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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM... - BIBLIOTECA NM
1915 - por Carlos Victorino (12)

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Carlos Victorino apareceu na imprensa santista como tipógrafo no jornal Gazeta de Santos (de 1883) e reapareceu como revisor no Jornal da Noite, criado em 1920. Também escreveu para teatro e nos gêneros romance e comédia.

Suas lembranças de Santos, vivenciadas entre 1905 e 1915, foram reunidas na obra Santos (Reminiscências) 1905-1915, cujo Livro II (com 125 páginas) foi em 1915 impresso pela tipografia do jornal santista A Tarde (criado em 1º/8/1900). O Livro I, correspondente ao período 1876-1898, já estava com a edição esgotada quando surgiu a segunda parte.

Nesta transcrição integral do Livro II - baseada na 1ª edição existente na biblioteca da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos (SHEC) -, foi atualizada a ortografia:

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Santos (reminiscências) 1905-1915

Carlos Vitorino

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XII

Anunciava-se para breve a vinda do dreadnought (N.E.: navio encouraçado) São Paulo ao nosso porto. A capital moveu-se, preparando comissões, escolas, bandeira, baixelas e uma enfiada de honrarias que seriam ofertadas ao almirante Alexandrino de Alencar, em nome do Estado de S. Paulo e dos paulistas.

A nossa Câmara também mandou confeccionar objetos de arte para serem oferecidos. Mas, não chegou brevemente o São Paulo. Ficou adiada para dia incerto a sua vinda a Santos. Vem não vem, o São Paulo ia quase que ficando esquecido pela delonga. De novo, encaixotaram-se baixelas e bandeiras, engoliram-se discursos e reinou o silêncio sobre o possante navio de guerra da nossa Armada.

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Passado algum tempo, a baía de Santos recebia o cruzador alemão Vinetta. Poucos dias estava em nosso porto o Vinetta, quando as autoridades marítimas receberam novas do naufrágio do Guarany, uma parcela da Armada brasileira, metida a pique pelo vapor nacional Borborema, ocasionando muitas vítimas.

Cerra-se o luto na Armada nacional. Promovem-se exéquias em homenagem às vítimas do Guarany...

Eis que chega o São Paulo.

As festas promovidas tinham duas faces: riso e pranto. O almirante Alexandrino de Alencar, toda a oficialidade, inferiores e marinheiros do São Paulo, assistiram as exéquias em intenção aos seus companheiros vítimas no naufrágio do Guarany. A oficialidade, inferiores e marinheiros do Vinetta fizeram-se representar nas exéquias.


O São Paulo fundeado em frente ao Paquetá

Foto e legenda publicadas com o texto

O Largo do Carmo, hoje Praça Barão do Rio Branco, à hora da celebração das exéquias, apresentava um aspecto lugubremente belo. Ainda assim, os festejos promovidos para a recepção do São Paulo realizaram-se com toda a pompa. O Largo do Rosário, feericamente iluminado, mantinha um aspecto deslumbrante.

A oficialidade do S. Paulo fez-se representar em todas as festas que lhe eram ofertadas. Os automóveis, durante toda a noite, percorriam a cidade conduzindo a alegre maruja do S. Paulo, que portou-se, em terra, digna de elogios.

O nosso Edú Chaves, muito caladinho, veio da capital, e quando menos se esperava, ei-lo a fazer evoluções no seu aeroplano, em volta do S. Paulo, recebendo vivas dos visitantes que estavam a bordo.

Era estupendo o espetáculo! Era belo ver-se um navegante do ar cumprimentando um titânico dos mares.


Formatura de marinheiros do São Paulo, do Vinetta e destacamento policial, à porta do Convento do Carmo, durante a celebração das exéquias por alma das vítimas do naufrágio do Guarany

Foto e legenda publicadas com o texto