como resultado o estabelecimento de numerosas casas brasileiras no Rio de Janeiro, onde se podem adquirir vários artigos com o expressivo nome de "artigos norte-americanos".

Em 1856, os Estados Unidos adquiriram um terço da exportação total do Brasil, mas as importações dos Estados Unidos para o Império foram apenas um décimo da importação brasileira. Esse assunto exige estudos individuais e oficiais do governo dos Estados Unidos. Não entra nos meus propósitos estender-me mais longamente sobre ele, porém os estatísticos e os economistas, bem como aqueles que estão empenhados no comércio, encontrarão nas publicações estatísticas muitas informações a respeito das nossas relações comerciais com o Brasil; ainda neste assunto, mencionarei os esforços empregados por várias pessoas, que figuram entre os primeiros que previram os benefícios resultantes da comunicação a vapor entre o Brasil e os Estados Unidos.

Ao sr. William Wheelwright, Esq. (enérgico fundador e empreendedor da Pacific Mail, na costa ocidental da América do Sul, comprador da Copiapo Railway, e atualmente principal contratante da construção da grande Argentine Central Railway) cabe a honra de ter sido quem primeiro sugeriu uma linha de vapores entre Nova York e o Rio de Janeiro. John Gardiner, Esq. por muitos anos comerciante no Rio de Janeiro, fez ultimamente proposta ao Congresso dos Estados Unidos, 1851-52, para efetivar esse desejado objetivo.

Em 1854, o dr. Thomas Rainey, atual diretor-geral da Ferry Company do Rio, devotou particular atenção a esse assunto. À sua própria custa viajou duas vezes de Washington ao Rio de Janeiro, visitando o Amazonas e as Índias Ocidentais, apelando para o executivo e os estadistas de cada governo e chamando atenção para o importante fato que havia esclarecido após pacientes investigações.

Esses fatos foram publicados nas primeiras edições desta obra, e são muitos persuasivos e convincentes, tendo fornecido aos amigos dos dois países os mais fortes argumentos para ligar por meio do vapor os dois maiores países da América, O dr. Rainey, associado aos srs. R. N. Stratton, S. L. Mitchell, e outros, propuseram ao Congresso dos Estados Unidos (1857-58), estabelecer uma linha de Nova York e Savannah até Pará ou Maranhão, unindo assim a qualquer desses portos a linha de vapores da Brasil Pocket Company. Essa medida foi rejeitada apenas por oito votos.

Em 1852, o segundo autor da presente obra ficou tão impressionado com a evidência que testemunhou no Rio de que o comércio do Brasil estava fugindo das mãos dos Estados Unidos, que escreveu uma carta sobre o assunto ao Jornal do Comércio de Nova York e, desde então, continuou a agitar na Imprensa a questão das comunicações a vapor entre os dois países, tratando-a também nas Câmaras de Comércio, em audiências públicas nos Estados Unidos, e em visitas ao Brasil, mantendo também correspondência com estadistas brasileiros, até que não se tornou mais necessário agitar o assunto.

A. C. Tavares Bastos, (o jovem estadista brasileiro a que já nos referimos) em seu ensaio intitulado Cartas do Solitário, e em suas comunicações à imprensa diária do Rio e sua persistente advocacia no Parlamento, muito fez entre os seus concidadãos para esclarecer a opinião pública a respeito do mesmo assunto.

Entre os amigos da medida dominava a ideia de que os interesses do continente ocidental deviam ser os mesmos; que a política dos países da América do Norte e do Sul devia ser, tanto quanto possível, americana e não europeia e que, para isso, se devia dar toda atenção aos laços de união mantidos pelo vapor; só assim se poderia cultivar as íntimas relações de amizade e mútua confiança que resultariam no progresso material do Novo Mundo. As comunicações com o Brasil e, consequentemente, com toda a América do Sul, são excessivamente difíceis. Não temos outro meio de enviar cartas e transportar passageiros a não ser por embarcações a vela, que são demoradas, incertas e muito pouco dispostas a se adaptarem aos interesses de um rival.

Quase todos os passageiros e cartas vão a Liverpool, daí a Southampton, ou ao Continente, e só depois são enviadas ao Brasil ou Rio da Prata, e Ilhas Barlavento, a uma distância de cerca de nove mil milhas. Os nossos comerciantes não só tinham que enviar suas encomendas por esse percurso, que é o menos natural possível, mas eram também compelidos a se submeterem às mais hostis desvantagens, ficando quase a mercê de seus rivais da Europa.

É pois para lamentar que o Congresso de 1857-58 não tivesse tido tempo para resolver a respeito da proposta que lhe foi feita. Mas foi apenas uma questão de tempo. Em junho de 1865, o Senado do Brasil aprovou o projeto (apresentado à Câmara dos Deputados em 1864), baseado numa lei do Congresso Norte-Americano, assinada pelo presidente Lincoln, a 28 de maio de 1864, com as seguintes resoluções: que o Brasil se una ao Governo dos Estados Unidos para garantia de um subsídio comum a uma linha de vapores, que faça doze viagens de ida e volta por ano, de Nova York ao Rio de Janeiro, tocando em S. Tomaz, Pará, Pernambuco e Bahia. Obteve esse contrato a United State and Brasil Mail Steamship Company.

Atrás da Ilha das Enxadas ancoram os vapores da Royal Mail, os da França e os de Liverpool, depois de fazerem a mais agradável das viagens (se excetuarmos uma apenas) que conhecemos na navegação oceânica. Tenho viajado por muitos mares mas somente uma outra viagem conheci que, igualadas as circunstâncias, se compara a essa viagem do Rio de Janeiro à Inglaterra.

Fica-se fora de vista da terra apenas seis dias, no maior trecho (de Pernambuco às Ilhas de Cabo Verde), enquanto o número médio de dias no mar, sem parar, é de dois e meio. Do Rio à Bahia, são apenas três dias de navegação a vapor sobre as águas equatoriais; e as dez ou doze horas na segunda cidade do Império dão muito tempo para passeios restauradores ou cavalgadas pelos seus arredores.

Em menos de dois dias, desembarca-se em Pernambuco, onde se passa de doze a vinte horas fazendo uma provisão de belas laranjas e abacaxis (ótimos contra o enjoo) e adquirindo alguns papagaios gritadores ou micos tagarelas, para presentear os amigos europeus. Em seguida, partimos para São Vicente, Cabo Verde, onde ficamos duas horas e, rumando em seguida para o Norte, em 48 horas, contemplamos, depois de cento e cinquenta milhas de percurso, o alto pico do Tenerife, erguendo-se a mais de 1.300 pés do nível do oceano. Aí nos regalamos com pêssegos, peras, figos, deliciosos cachos de uvas, em suma todos os frutos da zona temperada.

Atravessamos as Canárias, trinta horas depois estamos em Funchal, onde se repete a dose de frutas; dá-se um passeio pela praia (se o boletim de saúde foi julgado bom) e, depois de ser importunado algumas horas pelos vendedores ambulantes e fruteiros, dizemos adeus à pitoresca Madeira; ao cabo de três dias, navegamos na embocadura do Tejo e ancoramos em frente de Lisboa.

Deixando Portugal, navegamos ao longo de sua costa e da Espanha, e em três dias desembarcamos em Southampton. Somente outra viagem iguala a essa, e aqueles que andam em busca do novo, do estranho e do belo, podem com facilidade e barateza satisfazer seus desejos, realizando uma excursão de Southampton ao Rio, ou vice-versa. (1866: Tenerife e Madeira não são mais portos de escala).

A viagem a vapor de Nova York ao Rio, (via Ilhas de S. Thomaz, Pará e as belas cidades de Pernambuco e Bahia) iguala em prazer o percurso da Europa ao Brasil. Os vapores dos Estados Unidos ancoram junto à Ilha das Enxadas.

Nesse ancoradouro, de ambos os lados da Ilha, nos navios costeiros e nos maiores navios mercantes, podem-se ver os pavilhões de Espanha, Portugal, Itália, Rússia, Hamburgo, França, Bélgica, Bremem, Áustria, Dinamarca, Suécia, Inglaterra, Estados Unidos, Repúblicas Sul-Americanas e Brasil. Esses navios são obrigados a ancorar a distância suficiente um do outro, para poderem movimentar-se livremente ao sabor das marés de modo que as embarcações possam passar, à vontade, entre eles.

Situado acessivelmente, como é, o porto do Rio de Janeiro, na mais importante rota das nações, com a sua baía sem rival, não somente quanto à beleza, mas também quanto à segurança que oferece aos navegantes, essa cidade tornou-se um ponto de escala para muitos navios que não fazem comércio com o Brasil. Aqueles que sofrem avarias, nos perigos que o mar apresenta entre o Equador e o Cabo da Boa Esperança, geralmente aportam ao Rio, para reparos. Muitos filhos do oceano, em seus navios desmastrados ou fazendo água, rumam para esse porto como uma última esperança. Ao mesmo tempo, quase todos os navios de guerra e muitos mercantes, que navegam em torno do Cabo Horn ou do Cabo da Boa Esperança, vêm ao Rio para tomar água e provisões.

Assim, no curso de seus negócios e, na sua missão de providência incessante, os missionários, quer vindo ou voltando de sua pátria, passam frequentemente no Brasil um pequeno espaço de tempo e, dificilmente podemos saber o que vale mais: — se o privilégio de gozar de sua companhia e conselho, se o de estender até ele a hospitalidade cristã, que nem sempre se espera receber num país estrangeiro. Apreciamos muito essas visitas, de que por muito nos haveremos de lembrar, pela qual parece termos entrado diretamente em contato com a Rússia, a Índia, as Ilhas de Sandwich, e a África do Sul e Central, países onde por muito tempo trabalharam as pessoas com que estivemos.

Tais circunstâncias ilustram muito bem a posição central e a importância do porto do Rio de Janeiro, que forma um ponto de convergência para os navios que vêm de todos os portos dos Estados Unidos e da Europa, e vão nas suas viagens de regresso, para a Austrália, a Califórnia e as ilhas do Pacífico.

Assistência religiosa aos marinheiros.

Anualmente, mais de doze mil marinheiros, viajando sob os pavilhões da Inglaterra, e dos Estados Unidos, se encontram no Rio de Janeiro. Essa classe de homens exige a melhor atenção dos cristãos filantrópicos. Quando a peste visita o Rio de Janeiro, estão certos de ser atacados, antes de quaisquer outros. A imprevidência dos marinheiros é proverbial, e a sua dissipação e negligência são bem conhecidas. Uma maior proporção de marinheiros morre anualmente em comparação com qualquer outra classe, e por isso realmente requerem os mais vivos esforços em seu benefício, quer moral quer fisicamente falando.

Os esforços que tenho feito em relação aos marinheiros do Rio, de quando em vez, não foram inteiramente perdidos. A American Seamen's Friend Society, nobre instituição que levou a Igreja a todos os pontos do mundo para os norte-americanos e ingleses, estabeleceu uma capelania nesse porto.

Há mais de vinte anos, nenhuma igreja foi construída, pois os regulamentos particulares do porto são tais que os navios têm que ancorar a certa distância da praia; daí ser usual realizar os serviços religiosos a bordo de vários navios surtos no porto. A flâmula de Belém, com o seu pombo branco, é hasteada no mastro principal e, quando desfraldada pelo vento, como o sino de uma igreja, embora mudo, pode chamar os duros marinheiros dos vários ancoradouros a comparecer ao tabernáculo flutuante, para aí juntarem seus hinos de louvor, ou ouvirem, em distantes climas, as lições da verdade sagrada.

Durante numerosos anos foi minha missão, juntamente com outros deveres no litoral, exercer o posto de capelão americano. Era meu costume, quando o porto se achava em boas condições sanitárias, visitar os navios ingleses e norte-americanos todas as sextas-feiras, conversando com os oficiais, dando uma palavra de conselho aos marinheiros, e deixando em cada mão um aviso com o nome do navio em que a flâmula de Belém tremularia no domingo seguinte. Quando a febre amarela dominou, diariamente eu assistia aos doentes no hospital, e ia aos navios administrar o conforto do Evangelho aos marinheiros doentes e moribundos.

Pobres companheiros! Muitos passaram desta vida para a Eternidade, sem conseguirem mandar uma mensagem de despedida aos seus amigos distantes; mas, sempre pude saber o endereço de seus parentes, enviar-lhes as palavras do moribundo, que muitas vezes eram repletas de fé e esperança em Cristo.

Nesse círculo de deveres, fui materialmente auxiliado pelo sr. Leopoldo, guarda-mor da Alfândega que, com grande bondade, abriu uma exceção em favor do capelão, permitindo-me visitar todos os navios do porto sem uma licença especial diária
[A36].


Cemitério Inglês da Gamboa

Imagem: reprodução da página 229 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional

O cemitério inglês.

Do ancoradouro até o Cemitério Inglês da Gamboa, a distância por água é de pouco mais de uma milha; e, muitas vezes, tive que exercer a melancólica profissão desde o ancoradouro até às verdes muralhas daquele quieto e retirado repouso para os mortos. Nesse belo e segregado recanto, dorme mais de um ministro plenipotenciário ou almirante. Homens de posição eminente, juntamente com cidadãos ingleses e norte-americanos desconhecidos, alemães, franceses, suecos, e representantes da marinha mercante de quase todas as nações, dormem aí o seu último sono.

Nenhuma outra parte do Rio de Janeiro exerce sobre mim maior impressão. Quer quando aí lia o solene serviço fúnebre, para muitos ouvirem, ou quando, acompanhado apenas do sacristão, ficava de pé diante dos túmulos recém-abertos, ou, sozinho, percorria as suas alamedas sombrias. Esse cemitério pertence aos ingleses; mas nenhum pedido de cônsul de qualquer outro país, para um defunto ser enterrado, é rejeitado.

Embora os ingleses, quer no seu país, quer no Rio, tenham feito muito para preparar e embelezar um local conveniente para os seus mortos, tristemente esquecem os vivos que chegam ao Rio de Janeiro. Há um serviço regular para os que residem na cidade, mas para os seis mil marinheiros que viajam até este porto, debaixo do pavilhão inglês, nenhuma providência foi tomada.

Os deveres do capelão inglês limitam-se às praias; embora, às vezes oficiais da marinha inglesa e capitães de seus navios mercantes vão até a igreja, o marinheiro é esquecido. Deve-se dizer: ali está a capela, deixem visitá-la os homens que não estão acostumados ao som dos sinos da igreja e cujas propensões não se voltam especialmente para Deus. Não se abalam em navegar uma milha nas águas da baía e, em seguida, percorrer uma outra sob o clima tropical de uma cidade estranha, para chegar à Casa do Culto, que eles não sentem estreitamente ligada pelos laços comuns da sua terra. Para tais homens, não só a Bethel Union inglesa, como também outras beneméritas associações ligadas à Igreja estabelecida ou dissidente, fornecem possibilidades de um culto regular.

Se os homens não procuram o Evangelho, devemos encaminhá-los para ele, e a maior parte dos obreiros das vinhas do Senhor encontrarão muito que fazer entre os marinheiros ingleses no porto do Rio de Janeiro. As classes mais baixas dos operários ingleses, os mineiros ou os empregados na construção de estradas de ferro, aumentam anualmente; é de se esperar que os esforços para melhorar a condição moral dos operários residentes, tão auspiciosamente iniciada na Saúde, possam ter sua continuação na ampla paróquia aquática, que sempre se encontra flutuando na encantadora baía.

Estou certo de que aqueles que tratam disso terão uma tarefa mais esperançosa em trabalhar para o bem das almas dos marinheiros do que para as almas dos pagãos. Enquanto eu não tive um só soldado recolhido, desses distantes postos, acredito que nenhum terreno é mais animador do que cuidar do bem-estar material daqueles que navegam nos mares. Os marinheiros devem ser considerados um "serviço pesado", mas têm nobres e generosas qualidades, e grandes possibilidades. Isso faz com que a Igreja cristã não descanse até que todos os portos importantes do estrangeiro possam instituir o culto para os marinheiros. (1866: o Cemitério da Gamboa é de exclusividade dos ingleses).


Capela inglesa

Imagem: reprodução da página 231 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional

A Igreja inglesa.

A Igreja Inglesa está situada na rua dos Barbonos
[T42] próximo ao Largo da Mãe do Bispo. Esse pequenino edifício foi erigido em 1823, quase imediatamente depois da independência do Brasil. Os serviços aí são feitos todas as manhãs de domingo, às 11 horas, e os residentes ingleses experimentam um sentimento doméstico quando se encontram reunidos com os seus concidadãos para ouvirem o belo e sagrado serviço, a que estão acostumados na terra de seu nascimento.

É contudo penoso pensar que tão poucos desfrutam a oportunidade que essa capela proporciona para se ouvir a verdade. A frequência porém aumentou depois da chegada do rev. sr. Preston. Comparada com todas as outras igrejas inglesas, que visitei em muitas terras estrangeiras, a do Rio de Janeiro é a menos frequentada.

Há numerosos cemitérios católicos, nas vizinhanças da cidade, pertencentes a várias irmandades. Os enterros no Brasil são feitos com grande pompa. Antigamente os enterramentos eram feitos nas próprias igrejas, mas desde 1850 não há mais túmulos intramuros.

As carruagens e os batedores, seguidos de uma longa série de carros conduzindo amigos, constituem o cortejo; não se vê mais o cerimonial que antigamente se seguia a uma morte na família brasileira. Há mais exibição do que na Europa, e provavelmente muito mais do que na Inglaterra, após a reforma dos enterros. A criança morta, muitas vezes ornada com flores, é levada ao túmulo num coche aberto, com colunas douradas. Os condutores do coche, os homens que vão a pé, bem como os quatro palafreneiros, montados nos cavalos brancos, vestem libré vermelha.

Os costumes proíbem a presença de mulheres num enterro, assim como o comparecimento dos parentes mais próximos. Se morto tem mais de dez anos de idade, os parentes próximos conservam-se em casa, durante oito dias, sendo que no primeiro se mantém um profundo silêncio. Quando os amigos vão apresentar suas condolências, a saudação habitual dos que entram é: "Permite-me apresentar meus pêsames pela perda que acaba de sofrer?" O silêncio é então conservado por ambas as partes e, passados alguns minutos, o visitante se retira.

A Tijuca.

Do cemitério da Gamboa, avista-se a serra da Tijuca e, entre os muitos passeios perto da cidade, nenhum ultrapassa em interesse uma excursão a cavalo nessas montanhas. Passa-se pela longa Rua do Engenho Velho
[T43], alinhada de residências das famílias mais ricas, cada qual cercada de sua chácara com a sua vegetação constante de mangueiras, laranjeiras e palmeiras, misturadas a flores dos mais brilhantes coloridos no fim da qual alcança-se a base da montanha.

Aí se veem muitas vilas pitorescas, com varandas na frente, tendo muitas vezes na entrada um grande portão de ferro, onde, às tardes, a família se senta, e distrai as suas horas de lazer vendo passar os transeuntes.

Essas residências de campo são construídas em estilo que condiz com o clima quente. O frontão e as cornijas das casas são ornamentadas de arabescos, num fundo azul vivo. Nenhuma chaminé fumegante deforma os telhados; as paredes brancas reluzem entre a folhagem escura, ou formam forte relevo contra os flancos abruptos da montanha.

As famílias do lugar moram geralmente na planície ou próximo da estrada, sempre cheia de atrativos; porém os ingleses, fiéis ao seu caráter nacional, galgam a montanha, e constroem o seu ninho entre as nuvens.

Chegando-se a uma fonte mineral, chamada Água Férrea, deixam-se os trilhos por uma forma mais agradável de viajar fornecida pelo cavalo ou pelas mulas. É verdade que os inválidos, e em especial as pessoas que sofrem do coração, podem pedir quatro mulas para conduzi-las na ascensão mais íngreme da montanha, mas todos os que possuem olhos, gosto e saúde devem aproveitar a oportunidade para o seu passeio a cavalo.

É difícil falar serenamente dos panoramas dos arredores do Rio. Nenhuma pena pode exatamente descrever as vistas que os olhos encontram a meio caminho das montanhas; um bom cicerone que mantém a nossa atenção fixada nas flores que adornam o barranco do lado esquerdo da estrada, até atingir uma parte mais baixa do matagal, de repente, puxa o nosso cavalo, exclamando: — "Olhe!" uma maravilhosa vista desvenda-se aos nossos olhos. Ali estão desdobradas, diante de nós, como um panorama fantástico, a baía com as suas ilhas, as montanhas distantes no fundo do claro céu azul — um despenhadeiro escuro pela direita, rolando as suas águas em linhas de prata, que sobressaem nas suas encostas lisas, e à esquerda uma alta montanha, coberta de cafezais, com suas folhas reluzentes; na planície embaixo, ergue-se uma montanha isolada e, mais além, está a formosa cidade, com os seus edifícios brancos, tranquilamente circundando os morros verdes da Conceição, São Bento e Santo Antonio.

Somente um grande painel a óleo poderia dar uma justa ideia desse panorama; e foi aqui que um pintor inglês escolheu seu posto de observação para as suas paisagens tropicais. Leutsinger possui as melhores fotografias do Rio de Janeiro.


Vista do Rio de Janeiro, tirada da Tijuca

Imagem: reprodução da página 234 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional

O Hotel Bennett.

Depois de uma longa contemplação, retiramo-nos apenas satisfeitos pela metade e o panorama desapareceu de nossas vistas na outra vertente da montanha mas logo em seguida descobrimos o mar, patenteando-se ao longe, diante de nossos olhos no declive oposto.

Poucos minutos mais e alcançamos a residência do sr. Bennett [T44-bis], um inteligente inglês que construiu nesses belos sítios um hotel, onde muitos estrangeiros residentes no Rio passam os meses quentes do verão. Aí, embora apenas a oito milhas da Praça do Comércio, longe do calor e do barulho da cidade, pudemos passar nossos dias e nossas noites confortável e tranquilamente. Nenhum mosquito vem interromper o sono, com seus zumbidos; nenhum inseto, dos chamados, aqui, baratas, corre pelos nossos pés quando nos achamos nas varandas, mas não se imagine que exista aí um silêncio absoluto. Pelo contrário, o ar ressoa com os ruídos dessa parte da natureza animada, que gosta de perturbar as horas noturnas.

Dominando todos os ruídos, ouve-se a música stacatto do sapo ferreiro, cujo corpo volumoso a mão de um homem não pode abranger, e cada som que ele produz soa aos nossos ouvidos como o bater do martelo na bigorna, ao passo que os sons produzidos pelos outros grupos notavelmente se assemelham ao mugido de bois distantes.

Não muito longe da casa do sr. Bennett, estão as plantações de café do sr. Lescene, e do sr. Moke, que figuram entre as primeiras do gênero cultivadas no Brasil; e, como são as únicas fazendas próximas da cidade, nenhum estrangeiro deve deixar de fazer o seu passeio, logo que chega, aos encantadores vales em que elas se encontram.

Cascatas.

As excursões partindo do hotel do sr. Bennett são as mais variadas e interessantes. Para subir a Pedra Bonita, e contemplar o panorama montanhoso e o longínquo encontro do céu com o oceano, basta o delicioso trabalho de poucas horas. O encanto da Tijuca é que, ao passo que o seu clima é invariavelmente um clima de junho e a sua vegetação é tropical, ela possui as borbulhantes cascatas e barulhentas quedas d'água da Suíça. Passeando daí em direção ao Rio, voltando para a esquerda, poucos minutos nos levarão a um límpido regato, que corre como uma faixa, descendo os flancos da montanha e, enviam

"Altas notas, para todas as matas em redor,
Quando os raios da manhã se afastam,
E caladas estão todas as vozes humanas.
"

Essa bela cascata, segundo dizem, cai de uma altura de 300 pés, lembrando os cursos d'água entremeados de saltos do vale do Ródano, ou as graciosas cascatas de Atenais, que descem dos cumes alpinos para o doce vale de Maglan. Ou, então, caminhando a cavalo meia hora em sentido oposto ao da pensão montanhesa, alcançamos um trecho de mata virgem, onde, saltando dos cavalos, subimos a montanha, passando por bananais e florestas, até alcançarmos as águas espumosas da cascata grande.

Nesse lugar, o rio da Tijuca dá um salto de 60 pés sobre um plano inclinado de pedra, apresentando, quando o volume de águas aumenta, um aspecto imponente; mas quando o curso d'água é somente alimentado pelas límpidas fontes da serra, a cascata escorre num lençol transparente, deixando ver as rochas embaixo. O rio prossegue seu caminho num leito de pedra, abaixo da montanha, e perde-se no lago em que se espelha a gigantesca pedra da Gávea.

O sr. Ewbanck, que costuma ser muito correto nos fatos que menciona, desviou-se curiosamente de sua costumada precisão ao afirmar que foi "
nesse segregado refúgio que o bispo do Rio esteve durante as perturbações que se deram com os franceses protestantes, ao tempo de Colligny". Nenhum bispo do Rio existia ao tempo dessas perturbações. O único bispado do Brasil foi durante muitos anos o da Bahia. Os franceses foram finalmente expulsos da baía do Rio de Janeiro em 1567, e só depois disso é que foi fundada a cidade de São Sebastião ou Rio de Janeiro.

O sr. Ewbanck foi sem dúvida mal informado por alguém de que os recantos próximos da Cascata Grande mostram ainda muralhas erigidas para o bispo quando os franceses tomaram posse do Rio. Isso sim, é perfeitamente verdadeiro: em 1711, depois da desastrosa derrota do comandante francês Du Clerc (1710), Du Guay Trouin chegou com a sua esquadra vingadora ao Rio de Janeiro, e em tais proporções foram feitos os seus preparativos que os habitantes fugiram para as montanhas da Tijuca, e aí permaneceram até que a cidade foi tomada e saqueada, só voltando depois que Trouin partiu levando o seu pesado tributo.

Mas, se o sr. Ewbank foi levado a erro quanto à data do acontecimento, em compensação deu-nos uma bela e expressiva descrição dos deslumbrantes saltos da Tijuca, descrevendo-os como os viu num piquenique que realizou nas suas pedras escorregadias: "
A nossa mesa se estendia nas margens do regato; e aí nós nos banqueteamos e repousamos, num cenário que excedia o salão de refeições de Plinio Laurentino, abrigado do sol por para-sóis naturais, afastados das cenas barulhentas da vida artificial, sem nenhuma preocupação que nos perturbasse; com o espírito tão leve como as nossas vestimentas, ríamos, conversávamos e mergulhávamos os nossos corpos no regato cristalino, como faziam aqueles que viveram na idade de ouro. Flora adornava os arbustos pendentes; Pomona, à distância, nos olhava; Zephiros brincavam em volta de nós e as Naiades — se é que existem Naiades — saltavam na cachoeira jogando espuma em cima de nós".


Hotel Bennett, Tijuca

Imagem: reprodução da página 235 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional

A Gávea.

Da Tijuca pode-se fazer uma belíssima excursão em volta da Gávea, montanha cujos flancos possuem curiosos hieróglifos que, por muito tempo, ocuparam a atenção dos sábios. Esses caracteres se assemelham aos dos romanos; porém a melhor explicação de sua existência nessa muralha íngreme é que a natureza os tenha esculpido, com as chuvas e o sol, e talvez em tempos remotos, com pequenos arbustos, cujas sementes, depositadas pelas aves de alto voo, cresceram nas frestas até que as suas raízes mergulhadas permitiram a chuva penetrar nas partes friáveis da rocha.

Essa excursão pode-se prolongar até uma praia, banhada pelas ondas que circundam o Jardim Botânico, acima do qual, de um dos morros mais baixos, descortina-se um panorama não ultrapassado pelo dos lagos Como e Maggiore.

O abruto Corcovado apresenta-nos um novo aspecto quando visto dessa serena Lagoa Rodrigo de Freitas [A*]. As altivas palmeiras do Jardim Botânico, vistas dessa altura, parecem árvores de um jardim de brinquedo de criança. A serra, que atravessa a baía do Rio, torna todos os tons que vão do púrpura até o azul, durante o dia e, quando o sol ao entardecer dardeja seus raios através do Pão de Açúcar e dos Irmãos, a distante fortaleza de Santa Cruz ergue-se rubra das águas e das montanhas.

Uma senhora minha amiga, que desenhou para mim a figura representada junto, acompanhou a dádiva com essa observação relativa às tintas exóticas dessa região tropical: "
Anos de familiaridade nunca destruíram em mim o encanto e o maravilhoso desses tons, que um pintor hesitaria em colocar sobre a sua tela para mostrá-la aos habitantes de uma região menos exuberante".

Menor, porém, é a dificuldade, de transferir para o desenho a preto, os contornos desnudados dessas montanhas de formas tão peculiares, que tão abundantemente se apresentam nas cercanias da Província da capital do Império; e as muitas cenas, que representamos neste capítulo de O Brasil e os Brasileiros e que servem para documentar as minhas afirmações, mostrarão o absurdo e também o descuido das descrições dadas, mesmo nas últimas edições americanas por Mc. Culloch das vizinhanças do Rio de Janeiro, as quais segundo ele, "
são constituídas por grande número de planícies"!


Cascata Grande - Tijuca

Imagem: reprodução da página 238 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional

Jardim Botânico.

O Jardim Botânico, para onde pudemos agora facilmente descer, está situado num local romântico, que se alcança da cidade por uma bela garganta, que nos leva, através de Botafogo, passando sob as sombras do Corcovado. Não é um jardim de flores, porém antes um Jardin des Plantes, onde um raro exoticismo, que vai das mais delicadas parasitas até às mais altivas palmeiras, se patenteia à nossa observação. Aí, pudemos contemplar tufos de cinamon, a árvore do cravo, acres de chá da China, Nogaras da Índia, fruta-pão, cacau e árvores de cânfora, além de muitas outras que são objeto de grande curiosidade.

Havia aí uma árvore, meio escondida pelas copas das mangueiras, que visitei muitas vezes, com especial emoção. Era uma pequenina maple, norte-americana. Quando olhava para essa pequena árvore exótica nas terras distantes, onde as rajadas do inverno não batem contra as suas folhagens, onde nem mesmo o frio do outono pode revesti-la destes variados tons que as flores do clima tropical dificilmente ultrapassam — senti simpatia pelo beduíno do deserto que, contemplando a palmeira no Jardim das Plantas de Paris, se transportava, por sobre montanhas e mares, até à terra do seu nascimento.

O mais surpreendente aspecto do Jardim Botânico para um estrangeiro do Norte é a longa aleia de palmeiras reais (Oreodoxa regia), por onde se entra, junto ao grande portão e que, pela sua regularidade, extensão e beleza, não tem rival. É uma colunata coríntia natural, cujos graciosos capitéis, verde-brilhante, parecem suportar uma porção da abóbada azul, que se arqueia sobre eles.

Os últimos raios do sol já colorem de púrpura os picos graníticos em volta de nós e, depois de um galope pela rua de São Clemente, ladeada de vilas, atingimos Botafogo; as lâmpadas já estão tremeluzindo e derramam a sua luz sobre o contorno dessa graciosa enseada, onde anualmente se realizam alegres regatas. Cinco minutos mais e saltamos do cavalo em frente ao Hotel dos Estrangeiros, tendo assim realizado o completo circuito da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
[A37].


Lagoa Rodrigo de Freitas

Imagem: reprodução da página 239 do 1º volume da edição de 1941, da Cia. Editora Nacional


Notas do Autor

[A36] Essa gentileza será mais bem apreciada quando o leitor for informado de que, pelas estreitas leis portuárias do Brasil, ninguém, a não ser um funcionário da Alfândega, pode visitar, sem licença, um navio que está descarregando. A penalidade para cada infração é uma multa de 50 dólares.

[A*] No original: Lagoa das Freitas.

[A37] Nota para 1866: Quem não tenha visitado a Tijuca antes de 1855, não pode fazer uma justa ideia dos vários melhoramentos que se fizeram nesse local encantador. Os trilhos da Companhia Tijuca conduzem os passageiros da Praça da Constituição até o sopé da montanha, num percurso de sete milhas.

Junto do ponto terminal existem muitas lindas chácaras e vilas pertencentes a brasileiros, entre as quais, destacando-se pelas suas dimensões e bom gosto, a do sr. Militão Máximo de Souza. A partir desse ponto, pode-se conseguir cavalos e, depois de um belo passeio a cavalo morro acima, por uma nova estrada, chega-se à Boa Vista, onde numerosas e belas residências de ingleses e brasileiros foram recentemente construídas.

Por uma estrada serpenteante, à direita da estrada principal, vai-se ter à mais bela de todas as casas do Brasil, pela sua pitoresca situação, conforto e solidez de construção. É a casa de residência de William Ginty, Esq. [T44]. Onde, em outro ponto qualquer do mundo, encontra a gente todos os recursos reunidos do gás (da própria canalização da cidade), água corrente, belos jardins, num pico de 1.300 pés de altura, coberto de mataria verdejante!

O sr. Bennett ampliou grandemente as acomodações do seu excelente hotel [T44-bis-B],  e pelas suas habilidades como horticultor e outras importantes qualidades, tornou a sua casa, situada em plena montanha, mais atrativa do que nunca. O geólogo ainda encontrará nela outro atrativo: o fato de ter sido em frente da mesma casa que, pela primeira vez, em maio de 1865, o prof. Agassiz descobriu blocos erráticos e drift, provas das geleiras nos trópicos em algum período geológico remoto.

Notas do tradutor:

[T41] Dr. Thomas Rainey.

[T42] Rua dos Barbonos, atual Evaristo da Veiga.

[T43] Rua do Engenho Velho, atual Haddock Lobo.

[T44] Nos antigos Guias do Rio de Janeiro, como por exemplo, o de Valle Cabral (1884) figura, entre os passeios da Tijuca, o "Retiro do Ginty", provavelmente a chácara que pertencera ao diretor da Companhia de Gás do Rio de Janeiro, na época em que foi escrita a presente obra.

[T44-bis] [T44-bis-B] No Almanaque Laemmert de 1868 figura o hotel do sr. Bennett com a denominação Hotel da Tijuca. Essa casa, memorável na história cultural do Brasil, pois está ligada a vários estrangeiros célebres vinculados ao Brasil (Agassiz, Hartt, Gottschalk) ficava a meio caminho do Alto da Boa Vista e da estrada da Cachoeira, tendo vistas sobre o Atlântico.