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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [50]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 1.030 a 1.035, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Centro Colonial Affonso Penna
Foto publicada com o texto, página 1.031. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Espírito Santo

e acordo com os algarismos oficiais, este pequeno estado ainda em exploração é o menor da União, excetuando apenas Sergipe que tem 39.090 quilômetros quadrados. A sua área é de 44.839. De conformidade, porém, com os mapas oficiais, o estado de Alagoas é também menor do que o Espírito Santo.

Esta discordância mostra bem que há falta de estatísticas exatas no Brasil e que as fronteiras de muitos estados não se acham ainda bem definidas. Nenhum estado brasileiro pode se considerar perfeitamente explorado; mas, dada a extensão do Espírito Santo, pode-se dizer que ele é o menos conhecido de todos e isto devido, em grande parte, à presença de índios hostis no interior.

Tem sido sempre uma espécie de Cinderela no Brasil, mas recentemente, com o empreendimento de vias férreas, o cultivo do café e as obras do porto, o estado de um passo que deve levá-lo longe.

O Espírito Santo tem o Rio de Janeiro por vizinho ao Sul, estando hoje ligadas as respectivas capitais pela Estrada de Ferro Leopoldina, de direção inglesa. Minas Gerais limita-o o Oeste e Bahia ao Norte. O seu litoral mede 273 milhas. A maior largura de Leste a Oeste é de 93 milhas. É atravessado de Norte a Sul pela Serra do Mar. A parte ao Norte do grande Rio Doce é conhecida pelo nome de Serra dos Aimorés; a parte ao Sul, pelo de Serra da Chibata.

Serpeando por entre inúmeros montes, o Rio Doce quase divide o estado em duas partes iguais, setentrional e meridional; corre em parte por uma vasta planície de aluvião, densamente coberta de florestas; e, procurando um escoadouro na direção do mar, através de rasos canais, forma afinal um imenso delta.

Acima deste rio, as terras compreendidas entre a referida serra e o mar são planas, geralmente pantanosas e insalubres; e abaixo dele, até as imediações da capital, onde a serra quase beija o mar por uma de suas ramificações, as terras são também planas, sem serem tão alagadiças.

As regiões elevadas do estado são das mais pitorescas do Brasil. Regadas por milhares de correntes que alimentam o Doce e outros rios, e cobertas de luxuriante vegetação em que é magnífica a variedade de madeiras de lei, possuem clima delicioso e próprio para os Europeus do Sul.

Os rios principais, começando do Norte, são: o Mucuri, que o separa do estado da Bahia e nasce em Minas Gerais, perto de Filadelfia; o S. Matheus, que se supõe nascer em uma região ainda inexplorada do estado de Minas, em que dominam os botocudos; esse rio se liga ao Itaunas por um canal e é navegável numa extensão de 36 milhas contadas da sua foz; o Rio Doce que, com os nomes de Chopotó e Piranga, tem a sua origem nos distritos diamantinos e auríferos do município de Ouro Preto e se classifica entre os rios mais importantes que nessas latitudes procuram escoadouro no Atlântico.

Na extensão de algumas milhas a partir da sua embocadura, o Doce é raso e a navegação difícil, especialmente quando sopra o vento Sul; mas, a partir do delta, ele se apresenta em um só leito com esplêndido volume d'água, navegável por cerca de cem milhas até quase às fronteiras com o estado de Minas. Todavia, a pequena profundidade do delta impede que este belo trecho seja devidamente aproveitado, e em maioria os transportes são feitos por animais.

Em quarto e quinto lugares, devem ser mencionados o Itapemirim e o Itabapoana, que nascem nas montanhas de Minas. O Rio Itapemirim é navegável até Cachoeira, num curso de vinte milhas; daí foi construída uma estrada de ferro pela companhia Leopoldina, percorrendo a fértil região das nascentes deste rio e do Itabapoana, que divide o Espírito Santo do estado do Rio de Janeiro.

As estradas de ferro adquiridas e construídas pela Leopoldina no Espírito Santo têm já uma extensão de mais de 200 milhas, e partem do Rio de Janeiro a Vitória, com um ramal de Cachoeira a Castelo, outro a Alegre, que se pretende prolongar até Ponte Nova em Minas Gerais, e outro ainda a partir de Alegre, com 100 milhas de percurso. É de prever que uma região acidentada como esta muito haja de dificultar a execução de tais projetos.

Outra estrada de importância é a de Vitória ao Noroeste, que alcança o Rio Doce na fronteira mineira e continua por cerca de 100 milhas pela margem direita deste rio. Basta um relance de olhos pelo mapa respectivo para se ver que essas linhas, em futuro não remoto, farão da cidade de Vitória um porto de valor.

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Vitória, capital do Espírito Santo: 1) Viaduto na linha férrea, perto da cidade; 2) O porto; 3) Um carregamento de madeira; 4) Uma praça da cidade; 5) A cidade
Foto publicada com o texto, página 1.032. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

O território que hoje forma o estado do Espírito Santo constituiu primitivamente parte de duas capitanias separadas: a de Porto Seguro ao Norte, e a do Espírito Santo ao Sul do Rio Doce. A cidade do Espírito, de que a capitania herdou o nome, foi fundada em 1535 por Vasco Fernandes Coutinho, primeiro donatário. Em 1560 a capitania foi transferida à Coroa.

As tribos indígenas dos aimorés e goitacazes ofereceram forte resistência aos invasores, e num dos combates, Mem de Sá, governador da Bahia, perdeu um de seus filhos. Por isso, foi escolhido novo lugar para a capital, na Ilha de Santo Antonio, hoje cidade da Vitória.

Mais tarde, a capitania de Paraíba do Sul foi anexada à do Espírito Santo, e assim permaneceu até que, reconhecida a independência do Brasil, foram determinados os atuais limites, revertendo ao estado do Rio de Janeiro o município de Campos, que pertencia àquela capitania.

Embora seja a cidade de Vitória uma das mais velhas do Brasil, o seu progresso, relativamente falando, não é notável. O seu desenvolvimento foi continuamente retardado, durante os primeiros anos da sua história, a princípio pelas incursões dos ferozes indígenas e, depois, pelos ataques dos holandeses, compelidos afinal a retirar-se, depois de repetidas derrotas. Foi sob a direção do primeiro governador nomeado pela Coroa, Antonio Pires da Silva Ponte Leme, depois de 1800, que a cidade e capitania entraram num período de paz e desenvolvimento.

Nos últimos cinqüenta anos têm-se estabelecido no estado colonos alemães, polacos, suíços, tiroleses, portugueses e italianos, estes últimos em grande número, principalmente no Sul, perto de Anchieta, a antiga Benevente, nas proximidades de Alfredo Chaves, Itapemirim, Cachoeira, nas margens do Rio Santa Maria, em Transilvânia no Rio Doce e em Timbuí e Santa Cruz. O número destes colonos atingiu a 30.000.

Anchieta recebeu o seu nome em honra ao missionário jesuíta que passou a sua vida, no século XVI, no piedoso serviço de catequizar os indígenas,e em número de 12.000, aproximadamente, os conseguiu estabelecer em aldeias. É curioso notar-se que, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil, eles estipularam que ficariam pertencendo, inalienavelmente, à povoação indígena, seis léguas quadrados de terras; mas, logo que se retiraram os jesuítas, os portugueses foram invadindo os terrenos reservados.

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Empresa Industrial de Melhoramentos Pacheco & Cia.: 1) Palacete Jongnell, Vitória; 2) Novo hospital, em via de construção, na Vitória; 3) Grupo de 28 casas, construídas pela firma, na Vitória; 4) Escola Modelo, Vitória
Foto publicada com o texto, página 1.033. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

A principal indústria do estado hoje é o cultivo do café, e o Espírito Santo presentemente é no Brasil o quarto exportador deste artigo. Em 1907 e 1908, a saída pelo porto de Vitória foi respectivamente de 460.949 sacos no valor de £764.471; e de 475.400 sacos no valor de £700.758.

Vem a propósito declarar aqui que esses algarismos não representam a totalidade real do café exportado pelo Espírito Santo, pois que uma parte considerável deve ter tido saída pelo estado do Rio de Janeiro.

Os três outros artigos de exportação atingiram em 1908 os seguintes valores: areias monazíticas, £27.600; couros, £1.000; e madeiras, especialmente o jacarandá (madeira rósea), £9.000. Destes algarismos, embora consideravelmente aumentados em 1912, não se pode concluir senão que a grande riqueza do estado tem sido pouco explorada.

Entre as lindas madeiras, abundantes nas opulentas florestas do estado, citam-se: o cedro, o pau-brasil, o jacarandá, peroba, muito usada em mobílias e construção de navios, o jenipapo, madeira muito elástica de uma cor bizarra, mais ou menos lilás, e o itapicuru, listrado de fibras amarelas.

As importações pelo porto da Vitória são até agora insignificantes, tendo atingido em 1907 e 1908 respectivamente os valores de £149.951 e £98.563. Estes algarismos, porém, são apenas referentes ao porto da Vitória.

Vitória, o principal porto e capital do estado, está na extremidade ocidental da longa e estreita baía do Espírito Santo, a Sudoeste de uma ilha, formada por um canal estreito, de nome Maruípe. No lado Sul da baía e perto da entrada, está a velha capital - Espírito Santo, ou Vila Velha, dominada por uma imponente fileira de conventos e igrejas.

A Leste da Vila Velha, dominando a entrada da enseada, estão os morros da Penha, a 410 pés de altitude, e Moreno, a 650 pés, um encimado pelo convento do mesmo nome, o outro por um farol. Ao Norte do farol, várias ilhas guardam a entrada, e no litoral, um pouco para cima, ergue-se o ponto culminante da redondeza, o pico do Mestre Alvaro, de 2.900 pés de altura.

Pelo seu tamanho, isolamento e proximidade da costa, Mestialve, como é comumente chamado, oferece uma das vistas mais belas da costa brasileira. A chegada à capital é lindíssima, pois a baía do Espírito Santo quase rivaliza em pitoresco com a do Rio de Janeiro.

Um passeio pela enseada acima apresenta ao visitante uma série de espetáculos surpreendentes, encantadores. Rochedos que pendem sobre a baía, ilhotas vestidas de verde pelúcia, inúmeras reentrâncias do mar onde se acolhem as gaivotas, curvas inesperadas, e estreitas passagens entre barrancos cobertos de lianas - bem se pode imaginar a beleza de tudo isto. A baía tem 6 milhas de comprimento e menos de meia milha na sua estreita parte oriental. Tem um bom canal para navios de 19 pés de calado.

É constante o movimento de vapores no porto. Assim, em 1910, 303 vapores, sob a bandeira nacional, entraram no porto com 179.214 toneladas e 121.987 tripulantes. De vapores estrangeiros, entraram 73 com uma tonelagem de 156.367 e tripulação de 2.529 homens. Os passageiros desses navios foram 4.235, dos quais 2.855 homens e 1.380 mulheres. Outras entradas constaram de 176 jangadas com 3.167 toneladas e 670 homens de tripulação, bandeira nacional. Os navios estrangeiros compreenderam 46 ingleses, 21 alemães, 2 belgas, 1 holandês, 1 austríaco e 1 húngaro.

No mesmo período, saíram do porto 303 navios com 12.979 homens e 156 jangadas com 599 homens, sob a bandeira nacional, e 72 barcas a vapor com 2.498 tripulantes. Saíram 2.851 passageiros, 1.892 do sexo masculino e 959 do sexo feminino.

Durante o período de janeiro a setembro de 1911, constaram as entradas de 232 vapores nacionais com 148.074 toneladas e 10.427 tripulantes, e de 65 vapores estrangeiros com 143.209 toneladas e 2.361 homens de tripulação. Estes transportaram 3.189 passageiros, 2.220 do sexo masculino e 909 do sexo feminino. Pequenas embarcações, todas sob a bandeira nacional, entraram em número total de 181, com 3.773 toneladas e 732 tripulantes.

Dos navios estrangeiros, 43 eram britânicos, 19 alemães, 1 belga, 1 francês e 1 húngaro. Durante o mesmo período saíram 2.046 passageiros, sendo 1.387 homens e 659 mulheres. As saídas de navios constaram de 232 vapores nacionais com 10.421 tripulantes e 66 navios estrangeiros com 2.392 tripulantes e 164 jangadas com 667 homens de tripulação.

No mais afastado recesso da baía, acha-se pitorescamente situada a cidade da Vitória, pequena e sem pretensões arquitetônicas, só podendo se ufanar da sua posição natural. Vista do porto, é uma cidade de bela aparência ao longo da costa, cujas habitações se acumulam nas encostas dos morros que lhe ficam à retaguarda.

Agora se fazem esforços para se tornar Vitória mais digna dum brilhante futuro. As ruas principais têm sido calçadas de novo e melhorados os esgotos, a canalização de água potável e a iluminação, havendo um sistema de bondes que liga o centro da cidade aos seus subúrbios. As casas são construídas em quadrados ou em blocos irregulares, sem a menor tentativa de simetria.

Entre os edifícios públicos mais importantes, estão: o Palácio do Presidente, a Casa do Congresso, várias igrejas, um teatro e um hospital. Vitória nada tem que a distinga particularmente. Mas é justo que se escreva aqui uma palavra em louvor ao governo municipal: por isso que as ruas são limpas e bem conservadas e no seu conjunto a cidade apresenta um aspecto de asseio e prosperidade.

O orçamento para 1910 avaliou a receita em 128:005$849, embora na realidade tenha atingido a 189:727$331, ou seja, uma diferença de 61 contos para mais. Por outro lado, a despesa foi orçada em 124:363$672 e na verdade atingiu a 213:305$067. Contudo, à vista do saldo que vinha de 1909 na importância de 34 contos, a despesa não foi excessiva.

Depois da pequena capital deste pequeno estado, há outras cidades relativamente importantes, ao longo da costa, que são Conceição da Barra e São Mateus, ao Norte, servindo a primeira de porto da segunda, que está situada à margem direita do Rio São Mateus, a 12 milhas do mar. A população de São Matheus é de 7.000 habitantes e a de Conceição, 4.000.

Ao Sul de Vitória, na costa, se encontram Guarapari, donde vêm as areias monazíticas, Anchieta e Benevente. O município desta última, a umas 40 milhas da capital, será um centro de produção de arroz, açúcar e café. Compreende as vilas do Alto Benevente e Piuma e tem uma população de 20.000 habitantes.

Pelo interior, ao longo da estrada de ferro que liga o estado ao do Rio de Janeiro, há várias cidades florescentes. Destas, a principal é Cachoeiro do Itapemirim, centro de uma rica zona cafeeira, com uma população de 15.000 habitantes, em grande número italianos, alemães e polacos, e tendo nos seus limites as vilas de Jequitibá, Mangaraí e Santa Tereza. Este distrito é o principal centro produtor de café do estado. De Cachoeiro é que parte o ramal da Estrada de Ferro Noroeste para Ponte Nova, em Minas Gerais, em via de conclusão. Castelo e Alegre, servidas pelo ramal citado, e Itabapoana, no extremo Sul do Espírito Santo, são outras vilas importantes.

A população do estado é calculada em 300.000 habitantes, inclusive os indígenas.

A instrução no Espírito Santo é provida por mais de 200 colégios e escolas públicas e particulares.

O estado está dividido em 29 municípios. O corpo legislativo consiste em uma Câmara com 25 deputados, eleitos por três anos.

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Homens de negócios da Vitória: 1) Dr. Antonio José Domingues de Oliveira Santos; 2) L. C. Good; 3) Dr. Justin Norbert; 4) Ildebrando Resimini; 5) Raffaele Leone; 6) José Ferreira Braga; 7) Alberto de Oliveira Santos
Foto publicada com o texto, página 1.034. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

London & River Plate Bank - Em 1910, foi aberta uma filial do London & River Plate Bank, na cidade de Vitória, sob a hábil gerência do sr. James Mill. Em pouco tempo, graças à atividade do seu gerente, o banco estendeu aqui largamente as suas transações.

O sr. Mill nasceu na Escócia e foi educado no Gordons College, na cidade de Aberdeen. Durante dois anos e meio, foi empregado do Caledonian Bank e em 1895 entrou para os escritórios do London & River Plate em Londres. Passados quatro anos, veio para o Brasil, a mando do banco, e foi seu auxiliar no Rio de Janeiro e São Paulo.

Dr. Justin Norbert - Entre os nomes dos mais dignos e distintos auxiliares do governo fluminense, é justo mencionar o do ilustre engenheiro dr. Justin Norbert. São de alta valia os serviços prestados pelo provecto mineralogista ao estado do Rio de Janeiro. O Museu do Estado, que foi por ele organizado, atesta os esforços que este digno funcionário empregou, para, dentro de tão curto prazo e com a parcimônia de meios que a situação financeira comportava, ali reunir, em brilhantes coleções, tantos e tão convincentes documentos da exuberância do solo fluminense.

Como engenheiro auxiliar da Diretoria de Obras Públicas, Agricultura, Viação e Indústria, efetuou o dr. Norbert trabalhos em que a sua capacidade profissional e hábil direção ficaram igualmente comprovadas. Além da fiscalização de estradas de ferro e companhias industriais, dirigiu também o dr. J. Norbert os serviços de colonização, estabelecendo em Teresópolis núcleos coloniais; a construção de um confortável quartel para o destacamento policial daquela cidade, a medição e fotografia de centenas de importantes quedas de água e ainda, enfim, a criação do formosíssimo edifício onde se acha hoje instalado o museu.

O nome deste ilustre engenheiro está ligado ao progresso do Brasil, onde tanto lhe devem os estados de S. Paulo e Rio de Janeiro. Desde o princípio de 1911, é o dr. J. Norbert chefe da Comissão Geológica e Mineralógica do Estado de Espírito Santo, assim como administrador de diversas obras. DUrante alguns anos, residiu em São Paulo, onde levou a efeito obras importantes.

Empresa Industrial de Melhoramentos - Pacheco & Cia. - Esta empresa foi fundada pela firma Antonio Duarte & Cia., estabelecida em 1º de maio de 1910; a esta última sucedeu, em 1º de outubro de 1911, a firma Pacheco & Cia., atual proprietária da Empresa Industrial de Melhoramentos.

Tem a empresa por objeto explorar vários ramos de indústria, tais como estradas de ferro, linhas de bondes, construção de prédios etc.; o seu capital é de Rs. 500:000$000.

Os srs. Pacheco & Cia. estão agora terminando a montagem de uma grande fábrica de materiais para construção, fábrica essa que será dotada de todos os melhoramentos modernos e produzirá material de primeira ordem.

Os sócios solidários da firma são os srs. capitão Francisco de Paula Pacheco, João Nicolussi e André Carloni, que têm como sócio comanditário o sr. coronel Antonio José Duarte. O escritório central da firma fica provisoriamente à Rua do Comércio, 58, tendo uma sucursal na Estação do Aribiri, Estrada de Viação Elétrica de Vitória à cidade do Espírito Santo.

Aage Kieruff Abrahamsen - O sr. Aage Kieruff Abrahamsen é o representante e construtor, pela firma de Siemens Schuckertwerke, da linha de tramways elétricos da Vitória a Vila Velha. O sr. Abrahamsen é natural de Copenhague e engenheiro eletricista pela universidade da mesma cidade, tendo se formado em 1901. Durante 2 anos esteve como engenheiro na estação de força elétrica de Copenhague, e depois, em uma firma de instalações elétricas muito conhecida, por 5 anos. Em Berlim trabalhou na Allgemeine Electrizitäts-Gesellschaft, vindo depois para a América do Sul, onde trabalhou durante 1 ano na Siemens Schuckertwerke no Rio de Janeiro, anteriormente à sua partida para o presente posto.

Na instalação da Vitória, a corrente é levada da subestação à casa dos transformadores à Rua 7 de Setembro, comum voltagem de 2.000 v, onde é, em três transformadores rotativos trifásicos - cada um dos quais ligado a motor trifásico de 135 cavalos e voltagem de 2.000 v - convertida em corrente contínua com uma voltagem de 600 a 700 volts; havendo também um dínamo de corrente contínua à mesma voltagem.

Os quadros de distribuição de força se acham também nesta estação; destes saem duas linhas de alimentação com uma extensão de 1.500 m cada uma, sendo os cabos de cobre com uma seção de 94 mm. O fio onde corre o trole tem forma especial e uma seção de 80 mm.

O material rodante se compõe de 7 carros de passageiros com 24 lugares, acionados por 2 motores de 30 cavalos cada, de 2 carros iguais aos precedentes, porém com motores de 45 cavalos cada um, de 2 pranchas para carga, com capacidade máxima de 6.000 kg cada uma e providas de motores de 45 cavalos cada um. A linha tem uma extensão total de 10.500 metros. Os trilhos são de fenda no centro da cidade e Vignolle na linha para Sto. Antonio e Praia do Juá.

Arbuckle & Cia. - Esta importante e bem conhecida casa norte-americana exportadora de café tinha, há mais de 17 anos, um representante na cidade de Vitória; ultimamente, porém, abriu um escritório e instalou um armazém donde são constantemente embarcadas grandes partidas de café. A filial está sob a direção do sr. Louis Charles Good, cidadão norte-americano que há muitos anos é auxiliar da firma Arbuckle & Cia.

Antenor Guimarães - O sr. Antenor Guimarães toma parte muito ativa na vida marítima da Vitória, sendo agente e estivador da maioria das companhias de navegação que servem aquele porto. Representa a Companhia Comércio e Navegação, a Empresa de Navegação Esperança, o Norddeutscher Lloyd, a Brazil Transport Line, a Hamburg Amerika Linie, a Hamburg Sudamerikanische, e a Companhia São João da Barra.

O sr. Antenor Guimarães é proprietário de 5 lanchas e 25 chatas e se encarrega do transporte de qualquer carga por mar ou terra. É também representante da Estrada de Ferro Vitória-Diamantina, da Société Minière et Industrielle Franco-Bresilienne de Paris (exportadores de areias monazíticas) e da Companhia de Seguros Varejista. Em outra seção, tem a firma a gerência da limpeza pública da cidade. A casa, que foi fundada há mais de 20 anos, realiza anualmente um movimento superior a Rs. 2.200:000$000. O seu capital atual é de Rs. 400:000$000.

J. Zinzen & Cia. - Esta firma exporta anualmente para a América do Norte grande quantidade de café, na importância de mais de Rs. 6.000:000$000, assim como madeira de diversas qualidades. Os srs. J. Zinzen & Cia. são também importadores de diversos gêneros, como arroz, farinha, ferragens, maquinismo, querosene etc. As transações que a casa efetua neste ramo importam anualmente em cerca de Rs. 1.350:000$000.

Para os seus diversos serviços, emprega a firma cerca de 50 pessoas, incluindo os viajantes. A casa foi fundada em 1900, com o capital de Rs. 25:000$000 pelos sócios atuais, srs. Zinzen, cônsul dos Estados Unidos da América do Norte, Holanda e Bélgica; A. Hegner, cônsul austríaco; e Arens, cônsul da Alemanha.

Cruz, Duarte & Cia. - Nas suas transações de importação e exportação, tem esta firma, anualmente, um movimento superior a Rs. 4.500:000$000. Exporta para a Europa e América do Norte nada menos de 60.000 para 70.000 sacas de café; e importa em grande escala diversos artigos como sejam vinhos, fazendas, calçados, chapéus, roupas feitas, perfumarias etc.

Os sócios componentes da firma são os srs. Augusto José da Cruz, José Duarte Oliveira e Anselmo José da Cruz. A casa, que foi fundada em 1879, negocia com o capital de Rs. 600:000$00.

Lichtenfels & Cia. - Os srs. Lichtenfels & Cia., que se estabeleceram na cidade de Vitória, em 1909, como engenheiros eletricistas e empreiteiros, negociam com o capital de Rs. 150:000$000. A firma também tem escritórios montados nas cidades de Rio de Janeiro e Viena e efetuou já diversas obras importantes, entre as quais a instalação da usina elétrica da cidade de Sorocaba. A filial da Vitória importa igualmente maquinismos para diversos misteres.

Ultimamente obtiveram os srs. Lichtenfels & Cia. do governo do estado do Espírito Santo a concessão de 28.000 milhas quadradas de terras, para exploração de madeiras; e para esse fim organizaram em Londres uma companhia com o capital de £1.500.000.

Vianna Leal & Cia. - Esta firma exportadora de café e importadora de fazendas e miudezas efetua anualmente transações no valor de cerca de Rs. 3.000:000$000. A maior parte das mercadorias importadas provém da Inglaterra e Alemanha e algumas do Rio de Janeiro; e são vendidas pelo interior do estado, mantendo a firma, para este fim, dois viajantes. A casa foi fundada em 1890 e ocupa 10 empregados. Os seus atuais sócios são os srs. Manoel B. Vianna Leal e Domingos Vieira da Silveira Leal. A firma negocia com o capital de Rs. 150:000$000.

Manoel Evaristo Pessoa & Cia. - Há uns 15 anos, estabeleceu-se o sr. Manoel Evaristo Pessoa na cidade de Vitória, com casa de importação e exportação. Em 1909, foi a firma alterada com a entrada de sócios. Esta casa negocia com o capital de Rs. 350:000$000 e o seu movimento anual vai a mais de Rs. 1.200:000$000. Os artigos importados são: querosene, ferragens, material de construção, vinhos, óleos e gêneros alimentícios.

Todos esses artigos provêm da Alemanha, Inglaterra, América do Norte, França, Espanha, Portugal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul; e a exportação, que consiste em madeiras, é feita para Hamburgo e Antuérpia. Os sócios atuais da firma são os srs. Manoel Evaristo Pessoa, Antonio Pinto de Araujo e Gregorio Barroso.

Alberto Silva - No estado do Espírito Santo, esta firma representa diversas casas com sede no Brasil, entre as quais Luckhaus & Cia., Ferraz Irmão & Cia., Oliveira, Azevedo Barros & Cia., Bordallo & Cia., Carlos Conteville, Machado & Silveira, Gonçalves Ferreira & Cia., Maia Costa & Cia., todas estas da praça do Ri de Janeiro. Da cidade de Pernambuco, representa o sr. A. Silva as casas Gomes Fonseca & Cia. e Silva Meira & Cia.; da Bahia, Stendar & Cia.; e de Juiz de Fora, J. R. Ladeira. Estas firmas negociam em fazendas, ferragens, armarinhos, couros, arreios, vidros, espelhos, papéis de forração, cordas, barbantes etc.

O sr. A. Silva estabeleceu-se em 1908 com o capital de Rs. 30:000$000 e efetua anualmente transações no valor de cerca de Rs. 1.000:000$000. Os seus escritórios e mostruários acham-se instalados à Rua da Alfândega, 22.

Oliveira Santos & Filhos - Os srs. Oliveira Santos & Filho figuram entre os maiores negociantes de aguardente, vinhos e carne seca, no estado do Espírito Santo. Negociam também em cereais, alfafas, sal etc. As suas transações estendem-se até os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Pernambuco. Os gêneros importados provêm de Portugal, França, Inglaterra, Alemanha, Noruega etc. e diversos pontos do Brasil.

A firma, que foi fundada em 1898, efetua anualmente negócios no valor de cerca de Rs. 1.000:000$000. Os seus sócios são os srs. Antonio José Domingues de Oliveira Santos e Alberto de Oliveira Santos.

Rufino Antonio de Azevedo - Os artigos por esta firma importados da Inglaterra, Alemanha, Itália, América do Norte e Rio de Janeiro são de várias espécies e incluem ferragens, tintas, óleos, vernizes, cutelaria, vidros, trens de cozinhas, louças, porcelanas, alumínio, cabos, barbantes, lonas, papéis, livros escolares, artigos para escritório etc.

A casa se estabeleceu com o capital de Rs. 150:000$000 e as suas vendas anuais representam na média Rs. 500:000$000. A firma, que também se encarrega de comissões e consignações, tem os seus escritórios e depósitos situados às Ruas da Alfândega 27 e 29 e Duque de Caxias 28 e 30.

Resimini & Leone - A importação de roupas feitas e fazendas da Inglaterra, Alemanha, França e Itália constitui o principal ramo de negócio dos srs. Resimini & Leone, que igualmente se encarregam de comissões e consignações de todas as espécies. Estes srs. são representantes da casa Carlo Pareto, do Rio de Janeiro, e do Banco de Nápoles. O capital empregado no negócio é de Rs. 100:000$000. A casa, que foi fundada em 1891, tem um movimento anual de Rs. 1.000:000$000. Os atuais sócios da firma são os srs. Ildebrando Resimini e Raffaele Leone.

Silva & Irmão - Esta firma faz um movimento de mais de Rs. 230:000$000, anualmente, com o seu negócio de roupas feitas, chapéus, artigos de fantasia, calçado, linhas e máquinas de costura, sendo seus principais mercados o da Vitória e o de outros centros no Espírito Santo. A casa foi estabelecida em 1903, com a firma de Abreu Silva, e tem um capital de Rs. 70:000$000. São sócios os srs. José Lopes da Silva e seu irmão Arthur Lopes da Silva.

Guimarães & MendesPara os habitantes da cidade de Vitória, o nome da Casa Victoria, dos srs. Guimarães & Mendes, representa a barateza e a confiança. O movimento anual desta casa, que anda em cerca de Rs. 500:000$000, prova a preferência que lhe é dada pela sua numerosa freguesia. A firma, que data apenas de 1910, ano em que se estabeleceu com o capital de Rs. 50:000$000, obteve desde logo os favores do público, pela ótima qualidade dos seus artigos, que são: vinhos, licores, águas minerais, presuntos, toucinho etc. Esses gêneros são importados da Europa e Rio de Janeiro. Os sócios componentes da firma são os srs. Gaspar de Freitas Guimarães e José Alberto Mendes.

Ferreira Braga & Cia. - Ainda que datando, apenas, de 1911, já esta firma se tornou largamente conhecida, no comércio da Vitória; o capital inicial foi de Rs. 50:000$000, mas está já resolvido aumentá-lo para o dobro daquela quantia num futuro muito próximo. O negócio consiste na importação e venda de trigo, secos e molhados, vinhos e licores dos Estados Unidos da América do Norte, Portugal e Espanha, e na exportação de cereais, para vários portos do Brasil. A casa tem 15 empregados. Os sócios solidários são os srs. José Ferreira Braga, Antonio Ferreira Braga e João Antonio Gomes.

Hotel Internacional - O Hotel Internacional é conhecido de todos os visitantes da Vitória, como uma residência central e confortável. Tem cerca de 30 quartos e todas as comodidades, como banhos quentes e frios etc. A cozinha é excelente e há sempre variado sortimento de vinhos e licores no valor de Rs. 18:000$000. O Hotel Internacional foi fundado em 1901, com o capital de Rs. 40:000$000.

John Littler - Por conta da firma Henry Rogers Sons & Co. Ltd., está o sr. John Littler dirigindo a construção de uma fábrica de tecidos, em Cachoeiro do Itapemirim, fábrica essa mandada construir pelo governo do estado do Espírito Santo.

O sr. Littler nasceu em Oldham e formou-se em Engenharia em 1876. Esteve na casa Platt Bros., Oldham, durante 11 anos, e passou 3 anos em Moscou, como mestre de fiação. Voltando à Inglaterra, entrou para a firma Asa Lees & Co., e para essa casa trabalhou em Portugal, Estados Unidos, Canadá e Rússia, aceitando novamente neste último país o lugar de mestre de fiação, que ocupou durante 10 anos. Demorou-se depois dois anos na Inglaterra, antes de embarcar para o Brasil, a tomar a gerência da fábrica de tecidos de Rodolpho Crespi, em São Paulo. Quatro anos mais tarde, voltou à Inglaterra e veio novamente para o Brasil, a exercer o seu presente cargo.

Vivacqua & Irmãos - Esta casa foi fundada em 1884 e a firma atual sucedeu à de Vivacqua & Filhos. Tem negócios, não só na capital do estado, como também em outros pontos do Espírito Santo. A casa matriz fica na Estação do Castelo, na Estrada de Ferro Leopoldina, e as filiais em Vitória, capital do estado, Natividade de Manhuaçu, na Estrada de Ferro Vitória a Diamantina, e na cidade de Moniz Freire.

Os srs. Vivacqua & Irmãos importam, em alta escala, farinha de trigo, charques, vinhos, arame farpado etc. e exportam café e outros produtos locais. Negociam em sua casa matriz e filiais, em fazendas, roupas, chapéus, calçado, ferragens, louça, secos e molhados. A casa vende também grande variedade de máquinas, tais como para beneficiar café e arroz, para o fabrico de gelo e outras.

Duarte & Beiriz - Esta firma, fundada em 1879, em Vila de Iconha, estado do Espírito Santo, negocia em fazendas, armarinho, ferragens, calçados, louças, chapéus e diversos outros artigos, assim como em sal, querosene, charque, arroz, açúcar, farinha de trigo, aguardente etc. Tem uma instalação completa para beneficiar café e arroz e compra qualquer quantidade desses gêneros, em casca, pelos melhores preços.

Os srs. Duarte & Beiriz têm trapiches no porto de Piuma, e são agentes das companhias de vapores que tocam nesse porto. As cargas transportadas por essas companhias são armazenadas sem que os importadores tenham de pagar trapichagem, embora sejam os fretes relativamente cômodos.

A firma, que mantém filiais em Piuma, Duas Barras e Monte Belo, encarrega-se de encomendas para todo o Brasil, Europa, Estados Unidos e República Argentina. E possui bons terrenos em mata virgem ou já cultivados, para vender, arrendar ou dar de meação.

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