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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Corruptos desaparecem das praias santistas

 

Enquanto nos centros do poder político eles parecem cada vez mais frequentes, em Santos eles vão desaparecendo das praias, e houve até movimento popular para que voltassem. Na verdade, os corruptos santistas não pertencem ao gênero humano: são crustáceos, muito apreciados como isca de pesca...

Sobre este outro espécime, o jornalista e historiador Paulo Matos (falecido em julho de 2010) escreveu, por volta de 1998:

Paulo Matos, em foto pouco antes de seu falecimentoSantos salva o mar

Paulo Matos (*)

Minúsculo, oculto, frágil. Aparentemente inexpressivo perante a grandiosa fauna marinha e seu gigantesco universo líquido e salgado, ocupando dois terços da terra. É o insignificante corrupto, um crustáceo, cientificamente denominado callichirus sp, que viveu sempre à beira-mar, entre o oceano e a areia. E que após dez anos conseguimos preservar, proibindo sua captura.

Bastou alguém ir buscá-los em seu anonimato, com instrumentos sugadores de PVC, para que eles fossem capturados em série por pescadores e curiosos, para servirem de isca, ameaçando sua extinção. Mas recentemente, uma norma federal interrompeu a devastação, o que exigiu trabalho, há uma década. Em que me empenhei pessoalmente, mas em uma luta que partiu de uma indicação do então deputado Rubens Lara na Assembleia Legislativa de São Paulo, em junho de 1987.

É atípico esse crustácio, nem do mar e nem da terra, elo vital da cadeia ecológica, como todos os espécimes viventes na natureza. Cuja eliminação implicaria na quebra do ecossistema marinho e no esvaziamento do mar como espaço de vida. Foi em seus limites de atuação parlamentar que um outro personagem atípico, o advogado e ex-deputado Rubens Lara - hoje dirigente do Ibama paulista (N. E.: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) - iniciou sua batalha ecológica. Atípico porque ecologista militante há décadas, ab initio, ab ovo, foi escolhido para a chefia do órgão ambiental. O que, convenhamos, não é uma prática usual: enfim, alguém no lugar certo.

Morando no interior da areia, a dois metros de profundidade, a presença de callichirus é notada pelas minúsculas fontes de água que sua respiração provoca - e que todos já vimos em nossas indispensáveis caminhadas por este espaço mágico. E que alguns, pensando em preservar em sua integridade, cogitaram proteger.

A compreensão da necessidade da integridade do ecossistema é recente e denote-se, rara. Lara percebeu desde há muito que a rede de moluscos, crustáceos, equinodermas como a estrela do mar e o ouriço, peixes grandes e pequenos de respiração branquial ou por pulmões recarregáveis, cercados de água salgada e vegetais diversos, tudo isso forma uma interrelação da qual o homem usufrui e perece na sua inexistência. isso pesou para que se efetivassem atitudes para salvar o corrupto, assim apelidado porque ninguém o via. É que na época de sua descoberta, em tempos de ditadura, os venais eram menos expostos.

A definição do nome de Lara para o Ibama foi de alguém do métier. Há trinta anos, em seu escritório de vereador e depois de deputado, se articulavam iniciativas ecológicas, se abrigavam as primeiras entidades, como a que pretendia proteger a Amazônia. Lara foi responsável pela estação ecológica Juréia-Itatins. Há 12 anos, o deputado apresentava projeto de lei aumentando o poder de fiscalização da Cetesb (N. E.: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, do governo paulista), hoje presidente de seu conselho administrativo.

Alimentando-se de micro-organismos e detritos, útil para a natureza e impróprio para o consumo, lutamos para salvar, triplamente, ao espécime, ao ambiente e aos consumidores. Primo do camarão e sobrinho da lagosta, parente do Krill dos polos Norte e Sul, aqui chamado corrupto, tamburutaca ou camarataca, o callichirus sp era desconhecido até ser pesquisado por um professor da USP (N. E.: Universidade de São Paulo), Sérgio de Almeida Rodrigues, em 1963.

O modo de extração do espécime de seu ambiente nessa pesquisa, através de sugadores de PVC, foi imitado pelos pescadores e se disseminou, destruindo o espécime e sua cria no ato. O trabalho que elaborei para o vereador Rivaldo Justo em 1988, proibindo sua captura e apresentado na Câmara de Santos, foi considerado inconstitucional e mandado para o Ibama. Era mais um ato nessa guerra.

O camarão de areia daqui, como também é chamado o callichirus sp, consumidor terciário, tem, segundo biólogos, o dobro da quantidade máxima de arsênico permitida pela Organização Mundial da Saúde - além de chumbo, mercúrio e outros poluentes. Impróprio, pois, para pesca e alimento, pois pode dar câncer, hepatite e encefalite, entre outros males. Ainda assim era - e é, embora ilegalmente e por força do relaxamento da fiscalização - capturado e utilizado. Fica o alerta.

Na moção que o então deputado fez ao Governo Federal há mais de dez anos, em vista da Secretaria de Estado do Meio-Ambiente julgar-se incompetente para acolher a indicação por ele apresentada na Assembléia Legislativa, Lara tomou por base o decreto-lei 221, de 28/2/1967. Que estabelecia, em seu artigo 39, a competência da Sudepe (N. E.: Superintendência de Desenvolvimento da Pesca) para regulamentar os aparelhos empregados na pesca.

Na edição recente pelo Ibama federal da norma que proibiu a captura do espécime em todo o país, a CBN-Brasil entrevistou-me a respeito do tema, em 1/6/1997. Já que mostrei, em reportagens, meu engajamento na luta desde 1987, que dez anos após logrou atingir seu objetivo. O Ministério Público local encaminhou a questão, que terminou com uma solução federal, baseada nos oito pontos que ofereci como que contrariando a lei 5.197, de 3/1/1967, de Proteção à Flora e à Fauna.

Hermafrodita, reunindo os dois sexos, o corrupto carrega seus filhotes agregados ao corpo. E, quando sugados pelo instrumento de captura de PVC, não apenas eles são destruídos, mas toda uma geração. Foram dezenas de manifestações pela imprensa, envolvendo lideranças e responsáveis pelo setor ambiental, mostrando esta e outras contrariedades legais - como a falta de licença para a prática.

Convoquei desde a Polícia Florestal até a Sudepe estadual e nacional, polícias civil, militar e Guarda Municipal. O então presidente nacional da Sudepe, Aécio Moura Silva, esteve aqui em julho de 1988, ocasião em que fiz manifestação no Seminário Nacional de Pesca, no Mendes Plaza. A integridade do ecossistema era e é fundamental para a manutenção da fauna marinha e o Jornal da Pesca, da Sudepe, editou material a respeito.

"Há uma ligação em tudo", disse sabiamente o chefe indígena sioux nos Estados Unidos, quando os brancos queriam comprar a terra dos índios. "Ela não é nossa", respondeu, "pertence a nossos pais e nossos filhos". Como o mar, comprometido em ações de devastação, das redes de pesca arrastando todos os seres marinhos - como que derrubando florestas para pegar uma maçã. Na Europa já existe a pesca profissional com fileiras de anzóis. E aqui? Vamos avançar ambientalmente, com passos como os desta luta exemplar.

(*) Paulo Matos é jornalista, historiador pós-graduado e acadêmico de Direito.

Nos arquivos de Paulo Matos consta este recorte de publicação na coluna dos leitores do jornal santista A Tribuna, em 7 de março de 1988:

A caça indiscriminada dos camarões de praia com equipamento sofisticado apressa sua dizimação a curto prazo

Fotos: arquivo, publicadas com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)

 

Camarataca de origem desconhecida que deve ser preservado

Sr. editor-chefe

Faz conjunto com a defesa do mar nossa luta pela preservação do espécime calichirus, popularmente denominado tamburutaca, mais recentemente corrupto ou camarataca, por sua semelhança com o camarão - embora pelas praias daqui não seja comestível. É que ele desempenha o importante papel de elemento renovador do ambiente marinho - insuficiente, é claro, diante de tamanhas agressões -, atuando como filtro das poções venenosas lá lançadas pelos navios ou pelas indústrias. Pois este crustáceo de habitat subterrâneo - vive sob as areias do mar -, ainda não suficientemente estudado nem quantificado, sofre ameaça de aniquilação pela caça predatória que está sendo vítima pelos pescadores amadores que o usam como isca.

Munidos de aparelhos sugadores feitos de canos de PVC, antes manufaturados pelos próprios mas agora já vendidos nas lojas de artigos de pesca, os pescadores retiram o corrupto de seu habitat subterrâneo quando ele se mostra por uma  minúscula fonte de água entre o mar e a terra, na faixa de areia úmida, produzida por sua movimentação.

Só que junto com cada tamburutaca sugado saem mais de centena de filhotes, agarrados ao seu corpo. Assim, cada dia, milhares deles são exterminados em nossas praias, seja nos 5,5 km da Santos/Ilha, seja nos 43 km de Bertioga - onde moluscos de variadas espécies são coletados com gadanhos e carregados em enormes sacos, em um raro espetáculo de devastação.

O contingente e a reprodução do calichirus estão ameaçados, tal como está o nosso mar, pelos metais pesados lançados pelas indústrias ou por acidentes constantes como esse da Estrela (N.E.: uma barcaça para transporte de combustíveis que se acidentou na zona portuária). Pelo lixo e pelos esgotos lançados a esmo neste santuário de vida e sal, vindos das ligações clandestinas urbanas, das cidades vizinhas e dos navios, sem que se exerça nenhum tipo de fiscalização sobre eles.

Estudados por professores da Universidade de São Paulo há algum tempo, foi a partir da revelação do oculto habitat do camarataca, na sua captura para esses estudos, que se disseminou sua raça, vital para o equilíbrio do ecossistema marinho. O mar necessita dele, limitado em sua vida que está sendo pelos crescentes aterros de mangues, templos reprodutores dos milhares de espécimes que lá vivem, ocupados pelas palafitas, na crise social da propriedade da terra ou pela inconsciência de seu papel fundamental pela vida.

A Lei de Proteção à Fauna, editada em 3/1/67 - lei nº 5.197, assinada no governo militar de Castelo Branco -, em seu artigo 1º proíbe a caça de quaisquer espécime no território nacional, excetuando em seu parágrafo 1º aqueles que o Poder Público regulamentar, o que nunca ocorreu com o Calichirus. O artigo 8º prevê a publicação e atualização anual dos espécimes e áreas onde eles poderão ser caçados, o que nunca ocorreu com a praia ou esse tamburutaca.

O artigo 10 proíbe a caça, na letra A, com instrumentos que maltratem a caça, onde vejo enquadramento, se os sugadores utilizados, além de colherem o espécime provocam desordem na reprodução do mesmo, pois que trazem junto com ele mais de centena de filhotes ainda em formação; na letra I, nos jardins públicos e parques, onde se enquadram as praias.

O artigo 13º prevê o licenciamento anual dos caçadores; o 33º, a apreensão dos instrumentos infratores, tanto das mãos dos predadores como das lojas onde são vendidos, aliás, sem nenhuma licença de fabricação.

Oficiado por mim para que ordenasse uma ação contra os caçadores, recolhendo os sugadores e indiciando os infratores, como aliás ocorre no Rio de Janeiro, por exemplo - o comandante do III Batalhão de Polícia Florestal, cel. Osmair Paulo Sachetto, demonstrou inteira compreensão e apoio a esta iniciativa. Lembrou porém a necessidade de uma Potaria da Sudepe regulamentando a lei acima descrita, indicando, inclusive, o caminho para que tal se fizesse. Assim, o próprio cel. Sachetto e eu oficiamos há mais de um mês ao superintendente da Sudepe em São Paulo, sem que este tivesse até agora editado esta regulamentação.

Em busca do avanço desta proposta de proteção ambiental, pela manutenção da integridade que resta do ambiente marinho tão vilipendiado e envenenado, propomos, aos que tiverem contato com estas três medidas:

1º) Que sejam enviadas cartas/telegramas ao responsável por esta regulamentação - sr. Ary Souza de Almeida, superintendente da Sudepe, à Avenida Indianápolis nº 1.123 - CEP 04063 - SP/Capital, pedindo a edição imediata desta portaria.

2º) Solicitar à Câmara Municipal, através de seus vereadores, a promulgação de lei proibindo a captura de espécime (a atuação com sugadores, nos moldes das que disciplinam os esportes nas praias);

3º) Promover manifestação junto aos órgãos de imprensa em apoio a esta luta.

Lembrando que os deputados estaduais também devem ser mobilizados não apenas para que se efetue regulamentação, mas para que haja uma atuação decisiva em todo o litoral contra as agressões, em defesa do mar e da vida, vamos prosseguir na luta para que o mar - espaço de lazer, de sobrevivência e de alimentação para tantos - não seja mais considerado apenas área de despejo dos indesejáveis restos produzidos pela sociedade. Para isso, pleiteamos a indispensável compreensão e apoio popular. Paulo Matos.

Ainda no arquivo de Paulo Matos, o recorte de publicação no jornal A Tribuna, no sábado, 12 de março de 1988:

Utilizando-se de uma bomba de sucção, pescadores capturam corruptos

Foto: Arnaldo Giaxa, publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)

 

Apesar dos riscos, continua a caça predatória de corruptos

Uma manhã de sol, temperatura agradável e, o que é mais importante, de maré baixa - condição indispensável para a captura do callichirus, um crustáceo popularmente conhecido por corrupto, camarataca ou camarão-de-areia. Diante disso, dezenas de pessoas, munidas de bombas de sucção, chegaram às praias às primeiras horas da manhã de ontem, com um só objetivo: retirar das profundezas da areia quantidade suficiente do animal que, por sorte, na maioria das vezes, é utilizado só como isca para pescarias de vara.

O corrupto, que permaneceu tanto tempo no anonimato, vem ganhando popularidade cada vez maior de uns anos para cá, infelizmente por dois motivos alarmantes: a ameaça de extinção em virtude da captura indiscriminada, e o risco de envenenamento para aqueles que, eventualmente, ingerirem o crustáceo, que apresenta alta concentração de arsênico.

Na verdade, a ciência ainda dispõe de poucas informações sobre hábitos e ciclo de vida do corrupto. Além de seu importante papel para o equilíbrio ecológico da região, sabe-se que ele vive em túneis a dois metros de profundidade e que, por ser um animal filtrador, acumula poluentes.

Tendo em vista os despejos industriais e de esgoto que, através do rio Cubatão, chegam até o Estuário e Baía de Santos, o crustáceo capturado nas praias santistas apresenta, além de arsênico, mercúrio, chumbo e outros poluentes.

Com isso, o corrupto capturado em Santos, embora saboroso - fica entre o camarão e a lagosta -, constitui-se em ameaça à saúde. Ao ser humano, a contaminação por arsênico provoca distúrbios como câncer, dermatites graves, hepatite necrosante, encefalite nefrite, necrose da córnea, queda de cabelo, problemas gastrointestinais, confusão mental, entre outros.

A situação torna-se ainda mais preocupante à medida que pesquisadores encontraram grande porcentagem de arsênico no animal, na proporção de quatro partes por milhão, ou seja, mais do dobro do limite aceito internacionalmente como tolerável ao organismo.

Captura desenfreada - Apesar dos alertas que vêm sendo lançados por pesquisadores e biólogos, tanto sobre a captura desenfreada como sobre os riscos da ingestão do crustáceo, nada foi feito nos últimos anos para coibir a ação dos predadores, que surgem em maior número nos fins de semana e nas temporadas.

Ainda na manhã de ontem, dezenas de pessoas - na maioria aposentados -, aproveitando a maré baixa, capturavam corruptos para garantir a pescaria do dia. E, por incrível que pareça, não só santistas conhecem os segredos de captura. Hoje, até na Capital lojas especializadas em artigos de caça e pesca vendem as bombas de sucção a preços atraentes.

Para o aposentado Herman Kohler, capturar corrupto é a melhor opção para quem não tem dinheiro para comprar isca e quer passar o dia pescando. "Recebendo Cz$ 3 mil de aposentadoria, como poderia comprar sardinha a Cz$ 160,00 e camarão a Cz$ 900,00 o quilo? A saída foi improvisar uma bomba com cano de PVC e passar a capturar o camarão-de-praia".

Herman diariamente retira da areia 30 exemplares do crustáceo, o que, segundo explica, é suficiente para sua pescaria. Esse procedimento vem se repetindo há três anos e gasta cerca de uma hora e meia para a captura.

"Sei que estão querendo tirar o lazer dos velhos, proibindo a captura do corrupto, mas não vejo necessidade, porque este bicho é que nem velho, cada vez aparece mais". Esta foi a forma encontrada por Herman para brincar, enquanto, descontraidamente, continuava a retirar o crustáceo da areia, acondicionando os exemplares em um saco plástico que carrega amarrado à cintura.

Aldo Stefani, também aposentado, morador do Cambuci e que está passando alguns dias na casa de um filho em Santos, não perdeu tempo e também foi pescar na manhã de ontem. Referindo-se ao corrupto, dizia que "este bicho é bom como isca, mas não serve como alimento". Os motivos de nunca ter comido este crustáceo, entretanto, nada têm a ver com sua alta concentração de arsênico. Na verdade, Aldo desconhecia este fator e nunca tinha se alimentado com o bicho em virtude de seu aspecto "não muito atraente".

Como o camarão-de-areia é uma isca frágil, Aldo explica que amarra uma linhada de 30 centímetros e enrola no animal, para não perdê-lo quando arremessa o anzol. "Se não tomar estes cuidados, o anzol vai e a isca fica".

Segundo Aldo, ontem o número de caçadores não era muito expressivo. "Sexta-feira à tarde e sábado e domingo pela manhã a captura é bem maior. Durante a temporada, então, chega a ter mais de 30 bombas em ação, em um trecho de 100 metros de praia".

O aposentado Aldo comprou sua bomba de sucção em uma casa especializada em artigos de caça e pesca, na Capital, por apenas Cz$ 450,00. "Veja bem, um quilo de camarão custa Cz$ 900,00 e a bomba, pela metade do preço, fica para a vida toda".

Como tem outro filho que mora em Peruíbe, Aldo também costuma passar dias naquela cidade do Litoral Sul, onde captura corrupto como muitos outros pescadores. Fato que vem comprovar as denúncias de matança indiscriminada do bicho por todo o Litoral Paulista.

Quanto à técnica de bomba de sucção, o pescador fez questão de frisar que descobriu através de leitura: "No Japão já se captura callichirus desta forma há muitos anos".

Sobre este espécime, a Wikipedia registra (consulta em 26/8/2012):

Corrupto

Classificação científica

Reino:

  Animalia

Filo:

  Arthropoda

Subfilo:

  Crustacea

Classe:

  Malacostraca

Ordem:

  Decapoda

Infraordem:

  Thalassinidea

Família:

  Callianassidae

Gênero:

  Callichirus

Espécie:

  Major

Nome binomial:

  Callichirus major

 

Corrupto (Callichirus major, Stimpson, 1866) é um crustáceo decápode cavador, que pertence a família Callianassidae, apresenta indivíduos maiores atingindo aproximadamente 20 centímetros de comprimento, tendo o abdome com coloração amarelada.

Possuem garras em forma de pinças sendo uma delas bem maior que a outra. Deve-se tomar cuidado com os espécimes de maior tamanho, já que sua garra pode causar pequenos ferimentos.

São apelidados de Corruptos, pois são muitos, não "aparecem" e são difíceis de capturar.

Vivem em praias rasas de areia fina, próximos à linha d'água, em profundas tocas verticais escavadas na areia. Quanto maior o buraco, maior o animal que nele habita. Alimentam-se de matéria orgânica em decomposição e de pequenos animais. Geralmente seus buracos ficam expostos apenas durante durante a maré baixa, -0,2m ou mais. Portanto, de acordo com a tábua das marés, verifique o dia mais adequado, num horário em que a água esteja em seu ponto mínimo. Nos buracos cobertos pela água, o Corrupto estará mais próximo à superfície.

Sua captura é possível com a ajuda de uma bomba de sucção feita de canos de PVC e uma borracha de vedação interna. Para capturá-lo posicione a bomba perpendicularmente ao chão e bombeie rápida e vigorosamente, dedique seu esforço aos buracos que apresentarem alguma atividade, como um pequeno jorro de água e areia, ou de matéria fecal com aparência de chocolate granulado. Caso o animal não surja, tente a segunda vez, sempre prestando atenção à água no buraco. Ele pode estar bem próximo à superfície após as bombadas. No caso de insucesso, em vez de tentar a terceira, tente outro buraco.

O Corrupto é uma excelente isca para peixes marinhos, vêm sendo há mais de vinte anos capturados e utilizados por pescadores amadores ao longo das praias oceânicas do litoral brasileiro, desde a costa nordeste até a costa sul. A estrutura do Corrupto é extremamente delicada, devendo ser amarrado ao anzol com elastricot, sem apertar demais. Pode-se isca-los inteiros ou em pedaços, esticados ou dobrados formando uma "bolota". Neste último caso, dobre-o, corte metade da cauda e da cabeça, passando o anzol através destas, sem perfurar a parte central do corpo. Uma maneira de utiliza-los inteiros é prender num anzol Wide Gap 1/0, entrando pela "nuca", passando pelo interior do corpo e saindo numa placa do meio do rabo, de modo a deixar as patas expostas. Este é um excelente método para peixes de boca grande como o Robalo.

A pesca destes organismos cavadores pode ocasionar alterações, tanto na espécie alvo, como em outras espécies existentes no sedimento, devido à própria técnica de captura utilizada. Na África do Sul, a cada 50 corruptos coletados com bomba de sucção, 50 g de organismos da macroinfauna acabam morrendo ou sendo predados por aves e outros organismos, em consequência da perturbação (WYNBERG & BRANCH 1991).

Por outro lado, um esforço de pesca excessivo pode levar à sobre-exploração do recurso e até ao total desaparecimento das populações alvo. A estrutura populacional de Callichirus major pode ter sido afetada pela pesca no litoral do Estado de São Paulo, onde foi registrada uma diminuição na moda média do tamanho dos indivíduos da população ao longo de 6 anos de estudo. Este resultado pode ser consequência de um aumento na intensidade dos recrutamentos, devido à maior disponibilidade de substrato resultante da remoção de indivíduos maiores (RODRIGUES & SHIMIZU 1997).

Callichirus major (corrupto)

Imagem de Doulo4ever, em Wikipedia (consulta em 26/8/2012)

Imagem: charge de J. C. Lobo, no jornal santista Diário do Litoral em 3/6/2012, página 2

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