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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [39-E]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 675 a 700, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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A São Paulo Gas Co., Ltd.: 1) Transportando coque; 2) Departamento de Distribuição; 3) As oficinas; 4) O novo gasômetro, capacidade 1.000.000 de pés cúbicos; 5) O mostruário
Foto-montagem publicada com o texto, página 676

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Indústrias

São Paulo Gas Co., Ltd. - Desde 1869, ano em que a São Paulo Gas Co. obteve a concessão para a iluminação da cidade, tem ela acompanhado sempre o rápido desenvolvimento de São Paulo. Em fins de 1910, fornecia a companhia gás a 6.387 bicos incandescentes. Além disto, os seus encanamentos estão ligados a grande número de edifícios particulares, onde o gás é usado para iluminação, para aquecimento e para o desenvolvimento de força motriz. O consumo total atinge anualmente a 420.000.000 de pés cúbicos, e o preço de Rs. 140, ouro, equivale, ao câmbio atual, a cerca de Rs. 234,5, papel, por metro cúbico, para iluminação, sendo feita uma redução de 20% no preço do gás empregado para aquecer ou para fins industriais.

Os encanamentos da Companhia estendem-se por toda a cidade e vão até os subúrbios de Sant'Anna, Vila Mariana, Belenzinho e Perdizes. A fábrica do gás ocupa uma grande área de terreno fronteiro às ruas do Gasômetro e Figueira, ficando os gasômetros e os grandes depósitos de carvão situados na Avenida Rangel Pestana. O carvão usado para a produção do gás é todo transportado da Inglaterra para Santos em navios especialmente fretados para esse fim, o que aliás acontece com todos os outros materiais empregados pela Companhia, que são igualmente importados da Inglaterra.

A companhia tem o seu escritório e principais armazéns situados à Rua do Carmo, 1 e 3, e tem outros armazéns  nos bairros em Vila Buarque e no Braz, onde são vendidos fogões e outros artigos. Estes armazéns servem também como escritórios distritais para as turmas de acendedores das lâmpadas e outros trabalhadores. A companhia introduziu recentemente no Teatro Municipal e em suas vizinhanças uma inovação que consiste na instalação de bicos Keith, de alta pressão, com o poder iluminativo de 1.000 a 4.500 velas, bicos esses que terão, sem dúvida, grande procura no futuro.

O capital da companhia é de £600.000, e o ano de 1910, depois de serem levadas £5.000 ao fundo de reserva e £7.391 ao exercício seguinte, foi ainda pago um dividendo de 9% para as ações ordinárias, sendo o dividendo provisório de 1911 de 12%. A diretoria em Londres compõe-se dos srs. D.M. Fox, presidente; John Barker, A. Mc. Kerron Major H. N. Webb, R. Gray; A.F. Phillips, M.I.C.E., diretor-gerente; e G. H. Rogers, secretário. O gerente em São Paulo é o sr. N. Bidell; o engenheiro em chefe, o sr. J. N. Whyte. A companhia emprega em São Paulo cerca de 500 pessoas nos seus serviços.

Companhia Rêde Telephonica Bragantina - A Sociedade Anonyma Rêde Telephonica Bragantina gira atualmente com o capital de Rs. 800:000$000 que mais tarde deverá ser elevado ate 1.500 ou 2.000 contos; foi fundada, em 1896, pelo seu diretor-gerente atual, sr. Gabriel da Silveira Vasconcellos, com o capital de Rs. 5:000$000. Em 1908, passou a Companhia a girar com o capital de Rs. 200:000$000 e mais tarde converteu-se na atual sociedade anônima, incorporando aquela e outra companhia. Foi isto em 1911.

A Companhia Rêde Telephonica Bragantina está empenhada na instalação de comunicações telefônicas pelo Estado todo, assim como pelo Sul do Estado de Minas Gerais.

Tem atualmente ligações com as cidades e localidades de São Paulo, Santos, Cubatão, São Bernardo, Vila Juqueri, Atibaia, Bragança, Tatuí, Amparo, Monte Alegre, Socorro, Piracaia, São João do Curralinho, Itatiba, Barra Mansa, Pedreira, Entre-Montes, Serra Negra, Itapira, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Espírito Santo do Pinhal, São João da Boa Vista, Jundiaí, Rounha, Valinhos, Campinas, Monte Serrate, Salto de Itu, Itu, Sorocaba, Porto Feliz, Capivari, Rio das Pedras, Piracicaba, Tietê, Conchas, Botucatu, São Manoel, Jaú, Guarulhos, Bom Sucesso, Mogi das Cruzes, Santa Isabel, Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Pindamonhangaba, São Luiz, Aparecida, Guaratinguetá, Lorena, Tremembé, Buquira, São Pedro, Santo Antonio do Pinhal, São Bento de Sapucaí e Vila Jaguaribe.

Tem tráfego mútuo com outras empresas para as estações de Rebouças, Vila Americana, Santa Bárbara, Limeira, Cordeiro, Santa Gertrudes, Rio Claro, Morro Grande, Anápolis, São Carlos, Nazareth, José Paulino, Estação de Jaguari, posse, Cabras, A. Souzas, Joaquim Egídio, Santa Rita do Extremo, São José de Toledo, Cambuí, Estiva, Bom Retiro, Campo-Místico, Santa Rita, Santa Rita de Sapucaí, São José do Paraíso, Santa-Anna, Poços de Caldas, Ouro Fino, Borda da Mata, Monte Sião, Sapucaí, São José do Rio Pardo, Jacutinga e muitas outras localidades que em breve estarão incorporadas à rede telefônica. De São Paulo para Santos, proximamente haverá 40 linhas distintas. A companhia mandou vir da América do Norte uma pessoa habilitada para dirigir as instalações destas linhas.

A Companhia tem a sua sede em São Paulo, à Rua Álvares Penteado, 38/D; e em prédio próprio em Bragança tem as suas instalações. A diretoria compõe-se dos srs. dr. J. J. Cardoso Mello Netto, presidente; dr. João Alvares Rubião Filho, diretor tesoureiro; dr. Luiz Vasconcellos Junior, secretário; dr. Horacio de A. Rodrigues, diretor; e Gabriel de Silveira Vasconcellos, diretor-gerente.

O tesoureiro dr. João Alvares Rubião Junior, que tem a seu cargo a parte comercial e financeira da Companhia, é filho do bem conhecido senador dr. Rubião Junior. Nasceu em São Paulo em 1884 e aí fez os seus estudos, primeiro no Ginásio, depois na Faculdade de Direito. Formou-se em 1907 por essa faculdade, passando então a exercer a advocacia. O seu escritório fica à Rua 15 de Novembro, 5. Em 1909, foi eleito tesoureiro desta Companhia. É também fiscal da Companhia Mútua de Seguro e do Crédito Popular.

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Estação central da Rede Telefônica Bragantina
Foto publicada com o texto, página 677

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Companhia Paulista de Eletricidade - A Companhia Paulista de Eletricidade é proprietária das estações de eletricidade (força elétrica) de São Carlos, Descalvado e Itapira, que têm 5.000 cavalos, 400 cavalos e 250 cavalos de força, respectivamente, e as correntes que fornecem, iluminam as ruas, as casas particulares etc. A Companhia negocia também em tudo quanto se refere a acessórios mecânicos, elétricos e telefônicos, e é a única agência, nos estados de São Paulo e Minas Gerais, da Allgemeine Elektricitats Gesellschaft, de Berlim, e da mesma maneira é a única agência nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, para telefones e acessórios, da casa J. Berliner, de Hanover.

A Companhia foi estabelecida em 1904, a fim de adquirir os negócios da firma Iguarra Sobrinho & Companhia, estabelecida três anos antes. O capital é 1.500:000$000, em ações de 200$000 cada uma. O dividendo pago no ano 1910 foi de 15% e o preço da estação da ação 340$000. No futuro, as operações da Companhia serão mais desenvolvidas.

O presidente da Companhia é o dr. Antonio Candido de Camargo, vice-presidente o sr. Joaquim Maynert Kehl, e gerente geral o sr. Silveiro Iguarra Sobrinho. O sr. Sobrinho, que é natural de Itália, foi, com os srs. drs. Camargo e Kehl, o fundador da firma Iguarra Sobrinho & Companhia, que teve sua sede em Limeira e cuja instalação de 350 hp foi a primeira executada.

F. Matarazzo & Cia. - O comendador Francisco Matarazzo é o tipo completo do self-made man, do homem que se fez por si, à força de inteligência e tenacidade. Há alguma coisa de prodigioso na rapidez com que ele, dentro de um período restrito, pôde organizar este conjunto de estabelecimentos industriais, moinhos de trigo, de sal e de arroz, fábricas de fiação, tecidos e estamparia de algodão, de óleos, sabões, banha etc.

O moinho, que foi o início deste importante núcleo, fica situado à Rua Monsenhor de Andrade, próximo ao leito da estrada de ferro, e ocupa um majestoso edifício de quatro andares. É de alta montagem, com cilindros do sistema anglo-americano. As numerosas máquinas que servem para o preparo da farinha e que a dividem em diferentes qualidades, permitem o preparo de todos os gêneros e todas as qualidades de farinha, desde a marca 000, dos mais afamados moinhos europeus, até a variedade F.S. III.

Os depósitos de farinha podem conter 70.000 sacas. A força motriz é fornecida por três grandes motores elétricos de corrente alternativa de 300 hp e quatro pequenos motores igualmente elétricos de 30, 20, 15 de 5 hp. Os sacos para farinha são de fábrica Mariangela, de propriedade dos mesmos industriais. A água destinada ao consumo provém de dois poços artesianos, tendo um a profundidade de 75 metros e o outro de 90. O estabelecimento conta ainda uma usina mecânica e uma carpintaria. A produção do moinho em cada 24 horas é de 6.000 sacos entre farinha e farelo. O número de operários do estabelecimento sobe a cerca de 500.

Anexa ao Moinho Matarazzo, há uma seção instalada especialmente para polir e descascar o arroz e em que foram montados mecanismos aperfeiçoados de invenção recente. Dois possantes aparelhos oscilantes limpam o arroz, que deles já sai sem casca. Um moinho de pedra parte a casca; três descascadores a separam do arroz, enquanto quatro máquinas rotativas recebem os grãos que dela saem completamente brunidos. Há ainda uma máquina de ensacar o arroz, sendo as sacas da fábrica Mariangela.

É também à Rua Monsenhor de Andrade que se encontra a fábrica Mariangela, fundada pelos srs. Matarazzo & Companhia em 1904. Esta tem a seu cargo a fiação e confecção dos tecidos, assim como a preparação da marca Sol Levante (óleo de algodão e fábrica de sabão). A fachada principal desses edifícios dá para a Rua M. de Andrade e estende-se por 101 metros.

A Fiação e Tecelagem Mariangela ocupa uma área de 5.624 m, edificada. A seção de fiação contém 63 máquinas com 35.000 fusos e outras cinco especiais com 1.500 carretéis; na sala de urdidura, trabalham mais 6 máquinas, e em outra sala há 1.100 teares. O sistema dos 200 teares, Northrop, é novíssimo e permite que um só operário possa vigiar 14 máquinas. Ainda há 2 máquinas para dobrar e medir, 2 prensas hidráulicas e uma para estampar a marca nas peças. Em outra sala funcionam 8 máquinas para fazer as meadas. A produção da fábrica é de 5.000 metros por dia, divididos em diversos tipos próprios para sacaria, forros e roupas brancas. Trabalham no estabelecimento 2.000 operários. A força motriz é fornecida por 15 motores elétricos de força de 2.000 hp.

O caroço do algodão é aproveitado para o preparo de óleo e sabão na fábrica Sol Levante, que ocupa dois edifícios. Nela trabalham 60 operários; e o seu consumo diário é de 60 toneladas de caroços para a produção de 40 quartolas de óleo refinado. Os resíduos da preparação deste óleo são utilizados para a fabricação do sabão. A produção que vai a cerca de 5.000 quilos diários, é consumida no Estado. Para atender à extraordinária procura de seus produtos, desenvolvem os srs. F. Matarazzo de dia para dia essa importante seção, dotando-a de todos os melhoramentos.

A última fábrica, a de Banha Paulista, é situada em Itapetininga, e ocupa a superfície de 25.000 m, dos quais 4.000 com as oficinas e um estabelecimento para o preparo de conservas de carne de porco. Há ali excelentes pastagens para os porcos, que são criados com os indispensáveis cuidados. A fábrica compõe-se de diversos pavilhões: no primeiro fica o matadouro; o segundo é ocupado pelas caldeiras destinadas a cozinhar a graxa; e no último está instalada a seção de conservação da carne que, logo depois de salgada, é exportada para a Capital. Na fábrica trabalham 45 operários, que preparam cerca de 2.000 quilos, diariamente, de carne salgada.

O fundador dessa empresa foi ainda o sr. comendador Matarazzo, que teve como auxiliares seus filhos Ermelino e Andrea. Os grandes escritórios em que se concentra a administração das indústrias criadas pelo sr. comendador Matarazzo acham-se instalados em um suntuoso edifício, de propriedade do mesmo industrial, à Rua Direita, 15. A casa Matarazzo, cuja produção se torna de dia para dia mais intensa, criou sucursais em Santos, no Brasil, e em Rosario de Santa Fé e Buenos Aires, na República Argentina.

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F. Matarazzo & Cia.: 1 e 2) Moinho de Trigo; 3, 4 e 6) A fábrica de algodão Mariangela; 5) Na fábrica de azeite
Foto-montagem publicada com o texto, página 678

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Companhia Calçado Clark, Ltd. - Em 1822, eram os irmãos James e George Clark proprietários de uma fábrica de calçados em Kilmarnock, na Escócia. Querendo dar-lhe maior desenvolvimento, pensaram em estabelecer no Brasil um depósito. Naquele mesmo ano, James Clark montou à Rua Nova do Ouvidor, 35, uma modesta casa comercial, para a venda dos produtos da sapataria escocesa. Bem se poderá avaliar o que seria este estabelecimento, instalado em uma casa térrea, sem prateleiras ou armações, servindo de mostruários os próprios caixões em que vinham da Escócia as diversas qualidades de calçado, fabricado em Kilmarnock.

Modificando por completo o sistema comercial de então, James Clark estabeleceu a norma de só vender a preço fixo, apesar da opinião de pessimistas, que não confiavam nesse novo processo de angariar freguesia. Mas as qualidades de atividade e cavalheirismo de James atraíam-lhe, dentro em pouco, numerosa clientela, concorrendo também para isso a qualidade do calçado de sua fábrica, cuja fama rapidamente se divulgou por todo o Brasil.

Os melhores fregueses da então Casa Clark são os estadistas de hoje, os magistrados, os militares e os representantes de todas as classes sociais, que se recordarão, por certo, quando, acompanhados dos pais, iam comprar calçado na casinha da Rua Nova do Ouvidor, escura, sem ventilação e sem adornos, de cujos tetos pendiam complicadas bambinelas de teias de aranha, e onde, em enormes caixões, se amontoavam numerosos pares de borzeguins, sapatos, botinas, botas e galochas. No antigo regime, foi a Casa Clark fornecedora da Casa imperial, e possui diversas medalhas de honra das exposições a que tem concorrido.

Progredindo rapidamente o negócio e tendo já a casa firmado os seus créditos no Brasil, retirou-se James Clark para a Escócia, em 1859, ficando até 1861, na direção do estabelecimento, o sr. Andrew Luiz Clark. Como James Clark, bastante avançado em idade, precisasse repousar um pouco, partiu Andrew para a Escócia, a fim de substituir o velho fundador da fábrica na direção geral da mesma, ficando como gerente provisório do estabelecimento no Rio o sr. Garrett.

Em 1863, chegou da Europa, com sua esposa, o sr. George Clark, sobrinho de James, moço ainda, com todas as qualidades de espírito e de atividade para a continuação do trabalho iniciado por seu tio. Tratou, desde  logo,, de dar grande desenvolvimento ao negócio da casa, instalando um estabelecimento filial no Rio Grande do Sul, uma agência em São Paulo e, pouco depois, outra casa filial na Bahia. Circunstâncias extraordinárias exigiam a presença do sr. George Clark em Kilmarnock, para assumir a direção geral da fábrica. Em 1870, entrou para a casa comercial o sr. John Crashley.

Em 1879, o sr. Crashley resolveu, deixando de pertencer à Casa Clark, estabelecer-se com o mesmo gênero de negócio, à Rua do Ouvidor. Em 1883, foi organizada uma sociedade entre os srs. George Clark, J. L. Lawson, como sócios, e Julio F. da Silva Oliveira, como interessado. Adquirido por compra o prédio da Rua Nova do Ouvidor, foi ele reconstruído, pouco antes de chegarem da Escócia os srs. James e George Clark Junior, que exerciam o lugar de caixeiros na fábrica de seu velho pai. Em 1895, foi dissolvida essa sociedade, retirando-se o sócio sr. Julio F. da Silva Oliveira para Lisboa, onde fixou residência, e ficando a firma constituída pelos srs. J. L. Lawson e George Clark Junior.

Quando faleceu o velho George Clark, foi seu filho, sr. George Clark Junior, obrigado a partir para a Escócia, onde assumiu a direção da fábrica em Kilmarnock; e pouco depois partia também o sr. Lawson. Em 1901, foi organizada uma nova sociedade entre os srs. J. L. Lawson, George Clark Junior e R. A. W. Sloan. Em 1901, a 28 de abril, transferiu-se o estabelecimento para o prédio da Rua do Ouvidor, esquina da Rua Nova do Ouvidor, sendo então completamente montado, com mais gosto artístico, em um vasto armazém, claro, com diversas portas para ambas as ruas, alegre e agradável como convém a uma casa comercial muito procurada e de grande movimento diário. O antigo prédio da Rua Nova, onde foi fundada a casa Clark, serve hoje de depósito, ocupando todos os quatro pavimentos.

Quando o consumo do calçado Clark aumentou de uma forma extraordinária e o desenvolvimento industrial do Brasil garantia o êxito do empreendimento, foi fundada, em 1904, a fábrica, no bairro da Moóca, na capital do Estado de São Paulo, com todos os recursos exigidos pelas manufaturas modernas. Em 1904, à vista do sempre crescente desenvolvimento dos negócios, transformou-se a firma social em sociedade anônima, com a denominação de Companhia Calçado Clark Limited, sendo incorporadores os srs. George Clark, J. L. Lawson, R. A. W. Sloan e Domingos A. da Silva Oliveira.

O novo empreendimento progrediu de maneira que, em 1909, os negócios da Companhia se tinham consolidado em todos os estados brasileiros e era constante o aumento do consumo dos seus produtos. No mesmo ano, o sr. R. A. W. Sloan, por motivo de saúde, se retirou para a casa matriz na Escócia, constituindo-se, então, para a direção do negócio no Brasil, uma nova diretoria, composta dos srs. Domingos A. da Silva Oliveira, W. R. Guthrie e C. L. K. Wright.

Esta diretoria deliberou aumentar o prédio onde funciona a fábrica, a qual, atualmente, ocupa uma área duas vezes maior que a primitiva e está montada com os mais aperfeiçoados maquinismos. Aí trabalham cerca de 450 operários que manipulam 40.000 pares de calçado por mês. Ao lado da fábrica, construiu-se um grande armazém de dois andares, ocupando uma área de quase mil metros, onde estão armazenados os estoques para a manutenção de 15 casas filiais e 300 e tantas agências nas principais cidades do Brasil.

Não se preocupa somente a Companhia em explorar a sua indústria, procurando auferir dela os maiores proveitos, mas ainda também em dispensar o necessário conforto e instrução àqueles a quem tanto deve sua prosperidade. As horas de trabalho são, tanto na fábrica como nas filiais nos diferentes Estados, reguladas escrupulosamente, sem exigência de demasiado esforço. Aos gerentes e empregados das lojas filiais concede a Companhia, anualmente, 8 a 15 dias de férias.

Junto às casas edificadas para a moradia dos contramestres, em lugar alto e saudável, construiu a Companhia um prédio para atender aos interesses sociais, físicos e intelectuais dos mesmos, havendo, neste edifício, um confortável gabinete de leitura, sala de bilhar, jogos de xadrez e outros passatempos, além de amplo salão para reuniões. Ao lado desse edifício, há um campo de lawn-tennis, futebol e jogo de bolas. Igualmente, no intuito de melhorar as condições intelectuais dos operários e dos seus filhos, a Companhia lhes proporciona uma bem orientada instrução sob a direção de professores competentes, recomendados pelo Mackenzie College.

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Fábrica e armazéns da Cia. Calçado Clark
Foto-montagem publicada com o texto, página 679

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Companhia Antarctica Paulista - Esta importante companhia foi fundada com o capital de Rs. 8.500:000$000, distribuído em 42.500 ações integralizadas de Rs. 200$000 cada uma. O seu fim era explorar a fábrica de cerveja Antarctica Paulista e desenvolvê-la no sentido de alargar a produção, de acordo com a procura e aceitação daquele produto; adquirir ou estabelecer outras fábricas em diferentes Estados; fabricar gelo, não só para uso próprio como para venda; fabricar o malte pelo sistema mais aperfeiçoado; promover o cultivo da cevada e aplicar os resíduos da mesma à criação de gado; e ainda, conforme as futuras conveniências, fabricar garrafas para uso próprio e para venda.

Ultimamente, devido ao desenvolvimento sempre crescente da produção, foi a Companhia obrigada a adquirir novos terrenos para aumentar a sua fábrica da Moóca, onde montou uma usina de gás carbônico. Foi também montada uma fábrica na cidade de Ribeirão Preto, para cerveja e gelo, assim como adquirido, em Botucatu, o terreno necessário para a instalação de outra filial.

Os produtos da Antarctica Paulista tiveram sempre o mais franco acolhimento dos consumidores, devido à sua superior qualidade e a serem fabricados com matéria-prima escrupulosamente escolhida nos principais mercados.

A diretoria da Companhia compõe-se dos srs. conde Asdrubal Augusto do Nascimento, presidente; Adam von Bülow, tesoureiro; e Antonio Queiroz dos Santos, secretário. Do Conselho Fiscal fazem parte os srs. William J. Sheldon, Antonio Prado e A. Plaas.

O conde Asdrubal Augusto do Nascimento, presidente da Companhia, nasceu em 1854, no Rio de Janeiro, onde fez os seus estudos. Veio depois para São Paulo e aqui principiou a sua carreira. Foi proprietário do jornal Correio Paulistano, e um dos fundadores da Companhia Antarctica, Banco União de São Paulo, Companhia Vidraria Santa Marina, Fábrica Votorantim, Companhia Brasileira de Seguros, Companhia Tecidos de malha, Empresa Colonização Sul Paulista, esta última recentemente vendida. O conde Asdrubal Nascimento é ainda membro do Conselho Fiscal de cerca de vinte empresas e companhias. Exerceu o mandato de vereador municipal, assim como o cargo de vice-prefeito. Hoje é um dos principais industriais e financeiros da cidade de São Paulo.

O comendador Oscar A. do Nascimento, sobrinho do precedente, nasceu no Rio Grande do Sul, a 15 de novembro de 1875. Na idade de 18 anos, em 1894, entrou para a Companhia Antarctica, da qual é hoje o gerente financeiro.

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A famosa cervejaria da Cia. Antarctica Paulista
Foto-montagem publicada com o texto, página 681

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Empreza Electrica Bragantina - Esta empresa foi organizada a 15 de outubro de 1903 e inaugurada a 10 de julho de 1905. A usina hidrelétrica da empresa compreende dois grupos eletrogênios iguais, constando cada um de uma turbina Francis, da casa Voith de Eidenhume, de 300 hp e com 215 rotações por minuto, dotada de regulador hidráulico de alta precisão e com um volante de 3.600 kg de peso, acionando no mesmo eixo o alternador trifásico da Allgemeine Electricitats Gesellschaft, de Berlim, com o excitador também sobre o mesmo eixo. A usina, situada à margem do Rio Jaguari, acha-se 96 metros abaixo da represa, sendo a queda aproveitável de 12 metros e o volume d'água de 4,4 m³. A represa tem 50 metros de comprimento, por 2 metros de altura média.

O quadro de distribuição é provido de aparelhos de regulação automática, havendo interruptores a óleo para cada grupo, e também 3 bobinas de auto-indução, 3 pára-raios de chifres e um de jato de água, à entrada das linhas.

A rede de alta tensão tem uma extensão total de 45 quilômetros e serve às cidades de Bragança e Atibaia e a muitas fazendas a que fornece energia e luz. É constituída por fios de cobre nu, preso em isoladores de 3 camisas e convenientemente protegido por fios pára-raios e por pára-raios de chifre. Nos postes da linha de transmissão corre também uma linha telefônica de circuito metálico, ligando diretamente a usina às cidades.

A linha de alta tensão é dividida em seções de 2 quilômetros, por interruptores secos. Na cidade de Bragança existem oito transformadores de 8.000.200 volts, com 300 quilowatts de capacidade, e em Atibaia três outros, iguais. O consumo nas duas cidades é o seguinte: lâmpadas de 20 velas, 2.200; de 16 velas, 1.200; de 25 velas, 200; de 32 velas, 150; de 50 velas, 200; de 100 velas, 400; de arco voltaico, 20 - aos preços mensais de 2$, 3$, 4$800,68, 7$500, 12$ e 25$. Motores, desde 0,5 hp até 100 hp, tem a empresa funcionando mais de 30, para diferentes fins industriais. A instalação está atualmente em Rs. 480:000$000.

O capital é de Rs. 360:000$000, tendo sido distribuído aos sócios um dividendo anual de 20% e havendo ainda um fundo de reserva. A empresa projeta aumentar as suas instalações, montando dois grupos de máquinas com 2.500 hp cada um. Os sócios da firma Siqueira, Gordinho, Ferreira & Companhia, proprietária da empresa, são os capitalistas e industriais srs. Felippe Rodrigues de Siqueira, Francisco Martins Ferreira Junior, Antonio Gordinho Filho, Arthur Rodrigues de Siqueira e João Evangelista Gonzaga Leme.

O gerente é o sr. dr. Domingos Alves Matheus, engenheiro civil. O dr. Domingos Alves Matheus nasceu no Rio de Janeiro em 1879 e aí estudou, formando-se em Engenharia Civil em 1901. Após a sua formatura, durante três anos, trabalhou no serviço de abastecimento de água e rede de esgotos da Cidade de São Paulo. Em 1904, assumiu a gerência desta empresa, cargo que tem desempenhado, até a data atual, com os melhores resultados técnicos e financeiros.

Companhia Melhoramentos de São Paulo - Esta importante empresa, fundada em 1890, é proprietária duma fábrica de papel, cerâmica e cal, situada na Estação de Caieiras, na linha da São Paulo Railway. A sua produção de papel tem aumentado consideravelmente, tendo sido de 1.151.454 quilos em 1906, em 1910 atingia 1.693.213 quilos. Devido à grande procura dos seus produtos, resolveu a Companhia, ultimamente, aumentar o seu material, e em breve a fabricação atingirá o dobro da atual.

A produção de cal, de 228.071 sacos em 1906, passou a 359.876 em 1910; e para essa seção, igualmente virá, em breve, um novo material para aumentar a fabricação. A seção de cerâmica foi, durante o ano de 1910, dotada de mais três fornos para queimar tubos e um barracão para os mesmos fornos. As oficinas, otimamente instaladas, possuem todo o maquinismo necessário ao seu bom funcionamento. Para efetuar o carregamento de cal e papel, tem a Companhia um desvio em comunicação com a linha da Ingleza.

Pelos seus produtos de papel, foi a empresa premiada, na Exposição de São Luiz, com um diploma especial. A sua diretoria compõe-se dos srs. Joaquim Pinto Pereira de Almeida, presidente; dr. Lindolpho de Freitas, diretor técnico; e João Amarante, gerente. Os escritórios da empresa ficam à Rua José Bonifácio, 10, na cidade de São Paulo.

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Cia. Paulista de Tijolos Calcários (L. Prado, presidente): 1) Os fornos de cozer tijolos; 2) Vista da olaria em Ponte Grande
Foto-montagem publicada com o texto, página 682

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Companhia Paulista de Tijolos Calcários - Esta empresa foi fundada pelo sr. Luiz Prado, que pessoalmente escolheu em Inglaterra, em 1911, os maquinismos e instalações para a sua montagem. Ainda que interessado em numerosas empresas, que lhe tomam grande parte do seu tempo, o sr. Luiz Prado compreendeu o grande futuro reservado à manufatura de tijolos feitos com cal e areia e, estabelecendo esta indústria, nova no Estado, fez por certo jus ao êxito que tem obtido.

A instalação foi planejada com o maior cuidado, levando-se em conta as condições do mercado, o custo da matéria-prima, areia, cal etc., a disposição interna dos edifícios, o maquinismo apropriado, o custo do trabalho etc., de modo a assegurar um resultado satisfatório ao funcionamento e exploração da nova indústria.

Como resultado de tantas labutações, conseguiu o sr. Luiz Prado trazer ao mercado um produto de primeira ordem, que em muito excede o que até então se fabricava no Brasil, em matéria de tijolos. Os tijolos manufaturados pela Companhia têm uma resistência de 400 quilos por centímetro quadrado e duram tanto como o concreto.

Para a sua fabricação, a cal e a areia são misturadas mecanicamente, havendo sido a cal previamente reduzida a pó finíssimo em um moinho especial. A esta mistura, se junta uma outra, preparada identicamente; o material fica então em repouso durante 10 horas, em tanques subterrâneos, e daí é levado a outros moinhos, que novamente o pulverizam; depois, passa a aparelhos, onde é novamente bem misturada a cal com a areia. A argamassa está então em ponto de ser moldada, o que é feito em uma máquina do tipo Emperor Sutcliffe's patent. Conformados os tijolos, são levados a um forno, aquecido por vapor, onde secam e cozem.

O forno instalado na fábrica da Companhia tem uma capacidade de produção de 14.000 tijolos diários, e já se pensa em instalar novos fornos. O vapor é fornecido por uma caldeira Babcock & Wilcox, não só para o aquecimento do forno, como também para acionar um motor horizontal de 150 cavalos, dos fabricantes Sutcliffe Speckman & Co., que move todo o maquinismo da fábrica.

A porcentagem de cal atualmente empregada na confecção dos tijolos é de 7 a 8 por cento; os tijolos têm a forma e dimensões comumente usadas, e pesam 3 quilos. Todo o maquinismo em uso na fábrica é de tipo moderno e muito aperfeiçoado. Todos os edifícios, com exceção dos que têm caráter provisório, são de alvenaria de tijolo. A Companhia luta já com dificuldades para satisfazer o grande número de encomendas que recebe. A fábrica fica à Rua Porto Seguro, em Ponte Grande, São Paulo.

Companhia Vidraria Santa Marina - A Companhia Vidraria Santa Marina faz funcionar uma enorme fábrica que emprega cerca de 700 operários. O fato é notável, em vista de pouco se interessarem os Poderes Públicos pela indústria do vidro; os direitos de importação sobre os vidros estrangeiros são pouco elevados e isso muito dificulta a fabricação do país.

Eis a origem da Companhia, que é recente e interessante: em 1892, iniciaram os srs. drs. Antonio da Silva Prado e Elias Fausto Pacheco Jordão a extração de turfa de uma propriedade entre a São Paulo Railway Company e o Rio Tietê, na Estação de Água Branca; durante as escavações, foi descoberta areia de qualidade excelente para a fabricação do vidro branco, e daí surgiu a resolução de se abandonar a exploração da turfa, de resultado nulo, e de se explorar a fabricação do vidro. Para isso, foi mandado construir um forno de pequenas proporções, onde teve começo a fabricação de vidro branco. A idéia era boa, mas não foi bem sucedida em virtude da difícil obtenção de trabalhadores capazes, no país, e principalmente pela relutância contra o artigo de produção nacional.

Modificou-se outra vez este empreendimento e em 1896 edificou-se um forno para o fabrico de garrafas, o qual podia produzir cerca de 7.000 garrafas por dia. Desta época em diante, tomou a fábrica melhor impulso, e em 1900, um novo e grande forno se juntou ao primeiro, elevando a produção da fábrica a cerca de 25.000 garrafas diárias. No melhor período de prosperidade veio, porém, a falecer o dr. Pacheco Jordão, de cuja morte inesperada e sentida resultou ficar o dr. Silva Prado o único proprietário da empresa.

Nesta época, já as grandes fábricas locais Antarctica Paulista e Bavaria davam bom emprego às garrafas da Santa Marina, no que foram imitadas pelas grandes cervejarias do Rio de Janeiro e outros Estados da União brasileira. Nesta situação se achava a fábrica quando de novo foi atingida por prejuízos consideráveis, devido aos contratos de operários na Europa, a preços exorbitantes e pagos em ouro, ao câmbio elevadíssimo de então. Permaneceu a empresa neste pé e sustentou a luta até que, em 1903, se constituiu em Companhia Anônima com o capital de 1.000:000$000 e tomou a si a fábrica, onde fez logo grandes melhoramentos.

Em 1906, iniciou o emprego de máquinas na fabricação de garrafas, usando as do inventor alemão sr. Henri Severin, de quem adquiriu o privilégio para o Brasil e com as quais elevou a produção a cerca de 1.600.000 garrafas mensalmente. A Companhia foi também a primeira a iniciar a fabricação de vidraças na América do Sul. A fábrica, da qual o sr. Brasilio Monteiro da Silva, paulista de nascimento, é gerente e faz parte há 13 anos, possui 26 máquinas Severin, em funcionamento regular, acionadas por força elétrica; elétrica é também toda a iluminação. É positivamente uma fábrica modelo no gênero e que muita honra faz aos industriais paulistas e ao Brasil.

Da parte técnica estão encarregados os srs. C. Michelet e Joseph Vigne, profissionais franceses. São diretores da Companhia desde a sua fundação os srs. Conde Asdrubal Augusto do Nascimento, conselheiro; dr. Antonio da Silva Prado e sr. John Kimming - os dois primeiros residentes em São Paulo e o último no Rio de Janeiro.

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Companhia Vidraria Santa Marina: 1) A lagoa de onde se tira a areia; 2 e 4) A fábrica; 3) Depósito de garrafas
Foto-montagem publicada com o texto, página 683

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Martins, Amaral & Cia. - Durante o ano de 1910, venderam os srs. Martins Amaral & Companhia mais de oitenta máquinas de beneficiar café, marca Amaral, de fabricação privilegiada de suas oficinas, elevando-se as vendas dessas máquinas nos últimos quatro anos ao número de 400. Além dessa, fabrica a firma as seguintes máquinas, também privilegiadas: Classificador São Paulo, Carrinho Ideal e Ventilador de Café. Há pouco, foi um Classificador São Paulo vendido a uma firma estabelecida na Suíça, onde trabalha na seleção de tipos de café, com grande êxito.

Os srs. Martins, Amaral & Companhia, numa oficina montada com os mais modernos maquinismos, executam ainda quaisquer obras de fundição, mecânica, carpintaria etc., e são importadores em larga escala de todos os artigos concernentes ao seu ramo de negócio, como correias, polias, máquinas para lavoura etc. São agentes, entre outras, das importantes fábricas The American Pulley Co., de Philadelphia, e The Bond Foundry & Machine Co., de Pennsylvania.

As suas oficinas estão montadas à Rua Lopes de Oliveira, 2, e ocupam a área de 6.300 metros quadrados, dispondo ainda de grande depósito para os artigos de importação. A firma iniciou os seus negócios em 1908, sendo sócios solidários os srs. Antonio Martins e João do Amaral Castro, e comanditário o sr. Vicente Soares de Barros, grande fazendeiro de café em São Paulo.

O sr. Antonio Martins, sócio-gerente, é brasileiro e começou a sua carreira comercial há 20 anos, no Rio de Janeiro. Depois, estabeleceu-se com casa de fazendas e armarinho em São Manoel; e em 1908 transferiu-se para São Paulo, a fim de fazer parte da firma de que tratamos.

O sr. João do Amaral Castro, também brasileiro, dedicou-se sempre aos estudos de mecânica e é o inventor das máquinas privilegiadas acima referidas. É a seu cargo que está a parte técnica dos negócios da firma.

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A fábrica dos srs. Martins Amaral & Cia.
Foto publicada com o texto, página 685

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Companhia Indústria e Comércio, Casa Tolle - Os produtos de primeira ordem manufaturados por esta Companhia lhe têm granjeado uma grande reputação, não só em São Paulo como em todo o Brasil. Os ramos de atividade que exercem são a fabricação de chocolate, refinação de açúcar, destilação de álcool e a preparação de Cusenier e águas de mesa.

A fábrica principal fica à Rua Piratininga, 27, e tem uma frente de 60 metros e uma área de 18.000 metros quadrados. Aí produzem diariamente de 2.000 a 3.000 quilos de bombons de chocolate de várias qualidades, com a marca Abelha, e pode-se sem hesitação afirmar que não é possível obter melhor.

A produção diária da refinação de açúcar é de 300 sacos de 60 quilos em média. O açúcar em bruto provém de engenhos espalhados por todo o Brasil. Uma outra seção se ocupa do preparo de águas gasosas, das quais a produção é a seguinte: 2.000 sifões de soda e 2.000 garrafas de águas gasosas adocicadas.

Ainda mais importante é o preparo dos famosos produtos Cusenier, para o que tem a Companhia o monopólio e uma instalação similar à usada pelos fabricantes de Cusenier em França e que trabalha sob a direção de práticos da casa francesa. O produto é de largo consumo no Brasil, sendo para ele usadas garrafas iguais às do produto francês. Uma grande quantidade de água gasosa Bilz é também preparada nesta seção.

A fábrica na cidade tem também um maquinismo completo para torrar e moer café, produzindo 3.000 quilos diariamente de café em pó. Tanto o açúcar  como o café são vendidos com a marca Periquito, e, devido à excelência desses produtos, a sua procura nos mercados paulistas é cada vez maior. O maquinismo desta fábrica é movido por um motor a vapor de 450 cavalos e também por 6 dínamos elétricos de uma força total de 2540 cavalos. Emprega o estabelecimento cerca de 170 pessoas.

Para destilação do álcool, tem a Companhia uma outra fábrica perto da estação de estrada de ferro Varzea e da São Paulo Railway, a uma distância de cerca de 1¼ hora de São Paulo, ocupando uma parte de um terreno de 57.200 metros quadrados de propriedade da Companhia. Esta fábrica destila 50.000 litros de álcool mensalmente, extraído do milho, sendo esta a única fábrica no Brasil que destila álcool de milho. Os maquinismos, que são dos tipos mais modernos, provêm da França e Bélgica e são tocados por motores com 250 cavalos, sendo a fábrica e suas dependências iluminadas à luz elétrica produzida no estabelecimento. Do álcool destilado, cerca de metade é usado na fabricação das águas Cusenier e o restante vendido no lugar. Cerca de 70 homens trabalham nesta seção.

A Companhia de Indústria e Comércio, Casa Tolle, é na realidade a amalgamação de três companhias: a Companhia Indústria e Comércio, a Companhia Refinadora Paulista e a Société Anonyme des Distilleries Brésiliennes. A firma primitiva, Casa Tolle, foi fundada em 1885 e organizada em companhia nos princípios de 1911 com o capital de Rs. 1.500:000$000, em ações de Rs. 100$000 cada uma.

Os diretores são os srs. Edward Wysard, presidente; W. Smith Wilson, vice-presidente; J. Copinger-Walsh, diretor-gerente, e B. D. G. Ball, secretário. O sr. Copinger Walsh, que está na América do Sul há 20 anos, ocupa-se dos interesses desde a amalgamação. O escritório da Companhia fica à Rua da Quitanda, 12.

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Companhia Indústria e Comércio Casa Tolle: 1) A fábrica; 2) Seção de águas minerais; 3) Seção de refinação de açúcar; 4) Seção de chocolate; 5) Seção de licores
Foto-montagem publicada com o texto, página 686

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Companhia Industrial e de Estrada de Ferro Perus-Pirapora - Esta Companhia foi fundada em 1910 com o capital de Rs. 400:000$000, em obrigações de 100$000 cada uma, com o fim de explorar a antiga Fábrica de Cal Beneduci e as caieiras Gato Preto e Bocaina, na Estação de Perus. A Companhia, com o fim de facilitar o transporte da cal, que era dificultoso e dispendioso, efetuou a construção de uma Estrada de Ferro de Perus a Pirapora, pela extensão de 50 quilômetros, inclusive ramais. Esta estrada tem uma bitola de 60 centímetros e ao mesmo tempo serve, principalmente nos meses de agosto e dezembro, para o transporte de passageiros até Pirapora, onde há um santuário, ao qual todos os anos se dirige enorme romaria.

Ultimamente, a Companhia construiu diversos fornos para a fabricação de cal e produz mensalmente de 30 a 40.000 sacos de 60 quilos desse produto, obtido por meio de 5 grandes fornalhas sistema Broomell e 2 sistema Hoffmann, contínuas. O terreno de onde se extrai o calcário tem a área de 750 hectares e pedreiras de cerca de 2 quilômetros de comprimento e 30 metros de altura.

A sede social da Companhia e a sua direção estão na cidade de São Paulo, à Rua da Boa Vista, 30-A. A diretoria da Companhia é composta dos srs. dr. Arthur Moraes Jambeiro Costa, médico, presidente; dr. Sylvio de Campos, advogado, secretário; e Clemente Neidhart, industrial, tesoureiro. O Conselho Fiscal é composto dos srs. dr. Mario W. Tibiriçá, que efetuou os estudos e a construção da Estrada de Ferro de Perus a Pirapora, Arthur Furtado de Albuquerque Cavalcanti, capitalista, e Florindo Beneduci, industrial, e dos suplentes, srs. Orlando de Almeida Prado, contador, dr. Eduardo de Magalhães, médico, e Braulio Silva, negociante.

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Cia. Industrial e de Estrada de Ferro Perus-Pirapora: 1) Locomotiva e tender; 2) A estação de Perus; 3) O escritório dos diretores em São Paulo; 4) A linha de Perus em via de construção
Foto-montagem publicada com o texto, página 684

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Irmãos Ciorlia & Cia. - Esta firma, proprietária da Serraria São Caetano, estabelecida à Rua São Caetano, 251, e à Rua Monsenhor Andrade, 153 e 157, tem os seus depósitos à Rua João Theodoro, 214. É sucessora do sr. João Santisi, fundador do estabelecimento e sócio comanditário da firma atual.

A serraria é muito bem montada e provida de maquinismo do mais moderno tipo. Consome principalmente madeiras nacionais, tais como imbuia, cedro-ipê-marfim, caxoleio, pinho do Paraná e cabriúva; mas importa também grande quantidade de pinho americano. As toras são compradas no interior do Estado e trazidas, pela estrada de ferro, a São Paulo; e na serraria são desdobradas, de acordo com as necessidades do consumo. A serraria emprega 65 operários e a sua produção mensal vai a cerca de 50.000 pés cúbicos.

O fundador do estabelecimento foi o sr. João Santisi, de nacionalidade italiana, que veio para o Brasil com 4 anos de idade. Depois de se ocupar, durante alguns anos, da exploração de madeiras, fundou a sua serraria. Os sócios solidários da firma são os irmãos Ciorlia, Francisco e Quirino, o primeiro nascido na Itália e o segundo no Brasil. O sr. Quirino dirigiu, durante alguns anos, uma serraria em São Paulo, antes de entrar para a presente firma.

Serraria Alliança - Esta serraria, propriedade da firma Almeida & Silva, foi fundada em 1905 e fica situada no distrito do Braz, em São Paulo, à Rua do Gasômetro, 57. São sócios da firma os srs. José Soares de Almeida e Joaquim Pereira da Silva Porto; antes da fundação da firma, já ambos se haviam ocupado no mesmo ramo de indústria, em empresas diversas. As toras são compradas no interior do Estado e trazidas por estrada de ferro até a serraria. Esta se acha, de todos os pontos de vista, muito bem montada, com os elementos mais modernos, sendo o maquinismo proveniente da Inglaterra.

As madeiras nacionais, geralmente usadas, são a peroba, pinho do Paraná, cabriúva, cedro, ipê, pau-marfim, caxoleio, imbuia e canela. A firma emprega cerca de 72 operários em sua serraria e o seu movimento comercial aumenta de ano para ano. A produção mensal é de cerca de 800 metros cúbicos. A firma tem construído e possui vários prédios e terrenos em São Paulo. Ambos os sócios são portugueses e estão no Brasil há mais de 18 anos.

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Cooperativa das Fábricas de Chapéus, em que estão incorporadas a Cia. Manufactora Paulista, Manufactora de Chapeoss Ítalo-Brasileira, Souza Pereira & Cia., M. Villela & Cia., Adolpho Schritzmeyer & Cia., J. Bosisio & Filhos e Antonio Briganti: a fabricação de chapéus
Foto-montagem publicada com o texto, página 687

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Cooperativa das Fábricas de Chapéus - Esta importante sociedade, com o capital de Rs. 5.000:000$000, compreende as seguintes fábricas: Companhia Manufactora Paulista, Manufactora de Chapéos Italo-Brazileira, Souza Pereira & Cia., M. Villela & Cia., Adolfo Schritzmeyer & Cia., J. Bosisio & Filhos e Antonio Briganti. A Cooperativa, que tem os seus escritórios à Rua de São Bento, 4 e 6, é, pois, uma instituição colossal. Sete fábricas, das maiores do Estado, se juntaram nesse convênio.

A Cooperativa tem um só corpo de viajantes e agentes, trabalhando para todas as fábricas coligadas, para cujos produtos, aliás já bem reputados, se faz agora um só serviço de propaganda em vez de sete, como anteriormente. Faz grandes encomendas de matéria-prima e, por isso, a preços mais vantajosos, e só vende a crédito a fregueses absolutamente garantidos, evitando assim as constantes perdas que antes se davam.

A Companhia Manufactora Paulista foi fundada em fevereiro de 1909, com o capital de Rs. 250:000$00 que, em julho de 1911, foi elevado a Rs. 1.000:000$000. A sua fábrica é acionada a eletricidade, com 5 motores de 50, 15, 10, 5 e 3 hp. Provida dos mais modernos e aperfeiçoados maquinismos, pode esta fábrica produzir diariamente 1.200 chapéus de lã e 300 de pelo. A sua atual diretoria compõe-se dos srs. Rodolpho Miranda, ex-ministro da Agricultura, antigo industrial e capitalista, presidente; dr. Luiz Rodolpho Miranda, advogado e industrial, gerente; e F. Lourenço de Freitas, antigo contador e guarda-livros, secretário.

A Manufactora de Chapéos Italo-Brazileira teve o seu início em 1906, sob a firma Nabhan & De Domenico, da qual fazia parte o atual gerente técnico, sr. Salvador De Domenico. Em 1º de janeiro de 1908, organizou-se a sociedade anônima, sendo eleitos primeiros diretores os fundadores srs. cav. Nicola Puglisi Carbone e Menotti Falchi; e mais tarde, foi aumentada esta diretoria, com o concurso dos srs. comendador Rodolfo Crespi e Vittorio Monzini. Em fevereiro de 1912, foi a diretoria reduzida a dois membros, em virtude da criação da Cooperativa das Fábricas de Chapéus, à qual aderiu a companhia.

A atual diretoria compõe-se dos srs. cavaleiro. Nicola Puglisi Carbone, presidente, e Ernesto José Nogueira, diretor-gerente. O capital inicial de Rs. 120:000$000 foi gradativamente aumentado até a atual soma de Rs. 1.000:000$000; e a sua produção foi também gradativamente aumentada até atingir a capacidade para a fabricação diária de 4.000 chapéus, sendo 500 de pelo, 500 de palha e 3.000 de lã. A fábrica está magnificamente instalada em edifícios próprios, expressamente construídos, em Vila Prudente, bairro próximo à capital, onde existe também a Vila Operária, de propriedade da Companhia. Possui uma força motriz de 400 cavalos, sendo 200 elétricos e 200 vapor. O número de operários é superior a 400. Dos maquinismos, que são os mais modernos e aperfeiçoados, a maior parte foram adquiridos há cerca de um ano. Os produtos desta fábrica são vantajosamente conhecidos, sob a marca Oriente, em todos os Estados do Brasil.

Os srs. Souza Pereira & Cia., com escritório em São Paulo, à Rua de São Bento nº 6, possuem em Sorocaba uma fábrica de chapéus, que é das mais velhas e importantes do Brasil. Ela foi fundada em 1852 pelo sr. A. Rogich, e em 1887 adquirida pelo sr. Francisco de Souza Pereira, que tomou para sócio o sr. Manoel da Silva Villela, formando-se a firma de Pereira & Villela.

Com a retirada do sr. Villela em 1901, entrou para a sócio o sr. Nestor de Barros, constituindo-se a firma de Souza Pereira & Cia. Mas, em 1907, deu-se nova alteração, pela retirada do sr. Barros e entrada dos srs. Francisco de Souza Pereira Filho e Leonidas Sandoval. De então para cá, a produção da fábrica tem aumentado consideravelmente, encontrando os seus produtos fácil mercado em todo o Brasil. Devido à introdução de novas máquinas, a produção atual é d e 35.000 chapéus de lã e feltro, por mês, trabalhando na fábrica 200 operários.

A fábrica dos srs. Villela & Cia. fica situada na cidade de Mogi das Cruzes e produz mensalmente cerca de 50.000 chapéus de lã e feltro e 10.000 de palha. Na fábrica, modernamente aparelhada, trabalham 300 pessoas. Os sócios da firma são os srs. Manoel da Silva Villela, dr. Ricardo da Silva Villela, Horacio da Silva Villela, dr. Henrique Itiberê e Max Sparsbood.

A firma Adolpho Schritzmeer & Cia., cuja fábrica fica na capital do Estado, data de 1853. As suas máquinas, adquiridas na Europa, são das mais modernas e perfeitas. Fabricam-se aí todas as espécies de chapéus de lã, de feltro e palha, tendo os seus produtos alcançado excelente reputação em todo o país. Nas numerosas exposições em que têm figurado, tais produtos têm alcançado altas recompensas, como grandes prêmios, diplomas de honra e medalhas de ouro prata e bronze.

A fábrica dos srs. J. Bosisio & Filhos tinha, a princípio, uma produção diária de quase 100 chapéus de lã; mas, com o desenvolvimento do negócio, a produção atual é de 400 chapéus de lã. Três anos depois de fundada, a firma começou a manufaturar chapéus de feltro, sendo, atualmente, a produção diária, das duas qualidades, de 700 chapéus. A fábrica dispõe de maquinismos modernos, e os seus produtos são procurados por todo o Brasil.

Os sócios da firma e fundadores do estabelecimento são o sr. José Bosisio e seus filhos, srs. Claudio e Luiz Bosisio, todos nascidos em Monza, na Itália. O sr. Antonio Briganti, proprietário da Chapelaria Bella Vista, situada na Rua Major Diogo nº 106, fundou o seu estabelecimento em 1898, começando por manufaturar chapéus de feltro, e em 1909 chapéus de lã. A sua produção atual é de 300 chapéus de lã e 60 de feltro, por dia. O capital da firma é de 50:000$.

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Cooperativa das Fábricas de Chapéus: 1 e 2) A fábrica R. Miranda; 3) A fábrica de Vila Prudente; 4 e 5) A fábrica João Adolpho
Foto-montagem publicada com o texto, página 688

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Companhia de Calçado Villaça - Estabelecida em 1907, sob a firma de Borges Villaça & Companhia, convertia-se esta casa, em setembro de 1911, em companhia, com o capital de 500 contos e tendo por diretor o sr. Ganymedes Villaça. A fábrica está situada à Rua da Conceição, 58 e 60, e aí se manipulam todas as qualidades de calçado para senhoras, homens e crianças, com couros sempre de primeira qualidade.

A matéria-prima é importada da Europa e da América do Norte. Os maquinismos da fábrica são, na sua maior parte, norte-americanos e acionados pela eletricidade; e é a Light & Power que, para tal fim, fornece a força de 30 hp. A produção vai a 200 pares de botinas e sapatos por dia. A fábrica emprega 60 pessoas e 30 trabalham exteriormente. Para propaganda e venda dos seus produtos, tem a Companhia de Calçado Villaça agentes nas principais cidades do País.

Cervejaria Germania - A empresa fundada em 1889 pelos srs. Reichert Irmãos começou por negociar em pequena escala, como importadora, e supria então cervejarias de pouca importância que naquela época eram em número nada inferior a 29, só na Capital. Mais tarde, iniciaram os srs. Reichert Irmãos a fabricação de licores, sabão, biscoitos e bombons, produtos com os quais foram premiados em diversas exposições.

Em 1907, num terreno de 6.000 metros quadrados de propriedade da firma, resolveram os irmãos Reichert edificar um prédio para instalação duma fábrica de cerveja, à Rua dos Italianos, 22 a 28, onde atualmente funciona. O maquinismo, todo ele moderno e aperfeiçoado, é acionado por dois motores a vapor alemães, cada um da força de 80 cavalos. Além disto, trabalham na fábrica 3 motores elétricos, da força total de 25 cavalos.

Os srs. Reichert abandonaram o fabrico de sabão, biscoitos e bombons, e dedicaram-se exclusivamente à de cerveja, licores, águas minerais, gasosas e gelo. A cervejaria produzi diariamente 12.000 litros de cerveja, mas pode fornecer, se for necessário, até 36.000, além de 400 dúzias de gasosas, 100 dúzias de sifões, 400 litros de 30 qualidades diferentes de licores, como sejam Benedictine, Congnac, Peppermint etc., e 15 toneladas de gelo. A fábrica emprega 140 operários e dispõe de 40 carros para entrega dos seus produtos. Em outra parte da cidade tem os seus depósitos, onde também se encontram as cocheiras e telheiros para os carros.

Os srs. Reichert Irmãos estão em relações comerciais com todo o Brasil e têm agentes em todas as principais cidades. Atualmente, o único proprietário da cervejaria é o sr. Emilio Reichert, que veio de Wurtemberg, onde nasceu, em 1889, em companhia do seu falecido irmão Adolpho. Pouco tempo depois, iniciaram os dois irmãos os seus negócios e gradualmente, pelos seus esforços, conseguiram dar-lhes um grande impulso. Mais tarde, juntou-se à firma o terceiro irmão, João, mas desde meados de 1910 o sr. Emilio Reichert se tornou o único proprietário. O sr. E. Reichert possui diversos terrenos e imóveis nesta cidade e os depósitos e prédios onde funciona a cervejaria são também de propriedade sua. Os produtos da Cervejaria Germania obtiveram o grande prêmio na Exposição de São Luiz e duas medalhas de prata na Exposição de São Paulo.

Casa Falchi - A Casa Falchi foi fundada em 1885 por Emídio Falchi e tem funcionado sob as razões sociais: Irmãos Falchi & Cia., Falchi & Cia. e Falchi Giannini & Cia. Desde 1º de fevereiro de 1910, pertence à firma Falchi, Papini & Cia., composta dos sócios solidários srs. Giuseppe Falchi e Menotti Papini e dos comanditários cavaleiro Bernardino Falchi, cav. Rodolfo Crespi e Menotti Falchi.

Na seção industrial da casa Falchi, cuja produção anual orça por 700 contos de réis, fabricam-se com grande variedade de tamanhos, cores e formatos, os seguintes produtos: chocolate em tabletes, em pó e em pedaços à fantasia; confeitos com licores, com amêndoas etc., prateados, dourados, lisos e crespos; bombons com frutas etc.; canela e pimenta em pó, em latas de vários tamanhos e em caixinhas de papelão. Entre homens, mulheres e meninos, trabalham na seção industrial da Casa Falchi 125 operários.

O movimento de vendas é feito em todas as zonas dos estados de São Paulo e Minas Gerais por empregados viajantes em número de 7. No Rio de Janeiro e em Porto Alegre vende a casa, por intermédio de agentes, e por intermédio de representantes nos demais Estados.

Além da seção industrial, possui a Casa Falchi uma seção comercial para importação de secos, molhados, ferragens etc., da Itália, França, Portugal, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos da América do Norte etc.

Os produtos da Casa mereceram prêmios em diversas exposições, a que concorreram todas as firmas antecessoras à atual; são esses prêmios: medalhas de prata que, por não as haver de ouro, correspondiam a primeiros prêmios, nas exposições de São Paulo (1902) e Iguape (1902); medalhas de ouro nas exposições de Turim (1898), São Luiz (1904), Milão (1906) e Rio de Janeiro - higiene - (1909). Grande Prêmio na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, em 1909.

Companhia de Automóveis Garagens Reunidas - A Companhia de Automóveis Garagens Reunidas, fundada com o capital de Rs. 400:000$000 em ações de 100$000, tem a sua garagem e oficina situadas à Rua Florêncio de Abreu, 13. Aí se executam toda a espécie de consertos e reconstruções de carros. As oficinas mecânicas são providas dos mais modernos e aperfeiçoados maquinismos. Há seções de pintura, tapeçaria, carpintaria e um depósito de acessórios de toda a sorte para automóveis. Estes são importados diretamente pela Companhia em grande escala.

Os motores de Scat, Spa, Itala etc. são vendidos pela Companhia, que é agente única da casa Stucchi, de Milão (Itália). Na garagem há, para aluguel, 40 automóveis de marcas diferentes. Trabalham 60 a 80 pessoas. Em 1910 distribuiu a Companhia aos seus acionistas um dividendo de 9%. A diretoria da Companhia de Automóveis Garagens Reunidas compõe-se dos srs. conde Silvio A. Penteado, presidente; dr. Edgard de Souza, vice-presidente; e sr. Menotti Falchi, diretor-gerente.

Companhia Chimica Industrial de São Paulo - A Companhia Chimica Industrial de São Paulo fundou-se a 21 de agosto de 1909, com o capital de Rs. 100:000$000, aumentado depois para Rs. 400:000$000 e acha-se instalada em terreno próprio, á Rua Alfredo Maia, na Capital do Estado de São Paulo. O seu estabelecimento fabril, que em 1909 constava apenas de duas saletas e um pequeno pavilhão, conta atualmente seis grandiosos pavilhões com capacidade para 100 operários cada um, sem incluir as salas da direção geral, laboratórios, almoxarifado e tipografia completa para os serviços de impressos, ocupando tudo uma área de 5.000 metros quadrados.

Apesar dos modernos maquinismos de que dispõe a Companhia Chimica Industrial - entre os quais se destacam duas grandes caldeiras dos fabricantes Wolf e Marshall Sons; dos seus alambiques colossais a vapor e a fogo direto; das suas máquinas para fabricar comprimidos, água oxigenada, magnésia fluída, pó-de-arroz, polvilhos anti-sépticos, sabonetes aromáticos e medicinais; extratos fluídos e moles, alcoolatos, perfumarias diversas, ácido fênico, cresil, creolina, benzina etc. -, ainda ela ocupa um pessoal de 90 e tantos operários para os indispensáveis serviços de manipulação e embalagem.

O edifício, que obedeceu a um plano criteriosamente delineado e executado, é de molde a facilitar o trabalho, que se divide em seções, cada uma das quais com o seu chefe responsável. Para comodidade do pessoal, edificou a Companhia três grupos de prédios, a que não falta o conforto exigido pela regulamentação sanitária. Aos operários é, além disso, facultado um seguro contra desastres, na Companhia Cruzeiro do Sul. A fábrica e suas dependências, bem como seus mecanismos, acham-se seguros também nas companhias Equitativa Brasileira, Indemnisadora e Paulista de Seguros.

Quanto ao seu movimento comercial, temos dados irrefutáveis que demonstram o alto grau de desenvolvimento adquirido pela Chimica Industrial. Bastará dizer-se que, com tão pouco tempo de vida, já ela luta sem descanso para satisfazer os pedidos de seus importantes clientes. Já ultrapassou as raias do Estado em que funciona e entabulou grandes negócios com as melhores firmas da Capital da República, e com as capitais e mais importantes cidades de Minas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, sendo que muitas localidades do Norte também fazem grande consumo de artigos da fábrica, que lhes revende do Rio de Janeiro.

E a prova mais patente dessa grande prosperidade se nos depara na merecida situação financeira de que atualmente goza a Companhia, estando em ótimas relações fiduciárias com os primeiros estabelecimentos de crédito, quer nacionais, quer estrangeiros, existentes no Estado de São Paulo, onde mantém o seu circulo principal de ação. Eis em ligeira nota o que é atualmente, e o que era há dois anos, a importantíssima Companhia Chimica Industrial de São Paulo.

Companhia Metalúrgica e Importadora Paulista - Este importante estabelecimento industrial, fundado em 1892 pelo seu atual presidente e ex-proprietário, o coronel Francisco Amaro, sob a denominação de Fundição do Braz, pela qual ainda é hoje conhecido, passou em 1910 a ser propriedade de uma sociedade anônima organizada pelo mesmo sr. coronel Francisco Amaro, sob o título de Companhia Metalúrgica e Importadora Paulista. O seu capital é de Rs. 900:000$000, representado por 4.500 ações integralizadas no valor de 200$000 cada uma.

Tem os seus escritórios comercial e técnico à Rua Corrêa de Andrade, 20, no Braz, o bairro industrial da Capital do Estado de São Paulo, onde também funcionam as suas vastas oficinas, que ocupam, com os grandes armazéns e depósitos, uma área de 3.000 metros quadrados. As suas oficinas, providas de poderosas máquinas aperfeiçoadas, que são acionadas por força motora e por eletricidade, dividem-se em seções de fundição, mecânicas, ferraria, caldeiraria, carpintaria e modelação, e dão trabalho diariamente a 150 e até 180 operários, no fabrico constante de máquinas para a lavoura de café, arroz, cana e algodão, serras francesas e americanas, fundição de sinos e peças de ferro para construção e ornamentação de prédios, turbinas, comportas, tubos e materiais para serviços sanitários, vagões para estradas de ferro etc.

Construíram estas oficinas as pontes e tubos condutores de águas do Cabuçu e Guaraú, a fachada artística da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, as estruturas metálicas do Palacete Briccola, Hotel d'Oeste, Teatro Colombo, as colunas artísticas do Teatro Municipal, diversos elevadores, polias de 3 metros de diâmetro para a fábrica de tecidos Votorantim, material rodante para a linha férrea da Cantareira e tantas outras obras artísticas e de grande importância fundidas em ferro e em bronze.

Os armazéns, com entrada pela Rua Cruz Branca, 21, e anexos às oficinas, têm sempre em depósito grandes estoques de vigas de aço para construção de prédios, ferro laminado, cimento, tubos para água e para esgotos, material sanitário, madeiras, serras circulares automáticas, francesas, americanas, moendas para cana, rodas hidráulicas, sinos, material rodante para vias férreas, trilhos etc.

A fundição do Braz, hoje propriedade da Companhia Metalúrgica e Importadora Paulista, foi fundada, como já dissemos, pelo seu ex-proprietário sr. coronel Francisco Amaro, ativo e inteligente industrial que lhe imprimiu toda a sua força de vontade para a colocar, como se acha hoje, na categoria dos melhores e mais acreditados estabelecimentos industriais do Brasil.

L. Queiroz & Cia. - A firma Luiz Queiroz & Cia., com um capital de 500 contos de réis, dividido em ações ordinárias, e 500 contos em bonds, figura como uma das mais importantes deste país, ocupando-se do fabrico de perfumaria, produtos químicos, explosivos e seus congêneres. Pelos produtos de sua fabricação, tem adquirido já medalhas e diplomas de honra em diferentes exposições.

A casa mantém duas fábricas, uma das quais à Rua Almeida Clevelando, 72, que é aplicada exclusivamente a produtos farmacêuticos, químicos e perfumaria, e a outra na Barra Funda. Esta compreende uma área de 8.000 metros quadrados; e outro terreno, da mesma área, está reservado para o desenvolvimento futuro. A produção diária desta fábrica, onde trabalham 35 empregados, consiste em 10.000 quilos de ácido sulfúrico, 3.000 quilos de ácido muriático, 1.000 quilos de ácido nítrico, 2.000 a 3.000 quilos de sulfato de soda, 5.000 quilos de fosfatos superiores e outros produtos destinados à agricultura.

Cada seção está a cargo de um químico competente, e cinco viajantes se incumbem da propaganda da casa, tanto em São Paulo como nos Estados adjacentes. A sua loja está situada à Rua 15 de Novembro, 32, e ali se ocupam do negócio 14 vendedores e 6 escreventes.

O fundador da casa, sr. Luiz M. Pinto de Queiroz, é natural do Rio de Janeiro, onde se educou, formando-se em 1891. No ano seguinte, abriu uma pequena farmácia em São Paulo. Esta foi prosperando e se desenvolvendo, e no ano 1895 abriu o sr. Queiroz uma fábrica, na qual produzia cerca de 1.000 quilos de ácido sulfúrico diariamente. Foi no ano 1909 que esta empresa passou para uma companhia. Desde 1899 é o sr. Luiz M. Pinto de Queiroz proprietário de uma fábrica de pólvora e outros explosivos, cuja produção atinge a média de 5.000 quilos por dia.

O sr. Queiroz foi um dos fundadores da Escola de Farmácia, Odontologia e Obstetrícia de São Paulo e atualmente rege uma das cadeiras da mesma escola. É também o editor da Revista Pharmaceutica e Therapeutica, que fundou. O seu estabelecimento importa, como matéria-prima, enxofre, salitre do Chile, sais de potassa e outros produtos químicos apropriados à sua indústria. Exporta para os outros Estados do Brasil ácidos sulfúrico, nítrico, muriático e acético, sulfato de soda, desinfetantes, adubos e outros produtos de sua fabricação, aplicados às indústrias têxteis.

Companhia Industrial de Eletricidade, Fábrica Nacional de Lâmpadas - Esta empresa foi organizada pelo engenheiro civil Domingos Alves Matheus, em 15 de maio de 1910, com o capital de Rs. 250:000$000, e inaugurada a 1º de julho de 1911. Fica situada em um terreno com 11.000 metros quadrados, à Rua do Toboão, e instalada em um edifício de alvenaria de tijolo, o qual cobre uma área de 1.500 metros quadrados.

A fábrica está dividida nas seguintes seções: laboratório, carburação, preparação dos pés, montagem dos filamentos, fusão, soldadura, depósito e escritório técnico e comercial. As máquinas são da casa Prigge, Lybods & Pfeifer. A fábrica foi montada para uma produção inicial de 2.000 lâmpadas diárias, podendo esta ser aumentada, pois o prédio comporta, com as salas de que atualmente dispõe, um desenvolvimento até 5.000 lâmpadas.

Foram já encomendados os maquinismos para a fabricação de ampolas de vidro e de filamentos de carvão e metálicos, devendo começar dentro de seis meses a fabricação das lâmpadas de filamentos metálicos. A empresa está em ótimas condições econômicas e os seus produtos obtêm franca aceitação.

A diretoria compõe-se dos srs. Silverio Iguarra Sobrinho, presidente, capitalista e industrial, que faz parte das diretorias de várias companhias; dr. Domingos Alves Matheus, gerente, engenheiro civil e industrial; e coronel Affonso Olegario Ferreira Pinto, vice-presidente, capitalista, industrial. O Conselho Fiscal é constituído pelos srs. Jacintho Osorio do Locio Silva, Francisco Martins Ferreira Junior, Antonio Gordinho Fialho, todos três capitalistas e industriais.

Companhia Agrícola e Pastoril do Banharão - A Companhia Agrícola e Pastoril possui em Villa Doro, Estado de São Paulo, cerca de 300.000 alqueires de matas, onde se encontram, em grande quantidade, excelentes madeiras, tais como bálsamo, peroba, jequitibá, amendoim, cravo, araribá, cedro, jacarandá, aroeira etc. Até agora, estavam estas matas quase completamente por explorar; a companhia, porém, resolveu ultimamente a instalação de serras modernas e vai começar a exportação, em grande escala, não só para os outros Estados como também para o estrangeiro.

Tem a companhia também cerca de 2.000 cabeças de gado, e neste ramo de negócio faz avultadas transações. Trabalham já em suas terras cerca de 100 famílias de colonos, para as quais foram construídas boas casas de moradia; e também se providenciou quanto à educação e instrução das crianças. O presidente da companhia é o sr. Antonio Roberto Ribeiro do Valle.

Companhia Cortume de Água Branca - Os couros de várias qualidades, preparados por esta companhia, encontram fácil escoadouro nos mercados de todo o Brasil. A fábrica principal, em Água Branca, ocupa uma área de 4.000 metros quadrados e é cercada de 240.000 metros quadrados de terrenos. O maquinismo em uso é de fabrico alemão e norte-americano e acionado por motores elétricos da força de 135 cavalos.

Nesta Companhia, cerca de 5.000 couros são preparados mensalmente, curtidos pelos métodos mais adiantados e dando solas de superior qualidade. Há trabalho constante para cerca de 120 homens. A segunda fábrica, que dá trabalho a 80 homens, está situada em Piaçagüera, ao pé dos morros vizinhos de Santos. O maquinismo é acionado por motores de 95 cavalos e prepara cerca de 3.600 couros, por mês. Considerável número de habitações foram construídas na vizinhança da fábrica, para acomodação dos empregados, havendo uma escola em que se educam os filhos dos mesmos.

Esta fábrica de curtume foi fundada há vinte anos, mais ou menos, sob os auspícios do sr. Antonio Prado. Em 1909, porém, passou a ser uma companhia de responsabilidade limitada, com o capital de Rs. 1.000:000$000, em 2.000 ações de Rs. 500$000 cada uma. O presidente é o dr. Antonio da Silva Prado; secretário, o dr. Torres Neves; gerente, o sr. Alexander Rodeck. O escritório central da Companhia acha-se à Rua de São bento, 29, 2º andar.

Fábrica de Fero Esmaltado Silex - A fábrica de objetos esmaltados em São Paulo, pertencente a esta companhia, é a única, em seu gênero, no Brasil; e tal é a procura dos objetos fabricados, que os proprietários não lhe podem atender por completo, apesar de andar a produção média mensal entre 80 e 100 toneladas. As suas oficinas estão na Rua Seis, Ipiranga, subúrbio de São Paulo, e ocupam a área de quarenta mil metros quadrados.

As instalações são de último modelo e incluem três motores elétricos da força de 79 cavalos, 5 fornos grandes capazes de aquecer até 1.200º C., um forno para fundir ferro e outro para fundir minerais. A matéria-prima é importada da Alemanha e Inglaterra. Quinhentos operários são empregados na fábrica. Possui esta agências em todas as cidades principais do país.

A fábrica, logo após a sua fundação, girou por algum tempo sob a firma Barros Krueger & Companhia; mas, no ano de 1909, transformou-se em sociedade anônima, com o capital de Rs. 1.000:000$000, dividido em ações ordinárias e quantia igual em debêntures.

O presidente da companhia é o sr. dr. Pedro Pires Pontual, o seu maior acionista; o diretor-gerente é o sr. Antonio de Barros Barreto; e o sub-diretor, o sr. Mario Pontual. O sr. Antonio de Barros Barreto é oficial superior da Marinha; dedicou-se ao estudo da Química, Mineralogia e Geologia e é professor da Escola Politécnica e do Mackenzie College. É diretor-gerente da Silex desde janeiro de 1911. O sub-diretor, sr. Mario Pontual, está ao serviço da fábrica, desde cerca de três anos a esta parte. Recebeu a sua educação na Suíça e no Mackenzie College, São Paulo.

Premiato Pastifício Italiano - Esta importante fábrica de massas alimentícias, a maior do Brasil, foi fundada em 1896 pelos irmãos Roberto e cav. Enrico Secchi, aos quais mais tarde se associou o irmão Attilio.

Com o seu verdadeiro amor ao trabalho, os irmãos Secchi lançaram-se à conquista do primeiro lugar entre os seus concorrentes, e graças à maneira inteligente como souberam tirar proveito da sua próspera indústria, não lhes foi difícil ver logo coroada de êxito tão justa quão honrosa ambição. Dispunham, no início das suas operações, de um número muito limitado de máquinas, e a produção dessa época não atingia a 900 quilogramas de macarrão, que eram vendidos na Capital e no interior do Estado de São Paulo. O pessoal era de 20 pessoas, entre homens e crianças.

Dadas as condições deficientes em que se achava a fábrica, num prédio à Rua Miller, 4, resolveram os proprietários, no ano de 1904, mandar construir um edifício adaptável à sua indústria, observadas não só todas as regras de higiene, como também os melhoramentos indispensáveis a uma fábrica modelo, como se propunham montar.

O novo edifício, situado no Largo da Concórdia, ângulo das ruas Miller e Xavantes, inaugurou-se em abril de 1904, com a presença do ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, do cônsul geral italiano e várias autoridades do Estado. Ocupava uma área de 1.200 metros quadrados e já então era outro o seu maquinismo; dispunha de 3 máquinas horizontais para as massas cortadas (modelos novos), 2 gradmole, uma moderníssima impastatrice e 4 prensas verticais para a fabricação das massas compridas (macarrão). A produção da fábrica foi grandemente aumentada, atingindo nos primeiros meses a fabricação diária de 1.800 a 2.000 quilos de massas de 40 diferentes formatos, com um pessoal de cerca de 30 operários.

É justiça mencionar que os produtos deste acreditado estabelecimento dia a dia se tornaram mais conhecidos, não podendo os proprietários dar vazão às encomendas que de todo o Brasil lhes chegavam, não obstante os seus artigos serem vendidos a preços mais altos do que os de outras fábricas congêneres. Aproveitaram então para aumentar ainda mais o seu estabelecimento e o número de máquinas também foi aumentado.

Assim, em fins do ano de 1910, o estabelecimento compreendia uma área de 2.400 metros quadrados, ocupados da seguinte forma: uma sala destinada unicamente para as máquinas; uma para o motor a vapor de 40 cavalos de força; uma para o secador; diversas salas no pavimento superior com caloríficos para a completa secagem das massas; compartimento para a elaboração do glúten, destinado à fabricação das massas glutinadas, e outras dependências, como sala de expedições, caixotaria, armazém para a venda a varejo, depósito de matéria-prima etc., etc.

O pessoal operário é composto de 40 pessoas, entre homens e crianças, percebendo um ordenado mensal na média de 200 francos os homens e 100 francos as crianças. A produção diária atual é de 5.000 quilogramas de massas, e é vendida diretamente pelos fabricantes em todo o Brasil. Todos os operários estão seguros contra os acidentes do trabalho.

Nas exposições a que esta fábrica concorreu, obteve as seguintes recompensas: Turim, Exposição Nacional Italiana (1898), medalha de bronze; São Paulo, Exposição Municipal (1902), primeiro prêmio; São Luiz, Exposição Universal (1904), grande prêmio; Milão, Exposição Internacional (1906), diploma de honra; Rio de Janeiro, Exposição Nacional (1908), grande prêmio; Rio de Janeiro, Exposição de Higiene (1909), primeiro prêmio.

Os irmãos Secchi são originários de Modena, norte da Itália. Foi no ano de 1875 que o senhor cav. Enrico Secchi veio ao Rio de Janeiro e foi um dos primeiros a promover a colonização italiana no Brasil, pois à sua direção foi confiada a colônia de Porto-Real, no Estado do Rio, onde permaneceu até o ano de 1884, época em que chegaram da Itália os outros seus irmãos Roberto e Attilio.

A direção técnica da fábrica é confiada aos srs. Roberto e Attilio Secchi, ficando a cargo do sr. cavaleiro Enrico Secchi os demais serviços de superintendência dos negócios do estabelecimento. O cav. Enrico Secchi é uma personalidade de destaque na colônia italiana de São Paulo, pois é presidente honorário de muitas sociedades italianas, faz parte do Conselho da Camera di Commercio Italiana e é o atual tesoureiro do Hospital Italiano de São Paulo. Devido aos seus inúmeros serviços prestados, foi justamente condecorado pelo rei de Itália com o título de Cavaleiro da Coroa.

Paulista Lumber Company - Ao Sul do Estado de São Paulo existe uma rica zona de terra florestal, à qual, até há pouco tempo, se tinha prestado pequena atenção. Os diretores da Paulista Lumber Company (Companhia Paulista de Madeiras de Construção) fizeram, no entanto, esforços inauditos para averiguar a quantidade de madeira virgem que ali existia, e depois de dois anos de estudo - durante os quais também se investigaram as condições das distâncias que existem entre a floresta e a costa - a Companhia adquiriu 280.000 acres de terreno florestal livres de foro.

A Companhia Paulista de Madeiras de Construção tem, hoje, o seu porto próprio, de onde exporta madeiras, e ao qual está ligado por meio duma estrada de ferro de bitola estreita, que percorre várias partes da floresta. O clima nessa região é muito salubre e excelente para a agricultura, em todas as suas formas, tanto assim que se tem pensado, logo que o terreno esteja limpo, em cultivar arroz, tabaco, algodão, cacau etc.

Os diversos ramos de indústria que se ligam com o desenvolvimento florestal também serão postos em prática. Isto incluirá a extração de tanino da casca das numerosas árvores que contêm esta substância em grande quantidade. A preparação da polpa de madeira para a manufatura de papel receberá também especial atenção, devido ao fato de haver muitas árvores cujas madeiras não servem para trabalhos industriais, mas que são excelentes produtoras de polpa. Além disso, a madeira pequena e regular será convertida em carvão, e far-se-á a extração de essências medicinais.

É de notar que os Estados Unidos da América têm sido até hoje os maiores compradores da Companhia, importando anualmente umas 100.000 toneladas de madeira fornecidas por esta empresa. Assim que esta Companhia foi publicamente conhecida (1911), comerciantes da Alemanha e França puseram-se em comunicação com os diretores e lhes prometeram comprar as suas madeiras em larga escala, de modo que a imediata venda de toda a madeira que a Companhia pode exportar está garantida por um largo tempo.

A Paulista Lumber Co. tem agências em Londres, Nova York, Havre, Bolonha (Itália), Alexandria (Egito), Buenos Aires e Tóquio; agências serão estabelecidas em breve noutros países da Europa e América. No Brasil, estão-se também fazendo grandes negócios.

Atualmente, a Companhia exporta nada menos de 82 classes diferentes de madeiras usadas em múltiplos misteres, tais como em construções gerais, construções de barcos, trabalhos de porto, colunas hidráulicas, dormentes para estradas de ferro, blocos para calçamentos, postes telegráficos e também para elegante mobiliário.

Entre as principais madeiras que a Companhia exporta, figuram: araribá (leguminosa) e canela (lauracea), para arquitetura naval e trabalhos de fantasia; cabiúna, o cedro, o carvalho e o mogno (cangerana meliacea), para construções Gonçalo Alves (anarcardiacea), para trabalhos de móveis; jacarandá (leguminosa), para pianos e instrumentos de música e mobiliário; jequitibá (myrtacea), um excelente substituto do pinho; imbuia, pau-setim (apocynacea) e peroba, usadas para decorações interiores, móveis etc.; pau-ferro e outras madeiras duras, adequadas para dormentes e fins industriais.

A Companhia, cujo capital é de 10.000 contos de réis, possui grandes vapores para transportar as madeiras para as suas diversas agências. O presidente da Companhia é o coronel Francisco da Cunha Bueno. A casa principal está em São Paulo, e o único agente representante para o Império Britânico é mr. Cecil E. Best, Mildmay Chambers, 7, Union Court, Old Broad Street, Londres, E.C.

Companhia Cerâmica Vila Prudente - Este grande estabelecimento de produtos cerâmicos fundado em Vila Prudente (Estação de Ipiranga) em 1910, com o capital de Rs. 400 contos, em ações de 100$000 cada uma, ocupa o espaço de 200.000 metros quadrados. Nele se fabricam todas as espécies de produtos cerâmicos, assim como tijolos e telhas.

Os fornos para fabricação de tijolos e telhas são dos fabricantes Hoffmann e produzem diariamente cerca de 10.000 telas e 8.000 tijolos; mas a companhia está atualmente melhorando o seu material e em breve poderá fabricar mais do dobro daquelas quantidades. Os maquinismos são acionados por um motor de 100 hp.

A diretoria compõe-se dos srs. dr. F. P. Ramos de Azevedo, presidente; dr. Julio Michelli e cavaleiro José Publisi Carbone, diretores. A gerência da fábrica está entregue ao sr. dr. Alfredo de Miranda. O escritório da Companhia fica à Rua Boa Vista, 26, sobrado. Os produtos da fábrica foram galardoados com as maiores distinções da exposição realizada nesta Capital; em diversas exposições estrangeiras com medalhas de ouro e na do Rio de Janeiro com o Grande Prêmio.

Águas Minerais da Pedreira do Itambé - As águas minerais de Itambé foram descobertas pelo dr. Argimiro da Silveira, em 1908, e adquiridas pelos srs. Silveira Costa & Cia., seus proprietários atuais, em 1911. Desta firma fazem arte os srs. Silveira Costa, como sócio solidário, e F. Bernardo Lichtenfels, como comanditário.

A Pedreira do Itambé fica no Município de Taquaritinga, a 8 quilômetros da estação, no prolongamento da estrada de ferro de Araraquara a Rio Preto. A situação da pedreira é belíssima, numa montanha que domina vastíssima extensão, na sua quase totalidade coberta de mata virgem. Na base da montanha marca o aneróide 650 metros acima do nível do mar, e o cume,de onde se goza um panorama deslumbrante, fica a 778 metros de altura. O clima é sempre saudável; refresca a atmosfera uma constante ventilação. As águas, que são muito semelhantes às de Alexanderbad, na Boêmia, encerram extraordinárias qualidades terapêuticas e são recomendadas especialmente aos doentes do estômago e dos rins.

Ultimamente, mandaram os proprietários do estabelecimento construir um prédio provisório para engarrafamento das águas que em breve tencionam começar a exportar para todos os países, em vista de ter a análise química provado as suas excelentes qualidades. De fato, elas contêm mais magnésio e cálcio que as águas de Vichy. Numa das fontes foram encontrados sinais de radium e o Governo mandou vir maquinismo para a respectiva extração. Os escritórios da firma acham-se instalados à Rua Quintino Bocaiúva, 4, em São Paulo, e os seus únicos agentes, no Estado, são os srs. R. Maschold & Cia.

Duprat & Cia. - A fundação deste estabelecimento data de 1850 e deve-se ao sr. H. Knosel, que chegou em 1849 à capital de São Paulo, onde, pouco depois, abriu uma pequena oficina de encadernação. Esta foi, em 1862, adquirida pelo sr. J. Seckler, que nela trabalhara desde 1855.

Em 1870 tornou-se necessário adicionar à oficina algumas máquinas e acessórios, para que ela pudesse satisfazer às exigências determinadas pelo desenvolvimento das estradas de ferro. Em 1882, sendo insuficiente o antigo local, mudou-a o seu proprietário para a Rua 25 de Março, instalando-a no prédio em que se acha atualmente.

Em 1886, os proprietários, que eram os srs. J. Seckler, A. Kagerah e H. Klein, constituindo a firma de Jorge Seckler & Companhia, animados pelo desenvolvimento das suas oficinas, mantinham na Europa o sócio sr. H. Klein, para comprar o material necessário e estudar o aperfeiçoamento da arte, a fim de serem mandados vir os melhores maquinismos. Era de 73 o número de operários e de 17 o de máquinas que, a esse tempo, comportavam as diversas seções.

Em 1890, vários comerciantes abastados, tendo à frente o sr. dr. Gabriel Dias da Silva, incorporaram a Companhia Industrial de São Paulo, que exploraram durante anos sob a criteriosa presidência do sr. D. da Silva e gerência do sr. R. Duprat, atual sócio da firma Duprat & Companhia, o referido estabelecimento gráfico. Em 1902, por compra, foi cedida a tipografia, bem como todas as suas dependências, à firma Duprat & Companhia.

O estabelecimento acha-se provido de todos os melhoramentos que modernamente têm sido introduzidos nas artes gráficas. Atualmente eleva-se a 300 o número de operários que se ocupam nas diversas seções. A papelaria está situada à Rua Direita, 26, e as oficinas à Rua 25 de Março, 76. Os sócios são o sr. barão Raymundo Duprat, prefeito de São Paulo, e seu irmão sr. Alfredo Duprat, sócio-gerente.

O sr. Alfredo Duprat nasceu em 1867, em Pernambuco, onde foi educado, iniciando a sua carreira comercial em 1883. Em 1891, entrava para a firma Herminio Ferreira & Companhia, na qualidade de guarda-livros. Alguns anos mais tarde, tornou-se sócio daquela casa. Retirando-se da Casa Herminio Ferreira, comprou, de sociedade com seu irmão, o estabelecimento atual em 1902 e assumiu o cargo de gerente. O sr. Alfredo Duprat é presidente da Companhia Construtora e de Crédito Popular e tem interesses em diversas outras companhias.

Sociedade Anônima Casa Vanorden - Esta empresa de impressão, gravação e papelaria foi fundada pelo sr. E. Vanorden, em 1888, sob a razão social de Vanorden & Companhia. Em 1910, passou a companhia com o capital de Rs. 850:000$000. Os diretores são os srs. Henrique Vanorden, presidente; dr. Henrique Coelho, secretário; e René Vanorden, tesoureiro.

Os edifícios da Companhia, que em parte são de dois andares, acham-se na Moóca (Braz), subúrbio de São Paulo, e ocupam uma área de 5.000 metros quadrados. O maquinismo, moderníssimo, é acionado por um motor elétrico de 25 cavalos. Neste estabelecimento faz-se todo o trabalho das estradas de ferro, empresas inglesas, bancos, Governo do Estado etc. Há seções de encadernação, gravuras em aço, cobre etc. Cerca de 180 homens têm ali serviço constante.

O escritório e a papelaria estão à Rua do Rosário, 9 e 11, onde trabalham 25 homens. Além disso, emprega a Casa Vanorden 40 pessoas numa fábrica ultimamente fundada para a manufatura de colchetes e envelopes que se acondicionam em caixas de fantasia. No conjunto das duas seções, tem a firma cerca de 150 máquinas em atividade. A empresa tem sempre grande estoque de material importado da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América do Norte. As vendas feitas são em grosso e a retalho.

J. Soulas & Fils - Os srs. J. Soulas & Fils possuem a única fábrica do Brasil destinada à manufatura de couros de carneiro. Fundaram eles esta fábrica em São Paulo, no ano 1909; e preparam atualmente 20.000 couros de carneiro por mês, tratando entretanto de desenvolver rapidamente a produção do estabelecimento. Os maquinismos de que dispõe são de patente moderníssima, acionados por motores americanos, da força de 70 cavalos.

A casa matriz da firma está situada à Calle Alsina, n. 1.219, Buenos Aires, e na Argentina mantém fábricas de preparação de couros de carneiro e de artefatos de lã, à Calle Avellaneda, Arroyo de Lemos, e em Cuatreros, respectivamente. Há ainda uma casa de compras, na Patagônia.

O fundador da firma foi o falecido sr. Jacques Soulas, e seu filho, sr. Eduardo Soulas, é hoje o único proprietário. O fundador e gerente da sucursal em São Paulo é o sr. Fernando Dardié, francês, que durante 18 anos exerceu o cargo de comprador da casa em Buenos Aires.

Jefferson, Fagundes & Cia. - Esta empresa, que explora os trabalhos de engenharia, construção, fundição, fabrico de máquinas para a lavoura, dispõe de uma serraria e marcenaria a vapor. Os seus estabelecimentos ocupam uma área de 15.000 metros quadrados e têm uma via lateral de carga e descarga na Estrada de Ferro Sorocabana. Em todos os departamentos da empresa se instalaram maquinismos modernos, cujas peças pesadas são movidas por grandes guindastes. Ao todo, 200 operários são ali ocupados.

A especialidade da casa é a produção de artigos de madeira. Na seção de serraria e carpintaria, consomem-se de 15 a 20 metros cúbicos de madeira, diariamente, preparando-se toda a sorte de artigos de construção, como portas, janelas, caixilhos etc. O maquinismo empregado na fábrica é acionado por um motor a vapor, de 125 cavalos, além de motores elétricos da força de 40 cavalos.

A fábrica, que está situada à Rua Conselheiro Brotero, 2, foi fundada em 1907, sendo seus proprietários os srs. Jefferson Barreto e Euclydes Fagundes como sócios solidários, e os srs. Adalberto Fagundes e Waldomiro Fagundes como comanditários, todos brasileiros. O sr. Barreto, diretor técnico, é engenheiro prático com 25 anos de experiência. Dirige a seção comercial o sr. Euclides Fagundes, que também possui grandes fazendas de café. Os comanditários são ambos conhecidos proprietários em São Paulo.

Lebre Filho & Cia. - Na Exposição Nacional de Rio de Janeiro, em 1908, foram premiados com uma medalha de ouro os srs. Lebre Filho & Cia., pelos artigos expostos, de sua fabricação em São Paulo. Constavam esses artigos de tecidos metálicos, tais como peneiras, cordas e cabos de arame, ferro e aço; redes de arame etc. Todos esses artefatos alcançaram um bom mercado, não só em São Paulo, como também nos Estados vizinhos.

A firma ocupa-se também do negócio de ferragem, tintas, munições e artigos congêneres, e ao mesmo tempo é depositária do ferro Leão, sabão Perolina, formicida Pascoal e dos vinhos da casa A. Romariz Filho. É agente da Companhia de Seguros Aliança da Bahia. Os escritórios centrais e seções de amostras da casa Lebre Filho & Companhia, em que estão empregadas 22 pessoas, ficam à Rua 15 de Novembro, nº 4, e as fábricas à Rua Jaí, 30, e Fagundes, 3, onde também se acham grandes depósitos, e grande número de homens estão empregados.

Todos os seus negócios são dirigidos sobre a base de por atacado. A firma tem viajantes e estâncias nos centros principais. O estabelecimento do negócio foi datado no ano 1858, quando a casa ainda era sob a firma Lebre & Irmão, a qual foi substituída pela de Lebre Irmão & Sampaio, e esta pela de Lebre Irmão & Mello, até o ano 1903, em que a atual firma foi adotada. O sr. Joaquim Lopes Lebre Filho é natural de São Paulo; formou a firma no ano 1894, fez-se sócio quatro anos depois e chefe da firma em 1903.

Fábrica Santa Rosa - Mais de 4 toneladas de parafusos, arruelas, arrebites, porcas de ferro de todos os feitios e bitolas, são fabricados diariamente nas oficinas da Fábrica Santa Rosa, que foi fundada em 1901 sob a razão social de Küntgen & Co., e de 1908 para cá é propriedade do sr. Bernardo Küntgen.

A fábrica, situada à Rua Álvares de Azevedo, 11, compreende uma área de 8.000 metros quadrados e tem sortimentos de máquinas modernas, em parte de procedência alemã e em parte de sua própria produção. Acionam-na motores elétricos de 90 cavalos de capacidade, além duma máquina a vapor, de 6 cavalos, e de outra, a gás, de 4 cavalos. No prédio há sempre grandes depósitos de ferro e artigos fabricados, artigos estes que encontram mercado aberto em todo o Brasil.

O sr. Küntgen veio de Luxemburgo, onde nasceu, para o Rio de Janeiro, em 1890. Logo depois, mudou-se para São Paulo, onde foi empregado em diversas casas comerciais, até empreender o seu atual negócio.

Craig & Martins - Desde que os srs. Craig & Martins iniciaram a sua carreira industrial em 1905, na cidade de São Paulo, têm alcançado grande êxito em todos os sentidos. A sua primeira oficina tinha apenas uma área de 200 metros quadrados, com 6 operários. Hoje tem a firma duas grandes oficinas, com a área total de 12.000 metros quadrados e nada menos de 250 operários, ambas montadas com os maquinismos mais modernos, acionados, na oficina da Rua Monsenhor Andrade, 126, por motores elétricos da força de 20 cavalos, e, na da Rua dos Andradas, 5, por uma máquina a vapor, da força de 30 cavalos. Há, ainda, um motor de sucção, a gás, da força de 25 cavalos.

O principal ramo de negócio consta de máquinas para macarrão, açúcar, arroz e para a lavoura; mas das primeiras particularmente tem suprido todo o Estado de São Paulo e os Estados vizinhos. Na Exposição de Milão em 1906, obteve a firma medalha de prata pelas máquinas de seu fabrico e na Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1908 alcançou o grande prêmio.

Os srs. Craig & Martins também se incumbem de reparos de toda a sorte, trabalhos que fazem para cerca de 15 a 20 fregueses, proprietários das principais fábricas de algodão em São Paulo. A firma importa máquinas, cabeçalhos, armas, redes, roldanas e acessórios motrizes de toda a sorte. Entre os artigos de que são os únicos agentes acham-se as máquinas portáteis de Davey, Paxman & Cia., de Colchester, na Inglaterra. Os sócios são os srs. George Craig e Julio Martins.

O sr. Craig, natural de Aberdeenshire, veio para o Brasil em 1880, contratado pelos srs. MacHardy & Co., de Campinas, com os quais trabalhou por quatro anos. Muitos outros serviços foram por ele dirigidos até que se fez sócio do atual negócio. O sr. Martins, que dirige uma das oficinas, tem prática de 25 anos na Engenharia.

Companhia Lithographica Hartmann & Reichenbach - Esta firma, fundada em 1900, foi em 1908 convertida numa Companhia com o capital de 500:000$000, e em 1911 fez o empréstimo de 250:000$000 em debêntures. Da Companhia, que se encarrega de impressões e gravuras, são diretores gerentes os srs. Julio Hartmann e Gustavo Reichenbach.

As oficinas, que representam o que há de mais moderno no gênero, ocupam um vasto prédio à Rua dos Gusmões, 93, que dá fundos para a Rua Visconde do Rio Branco. A parte da frente do prédio tem três andares, mais atrás dois, e o edifício é construído numa área de 2.500 metros quadrados. O maquinismo compõe-se de 13 grandes prensas para impressão, onde se podem colocar folhas até 1,5 m de comprimento, e 60 máquinas auxiliares, tudo movido por 6 motores elétricos de 25 cavalos de força.

A companhia é especialista na fabricação de almanaques de toda a sorte e possui grande e variado estoque de obras impressas nas suas oficinas. Todas as suas máquinas são dos últimos modelos e aperfeiçoadíssimas. Nas diferentes seções, trabalham diariamente 190 empregados, 60 dos quais contratados na Europa.

A Companhia mantém relações comerciais em toda a República e uma agência no Rio de Janeiro, à Avenida Central, 59, além de outras nas principais cidades do país. Toda a matéria-prima é importada da Europa e América do Norte. A Companhia foi premiada na Exposição do Rio de Janeiro, em 1908, com o grande prêmio, e na de São Paulo, em 1902, com uma medalha de prata.

O sr. Julio Hartmann, que é impressor de profissão, e praticou o seu ofício na Alemanha e outros países, nasceu em Berlim, e há 16 anos que veio para São Paulo. Em 1900 fez sociedade com o sr. Gustavo Reichenbach, que nasceu igualmente na Alemanha, em Leipzig, e há também 16 anos veio para o Brasil.

Palaride Mortari - Esta casa, fundada em 1904, é proprietária da Serraria Oriente, situada à Rua monsenhor Andrade, 124. A serraria ocupa uma área de 6.400 metros quadrados e está montada com todo os aperfeiçoamentos modernos. O seu maquinismo, acionado por um motor de Franco Tosi, de 100 hp, compõe-se de 20 máquinas que diariamente aprontam mais ou menos 20 metros cúbicos e madeira para construções, na sua maior parte nacional e alguma norte-americana. A Serraria Oriente tem obtido prêmios em diferentes exposições pelos seus trabalhos. Sobe a 60 o número dos empregados que ocupa em diversos misteres.

O sr. Palaride Mortari é igualmente proprietário da Fábrica de Sabão sita à Rua Xavantes, 11, também premiada em diversos certames. Esta fábrica possui mensalmente cerca de 40.000 quilos daquele artigo, mas possui maquinismo suficiente para dar, se necessário for, até 200.000 quilos. O seu maquinismo é acionado por um motor da força de 10 cavalos.

Esta fábrica, já antiga, foi adquirida, em 1894, pelos irmãos Mortari, que nela estabeleceram logo uma seção de importação de matérias-primas para seu gasto; e hoje fornece a diversas fábricas do Estado de São Paulo. Em 1907, ficou o sr. Palaride Mortari sendo o único proprietário da fábrica, a qual passou a girar sob a sua firma individual.

Os depósitos, que ocupam uma superfície de 14.000 metros quadrados, ficam à Rua Concórdia e estão em comunicação com a São Paulo Railway, por meio de um desvio duplo de 72 metros de comprimento.

O sr. Palaride Mortari nasceu em Poggio Rusco, província de Mantua (Itália), e veio para São Paulo em 1894, iniciando logo o negócio da fábrica de sabão. É também sócio da Fábrica de Tecidos de Lã Fratelli Mortari e proprietário de prédios e terrenos.

Serraria São Carlos - A Serraria São Carlos, de propriedade dos srs. Allen & Cia., foi fundada pelos srs. Krug & Cia., em 1897, e em janeiro de 1911 adquirida pela firma atual, composta dos srs. David William Allen, sócio solidário, e o dr. T. B. Souza Carvalho, sócio comanditário.

Acha-se esta serraria situada à Alameda Barão do Rio Branco, 83, ocupando uma área de 5.600 metros quadrados, com uma parte na linha Sorocabana e outra na São Paulo Railway, onde há um desvio para carga e descarga dos vagões de madeira de procedência da Estrada de Ferro Central do Brasil, ou para serem despachados para o Rio de Janeiro.

A firma tem vasta oficina de carpintaria, onde são fabricadas portas, janelas e toda a sorte de obras de madeira para construção etc. O maquinismo é movido por um motor Wolf de 150 cavalos. Há uma importante serra vertical para serrar vigas até um metro e quarenta de grossura, a maior até hoje montada no Brasil. Nela se manipula uma média de 20 metros cúbicos de madeira diariamente. Há ainda quatro serras circulares, uma grande serra de fita para toras e mais duas serras de fita para vigamento, máquinas para aplainar, outras para modelar, tornos etc. A firma importa madeira da Suécia, mas a maior parte aí empregada é nacional. Nas oficinas, trabalham diariamente 70 trabalhadores.

O sr. David William Allen veio há sete anos para o Brasil. A princípio, foi gerente da Lidgerwood Manufacturing, durante dois anos; depois, passou para a Comp. Mc. Hardy, em Campinas, onde foi gerente técnico até 1910. Nesse ano, veio para São Paulo, onde adquiriu a Serraria São Carlos.

Companhia Construtora de São Paulo e Santos - Esta empresa industrial, fundada em 1898 pelo seu atual presidente e gerente, engenheiro Bernardo Morelli, foi em 1909 incorporada em companhia pelo mesmo senhor, com o capital de 700:000$000 em ações de 200$000, a maior parte das quais estão em poder da família Morelli.

A Companhia é proprietária de extensos terrenos com indústrias anexas e também de terras de lavoura. Os terrenos industriais acham-se colocados próximo à linha Ingleza, com a qual se ligam por uma linha auxiliar. A sua superfície mede 30 hectares de terreno plano e 10 de terreno inclinado, nos quais presentemente funcionam diversas indústrias. Ali está montada uma serraria, com um motor Robey & Sons, de 50 cavalos de força, que aciona 8 serras e 4 plainas, além de outras máquinas.

Há uma oficina mecânica para reparações, estufas para secagem de madeira, todo o material importado e recebido na plataforma da Ingleza e transportado diretamente ao pé das máquinas que o devem preparar. A serraria fabrica vagões e caminhões, caixas de embalagem, cabos de ferramentas e mobílias, e a sua produção é avaliada em 60:000$000 mensais.

Outro importante estabelecimento é a olaria, que possui um grande forno para tijolos, um para telhas e amassadores. Esta olaria produz atualmente de 250.000 a 300.000 tijolos por mês, fabricados à mão e à máquina.

Os terrenos agrícolas compreendem uma superfície superior a 1.500 hectares. Existe nesses terrenos uma grande pedreira de granito, que fornece 200 vagões por mês e ocupa diariamente 40 trabalhadores. Para os trabalhadores há 15 casas de moradia.

O presidente da Companhia, sr. B. Morelli, nasceu na Itália, na cidade de Pádua, e em 1870 formou-se em Engenharia Civil. EM 1872, veio para o Brasil e, durante alguns anos, trabalhou para diversas estradas de ferro. Em 1882, iniciou negócios por conta própria, construindo casas, pontes, fábricas etc. Foi o primeiro gerente da bem conhecida Fazenda Dumont durante dois anos; instalou maquinismos em importantíssimas fazendas, entre as quais as de São Martinho e Guatapará.

No ano 1893, executou o sr. B. Morelli diversas obras por conta do Estado de São Paulo; construiu diversas ruas e outros melhoramentos até 1898 e nesta data fundou o negócio atual. É de sua invenção o Assoalho São Paulo. O sr. Morelli possui uma olaria em São Caetano, que gira um capital de 400:000$000. Os maquinismos deste estabelecimento, recém-chegados do estrangeiro, representam o que há de mais aperfeiçoado no gênero. A produção será de 2.000.000 de tijolos mensalmente. O escritório da Companhia está instalado à Travessa da Sé, 3, alto.

Fábrica dos Cigarros Castellões - Esta fábrica, propriedade da firma Gonçalves & Guimarães, foi montada no ano de 1894, à Rua do Rosário, 23, na capital de São Paulo. Tem hoje duas bem montadas oficinas, onde trabalham 700 e tantos operários, sendo uma à Rua do Gasômetro, 112, e outra à Avenida Martim Burchard, 3, ambas no Bairro do Braz - além de diversas filiais no centro comercial. A sua produção é de 16 a 18 milhões de cigarros mensalmente.

A firma despende em média Rs. 20:000$000 por mês, na selagem dos seus produtos. É uma das mais importantes casas do gênero, no Estado de São Paulo. As marcas principais da sua fabricação são Castellões, Olga e Garibaldi, mas a Casa vende mais 22 marcas diversas, de papel e palha.

Serrarias do Braz e São Jorge - A serraria do Braz foi fundada, em 1897, por Manoel Portella Salgueiro, ao qual sucederam, em 1898, Portella e Bottoni. Em 1900, voltou a empresa a girar sob a razão individual de Manoel Portella Salgueiro; e, sucessivamente, foi passando às firmas Vicente Linguanotti, em 1902; Lameirão & Rodrigues, em 1904; Lameirão & Almeida, em 1905; F. Lameirão, em 1907; novamente Lameirão & Almeida, no mesmo ano, e finalmente Lameirão, Rocha & Companhia, seus atuais proprietários, em 1911. Em julho deste ano, adquiriram a serraria São José, trabalhando desde então juntas as duas serrarias.

Os sócios componentes da firma são os srs. Francisco Lameirão, capitalista, e Joaquim Domingos da Silva Lameirão, Manoel Cazemiro Ferreira da Rocha e Antonio Ventura Ribeiro, solidários, todos de nacionalidade portuguesa.

O sócio capitalista sr. Francisco Lameirão veio há 18 anos para o Brasil, tendo-se conservado sempre no Estado de São Paulo. Principiou a sua vida como operário carpinteiro, e devido à sua atividade conseguiu arranjar alguns capitais com que montou uma pequena oficina. Pouco tempo depois, dedicou-se também a empreitadas de construção de casas, conseguindo dessa forma arranjar capital para comprar a serraria do Braz. Atualmente, é proprietário do prédio onde se acha instalada a serraria, os depósitos da mesma e as cocheiras. Possui também 53 prédios de aluguel.

O sr. Joaquim Domingos da Silva Lameirão veio há 19 anos para o Brasil e, fixando residência em São Paulo, dedicou-se sempre ao ramo de serraria. O sr. Manoel Cazemiro Ferreira da Rocha veio para o Brasil há 26 anos. Os seus capitais foram adquiridos em empreitadas de construção.

O sr. Antonio Ventura Ribeiro embarcou para o Brasil em 1897. Trabalhou algum tempo como carpinteiro e com as economias deste ofício pôde formar um capital com o qual se estabeleceu com casa de vidros, louças e ferragens, isto em 1904; em 1908, vendeu esse estabelecimento e comprou, com outro sócio, a Serraria São José; dissolvendo, depois, essa sociedade, fez fusão da sua serraria com a do Braz.

As serrarias têm a superfície de 5.000 metros quadrados e estão situadas no bairro do Braz, nas ruas Monsenhor Andrade, 47, Gasômetro, 109 e 111, e Rua Assunção, tudo com comunicações internas. O pessoal compõe-se de 70 operários, 15 carroceiros e 6 empregados do escritório. As serrarias trabalham com dois locomóveis Wolf, com força de 110 cavalos. Ali se contam 35 máquinas de serrar, aplainar e furar, as quais são de fabricação francesa, alemã e inglesa.

Há também uma oficina completa de carpinteiro, onde se fazem trabalhos aperfeiçoados. O consumo anual das madeiras regula 500.000 pés superficiais de pinho-de-Riga, 3.000 de pinho sueco, 2.000 de pinho americano, 10.000.000 de pinho de Paraná e mais 3.600 metros cúbicos de peroba em toras e 7.000 metros cúbicos de peroba, todas estas madeiras do país. O movimento anual da empresa vai a Rs. 1.440:000$000.

O serviço das vendas é feito em São Paulo e Rio de Janeiro; e o de compras, nas praças dos respectivos materiais. A limpeza das serrarias é feita por meio de máquinas aspiradoras que levam todos os resíduos da madeira para a alimentação dos motores; e há um guindaste em toda a extensão da serraria, para a carga e descarga das madeiras. As serrarias do Braz e São Jorge figuram entre os mais importantes estabelecimentos do gênero no Brasil.

C. Manderbach & Cia. - Como fabricantes de livros em branco, impressores e negociantes em papelaria e artigos de escritório, gozam os srs. C. Manderbach & Cia. de ótima reputação, não só no Estado de São Paulo, mas também nos estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás e todo o Norte do Brasil.

Os seus estabelecimentos, onde trabalham mais de 100 operários, encarregam-se de qualquer trabalho de impressão, encadernação, fabricação de livros em branco, envelopes, blocos etc. Importam papéis em grande escala: são os únicos agentes no  Brasil das máquinas de escrever marca Adler e únicos depositários no país dos tipos de impressão de fundição Genzsch & Heyse, de Hamburgo.

O armazém e oficinas estão situados à Rua de São Bento, 31, num prédio cujos fundos vão até a Rua Líbero Badaró, 54; a face do prédio,na Rua de São Bento, é sobradada, e na Rua Líbero Badaró tem dois andares. Neste prédio estão instaladas diversas máquinas de impressão próprias para qualquer serviço, para fabricação de livros, envelopes e caixas de papelão, e essas máquinas são movidas por motores elétricos de 9 cavalos de força. Os srs. C. Manderbach & Cia. possuem também, na Avenida Tiradentes, 2, um grande depósito.

A casa foi fundada em 1899. São sócios os srs. Carlos Manderbach e Jacob Zlatopolsky. A firma negocia por atacado e a varejo. O sr. Manderbach, cidadão alemão, está no Brasil há 20 anos e há 16 se ocupa de impressão e papelaria. O sr. Zlatopolsky, nascido no Sul da Rússia, há 22 anos se acha no Brasil; sempre se ocupou deste ramo de negócio e desde o ano 1908 faz parte da firma C. Manderbach & Cia.

Serraria Forster - A Serraria Forster, antiga Internacional, hoje propriedade do sr. José H. Forster, foi fundada em 1896. Fica situada à Alameda dos Andradas, 30, ocupando uma extensão de 1.585 metros quadrados. Atualmente, é uma das principais serrarias, não só de São Paulo, como do Brasil, e pode-se comparar a muitas da América do Norte pelo seu maquinismo moderno e aperfeiçoado, composto de 18 máquinas acionadas por um motor R. Wolf de 20 hp.

Trabalha a Serraria Forster com quase toda espécie de madeiras, como sejam a peroba e o pinho do Paraná (em alta escala), canela, cabriúva, marfim, canjarana, imbuia, riga etc. Procedem estas madeiras na sua maior parte, do interior de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e da América do Norte. São diariamente manipulados para mais de 15 m cúbicos de madeiras.

A Serraria Forster vende os seus produtos em quase todos os estados do Brasil e no Rio de Janeiro. Possui um pessoal composto de 26 operários que trabalham constantemente, sob a direção do sr. Eduardo Sydow, mestre das oficinas.

O sr. José H. Forster, filho de José Forster e de d. Izabel Hannickel Forster, nasceu em Santo Amaro, subúrbio de São Paulo, em 1846. Entregou-se, desde muito moço, ao comércio, onde tem sabido impor-se, não só pela honestidade e firmeza de seu caráter, como também pela lhaneza e fidalguia do seu trato, granjeando assim a geral estima. Foi por muitos anos gerente, caixa e guarda-livros da Serraria Americana, antiga propriedade do dr. Joaquim Fernandes de Barros e depois do sr. Eduardo B. Kneese.

Deixando esta, fundou, de sociedade com os srs. dr. José de Barros e João Santisi, sob a razão social de Santisi, Forster & Cia., a atual serraria, com a denominação de Serraria Internacional. Esta sociedade durou até 1905, época em que o sr. José H. Forster, por dissolução da firma, passou a ser único proprietário do estabelecimento, ao qual deu a denominação de Serraria Forster.

Pedro Weingull & Filhos - Desde a sua fundação, em 1909, se ocupa esta firma da fabricação e venda de instrumentos musicais. Ao princípio, lutou com as maiores dificuldades, à falta de operários hábeis para poder executar os numerosos trabalhos encomendados.

Nas suas oficinas, executa-se toda a qualidade de instrumentos: as cordas e as madeiras para o fabrico são importadas. A firma, que negocia por atacado, faz transações em todo o Brasil. Os seus produtos figuraram em diversas exposições, obtendo sempre grande êxito, e alcançando prêmios nas exposições de Florença (1904), Milão (1906), São Luiz (1905) e São Paulo (1902). Os armazéns e oficinas estão situados à Rua Florêncio de Abreu, 121.

O sr. Weingull nasceu na Itália, onde seu pai, de descendência alemã, tinha fundado uma fábrica de instrumentos musicais. Aí adquiriu a prática necessária e em 1897 veio para o Brasil. Foi o fundador e diretor técnico dum estabelecimento congênere durante 9 anos; e, em 1909, fundou a firma da qual é atualmente o chefe.

Fernandes Costa, Gomide & Cia. - Esta importante firma negocia em São Paulo, à Rua Florêncio de Abreu, 8 e 10, com casa de fazendas e roupas feitas por atacado. A firma faz grande importação de fazendas do estrangeiro e de diversos estados da União; e fabrica roupas brancas para homens. Recebem também os srs. Fernandes Costa, Gomide & Cia. gêneros em consignação. O movimento anual da casa atinge a Rs. 6.000:000$000.

Os sócios da firma são os srs. José Fernandes da Costa, Mario Peixoto Gomide, Julio José Fernandes Costa e Manoel Machado.

Edmundo Hanan & Cia. - Pela fabricação de grandes relógios de torre, tem a firma Edmundo Hanan & Cia. adquirido uma fama perfeitamente nacional e na verdade é esta, no Brasil, a única fábrica de relógios de tal qualidade. Está situada a fábrica à Rua Brigadeiro Tobias, 44, e traz constantemente em trabalho uns dez operários.

Aqui se produz todo o material necessário; e todos os serviços de colocação e aperfeiçoamento são feitos pela mesma fábrica. A firma importa e negocia em joalheria de todos os gêneros, relógios de algibeira e de parede, relógios de torre, acessórios de relojoeiros e seus instrumentos, pedras preciosas etc. É agente única dos relógios suíços das bem conhecidas marcas Cruzeiro e Bandeira. Na Exposição Internacional do Rio, em 1908, foi conferido a essa firma o primeiro prêmio pelos relógios de torre de seu fabrico.

Desde a sua fundação, em 1864, tem a casa experimentado muitas mudanças de firma. Primeiro, foi H. Hirsch & Co., passou a Hirsch, Coulon & Hanan, em 8176; a Coulon, Hanan & Co., em 1891; e finalmente, a Edmundo Hanan & Companhia em 1899. A primeira casa da firma estava no Rio de Janeiro; mas em 1873 foi estabelecida uma sucursal na Bahia, sucursal que se fechou em 1890. Foi dois anos mais tarde que se abriu a sucursal de São Paulo, e no ano 1899 foi a sede da firma trasladada para São Paulo.

As seções de amostras e os escritórios estão à Rua São Bento, 55. Há uma casa de compras em Paris, onde se acha sempre um dos sócios que dela se encarrega. Os sócios srs. Edmund Hanan e Rodolpho Weil são naturais da Alemanha; aquele, que entrou para a casa em 1871 e se fez sócio em 1876, tem outros grandes interesses no Brasil; e assim também o outro sócio que entrou para a firma em 1899.

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Cooperativa das Fábricas de Chapéus: 1 e 3) A fábrica Villela; 2) A fábrica de Vila Prudente
Foto-montagem publicada com o texto, página 689

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