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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1912 - por Laércio Trindade (Indicador Santense)

"...vários são os dias em que não é registrado óbito..."
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Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas Clique aqui para voltar à página inicial do 'Indicador Santense 1912'condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Em 1912, Laércio Trindade era o redator do anuário Indicador Santense, propriedade do "Bureau Central" Agência Central de Negócios, empresa concessionária pela Câmara Municipal, com sede na Praça da República, 16 ("telephone 257, Caixa do Correio  361"). A obra foi impressa na Typ. da "Casa Rembrandt", na Rua 15 de Novembro, 80, Santos. O exemplar, com 620 páginas (entre fotos, anúncios e textos, divididos em seis capítulos e apêndice) foi cedido a Novo Milênio para cópia pelo professor e pesquisador Francisco Carballa.

O texto a seguir integra a 1ª Parte (grafia atualizada):

[...]

Santos - A Cidade e o Município


Estátua de Braz Cubas na Praça da República
Imagem: Indicador Santense 1912

GOVERNO

Santos é como os demais Municípios do Estado de São Paulo, autônomo e independente quanto à sua vida econômica e administrativa, acatadas as leis federais e estaduais.

O poder municipal é exercido por dois órgãos, segundo a Lei n. 1.038 de 19 de dezembro de 1906: o poder legislativo e o executivo.

De acordo com a lei eleitoral do Estado, o poder legislativo é exercido por doze vereadores eleitos pelo processo determinado nessa lei, e o executivo, pelo Prefeito Municipal, eleito entre os vereadores, com funções por um ano.


Pedestal do Monumento a Braz Cubas na Praça da República
Imagem: Indicador Santense 1912

Extensão - A área do Município entre a cordilheira e o litoral é de cerca de 100 quilômetros.

Ilhas - O Município, além das duas ilhas principais de São Vicente e Santo Amaro, conta ainda com outras ilhas pequenas próximas da costa: a da Moela, onde está o farol, a da Lage, a das Palmas, a dos Ratos, a das Cobras que é a divisa do Município, e a dos Padres ou Barnabé, dentro da baía e o Mangal do Peceo (Ilha do Bagrinho) no largo do Caniú.

Porto - Situado o Município no litoral, o principal porto é o da Cidade, um ancoradouro seguro, formado por duas barras: a do Sul, ou Barra grande, com 10 quilômetros de extensão e a do Norte, ou Barra da Bertioga, com 30 quilômetros de comprimento; o ancoradouro tem na sua menor largura 775 metros com uma extensão longitudinal de 1.500 metros.

O porto tem cais corrido, onde atracam os navios de qualquer calado, sendo o serviço de carga e descarga feito por guindastes hidráulicos. Toda a zona do cais é ocupada por armazéns alfandegados e percorrida por linha férrea dupla ligada à da São Paulo Railway, comunicando o porto, desta forma, com o interior do Estado. É o primeiro porto da América do Sul, graças à empresa Docas de Santos.

Montanhas - O Município compreende parte da Serra do Cubatão, que é ramificação da Paranapiacaba, parte integrante da Serra do Mar. Dentro da Ilha de São Vicente há um sistema de montes ligados por gargantas: o Voturuá, o Taxinho, o Santa Maria, o Saboó, o de São Bento e o Monte Serrat, este na parte central da linha de Santos.

População - A população de Santos é de mais de 75.000 habitantes, inclusive estrangeiros.


O Porto do Bispo
Imagem: Indicador Santense 1912

Divisas - O município de São Vicente, a Nordeste, pelo rio Sahy. Com o de São Vicente, a Sudoeste, por uma linha reta que partindo da nascente da cachoeira Água Branca segue em direção ao mar em parte Norte do ilhote Urubuquessaba ou Ilha das Cobras e do mesmo ponto de partida à Serra de Paranapiacaba, até a grande cachoeira do Itutinga. Ao Norte com o município de Mogy das Cruzes pela Geral e com o de São Paulo pelo alto da Serra do Cubatão. As divisas com o município de São Sebastião foram determinadas pela Lei n. 44 de 5 de abril de 1865, e n. 21 de 21 de março de 1870. Com o município de São Vicente pela lei n. 17 de 1º de março de 1841.

Clima - Afora um ou outro dia de noroeste, cuja temperatura pelo verão eleva-se consideravelmente, soprando vento contínuo, tocado do Noroeste, e alguns dias chuvosos de julho a setembro, nos quais reina frio úmido acompanhado de vento Sudoeste, pode-se afirmar ser o clima de Santos agradabilíssimo e invejável, com suas estações indelimitadas.

É salubérrimo e ultimamente já as formosas praias são procuradas para estações balneárias, fato que se não notava quando pelo verão, a febre amarela, de triste memória, costumava assolar a cidade e espalhar o pânico aos seus habitantes e também aos de serra acima.

Hoje, porém, graças às medidas rigorosas de higiene da Comissão Sanitária, ao aterro de grande parte dos mangues pela Companhia Docas de Santos e pela canalização dos ribeiros existentes nas baixadas, feita pela Comissão de Saneamento, pode-se dizer que o clima de Santos é o mais salubre do Estado e - fato notável - durante o ano, VÁRIOS SÃO OS DIAS NOS QUAIS NÃO É REGISTRADO ÓBITO, NO RESPECTIVO CARTÓRIO.


Ponte da ferrovia São Paulo Railway Comp.
Imagem: Indicador Santense 1912

Conformação - O município é formado por uma zona no continente e pelas duas ilhas, de São Vicente e de Santo Amaro - esta é constituída pelo Oceano, pelo rio da Bertioga e pelo Canal de Santos e aquela, por este canal, e pelo rio Casqueiro que o continua até encontrar novamente o Oceano, a Sudoeste da cidade de S. Vicente. No litoral é formado de praias que se sucedem em pequenos intervalos e tanto assim é que a cidade de Santos tem à face do mar a maior das praias; é justamente a zona que mais terreno plano apresenta. Não é, porém, uma planície porque é antes uma depressão irregular, mesmo abaixo do nível do mar em certos pontos, desde o mangal em que a cidade termina para o canal, do lado oposto à zona montanhosa, em cuja fralda foi assente a povoação.

Muitos mangais têm sido aterrados não só pela Companhia Docas de Santos como também por particulares no aproveitamento de terrenos. A baixada, que existia para os lados da fralda da montanha que circunda a cidade pelo poente, foi ultimamente beneficiada pelos canais construídos pela Comissão de Saneamento, dando lugar à seca dos terrenos alagadiços.


Praia do Consulado
Imagem: Indicador Santense 1912

Situação - A cidade de Santos fica numa extensa baixada entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico; está situada a Nordeste da Ilha de São Vicente, a 23º 56' de latitude Sul e 3º 10' de longitude ocidental do Meridiano do Rio, ou 48º 39' do Meridiano de Paris - a menos 12 minutos e 36 segundos do tempo da Capital Federal (N.E.: na época, o Rio de Janeiro), distando do porto desta 202 milhas e de São Paulo, capital do Estado, 79 quilômetros de linha férrea da São Paulo Railway.


Prédio antigo de Alfândega e Correio, ex-Colégio dos Jesuítas
Imagem: Indicador Santense 1912

Rios - Inúmeros rios banham o município. No continente o Sahy que é a divisa Nordeste, o Bertioga que é antes um braço de mar ou canal, o Pelaes ou Fazenda, com 7 léguas de percurso e seus braços; Caraú e da Praia, à margem esquerda e à margem direita o Caidaca, Bananal, Itutinga, Guaxenduba, Água Branca, Fazenda e Jacaréguava; e mais os rios Ribeirão, Caruara, Caêté, Cabossú, Pucca, Boa Vista, Trindade e Curral, todos estes com a foz alguns e outros desaguando no canal da Bertioga; na baía, o Diana, o Sandim, o Jurubatuba ou Jeribatyba, o Peruty, o Quilombo com o seu afluente o Morrão, o rio Piassaguéra, o Cubatão o Cascalho etc.

Na ilha de Santo Amaro, os rios da Conceiçãozinha, Santo Amaro, do Meio, Pouca Saúde no Canal da Barra Grande e riacho Casqueiro, rio Piraiquê, rio do Póte, Curumarú com seus afluentes Emboaba à direita e Maratã-uá à esquerda, rio Misericórdia e dos Patos, no Canal da Bertioga.

Na ilha de São Vicente - os rios São Jorge e os furados do Saboó e rio Preto.


Trapiche "Luiz Venancio"
Imagem: Indicador Santense 1912


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