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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Construção naval em Santos... e região

 

Antes mesmo da chegada da primeira expedição colonizadora ao Brasil em 1532, a baía de Santos, ou mais especificamente o povoado de São Vicente (cujo nome, dado em 1502 por Américo Vespúcio, foi apenas confirmado por Martim Afonso de Souza), já eram conhecidos como área de construção naval e importante entreposto comercial. Não há muita documentação pesquisada a respeito, mas além de pequenas embarcações costeiras e botes, também as destinadas à navegação transoceânica eram muitas vezes reparadas e recalafetadas nos estaleiros da região.

Quatro séculos depois, mesmo não tendo crescido em importância, a construção e o reparo naval continuam tendo papel significativo, até por funcionarem como apoio às atividades do principal porto latino-americano de carga geral, que é Santos.

No início do século XX, a produção regional de bananas para exportação via Santos era uma das grandes movimentações de carga pelo porto, que recebia centenas de embarcações que faziam a ligação entre as vilas litorâneas e os portos de toda a costa brasileira, além das transoceânicas. Santos teve assim diversas armadoras de navios, além das filiais de empresas sediadas na então capital federal - o Rio de Janeiro, no antigo estado da Guanabara -, ou no exterior.

Mesmo com caldeiras para movimentação a vapor, e algumas ainda possuindo velame, grande parte dessas embarcações ainda tinha - até fins dos anos 1960 - casco de madeira, como as antigas caravelas. O desenvolvimento da siderurgia, com a produção de chapas de aço naval, é que propiciou, a partir da década seguinte, sua substituição por navios de casco metálico. A construção naval santista teve seu mercado restringido ao atendimento da demanda por barcos pesqueiros e de lazer, além da construção de rebocadores, algumas embarcações de apoio marítimo, e às atividades ligadas ao reparo naval.

Sobre o assunto, foi publicada esta matéria pelo jornal santista A Tribuna (ortografia atualizada nesta transcrição) - em 4 de agosto de 1931, na página 2:


O esqueleto do navio a motor, em construção nos estaleiros Lazzarini, na Bocaina, para a Sociedade de Navegação Itanhaém Ltda.

Foto publicada com a matéria original

 

A indústria das construções navais em Santos

Em outubro será lançado à água um navio para o transporte de bananas

O litoral do nosso estado, como o de alguns outros do Brasil, já teve, em tempos idos, uma apreciável representação na indústria de construções navais. No Pará, como no Maranhão; na Bahia, como na Guanabara, o estaleiro de construção naval tinha tal vitalidade que lançava ao mar navios de grande porte, mercantes e de guerra, que iam do ligeiro palhabote à pesada corveta de quinze vergas cruzadas.

Em Santos, como em Santa Catarina, construíam-se e aparelhavam-se, há meio século atrás (N.E.: cerca de 1880, portanto), rijos cascos de madeira de lei com mastros pejados de velame, que a época transformou, depois, em ferro e máquinas propulsoras.

Dos trabalhos respeitantes à profissão de marinheiro, viviam, então, muitos milhares de homens em todo o vasto litoral do país, confeccionando a variada vestimenta dos mastros e seu velame, que empregava mestres, cosedores, garruncheiros, entralhadores etc. Tudo isso ficou reduzido, com a adoção das máquinas a vapor, a uma pequena expressão, pois os cascos, de ferro ou aço, são importados do estrangeiro e com eles as máquinas, que amortalharam a navegação à vela.

Vem este intróito a propósito do assunto representado pelo nosso clichê: a construção de um navio, nos estaleiros do construtor naval sr. Vicente Lazzarini, na Bocaina, para a Sociedade de Navegação Itanhaém, Ltda., e sob o traçado do técnico sr. Julio Puiz.

Nestes últimos tempos, é esta a mais importante construção naval feita no nosso Estado, inteiramente com materiais nacionais. O navio que aí vemos nos estaleiros Lazzarini tem de comprimento 25 metros, de boca 6 e de pontal 2,40, deslocando 160 toneladas. A construção é toda de madeiras de lei, em que nosso país é tão rico, podendo-se concluir, pelo conjunto do cavername, da sua grande resistência. Tudo ali é de procedência nacional, inclusive pregos, de ferro ou de cobre, cavilhas, arrebites e outros acessórios de metal, fornecidos pela Casa Pharol, à Praça Iguatemy Martins.

Só não são nacionais os dois motores Diesel, de 50 H.P. cada um, que vêm a caminho, da Alemanha. O combustível será o óleo cru.

As firmas proprietárias deste navio são as seguintes: Simões, Michel e Cia.; Miguel, Dias e Clerigo; O. Ribeiro Filho; Praça e Amargos; Fortes e Martinez; Arnaud e Irmãos Rodrigues; dr. Affonso Krug; José Ribeiro de Araujo e Antenor de Azevedo, todas proprietárias de grandes bananais no Sul do Estado, pertencendo todas, também, ao Centro dos Agricultores de Santos.

O barco destina-se ao transporte de bananas, de Itanhaém para Santos, devendo ser entregue aos seus proprietários no mês de outubro.

O seu custo, aparelhado e pronto a navegar, vai à quantia de 180:000$000.

No clichê, produto de uma fotografia tirada no estaleiro pelo nosso fotógrafo, vê-se o construtor Vicente Lazzarini (em mangas de camisa) e um grupo de proprietários do navio.

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