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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ZN
Uma Zona chamada Noroeste (2)

Surgiu oficialmente em 1976

Com o crescimento populacional de Santos derramando-se pela zona Leste da ilha de São Vicente, do Centro até a Ponta da Praia, e aí atingindo o limite, começou o processo no sentido contrário, para ocupar as áreas que, em 1976, ganhariam oficialmente o nome conjunto de Zona Noroeste de Santos, ao ser criado uma data para sua festa. Ao se completarem 30 anos dessa decisão, o jornal santista A Tribuna publicou, nas edições eletrônica e impressa de 28/8/2006:


Mais de um terço da população santista se concentra na Zona Noroeste, ainda carente de infra-estrutura
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Segunda-feira, 28 de Agosto de 2006, 06:35
DESENVOLVIMENTO
De olho na ZN
Para o prefeito João Paulo Papa, a construção de um sistema de macrodrenagem é a principal carência da região, que concentra 12 bairros e que ontem comemorou mais um aniversário

Fabiana Honorato
Da Reportagem

Uma região em transformação. É desta forma que o prefeito João Paulo Tavares Papa define os 12 bairros que integram a Zona Noroeste de Santos e nos quais aposta o futuro crescimento urbano da Cidade. Ele acredita que o investimento público previsto para a área, com as obras de macrodrenagem, alavancarão não só os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) como também o desenvolvimento econômico.

Citando que mais de um terço da população da Cidade reside nesta região, Papa lembrou que os problemas decorrentes da falta de uma infra-estrutura básica não ficaram restritos ao início do loteamento.

"Quando comecei a trabalhar na Prefeitura, em 1984, a primeira tarefa que recebi foi começar a fazer o projeto de iluminação pública para várias ruas do Jardim Castelo".

O tratamento de esgoto também foi uma melhoria recente, da qual o prefeito recorda ter ocorrido na ocasião em que trabalhava na Sabesp. "Em 1991, menos de um terço da Zona Noroeste tinha rede de esgoto, e já era uma região importante de Santos".

Essas falhas na infra-estrutura mínima são fruto, na opinião dele, de fases que foram puladas durante o processo de desenvolvimento. "Os governos tiveram que tratar dos espaços públicos, ou seja consolidar praças, construir escolas, unidades de saúde, numa inversão da lógica da urbanização".

No entanto, o prefeito definiu a implantação de um sistema de macrodrenagem eficiente como a principal e mais gritante carência desta região e que, ao mesmo tempo, será responsável pelo arranque no crescimento econômico da área.

Nesse sentido, ele destaca o pedido de financiamento, apresentado ao Banco Mundial e ao Ministério do Planejamento, para a obtenção de recursos destinados ao Programa Santos Novos Tempos.

Orçado em R$ 154,2 milhões, o pacote de ações prevê obras para a construção de reservatórios, alargamento e aprofundamento de canais, instalações de comportas automatizadas e monitoradas, que acabarão com os constantes problemas de alagamento e enchentes.

"Esse investimento será uma alavanca para o desenvolvimento econômico, porque a valorização imobiliária vai ser imediata, antes mesmo do fim das obras", disse, lembrando que a previsão é de um ano e meio para a conclusão da parte burocrática e cinco anos para as intervenções.

Além da geração de emprego e renda na Zona Noroeste, Papa afirmou que este investimento público virá para equalizar os níveis do IDH de Santos. "Não adianta festejar ser o terceiro IDH de São Paulo, ou o quinto do Brasil, e ter certos espaços com muita precariedade de infra-estrutura".

Túnel - Sobre outro anseio da população local, o túnel ligando as duas regiões da Cidade, o prefeito foi contundente ao afirmar que só iniciará a obra, cujo contrato foi assinado pelo antecessor — Beto Mansur — em dezembro de 2004, quando houver segurança de que a verba será suficiente para a conclusão dos trabalhos.

"É uma obra de R$ 156 milhões para R$ 200 milhões, não vou começar e parar, até vir mais dinheiro de emendas. Optamos por resolver problemas mais básicos do que a ligação".

Outra prioridade para a Zona Noroeste é a instalação de uma unidade de capacitação profissional, que esbarra na localização de uma área. A implantação de um cinema também não foi descartada por ele. "Não desistimos dessa idéia, procuramos parcerias. Já conseguimos colocar uma sala de cinema no Centro da Juventude, que funciona no Dique".

Enquanto o projeto de alargamento da Avenida Álvaro Guimarães, no Jardim Rádio Clube, tem previsão para ser executado no ano que vem, o chefe do Executivo espera que os moradores de toda a Cidade passem a identificar os bairros desta região pelos nomes, quebrando um preconceito de anos.

"Em poucos lugares do mundo a pessoa diz que mora numa zona, a gente sempre mora num bairro. Esta região está em transformação, teve um crescimento horizontal, mas tende a um crescimento vertical num futuro muito próximo", profetizou.

 

Taxa pelo uso de áreas de marinha atrapalha

 

Segunda-feira, 28 de Agosto de 2006, 06:35
Recanto inexplorado dispõe de muitos atrativos

Enquanto muitos moradores de Santos fogem para o Interior nos finais de semana e feriados, há quem faça da Zona Noroeste o local escolhido para construir um refúgio da correria do dia-a-dia. Ao mesmo tempo em que oferece a estrutura de uma cidade, a região tem atrativos de um recanto inexplorado.

Uma das características, a tranqüilidade, é a responsável por fazer o escrivão de cartório Paulo Ângelo Corrêa, de 50 anos, se deslocar até o Jardim Bom Retiro para aproveitar os momentos de descanso. "Tem gente que tem uma casa no campo, eu tenho uma fazendinha na Zona Noroeste".

Morador do Campo Grande há 25 anos, ele comprou, aos 23 anos, um terreno no bairro, no qual construiu uma edícula e preparou um cantinho caprichado para o churrasco.

Casado e pai de dois filhos, sempre que pode, o escrivão corre para a fazendinha, que já foi palco de dois casamentos de amigos da família. "Levo bastante gente para lá, até políticos já foram nos meus churrascos", orgulha-se.

Sem pensar em se desfazer da casa, Corrêa projeta uma valorização para os imóveis daquela região e acredita que, dentro de 30 anos, seu segundo bairro terá o porte do primeiro. "Levo 15, 20 minutos para chegar lá. Aquele espaço é a extensão do meu apartamento, um quintal num outro bairro".

Terrenos - O interesse por imóveis e terrenos desta região de Santos cresce a cada dia, mas a cobrança do laudêmio — taxa pelo uso de terrenos de marinha — ainda inviabiliza muitos investimentos no setor da construção.

Segundo José Manoel Vieira, de 46 anos, proprietário da Maneco Imóveis, imobiliária com 20 anos de existência na Avenida Jovino de Mello, a área é muito procurada por construtores. "Existe potencial neste setor, mas enquanto não derrubarem o laudêmio, fica inviável o investimento".

Há 27 anos no ramo, Maneco lembra que no começo, quando trabalhava com o pai, também corretor, eram vendidos de cinco a seis imóveis por dia na Zona Noroeste. "Quando era fraco".

No início do loteamento, a procura era maior por parte de migrantes nordestinos e imigrantes portugueses. Doqueiros e cosipanos, à época com salários acima da média, também buscavam casas nesta área. "Hoje, muita gente que mora na Zona Leste quer fugir do condomínio e busca imóveis aqui".

Para Maneco, o crescimento da Zona Noroeste tende a explodir, no setor da construção, ainda que os problemas de infra-estrutura persistam. "Vai acontecer. Aqui é o local onde se pode comprar e construir muita coisa".

Dono de um apartamento no Boqueirão, ele confessou não trocar a espaçosa casa de 300 metros quadrados, no Bom Retiro, por nenhuma cobertura na praia. "Não saio daqui, até quando morrer quero ser enterrado no Cemitério da Areia Branca, de preferência", brincou.


Lauro Gotardi, diretor, destaca o interesse pela área cultural
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Segunda-feira, 28 de Agosto de 2006, 06:36
Unidade do Sesi é uma das principais opções de lazer

Instalado no imóvel do antigo matadouro municipal, desde 1984, a unidade do Serviço Social da Indústria (Sesi) supre parte da carência por opções de lazer, cultura e esportes na Zona Noroeste.

Segundo o diretor das unidades de Santos e Cubatão, Lauro Gotardi, as obras de adaptação da edificação foram iniciadas em 1982 e tinham como objetivo mudar a aparência do local.

"A área foi doada pela Prefeitura e então recuperamos uma parte e construímos outra", disse, referindo-se ao imóvel da Avenida Nossa Senhora de Fátima, 366, no Jardim Santa Maria. Desde então, o espaço atende, além dos beneficiários da indústria, os usuários, que são moradores da região.

Assim como as escolas mantidas pelo Sesi - há também uma unidade externa, no Jardim Rádio Clube -, as atividades esportivas são bastante procuradas no local. Futebol de campo, escolinhas de várias modalidades, piscina, quadras cobertas e descobertas e salas de ginástica são utilizadas por pessoas de todas as faixas etárias. "Temos a única pista oficial para atletismo".

Conhecimentos para a geração de renda, através de cursos em vários segmentos, também podem ser obtidos no local. No entanto, o que mais diferencia o Sesi dos demais equipamentos localizados na Zona Noroeste é a programação cultural, que inclui música erudita, apresentações teatrais, cinema nacional e apresentações de dança, todas concorridas e de qualidade.

"Qualquer peça lota o teatro. No começo, tivemos problemas por causa do comportamento de alguns jovens, mas agora eles comparecem, assistem e ainda querem fazer os cursos".

As áreas da saúde e da alimentação também são enfatizadas nas atividades do Sesi, que tem entre os freqüentadores de várias modalidades, mais usuários do que beneficiários. "Há uma carência de opções de lazer muito grande aqui e hoje trabalhamos também para atender esse público".

M. Nascimento - Administrador da Regional da Zona Noroeste, Geonísio Pereira de Aguiar, o Boquinha, incluiu o Clube M. Nascimento Júnior, com piscinas, quadras e aulas de várias modalidades, entre as opções de lazer e esporte para os moradores da região.

O Jardim Botânico Chico Mendes, no Jardim Bom Retiro, é outro local bastante procurado. "Mas as 33 praças que temos só na Zona Noroeste, antes abandonadas e agora revitalizadas, também são muito freqüentadas".


Matadouro, hoje sob a responsabilidade do Sesi, foi o principal estabelecimento do então povoado
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Segunda-feira, 28 de Agosto de 2006, 06:37
Área ocupa 38% do território da Ilha de São Vicente

Da Pesquisa

Principal área de expansão urbana da Cidade, a Zona Noroeste está situada na parte insular de Santos e ocupa 38% do território da Ilha de São Vicente, o que equivale a uma área de 11 milhões e 470 mil metros quadrados, que engloba 12 bairros e abriga cerca de 120 mil moradores.

A região começou a ser povoada na década de 20, com a instalação da linha de bondes da Companhia City. Formada por terrenos de mangue, a área exigiu muito dos primeiros moradores, que tiveram que trabalhar nos aterros até conseguirem se estabelecer.

Seu desenvolvimento mais acentuado ocorreu a partir da década de 50, graças aos migrantes, principalmente nordestinos, atraídos pelo baixo preço dos terrenos e pela proximidade com o pólo industrial de Cubatão, então em implantação.

Neste período, o Matadouro Municipal era o principal estabelecimento do povoado. Era para lá que o gado - vindo de trem, em vagões da Estação Ferroviária São Paulo Railway - seguia para o abate. Muitas vezes, os animais se desgarravam e eram perseguidos pelos peões em plenas ruas.

Na década de 60, o Matadouro foi arrendado pela Prefeitura e, dez anos depois, desativado, mas o nome até hoje identifica o local.

Primeiras obras - No fim dos anos 60, a Prefeitura, através da Prodesan, retirou os trilhos da Avenida Nossa Senhora de Fátima, permitindo a duplicação da pista, que se transformou em principal corredor de ônibus. Também urbanizou e drenou a área, a partir da Via Anchieta.

A primeira denominação de Zona Noroeste apareceu em um folheto editado pela Prodesan sobre a inauguração do marco rodoviário Santos-São Vicente, que o povo denominou monumento dos latões, devido aos tambores.

O primeiro grande empreendimento da Prefeitura na Zona Noroeste foi a construção do Cemitério de Areia Branca, inaugurado em 1953, pelo então prefeito Antônio Ezequiel Feliciano da Silva. A necrópole deu origem e nome ao bairro, oficializado em 1968, com a edição do Plano Diretor Físico do Município de Santos.

Em 26 de julho de 1976, através do Decreto-lei nº 4.047, a região foi criada oficialmente e teve instituído o seu dia, comemorado sempre no último domingo de agosto (o 30º foi ontem).

Os bairros que compõem a Zona Noroeste são: Alemoa, Jardim São Manoel, Jardim Piratininga, Chico de Paula, Saboó, Jardim Bom Retiro, Jardim Santa Maria, Caneleira, Areia Branca, Jardim Rádio Clube, Jardim Castelo e Vila São Jorge.