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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
Cidade também tem sinagoga (2)

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Em 2009, o anoitecer de 18 de setembro marcou a passagem do ano novo judaico, entrando no ano 5770, e o fato foi registrado pelo semanário santista Jornal da Orla, na edição de 19 (sábado) e 20 (domingo) de setembro de 2009, páginas 1ª e 3:
 


FELIZ 5770! - Os judeus comemoram o "Rosh Hashaná", que significa literalmente "cabeça de ano", época para realização de jejum e reflexão

Imagem: reprodução parcial da capa da edição do Jornal da Orla de 19/20 de setembro de 2009

RELIGIÃO

Ano novo judaico

Mírian Ribeiro

Desde o anoitecer de sexta-feira, dia 18, até o anoitecer deste sábado, dia 19, judeus de todo o mundo estão comemorando o Ano Novo, que para eles representa a chegada do ano de 5770, de acordo com seu próprio calendário, baseado nas fases da lua. A festa, denominada "Rosh Hashaná", que significa literalmente "cabeça do ano" em hebraico, se estende por vários dias, e é repleta de simbologia e períodos de reflexão, que irão culminar no Yom Kipur, o Dia do Perdão (que este ano cai de 27 para 28 de setembro), uma das datas mais sagradas para os judeus.

São 25 horas de jejum absoluto (inclusive de água), reservado para a introspecção, um momento em que as pessoas revêem erros do passado, pedem perdão e se reconciliam com as outras e com elas mesmas. Encerrado o jejum, começa um período de festas.

Há duas sinagogas em Santos: Beit Jacob (Rua Campos Sales, 137), que representa os judeus askanazi, procedentes da Europa Oriental, e a Beit Sion (Rua Borges, 264), que congrega os sefaradins, que vieram da Espanha e Portugal. As duas são bastante antigas, mas pela primeira vez este ano se uniram na comemoração do Ano Novo. Não que houvesse divergência antes, esclarece Jaques Zonis, presidente da Sinagoga Beit Jacob, que funciona desde 1928. "A nossa fica aberta o ano todo, enquanto a Beit Sion abre em menos ocasiões, por isso fazíamos programações distintas".

Jaques, filho de judeu russo, estima em 200 famílias judias na região, nem todos praticantes. A grande concentração é na capital de São Paulo, onde é possível encontrar judeus ortodoxos, que no sábado, Dia do Descanso, sequer acendem luz elétrica em casa. Jaques não sente nenhum preconceito por ser judeu - "vivemos em um país laico, onde todas as religiões são bem-vindas" -, mas reconhece que alguns estigmas ainda permanecem.

"Ninguém fala que tem um amigo católico, mas ser judeu acaba virando uma referência", exemplifica. Embora prezem pela tradição, não há como não sucumbir ao peso dos novos tempos: "Antigamente, casamento misto não era tolerado, o pais rasgava a gravata, sinalizando o rompimento com a filha que não se casasse com outro judeu. Hoje as coisas estão mudando".

Mas a fama de super-protetora que caracteriza a mãe judia é confirmada por Raquel, de 25 anos, filha de Jaques e Esther Zonis. "Além de ter mãe judia, sou filha única", brinca Raquel, que defende as tradições de seu povo: "As tradições preservam a identidade, sem elas as referências acabam se perdendo".


Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria

Simbolismo

Na comemoração do Ano Novo, os judeus não economizam nos simbolismos e não podem faltar velas acesas na mesa (para iluminar o ano), maçãs (que por sua forma redonda representam vida sem fim) e doces, como mel e chocolate, para representar um ano bom e adocicado. Aberta nas rezas de sábado (dia de descanso) e em dias sagrados, a Torá (a bíblia dos judeus) começa a ser lida no primeiro dia do ano e termina no último. A Torá contém leis, doutrinas e orientações para a vida, assim como relatos da história primitiva dos israelitas e da relação deles com Deus.

Durante as rezas, que acontecem sempre ao anoitecer (por seguirem o calendário lunar), homens e mulheres são colocados separados e é preciso ter, pelo menos, a presença de 10 homens para que aconteçam. Isso porque, pela tradição, a figura masculina é responsável pelas orações, enquanto a feminina transmite o conhecimento às crianças.

Após o início do Rosh Hashaná, os judeus entram em um período de 10 dias que servem para a reflexão sobre tudo o que passaram durante o ano e se preparam para o próximo que chegará.


Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria

Yon Kipur, o Dia do Perdão

No Yom Kipur existem cinco proibições: comer, usar calçados de couro, manter relacionamento conjugal, passar cremes no corpo e banhar-se por prazer. Crianças, idosos e doentes são dispensados do jejum. O Yom Kipur tem uma mensagem universal, de viver uma vida de introspecção, reflexão e análise, de não permitir que a pressa do cotidiano se sobreponha à necessidade de rever os caminhos, os nossos passos.

Segundo o relato bíblico, o primeiro Dia do Perdão acontece quando Moisés, depois de 40 dias na presença de Deus, desce do Monte Sinai e mostra aos judeus no deserto as tábuas da lei, contendo os dez mandamentos. Conforme o livro do Êxodo, os judeus - recém-libertos da escravidão no Egito - estavam arrependidos por terem adorado um bezerro de ouro e interpretaram as tábuas como um sinal do perdão divino.

Atualmente, segundo o Atlas das Religiões, os judeus se concentram, em sua maior parte, nos Estados Unidos e em Israel. Cada um destes dois países tem população judaica superior a 5 milhões de pessoas, o que representa mais de 80% dos judeus do mundo. Os demais se dividem entre países como França (3,8%), Canadá (2,9%), Reino Unido (2,3%), Rússia (1,8%), Argentina (1,4%) e outros (5,1%).

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