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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [41-B]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 810 a 813, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Companhia Força e Luz Porto-Alegrense: 1) Depósito dos bondes elétricos; 2) Interior do depósito; 3) Interior da usina elétrica; 4) A usina elétrica
Foto publicada com o texto, página 807. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Rio Grande do Sul (cont.)

Finanças

Banco da Província do Rio Grande do Sul – Fundado em 1º de julho de 1858, época em que as dificuldades de capitais e de transações exigiam muito esforço dos homens interessados no movimento local e nos meios de agir para favorecer o comércio e as demais classes laboriosas, este banco, graças às suas administrações, esforçadas e honestas, progrediu e chegou a conquistar um dos primeiros lugares no país. Entre as instituições nacionais, pode o Banco da Província ser citado como exemplo, e para o Rio Grande do Sul constitui uma verdadeira glória.

Em 1854, não existia ainda em Porto Alegre, capital da então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, uma só casa que facilitasse as transações comerciais. Diversos negociantes tomaram então a iniciativa de organizar uma casa bancária. Logo depois, começaram os trabalhos preliminares para a instalação do banco, e em 7 de dezembro de 1857 a diretoria elegeu para presidente e secretário o sr. João Pereira Machado e para gerente tesoureiro o sr. Antonio de Azambuja Cidade.

No dia 1º de julho de 1858, abriu-se o banco, no sobrado dum prédio sito à Rua da Praia, e a 13 do mesmo mês principiava as suas operações, fazendo descontos à taxa de 9% e recebendo dinheiro em conta corrente, à taxa de 6% ao ano. O decreto imperial que autorizou o funcionamento do banco também o autorizava a emitir moeda-papel em notas de diversos valores; mas só em 1860 se cogitou dos meios práticos de aproveitar essa regalia com a máxima prudência.

À firma Knowles & Foster, de Londres, foi confiada a tarefa de fabricar aquele dinheiro, e no mesmo ano chegou a primeira remessa de notas, do valor de 10$000 cada uma. Essa primeira emissão teve em circulação apenas Rs. 13:710$000, sendo logo suspensa e anunciado o respectivo recolhimento, em vista do imposto quase proibitivo de 1$000, semestralmente, sobre as notas de valor menor de 50$000.

Em janeiro de 1862 passou o banco a funcionar num prédio por ele comprado, pela quantia de 2:000$000, no Largo da Alfândega. Em julho de 1865, a pedido do ministro da Guerra, abria na Tesouraria da Fazenda um crédito de Rs. 120:000$000. No dia 28 de junho de 1880, grande surpresa estava reservada ao público da capital, assim como uma dolorosa lição ao banco e sua administração. Os cofres do estabelecimento tinham sido violados, e roubado o dinheiro ali em depósito, Rs. 122.315$000.

Reconheceu então a diretoria a necessidade dum prédio com a segurança e a comodidade que a previdência exigia e resolveu comprar o terreno situado nas esquinas das ruas 7 de Setembro e General Câmara, pela quantia de Rs. 41:353$000. No edifício aí construído, passou o banco a funcionar em 8 de março de 1885. A República veio, pois, encontrar o banco em plena prosperidade. O seu capital primitivo, que fora de Rs. 1.000:000$000, aumentado para Rs. 2.000:000$000 em 1874, elevou-se em 1889 a Rs. 5.000:000$000.

Em outubro de 1908, abria-se uma filial em Pelotas, a cargo do gerente comendador Antonio Joaquim Pinto da Rocha; em junho do ano seguinte, foi instalada outra na cidade do Rio Grande do Sul, sob a direção do mesmo senhor, que passou a superintender a de Pelotas. Desse período em diante, foi constante o progresso do banco. Para o avaliar, basta consultar o saldo da conta de fundo de reserva nos cinco decênios de sua existência:

1868 98:731$000
1878 573:985$200
1888 601:664$700
1898 3.770:000$000
1908 5.030:000$000

Cumpre observar que contribuiu muito para esse esplêndido resultado a operação feita em 1895, da compra do acervo das filiais do Banco da República neste estado, transação realizada pelos diretores srs. Antonio Rodrigues Tavares e Manoel Carvalho da Costa, servindo de intermediário o comendador Pinto da Rocha. A alta administração do Banco da Província está atualmente a cargo dos srs. Manoel Carvalho da Costa, João Caetano Pinto e João Alves Canteiro, diretores, e do suplente em exercício sr. Frederico Descheimer.

A 1º de julho de 1910, inaugurou o banco uma carteira hipotecária, que veio prestar relevantes serviços aos agricultores e criadores; e no correr do mesmo ano, foram criadas três filiais, uma em Santa Maria, outra em Caxias e a terceira em Livramento, todas com resultados muito satisfatórios.

Em vista do aumento das filiais, tornou-se necessária uma inspeção permanente e, para este fim, criou-se na sede social uma seção denominada Inspeção Geral, que ficou inteiramente a cargo do chefe da contabilidade, sr. Antonio de Vasconcellos.

Foram, igualmente nesta época, criadas caixas econômicas populares na matriz de Porto Alegre e nas filiais de Pelotas, Rio Grande, Bagé, Santa Maria, Caxias e Livramento; em 31 de dezembro de 1910, os depósitos nelas reunidos atingiam a elevada quantia de Rs. 6.498:517$000. Hoje elevam-se acima de Rs. 7.500:000$000.

Anexa à Caixa Econômica e formando com esta uma nova seção, fundou-se, sob a direção do sr. Santos Pardelhas, uma Caixa Popular de Descontos. Igualmente neste ano, o banco emitia para a cidade de Pelotas um empréstimo de £600.000. Depois, tomou a iniciativa de provocar entre fortes banqueiros europeus, com os quais mantinha relações, a organização dum sindicato para estudo e construção de estradas de ferro no estado. Assim se constituiu o sindicato em que entraram o Dresdner Bank & Bank Für Handel und Industrie, de Berlim; os estabelecimentos construtores Bau & Betnebrokonsortium Backstein-Rappel desta mesma praça, e o Banco da Província. Este sindicato iniciou as suas operações pelo estudo da estrada de ferro de Taquari a Passo Fundo, da qual ele obteve a concessão.

O fundo de reserva do banco, que tinha sido reduzido a Rs. 3.250:000$000 em 1º de janeiro de 1910, em vista do aumento de capital, atingiu em 31 de dezembro a Rs. 5.026:890$960, incluindo os fundos de reservas das filiais que hoje se acham estabelecidas nas seguintes localidades: Rio de Janeiro, Pelotas, Santa Maria, Caxias, Cachoeira, Livramento, Alegrete, Uruguaiana e Jaguarão. Em cada uma funciona uma seção de Crédito Real para Empréstimos a Longo Prazo, Descontos Populares e Pequenos Depósitos, de 20$000 até 5:000$000 e pequenos empréstimos.

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A matriz do Banco da Província do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (novo edifício, em via de construção)
Imagem publicada com o texto, página 808. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

London & Brazilian Bank – Para o rápido desenvolvimento do Sul do Brasil, muito têm concorrido, materialmente, as facilidades bancárias oferecidas pelo London & Brazilian Bank. Noutra seção desta obra se encontrará uma descrição completa deste estabelecimento, cujo capital registrado é de £2.000.000, o realizado de £1.000.000 e o fundo de reserva de £1.000.000. Os escritórios do banco, em Porto Alegre, ficam á Rua 15 de Novembro, 1G. Esta filial constitui, no Sul do Brasil, um centro financeiro dos mais autorizados.

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O London and Brazilian Bank, Ltd., Porto Alegre
Foto publicada com o texto, página 810. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Brasilianische Bank für Deutschland – A agência do Brasilianische Bank für Deutschland em Porto Alegre está instalada num edifício apropriado e faz avultado movimento de transações bancárias. Noutra seção desta obra, se encontrará notícia detalhada deste importante estabelecimento.

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A matriz do Banco da Província do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (atual edifício)
Foto publicada com o texto, página 809. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Banco do Comércio de Porto Alegre – Fundado em 2 de janeiro de 1895, iniciou este banco as suas operações em 1º de abril do mesmo ano, com o capital nominal de Rs. 2.500:000$000, estando realizados Rs. 1.250:000$000. Foram seus primeiros diretores os srs. Edmundo Dreher, Francisco Gonçalves Carneiro e Manoel José Gonçalves Junior, os dois últimos já falecidos.

A 26 de janeiro de 1900, segundo resolução de assembléia geral, foi o seu capital nominal aumentado para Rs. 5.000:000$000, tendo ficado realizados Rs. 2.750:000$000, valores esses que ainda hoje se mantêm. O seu fundo de reserva, propriamente dito, monta, presentemente, a Rs. 1.000:000$000.

O banco distribui atualmente dividendos semestrais na razão de 10% ao ano. As suas ações da primeira emissão, cujas entradas realizadas ascendem a Rs. 140$000, cotam-se atualmente aos preços de Rs. 235$000 a 240$000; e as de segunda emissão, com entradas realizadas no total de Rs. 80$000, são cotadas aos preços de Rs. 135$000 a 140$000.

Faz todas as operações bancárias. Recebe e empresta dinheiro às taxas do mercado, sob as garantias usuais. Desconta toda a sorte de títulos públicos e particulares. Encarrega-se da cobrança de dividendos de bancos e companhias e de juros de títulos da dívida pública e outras quaisquer. Mantém uma Caixa de Depósitos Populares, com autorização do Governo Federal, recebendo pequenas quantias desde Rs. 20$000 até Rs. 5:000$000, depósito máximo.

Tem a sua sede em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Mantém filiais nas cidades de Rio Grande e Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul, e nas de Florianópolis e Joinville, no estado de Santa Catarina. Tem também correspondentes em todas as outras principais praças do país e do estrangeiro. Em 31 de dezembro de 1910, foi este, em resumo, o seu balanço:

Ativo

Empréstimos em contas correntes e sob garantias diversas 15.137:265$940
Títulos e outros valores caucionados 15.035:271$510
Valores a receber de conta de terceiros 1.670:656$060
Edifícios, apólices e ações 975:573$650
Caixa 2.323:019$490
  Rs. 35.141:786$650

Passivo

Capital pago 2.750:000$000
Depósitos em contas correntes 16.126:390$410
Garantias de diversos e v. hipotecários 15.035:271$510
Dividendos a pagar e outros valores p.c. terceiros 193:453$190
Diversas reservas 1.036:671$540
  Rs. 35.141:786$650

A sua diretoria atual é composta dos capitalistas srs. Barão da Silva Nunes, Pedro Benjamin de Oliveira e Antonio Mostardeiro Fº., conhecidos e antigos comerciantes, todos da praça de Porto Alegre. Data do ano de 1906 a ação conjunta dos referidos senhores na direção do estabelecimento, que bem merece a confiança que unanimemente lhe é dispensada.

O diretor do Banco do Comércio de Porto Alegre, barão da Silva Nunes, nasceu na vila de Póvoa do Varzim, Portugal, em 1852. Veio ainda moço para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 1865. Trabalhou no comércio do Rio Grande e Porto Alegre, até 1898, ano em que entrou para o Banco do Comércio, do qual é diretor desde 1898. Foi nomeado cônsul português em 1893, cargo que exerceu até 1910, quando foi proclamada a República em Portugal.

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Banco do Comércio de Porto Alegre: 1, 3 e 4) A instalação do banco; 2) Os diretores
Foto publicada com o texto, página 812. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Companhia de Seguros Previdência do Sul – Esta companhia, uma das mais importantes do estado do Rio Grande do Sul, foi fundada em 1906. O seu capital é de Rs. 1.000:000$000 e os seus escritórios centrais ficam em Porto Alegre, à Rua Sete de Setembro, 101. A companhia faz avultadas operações de seguros, principalmente seguros de vida. No seu balanço, tirado a 31 de dezembro de 1910, figuram apólices de seguros na importância de Rs. 9.491:000$000. Opera também a companhia em empréstimos, sobre hipoteca de prédios ou terras, e nesse ramo é também grande o seu movimento.

A sua diretoria se compõe dos srs. dr. Possidonio Mancio da Cunha Junior, dr. Felisberto Barcellos Ferreira de Azevedo e Victor Barreto de Oliveira; e o seu Conselho Fiscal, dos srs. major José Luiz Moura de Azevedo, tenente-coronel João Caetano Pinto e Pedro Chaves de Barcellos.

O sr. Felisberto de Azevedo, diretor-tesoureiro, nasceu em Porto Alegre, em 1865. Fez a sua primeira educação na mesma cidade e depois cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, pela qual se formou em 1887. Voltou então para Porto Alegre e trabalhou no comércio muitos anos. Por ocasião da fundação da Previdência do Sul, foi escolhido para seu diretor-gerente e tesoureiro. Faz parte dos principais clubes de Porto Alegre.

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Novo edifício da Cia. de Seguros Previdência do Sul
Imagem publicada com o texto, página 811. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Companhia Predial e Agrícola – A Companhia Predial e Agrícola, fundada há alguns anos em Porto Alegre, tem de ano para ano aumentado as suas transações. Em 1910, apresentou um lucro de Rs. 47:603$750, o que lhe permitiu distribuir um dividendo na razão de 8%. Durante o mesmo ano, foram transferidas 19 ações da companhia, 16 por compra e venda e 3 por herança. O ativo da companhia em 31 de dezembro de 1910 era o seguinte:

Cauções 15:000$000  
Hipotecas 15:700$000  
   

30:700$000

Ações de companhias 5:072$200  
Debêntures da Comp. Telef. Rio-Grandense 20:000$000  
    25:072$200
Banco da Província  6:187$900  
Banco do Comércio 9:820$000  
Brasilianische Bank für Deut. 7:018$200  
Banco Pelotense 6:738$080  
London & Braz. Bank Ltd. 6:407$330  
Banco da Província c. depósito popular 4:133$500  
Banco do Comércio c. depósito popular 4:133$500  
Caixa Econômica 3:938$450  
Caixa 2:189$080  
    50:566$040
Móveis e utensílios   3:947$470
Imóveis   307:697$328
Letras e obrigações a receber   710$000
Diversas contas   352:139$710
    770:832$748

O seu passivo era o seguinte:

Capital   339:400$000
Caução de diretoria 15:000$000  
Valores em garantia 15:864$969  
    30:864$969
Lucros em reserva 25:258$724  
Lucros e perdas 47:603$750  
Lucros suspensos 309:326$595  
    382:187$069
Dividendos:
Não reclamados 2:013$310  
15º dividendo relativo ao 2º semestre de 1910 13:576$000  
    15:589$310
Imposto sobre dividendo   561$400
Diversas contas   2:230$000
    Rs.  770:832$748

A diretoria se compõe dos srs. Possidonio M. da Cunha Junior, diretor-presidente; Conrado A. de Campos Penafiel, diretor técnico, que acumula igualmente as funções de presidente da Companhia Força e Luz de Porto Alegre, proprietária dos bondes elétricos, e Zeferino Py, diretor-caixa. O Conselho Fiscal é composto dos srs. Manoel Carvalho da Costa, diretor do Banco da Província do Rio Grande do Sul; Manoel Alvaro Soares e João B. de Sampaio. A sede da companhia fica à Rua de Bragança.

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Novo edifício do Banco Pelotense em Porto Alegre
Imagem publicada com o texto, página 813. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Cargos e profissões

Dr. Joaquim A. Ribeiro - O dr. Joaquim A. Ribeiro, advogado em Porto Alegre, nasceu em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em 1862. Foi educado em São Paulo, onde cursou a Faculdade de Direito, formando-se em 1884. Voltando à sua cidade natal, durante cinco anos aí exerceu a sua profissão. Veio para Porto Alegre em 1889 e abriu nesta cidade um escritório de advocacia. O dr. Joaquim A. Ribeiro é professor da Escola de Comércio e lente da Faculdade de Direito. É advogado do Banco Alemão e presidente do Conselho Municipal.

José Ferreira Porto - O sr. José Ferreira Porto, proprietário, presidente do Clube do Comércio e do Centro Católico de Porto Alegre, nasceu a 5 de julho de 1853, no Rio de Janeiro, onde foi educado. Tendo cursado o primeiro ano da Escola Central, resolveu se dedicar ao comércio e foi praticar na casa importadora dos srs. Andrew Steel & Cia.

Em 1876, veio para Porto Alegre, assumir a direção dos negócios de seu pai, o veador José Ferreira Porto, proprietário e fazendeiro. Mais tarde, mandou vir um vapor, a que deu o nome Pederneiras, para a navegação entre Porto Alegre e Jacuí. Por morte de seu pai, foi dirigir a fazenda Pederneiras, no município do Rio Pardo, que vendeu há seis anos. Em Bento Círio, possui o sr. Ferreira Porto uma bela quinta, com soberbas vacas holandesas e grande variedade de aves domésticas. Ali se fabrica excelente manteiga, que é levada ao mercado da capital.

Julio Antonio Vasques - O sr. Julio Antonio Vasques nasceu na cidade do Rio Grande do Sul, em agosto de 1860. Tendo vindo para a cidade do Rio de Janeiro, entrou para a Escola Politécnica desta cidade, onde se formou em Agrimensura. Desempenhou vários cargos públicos, entre os quais o de auxiliar técnico da Comissão de Estudos e Melhoramentos dos Portos do Estado e os de ajudante e chefe de várias comissões de terras e colonização. Atualmente exerce as funções de diretor de Estatística Geral do Estado.

H. Menchen - O sr. H. Menchen é um notável engenheiro, estabelecido com escritório em Porto Alegre. Encarrega-se de projetos e execução de obras de arquitetura e de engenharia civil. Nasceu em 1876 na Alemanha, onde foi educado e fez seus estudos. Praticou na Alemanha, durante três anos, como chefe procurador duma importante firma de engenharia técnica, tendo como tal desempenhado missões na Itália do Norte, Áustria e Rússia.

Veio para Porto Alegre no ano de 1903. Tem construído grande número de edifícios importantes, destacando-se entre eles os destinados às cervejarias de H. Ritter & Filhos e de Guilherme Becker, como também os prédios para o Hotel Moderno, dr. S. Mariante, Arno Meyer, F. J. Brutschke, Waldemar Bromberg, A. Alliança, de F. Jeanselme da Silva e vários outros. Ocupa o cargo oficial de arquiteto e engenheiro construtor da Alfândega de Porto Alegre, por conta do Governo.

Possui diversas patentes para construções de cimento armado. Obteve, com diversos trabalhos, a recompensa de medalha de prata da Exposição Nacional do Rio. O sr. Menchen importa da Europa grande quantidade de materiais para construção. Os seus escritórios ficam em Porto Alegre, à Rua 7 de Setembro, 82.

Dr. Victor Azevedo Bastian - O dr. Victor Azevedo Bastian nasceu em 1887, em Porto Alegre, onde fez seus estudos primários e secundários. Em 1902 matriculou-se na Faculdade de Direito de Porto Alegre, bacharelando-se em 1906. Começou a advogar em 1907 e em 1908 fundou com o dr. Thimoteo Pereira da Rosa o seu atual escritório à Rua 7 de Setembro, 84, para o qual entrou em 1911 o dr. Alziro Marino. É lente substituto de Direito Comercial e Economia Política, e, juntamente com o dr. Thimoteo Pereira da Rosa, é advogado do Banco da Província do Rio Grande do Sul, da casa Bromberg & Cia. etc.

Lucio Lopes dos Santos Sobrinho - O sr. Lucio Lopes dos Santos Sobrinho, gerente da Caixa Filial do Banco Pelotense em Porto Alegre, nasceu na cidade de Paysandu, República Oriental do Uruguai, em 1878. Fez seus estudos preparatórios no Rio Grande do Sul, entrando depois para a carreira comercial e assumindo, ainda moço, a gerência da casa bancária do sr. Plotino Amaro Duarte, em Pelotas.

Em 1906 passou a ocupar o lugar de contador do Banco Pelotense, onde permaneceu até que em 1909 foi designado pela diretoria do banco para assumir a gerência da casa filial do mesmo banco na capital do estado.

O sr. Santos Sobrinho tem ocupado cargos importantes no Clube Caixeiral de Pelotas, dentre os quais o de presidente, sendo fundada durante a sua gestão a Academia de Comércio, atualmente mantida pelo referido clube, tendo sido conjuntamente com os srs. Raymundo Pinto da Silva, José Borges Eça de Queiroz e Silvino Joaquim Lopes, um dos iniciadores de sua fundação.

O sr. Santos Sobrinho é filho do sr. Vicente Lopes dos Santos e de d. Carmem Montano Lopes dos Santos, ambos pertencentes a famílias antigas residentes em Pelotas.

Juan Ganzo Fernandez - O coronel Juan Ganzo Fernandez nasceu em Montevidéu, em 5 de outubro de 1873, e desde muito moço se dedicou ao estudo de eletricidade. Estabeleceu na República Oriental do Uruguai as primeiras linhas telefônicas inter-departamentais, comunicando a capital, que é Montevidéu, com os departamentos de Canelones e São José de Maio; ramificou aquelas linhas em uma extensão superior a 700 quilômetros. Em 1898, no mesmo país, no departamento de Cerro Largo, construiu uma central telefônica, a qual comunicou com a vila de Artigas; e em 1899, transpôs o Rio Jaguarão, dando comunicação àquele município do Brasil com a sua já vasta rede telefônica de Cerro Largo.

Durante o mesmo ano, comunicou o município de Jaguarão com o do Herval, cuja linha mede 95 quilômetros. Nos primeiros meses do ano de 9100 estendeu a comunicação desde Melo até Bagé, passando pela fronteira de Aceguá. Esta linha tem uma extensão de 165 quilômetros. Em Bagé, estabeleceu importante rede telefônica, a qual ligou todos os distritos rurais daquele município, dando também comunicação com o de Don Pedrito. Em 1902 estabeleceu a rede telefônica de São Gabriel; em 1904, a de Cruz Alta; e deu começo às de Pelotas e Rio Grande em outubro de 1905, as quais foram inauguradas no ano seguinte.

No mesmo ano, constituiu a Sociedade Progresso Rio-Grandense, com a firma de Ganzo, Durruty & Cia.; e, fazendo uma viagem à Europa, esteve na Inglaterra, Alemanha, França, Holanda, Dinamarca, Suécia e Noruega, onde visitou as mais importantes fábricas no ramo da telefonia. Na Alemanha contratou, com a importante fábrica dos srs. Siemens & Halske, todos os materiais para a instalação telefônica subterrânea da cidade de Porto Alegre, com exceção dos aparelhos telefônicos, que contratou com a Telephon-Fabrik Actiengesellschaft, vorm J. Berliner, de Hannover.

Em seu regresso da Europa, incorporou, com o seu sócio, a casa bancária de Supervielle & Cia., de Montevidéu, à Companhia Telefônica Rio-Grandense, que conta hoje aproximadamente 5.000 assinantes.

Coronel Augusto Cesar de Leivas - O importante capitalista da cidade do Rio Grande, coronel Augusto Cesar de Leivas, foi o fundador da casa comercial Augusto Leivas & Cia., que, começando em condições modestas, tomou grande desenvolvimento e chegou a gozar de invejável crédito. Essa firma está hoje extinta.

O coronel Leivas é atualmente proprietário do estabelecimento agrícola e pastoril denominado Fazenda Santo Antonio, situado nos Tapes, município de Porto Alegre. Igualmente de sua propriedade é a futurosa Empresa Balneária instalada na costa do Rio Grande, numa das mais belas praias do Brasil.

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Manada na Fazenda Santo Antonio - propriedade do coronel Augusto Cesar de Leivas
Foto publicada com o texto, página 814. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Constans Josephson - O sr. Constans Josephson é muito conhecido e considerado em Porto Alegre. Como solicitador e tradutor juramentado, trabalha para muitas casas e instituições, entre as quais os consulados alemão, belga e austríaco, a Northern London and Liverpool Co., a Companhia de Seguros União Comercial e diversas importantes casas alemãs. Nascido na Alemanha, onde se educou, veio o sr. C. Josephson para Porto Alegre em 1882 e fez os seus exames legais quatro anos depois. Tem o seu escritório à Rua da Independência, 89.

Dr. R. Ahrons - O dr. R. Ahrons, arquiteto e engenheiro, nasceu em Porto Alegre no ano de 1870, e passou a sua primeira mocidade, com a família, na campanha do Rio Grande do Sul. Fez os seus estudos preliminares em Porto Alegre, onde prestou os exames de madureza, com 17 anos de idade. Entrou em seguida na Escola Militar, onde esteve dois anos e donde saiu depois de ter conseguido o título de agrimensor.

Depois de trabalhar dois anos na campanha, como agrimensor, e em serviço de estradas de ferro, seguiu para a Europa, com 21 anos, e matriculou-se na Escola Politécnica de Berlim. Terminou os estudos em cinco anos, alcançando o diploma de engenheiro civil, com as melhores notas até então obtidas por qualquer estudante daquela academia, em razão do que recebeu a medalha de honra e foi convidado para professor da mesma escola.

Não aceitando este convite honroso, pois era seu constante desejo voltar ao Rio Grande do Sul, deixou a Europa depois de ter viajado por toda ela e principalmente pela Rússia,onde teve ocasião de conhecer uma moça com a qual se casou, regressando então ao estado natal. Desde então, trabalhou sempre neste estado, fazendo várias viagens à Europa, em negócios.

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