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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [32-d]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 410 a 422, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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A fábrica do Cotonifício Rodolfo Crespi, São Paulo
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Algodão (cont.)

Estado de São Paulo

Cotonifício Rodolfo Crespi – O Cotonifício Rodolfo Crespi, sociedade anônima com o capital de Rs. 3.000:000$000, elevado, em janeiro de 1911, a Rs. 4.000:000$000, procede da firma Regoli, Crespi & Cia., estabelecida em 1897. Em 1906, foi alterada a firma para a de Rodolfo Crespi & Cia.; e em 1909, foi a empresa incorporada em companhia.

A fábrica, que ocupa uma área de 24.000 metros quadrados, é situada na Moóca (Braz). Divide-se ela em duas partes: a fiação de algodão, com 14.000 fusos, e a fiação de desperdícios, com 3.000 fusos, 500 teares, 300 teares dobrados e 200 jacquards (N.E.: mecanismo criado por Joseph Marie Jacquard, para produzir desenhos intrincados em tecidos de tear e malha). Todo o maquinismo é movido a eletricidade, distribuída por 40 motores da força total de 980 a 1.000 cavalos, eletricidade essa fornecida pela Light & Power. Na fábrica trabalham diariamente cerca de 1.500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças.

Os principais produtos fabricados são os seguintes: trançados de algodão, xales e coberturas de toda qualidade, colchas, fazendas de fantasia para vestidos, artigos de algodão para mercearias, forros de cânhamo, galatéa (N.E.: tipo de sarja muito resistente, com efeito de superfície em diagonal, usado para roupas femininas e infantis. O nome do tecido homenageia o navio de guerra britânico Galatea), sarjas, alpacas, tecidos estampados, Holanda, cáqui, pano para colchões, casimiras, panos para mesa, toalhas para mesa, toalhas para rosto, vestuários de toda a qualidade de algodão e lã, seda e lã pura, camisas etc. Há também uma grande instalação moderna de tinturaria.

A companhia vende os seus produtos, que são muito acreditados, por todo o país, e para esse fim emprega diversos viajantes. Possui uma filial em Milão (Itália), uma no Rio de Janeiro, à Rua Visconde Inhaúma, 66, e uma em Porto Alegre, à Rua do comércio, além de agentes na Bahia, Pernambuco, Curitiba. Os seus produtos têm sido contemplados com as maiores recompensas em diversas exposições: na quinta Exposição Campronária Internacional de Roma, em 1903, com um grande prêmio, medalha de ouro; na Exposição Internacional de Milão, em 1906, com diploma de honra, a maior recompensa, e com um grande prêmio na Exposição Nacional de 1908.

O presidente da companhia é o cavaleiro Rodolfo Crespi, e diretor-secretário o sr. Giuseppe Crespi, seu irmão. Os escritórios ficam à Rua do Rosário, 12, altos, no Palacete Briccola.

O cavaleiro Rodolfo Crespi nasceu em Busto Arsizi, província de Milão, em 1874, no ano 1893. Veio para o Brasil (N.E. SIC: 1893 seria a data da vinda para o Brasil?), por conta da firma E. Del Acqua, com a qual trabalhou até 1906. Fundou, depois, de sociedade, uma pequena fábrica de tecidos, indústria de que tinha grandes conhecimentos, pois que a sua família, desde algumas gerações, a ela se entregara. A princípio, trabalhou a empresa com duas máquinas de pouca importância, mas pouco a pouco foi aumentando os seus negócios até chegar a se tornar a fábrica pelo sr. R. Crespi incorporada em companhia.

O sr. Rodolfo Crespi foi em 1908 condecorado como cavaleiro da Ordem do Trabalho pelo rei da Itália. É presidente da fábrica de cimento Italo-Brasileira, conselheiro fiscal do Banco Francês e Italiano parra a América do Sul, presidente do Instituto Colonial Italiano de São Paulo, presidente da Sociedade Dante Allighieri, presidente do Grupo Italiano, representante do Brasil na Exposição de Turim e membro da Comissão em Roma. Figura como grande acionista em diversas companhias e indústrias do Brasil e é um dos maiores industriais do estado de São Paulo. O cavaleiro Crespi é bem conhecido por sua bondade e tem prestado grandes serviços à colônia italiana.

Seu irmão, sr. Giuseppe Crespi, veio para São Paulo em 1902 e entrou para a casa do cavaleiro Crespi, onde tomou conta da gerência, até a companhia ser formada. Nesta ocasião, foi nomeado secretário, e atualmente assume as funções do seu irmão durante a ausência deste na Europa. O sr. G. Crespi, desde moço, se dedicou à tecelagem. Atualmente, é conselheiro e tesoureiro da Câmara Italiana de Comércio e Artes em São Paulo.

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Fábrica Votorantim, propriedade do Banco União de São Paulo
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Fábrica Votorantim – A uma distância de meia hora em trem de Sorocaba fica situada uma das mais importantes fábricas de tecido de algodão do Brasil. O lugar em que fica situada a fábrica forma um anfiteatro natural no meio de colinas que fornecem um suprimento d'água abundante com uma boa queda, sendo assim o local admiravelmente apropriado para a indústria do algodão. Fica a localidade no centro do distrito onde em São Paulo é mais desenvolvida a cultura do algodão e em uma zona onde a mão-de-obra é facilmente encontrada. As colinas têm matas abundantes que fornecem combustível para uso dos operários ou para uso nas fábricas.

A empresa foi fundada em 1893 pelo sr. Horacio Berlinck, que escolheu para gerente da fábrica e guarda-livros o sr. Eugenio H. Mariz de Oliveira. Em 1904 foram adquiridas em Inglaterra máquinas e instalações dos tipos mais modernos, assim como também vieram para Votorantim, para montá-las, profissionais competentes. Foi por essa época construído um edifício de tijolo onde foi instalado o maquinismo. A força foi obtida captando-se várias quedas d'água e trazendo a água em tubos de ferro de grande capacidade para mover turbinas instaladas na fábrica. Foi então também construída uma linha férrea particular para ligar o local da fábrica com a cidade de Sorocaba e construída uma cidade operária para moradia dos empregados.

Esta fase inicial, que ainda hoje seria lisonjeira, tem cedido lugar a um desenvolvimento constante de ano para ano e hoje, com menos de nove anos de funcionamento, a empresa se tornou uma das maiores empresas do Brasil e da América do Sul. O maquinismo é o mais completo em seu gênero e a empresa não só fia, tece, branqueia, tinge, estampa e prepara tecidos de algodão de toda a sorte, como também desenha e grava e produz uma parte das máquinas usadas. Cada seção está entregue a profissionais habilitados, alguns provenientes das mais afamadas casas e fábricas da Inglaterra.

O característico da empresa é a extrema limpeza e ordem que se vê por toda a parte e o estado de conservação perfeita em que se encontra o maquinismo. Na seção de tecelagem há 1.300 teares, cujo número vai ser muito aumentado durante o presente ano. As máquinas de fiação são providas de aparelhos de controle elétricos. Em todas as máquinas se notam os nomes dos melhores fabricantes em cada classe de maquinismo.

A empresa manufatura toda sorte de artigos em algodão, desde tapetes até as mais finas chitas. O número de tecidos para vestimentas é grande, com padrões variadíssimos. Os operários têm os melhores motivos para estar satisfeitos com a sua posição, pois que o proprietário estabeleceu uma tabela de salários elevados, trabalhando um número razoável de horas. Na vizinhança da fábrica foi construída uma cidade operária com acomodações para 3.000 operários; possui também esta cidade operária jardins públicos, clubes, escolas, lojas, um cinema, uma banda operária etc. etc., e tem iluminação elétrica. A fábrica tem uma farmácia e médico, e a higiene de suas várias dependências é muito cuidada. A rede telefônica local está ligada às cidades vizinhas e à cidade de Sâo Paulo.

O gerente da fábrica é o sr. Eugenio H. Mariz de Oliveira, que nasceu no Rio em 1858. Esteve durante 16 anos ligado à indústria de algodão em São Paulo e tomou conta da fábrica Votorantim desde o seu início. O sr. Mariz visitou a Europa por duas vezes e fala várias línguas, entre elas o inglês. Está sempre ao par do andamento das várias seções da fábrica e, a uma grande capacidade industrial, alia um excelente tino administrativo, sendo, a par disso, extremamente popular entre os operários.

Na direção tem o sr. Mariz como auxiliar o sr. Squire Hadfield, gerente técnico da seção de estamparia, profissional competentíssimo; o sr. James Adamson, gerente técnico das seções de fiação e tecelagem, profissional da afamada casa Howard & Bulloughs, fabricantes de máquinas para a indústria do algodão em Accrington, Inglaterra; os srs. Barlow, encarregado do branqueamento, Bowden, encarregado das máquinas de estampar, Stafford, encarregado da tinturaria, Gill e Hampshire, departamento de gravura, Snape, encarregado do acabamento, José Martini, encarregado da tecelagem, Leopoldo Strongolo, encarregado das máquinas, e Tarsico Nascimento, encarregado do escritório.

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Fábrica Votorantim, propriedade do Banco União de São Paulo

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Companhia Taubaté Industrial – Esta empresa foi fundada pelos srs. dr. Rodrigo Nazareth de Souza Reis, Valdemar Bertelsen e Felix Guisard, em Taubaté, em 1891. O primeiro e o último são diretores da companhia desde sua fundação; o outro diretor retirou-se, sendo substituído pelo sr. G. H. Craig. Tendo começado modestamente, com o capital de Rs. 300:000$000, fabricando tecidos de malha, montou a empresa, ao cabo de poucos anos, uma seção de tecidos de brim e outra de toalhas felpudas. Com o desenvolvimento do negócio, tornou-se preciso, em 1910, elevar o capital a Rs. 1.000:000$000, sendo aumentado o edifício e montada, junto à fábrica existente, uma nova fábrica com 224 teares, 7.000 fusos de fiação e seção de branqueamento e acabamento de morins.

Em 1911 resolveu a diretoria aumentar o capital até Rs. 2.000:000$000 para montar mais 680 teares e fiação correspondente, devendo a fábrica possuir, depois de pronta, 1.016 teares e 33.000 fusos de fiação e empregar cerca de 1.200 operários.

O edifício é de tijolos e cal; o telhado tem vigamento de aço; a área ocupada mede 15.000 metros quadrados; o pavimento (único) é cimentado e possui 2 motores de 120 e 500 hp, o primeiro para a fábrica primitiva e o segundo para a fábrica de morins, os quais serão brevemente substituídos pela eletrificação de toda a fábrica. As caldeiras são alimentadas desde o começo com turfa extraída das jazidas pertencentes à companhia, distantes 2 quilômetros da fábrica. Os artigos fabricados são: morins, toalhas felpudas e brins de algodão, que se revendem em todo o país.

São agentes gerais da companhia os srs. Edward Ashworth & Cia., Rua de São Bento, 26, Rio, e Rua da Quitanda, 12, em São Paulo. Administram a empresa os srs. dr. Rodrigo Nazareth de Souza Reis, presidente; George Herbert Craig, vice-presidente; Felix Guisard, diretor técnico. O sr. Guisard nasceu em Teófilo Otoni, em 1862; foi gerente da Companhia Pau Grande durante 12 anos e presta os seus serviços à Companhia Taubaté Industrial, desde a fundação desta empresa.

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Fábrica de Tecidos Labor
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Fábrica de Tecidos Labor – A Fábrica de Tecidos Labor foi incorporada em companhia sob essa denominação, por escrituras públicas de 13 e 18 de junho de 1910, em sucessão à firma de G. Crespi & Cia., estabelecida em 1903. O seu capital inicial de Rs. 500:000$000 foi logo elevado a Rs. 1.200:000$000 e sem dúvida, em breve, será novamente aumentado. As ações são nominativas e do valor de duzentos mil réis cada uma. A diretoria compõe-se dos srs. dr. Erasmo Teixeira de Assumpção, presidente; Samuel Augusto de Toledo, diretor comercial; Giovanni Crespi, diretor técnico.

A fábrica, situada à Rua da Moóca, 155, a cinco minutos do centro da cidade, ocupa uma área de 20.000 metros quadrados. Os prédios que acabam de ser edificados são magníficos e de primeira ordem; os maquinismos neles instalados realizam todas as exigências que o crescente progresso da indústria impõe a estabelecimentos deste gênero. A instalação completa comporta 600 teares e 10.000 fusos, movidos por eletricidade. Os diversos motores, de 600 hp de força, são de Westinghouse. O fornecimento de vapor para as seções de preparação, tinturaria etc. é feito por uma caldeira de 200 hp, do fabricante Franco Tossi, Itália.

As diferentes seções da fábrica são: fiação, tecelagem, tinturaria, acabamento, oficina mecânica para consertos de máquinas etc. O funcionamento de todas as seções exige para cima de 1.000 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, que diariamente trabalham na fabricação de artigos de algodão, lã, linho, colchas, xales, brins e cretones. Na Exposição do Rio de Janeiro de 1908 recebeu a fábrica um grande prêmio e uma medalha de ouro pelos artigos expostos. Para propaganda e venda dos seus produtos, tem a fábrica agentes em quase todas as principais cidades do país.

O presidente da companhia, dr. Erasmo Teixeira de Assumpção, é também fazendeiro de café e sócio-gerente da firma Toledo, Assumpção & Cia., comissários de café em Santos. Nasceu na cidade de Tietê, Estado de São Paulo, em 1875. Formou-se em Direito, pela Faculdade de São Paulo, em 1904. Exerceu a advocacia, nesta cidade, durante seis anos, tendo sido um dos proprietários e redatores da Gazeta Juridica, e em seguida dedicou-se ao comércio. A sua casa comercial figura entre as mais conceituadas e acreditadas da importante praça de Santos.

O sr. Samuel Augusto de Toledo nasceu em Tietê, Estado de São Paulo, em 1872, e iniciou a sua carreira comercial em 1888, na praça de São Paulo, como empregado de importante casa de fazendas por atacado. Deixando São Paulo em 1893, foi se estabelecer com casa de fazendas em sua terra natal, onde esteve até 1909, época em que novamente veio para São Paulo. Em 1910 tomou parte na incorporação da atual companhia, da qual é diretor comercial.

O diretor técnico, sr. Giovanni Crespi, nasceu em Busto Arsizio, Itália, em 1869, e desde moço se dedicou, em seu país, à fiação e tecelagem. Veio para o Brasil, em 1900, ocupar o lugar de gerente da fábrica dos srs. Regoli & Crespi, donde se retirou em 1903 para se estabelecer por conta própria. A atual diretoria é a primeira da companhia e foi a sua incorporadora.

Fiação, Tecelagem e Estamparia Ypiranga – Esta empresa foi organizada em sucessão à firma Jafet & Irmãos, com o capital de Rs. 4.000:000$000, dividido em 20.000 ações de Rs. 200$000 cada uma. A fábrica, que ocupa uma superfície útil de 15.000 metros quadrados, fica situada em um terreno de 80.000 metros quadrados, à margem do Rio Tamanduateí. O suprimento de água é abundante.

A fábrica conta 18.000 fusos em 60 máquinas e 500 teares; todo o maquinismo, muito moderno, é procedente de Manchester. A matéria-prima é importada dos estados algodoeiros do Norte do Brasil; e as manufaturas, todas estampadas, são vendidas no estado de São Paulo e exportadas para os estados vizinhos. O escritório da companhia fica situado à Rua Florêncio de Abreu.

O sr. Nami Jafet, presidente da companhia, é natural da Síria e estudou no Colégio Protestuis, em Beirute. Veio há 19 anos para o Brasil, onde se tem ocupado do comércio de fazendas. Iniciou a construção da fábrica há quatro anos, de sociedade com seus três irmãos Benjamin, Basilio e Juan, que também estão no Brasil há cerca de 20 anos e são diretores da companhia.

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A fábrica de algodão Carioba, em Vila Americana (propriedade de Rawlinson, Müller & Cia.): 1 e 2) A usina de força; 3) Escola em Vila Americana para os filhos dos empregados na Cia.; 4) O rio e as cachoeiras de onde se obtém a força
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Rawlinson Müller & Cia. – A importantíssima fábrica Carioba está situada a três quilômetros da estação de Vila Americana, da Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviais. Foi ela adquirida pela conceituada firma Rawlinson, Müller & Cia., em 1902. Possuía então 90 teares; hoje tem, com constante funcionamento, 350 teares e 7.000 fusos. Esses e os demais e múltiplos maquinismos de que dispõe a fábrica são dos mais modernos e aperfeiçoados modelos, o que lhe permite apresentar ao consumo produtos de primeira qualidade em grande quantidade e pelos preços mais cômodos. A movimentação da grande série de seus maquinismos é feita por 18 motores elétricos, que estão distribuídos por todos os departamentos e anexos dos edifícios da fábrica, edifícios e anexos que são todos eles iluminados à luz elétrica e refrescados, no verão, por ventiladores também elétricos.

Dá trabalho o estabelecimento a 520 operários, em sua grande maioria italianos, que habitam, quase todos, vilas de propriedade da fábrica, vilas essas constituídas por 142 casas confortáveis e edificadas com os requisitos da mais rigorosa higiene. As ruas dessas vilas operárias e grande parte das casas são também iluminadas à luz elétrica. Além disso, fez a firma proprietária do estabelecimento edificar um belo prédio, onde fica a escola da fábrica, que tem sido dirigida por professores competentes e cuja freqüência se tem mantido muito regular, e um vasto salão para conferências ou bailes e outros divertimentos.

A produção anual da fábrica é de 5 milhões de metros de tecidos de várias espécies, destacando-se entre eles riscados, zefires e brins. A matéria-prima é o algodão. O gasto anual dessa matéria é de cerca de 500.000 quilogramas (500 toneladas), sendo que, durante quatro meses, o algodão empregado é de procedência do próprio estado de São Paulo e parte cultivado nos próprios terrenos da fábrica Carioba. Esses terrenos têm de área 1.117 alqueires.

A energia elétrica empregada pelo estabelecimento para força motriz, iluminação e outros misteres, provém de uma usina hidroelétrica, distante 5 quilômetros da fábrica, e que produz uma força atual de 4.000 hp, podendo, convenientemente adaptada e aumentada, produzir força de 8.000 cavalos. Essa energia elétrica é produzida por forte queda de água, a do Salto Grande, onde foi captado todo o rio Piracicaba, e a qual também pertence ao estabelecimento.

O capital do adiantado estabelecimento fabril é de Rs. 1.800:000$000 e a sua manufatura é toda colocada com facilidade nos mercados do país. São proprietários da fábrica os srs. comendador Franz Müller, estimado comerciante; Rowland Rawlinson, importante industrial fabricante de baetas em Manchester, e interessado em várias empresas similares; Hermann Theo. Müller, filho do comendador Franz Müller; Theodor von Zabern, conceituado negociante exportador de Manchester; e Frau Hermann Müller, residente em Braunschweig. O estabelecimento tem os seus escritórios providos de competente pessoal, na capital de São Paulo, em belo prédio sito no centro da cidade, à Rua de São Bento, 15.

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A fábrica de algodão Carioba, em Vila Americana (propriedade de Rawlinson, Müller & Cia.): 1) Seção de tecelagem; 2) Estamparia; 3) A fiação; 4) Seção de tinturaria
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Companhia Nacional de Estamparia – Atualmente, esta companhia se ocupa apenas do branqueamento, tinturaria e estamparia de fazendas; acham-se, porém, em construção as seções de fiação e tecelagem, devendo começar esta última com 400 teares.

A fábrica foi fundada em 1909 pelo sr. John Kenworthy e seus três filhos, os quais reúnem a maior parte do capital. De sociedade com um dos seus genros, é também o sr. Kenworthy proprietário da fábrica de fiação e tecelagem Santa Maria. Pertence hoje a companhia a uma sociedade anônima, de que o sr. Kenworthy e sua família e o sr. Nicolau Scarpae são os principais acionistas, sendo diretores os srs. John Frank e Albert Kenworthy e Nicolau Scarpae.

O edifício da fábrica, construído de alvenaria de tijolo, cobre uma área de 5.000 metros quadrados,nas margens do Rio Sorocaba, e fica situado num terreno de 25.000 metros quadrados, pertencente à companhia. Todo o mecanismo é de manufatura inglesa e movido a eletricidade, derivada esta da usina que fornece energia elétrica à cidade. A fábrica é abundantemente suprida de água que provém do rio e é excelente. A sua atual produção vai a cerca de 8.000.000 de metros de tecidos de manufatura nacional e européia, que na fábrica foram branqueados ou estampados. A estamparia compreende grande número de padrões, constituindo muitos deles especialidade da fábrica; e os artigos estampados não sofrem absolutamente com a comparação ao mesmo produto europeu. Os tecidos para camisas e vestidos têm grande procura nos mercados do Brasil.

Alguns dos acionistas desta companhia têm interesses na fábrica de Santa Maria, situada a pequena distância daquela primeira. Ambas as fábricas estão a cargo do sr. Albert Kenworthy. O sr. John Kenworthy nasceu em Oldham, Lancashire, em 1839. Na sua profissão de engenheiro mecânico, especializou-se em máquinas para a indústria de algodão. Durante 10 anos, dirigiu uma fábrica de tecidos em Yorkshire, indo, durante esse tempo, por várias vezes aos Estados Unidos. Em princípios de 1878, veio para Minas Gerais, para montar uma fábrica de tecidos; depois, assumiu a gerência duma fábrica no Salto de Itu, de propriedade do sr. Galvão de França Pacheco. Foi mais tarde para a fábrica de São Martinho, do sr. Manoel Guedes, onde esteve durante 15½ anos. Em seguida, estabeleceu-se com uma usina para beneficiar café, cujo êxito não correspondeu à sua expectativa. Largando esse negócio, voltou a dirigir a fábrica do Salto de Itu que havia sido adquirida por uma companhia.

De sociedade com o seu genro, fundou uma fábrica de tecidos, em Jundiaí, que foi depois vendida em vantajosas condições. Comprou então o sr. Kenworthy, de sociedade com seus filhos e genro, a fábrica de Santa Maria, que girou sob a firma Campos, Kenworthy & Cia., fundando também a fábrica Kenworthy, a que primeiro nos referimos. Atualmente, o sr. John Kenworthy acha-se retirado da vida comercial ativa.

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A fábrica de algodão da Cia. Fiação e Tecidos São Bento
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Companhia Fiação e Tecidos de São Bento – Os tecidos de algodão fabricados por esta companhia atingem a 6.000.000 metros anualmente e são muito procurados por todo o Brasil. A maior parte da produção consiste em artigos brancos e sacos para o transporte de açúcar e farinha; e apesar de outras produções de fantasia de primeira classe, os proprietários preferem limitar a sua atividade aos primeiros produtos mencionados, que têm dado à companhia a invejável reputação de que hoje goza.

A fábrica e seus terrenos ocupam uma área de 600.000 metros quadrados, a ½ quilômetro da estação da Estrada de Ferro Jundiaí. O maquinismo consta de 404 teares e 12.000 fusos, sendo a seção de tinturaria e alvejamento muito bem instalada. Esse maquinismo é acionado por um motor a vapor de 500 cavalos, que em breve será substituído por eletricidade. A fábrica é iluminada à luz elétrica, produzida por uma turbina; e há, para este fim, uma corrente de água suficiente, durante todo o ano. Há também três grandes caldeiras Lancashire que podem produzir a força de 500 cavalos. Dispõe ainda a fábrica de amplos depósitos que podem armazenar 6.000 balas de algodão virgens.

Cerca de 600 homens têm emprego na fábrica; há moradias para os diretores e alguns empregados, em número de 47, estando em via de construção cerca de 25 casas. A fábrica, que tem tido diversos donos, foi fundada há muitos anos e recentemente aumentada e suprida de maquinismos modernos. Os atuais diretores são os srs. Edward W. Wycard, presidente; William Smith Wilson e Neuberto R. Vianna.

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As instalações para produção de força e luz para a Fábrica de Algodão São Martinho, de Manoel Guedes Pinto de Mello, em Tatuí
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Companhia Fiação e Tecidos São Martinho – A fábrica de Fiação e Tecidos São Martinho, fundada na cidade de Tatuí em 1881, começou a trabalhar em 1883, sob a direção do seu proprietário, sr. Manoel Guedes Pinto de Mello. Passou a sociedade anônima em junho de 1909, com o capital de Rs. 2.500:000, representado por 12.500 ações do valor nominal de Rs. 200$000 cada uma, todas estas hoje pertencentes à família do presidente sr. Guedes.

Os edifícios da fábrica, na cidade de Tatuí, na linha Sorocabana, ocupam a área de 9.282 metros quadrados. O principal desses edifícios divide-se em 16 compartimentos, destinados aos vários processos de fiação; engomagem, batedores, cardas, teares, dobragem e acabamento dos tecidos. A fábrica é toda iluminada à luz elétrica. Os maquinismos são movidos por uma força elétrica de 480 cavalos, supria pela usina elétrica de Tatuí, também de propriedade do sr. Manoel Guedes Pinto de Mello.

Compõem-se estes maquinismos de 327 teares, tendo a fábrica principiado a trabalhar com 54, três descaroçadores de grande capacidade e automáticos, que aprontam mensalmente 375.000 quilos de algodão, e uma prensa hidráulica para enfardar a felpa, levando cada fardo uma pressão de 17.000 quilos. A produção excede a 4.500.000 metros por ano, de tecidos de diversas qualidades, como sejam algodões brancos, grossos e finos, oxfords, casimiras, riscados finos e grossos, brins atoalhados, cobertores etc.

Contém mais a fábrica 8 teares para a fabricação de correias de algodão (produção essa que vai de 160 a 200 jardas diariamente, assim como as mais aperfeiçoadas máquinas para o fabrico de 400 a 500 quilos de algodão hidrófilo por dia. Empregam-se na fábrica 450 pessoas, quase todas filhas do município. A matéria-prima – algodão – é toda suprida pelo município. A fábrica é protegida pelo aparelho Sprinckler contra incêndio, além de outros acessórios para o mesmo fim. Os operários têm médico por conta da empresa. Os produtos fabricados são vendidos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A diretoria é composta dos srs. Manoel Guedes Pinto de Mello, presidente, e dos seus dois filhos, srs. Martinho Guedes Pinto de Mello, diretor, que dirige o escritório, sito em São Paulo à Rua Direita, 2, e Thomaz Guedes Pinto de Mello, diretor que administra a fábrica.

O sr. Manoel Guedes Pinto de Mello é filho do falecido Martinho Guedes Pinto de Mello. Este fixara residência na cidade de Tatuí, como importador de artigos de algodão e fora o primeiro plantador de algodão no estado, tendo importado as sementes durante a guerra civil norte-americana; foi igualmente o primeiro a montar, em São Paulo, máquinas para descaroçar algodão.

O sr. Manoel Guedes Pinto de Mello nasceu em 16 de julho de 1853, na cidade de Tatuí, e fez os seus estudos no Rio de Janeiro. Completados estes, voltou à cidade natal, onde estabeleceu uma casa importadora de fazendas. Tendo perdido seu pai, aos 18 anos, foi obrigado a governar-se por si. Em 1883, montou uma fábrica de artigos de algodão com 54 teares e gradualmente foi aumentando os seus negócios até 1909. Nesta época fundou a companhia, da qual é presidente.

A instalação hidroelétrica da cidade de Tatuí foi por ele empreendida e é de sua propriedade. Possui também o sr. Manoel Guedes uma fábrica de sabão e óleo, uma serraria e uma olaria onde se fabricam telhas, tubos de barro etc. Igualmente lhe pertence a fazenda São Martinho, a qual se estende por 2.000 hectares e comporta 132.000 pés de café, que este ano deram 3.000 sacas de 60 quilos cada uma; e outra fazenda, denominada Pederneiras, perto da cidade de Tatuí, com a superfície de 100 hectares, plantada de arroz, milho e outros cereais.

O sr. Manoel Guedes Pinto de Mello deve a sua atual posição e a sua fortuna exclusivamente ao seu trabalho, em que tem sido incansável. O seu filho mais velho, sr. Martinho Guedes, nasceu em 1878 e fez os seus estudos em São Paulo; em 1898, entrou para os negócios do seu pai. O outro filho, sr. Thomaz Guedes, nasceu em 1884, fez os seus estudos também em São Paulo, e durante algum tempo adquiriu prática de maquinismo no estabelecimento dos srs. Platt Brothers & Co., de Manchester. Desde 1905, é o administrador da fábrica de tecidos.

Companhia Industrial de São Paulo – Na fábrica desta companhia, mais de 4.000.000 de metros de tecidos de algodão se produzem anualmente, e ali estão, em contínua atividade, 318 teares e 11.000 fusos. A fábrica, que ocupa 13.800 metros quadrados, está situada no próprio centro da cidade, e dispõe de maquinismos vindos da Platt Bros. Co. Ltd., e da Howard Bulloughs Co. Ltd., acionados por motores elétricos da força de 300 cavalos. Dá trabalho a 500 operários, mais ou menos. O escritório da companhia fica a Rua Paula Souza, 30. Foi registrado em 1890 o seu estabelecimento. A companhia tem o capital de Rs. 2.000.000$000. É seu presidente o dr. Gabriel Dias da Silva, e diretor-gerente o sr. barão Raymundo de Duprat.

Fábrica de tecidos Monte Serrat – A Fábrica de Tecidos Monte Serrat, à margem do Rio Jundiaí, em Salto, distante três horas de São Paulo, ocupa uma área de 800.000 metros quadrados nas proximidades da estação da estrada de ferro, a que se acha ligada por uma via lateral de carga e descarga. Produz cerca de 7.000 metros de tecidos de algodão, diariamente, além de grande quantidade de panos para toalhas, lençóis etc. O maquinismo, que consta de 135 teares e 3.000 fusos, é todo moderno e movido a eletricidade, para o qual fornecem grande força as quedas da vizinhança do Salto.

A fábrica pertence atualmente à Sociedade Financeira e Comercial Franco-Brasileira, que a obteve em maio de 1911 dos srs. Pereira Mendes & Cia. Os artigos produzidos são enviados à casa de fazendas da sociedade, à Rua Florêncio Abreu, 65, em São Paulo, e também vendidos a outras firmas daquela praça. Os proprietários da fábrica cogitam de levar a 200 ou a 250 o número de teares e a 6.000 ou 7.000 o número de fusos. O diretor-gerente é o sr. Guilherme A. Relider.

Companhia São Bernardo Fabril – Funciona esta companhia na estação de São Bernardo da São Paulo Railway, a 18 quilômetros, mais ou menos, da capital do estado. Na fábrica, que ocupa 6.000 metros quadrados e é cercada de 50 quilômetros quadrados de terras, são fabricados cerca de 2.000.000 de metros de tecidos de algodão anualmente. Quatrocentos teares se mantêm ali em constante trabalho, ocupando mais de 500 operários. Todo o algodão virgem é produzido nas terras da companhia, que foi no Brasil uma das primeiras empresas empenhadas no fabrico dos artigos de algodão. A produção encontra esplêndido mercado em todo o Brasil.

A empresa iniciou os seus negócios em 1893 sob os auspícios da firma Silva, Seabra & Cia., e em 1907 tornou-se uma companhia com o capital de Rs. 2.000:000$000. Distribuiu em 1910 um dividendo de 10%. O presidente da companhia é o dr. Gabiel Dias da Silva; e são seus diretores o comendador Leoncio Gurgel e o sr. Agenor Camargo.

O comendador Leoncio A. Gurgel nasceu perto de São Paulo, em 1876, e recebeu a sua educação naquela cidade. Em 1899, empregou-se com os srs. Silva, Seabra & Cia., tornando-se sócio oito anos depois. Seis meses após a sua entrada para a sociedade, fundou-se esta companhia. É um dos diretores da Companhia Economizadora Paulista e da Companhia Construtora de Crédito Popular, tendo sido fundador desta última. É também sócio comanditário da razão comercial Mario Barros & Cia. e de outras. Foi, pelo papa Pio X, feito comendador do Santo Sepulcro. Faz parte de várias sociedades científicas do Brasil e Europa. Filho de antiga família brasileira, teve na sua mocidade o gosto do jornalismo e fundou diversos periódicos. Atualmente é proprietário e grandes áreas de terrenos e de importantes sítios em São Paulo.

Companhia Fabril Paulistana – Entre os exemplos mais agradáveis de observar nas indústrias que se estão atualmente desenvolvendo no Brasil e que prometem a sua futura grandeza, salienta-se o trabalho da Companhia Fabril Paulistana. Cerca de 6.000.000 de metros de algodão são fabricados anualmente pela companhia, que dispõe de 400 teares e 10.000 fusos, acionados por um motor de 400 cavalos de força. Todos os maquinismos que funcionam no seu prédio são de fabricação inglesa, com a única exceção dos aparelhos da seção de tinturaria, que foram importados da Alemanha. O algodão cru é mandado vir de Pernambuco. Quanto às mercadorias fabricadas, são expostas na praça de São Paulo.

A casa, estabelecida em 1886 pelo dr. Luiz de Anhaia, passou para a companhia em 1889. O seu capital atual é de Rs. 2.000:000$000, divididos em 10.000 ações de Rs. 200$000 cada uma. A fábrica, que funciona à Rua Bom Retiro, em São Paulo, ocupa uma área de 7.000 metros quadrados. Está situada ao longo da estrada de ferro e ligada a esta por um ramal de seu uso exclusivo.

A sede da companhia fica no Rio de Janeiro à Rua 1º de Março. O seu presidente é o dr. Carlos Augusto de Miranda Jordão; diretor-gerente, o dr. Alvaro Mendes de Oliveira Castro; e gerente da fábrica, o sr. M. Orosco. O sr. Orosco entrou para a companhia no mês de outubro de 1910, tendo dirigido antes, por muitos anos, a Companhia Confiança Industrial, no Rio de Janeiro, como diretor-gerente.

Companhia Pinhal Fabril – Esta companhia tem a sua sede em São Paulo, à Rua Direita, 14, sobrado. O seu capital é de Rs. 500:000$000, dividido em 2.500 ações de Rs. 200$000 cada uma, além de um empréstimo de Rs. 250:000$000 em 2.500 debêntures de Rs. 100$000 cada um. A fábrica, situada no Espírito Santo do Pinhal, tem seções de tecelagem, alvejamento e mercerização, e ocupa uma área de 50.000 metros quadrados, dos quais 1.800 edificados. A sua matéria-prima é constituída por fio de algodão cru, de que consome anualmente 100.000 kg, no valor de Rs. 300:000$000.

A sua produção consiste em atoalhados adamascados, alvejados e mercerizados, de largura dupla, que atingem 400.000 metros anuais, no valor de Rs. 800:000$000; produz ainda 600.000 metros de tecidos de fantasia em cores e mercerizados, no valor de Rs. 400:000$000. A fábrica ocupa 100 operários de ambos os sexos. A diretoria da companhia é composta do dr. Eduardo da Fonseca Cotching, presidente; dr. Jorge Araujo da Veiga, diretor; o gerente é o sr. João Quesiti, e o técnico o sr. Celso Piatti. O escritório tem como guarda-livros o sr. C. Machado.

Companhia Salto Fabril – Esta companhia, cuja sede social fica em São Paulo à Rua Direita, 14, sobrado, tem o capital de Rs. 600:000$000, dividido em ações de Rs. 200$000 cada uma, e mais um empréstimo, contraído na praça, de Rs. 250:000$000, por emissão de 2.500 debêntures de Rs. 100$000 cada um.  O objeto da companhia é a fiação e tecelagem do algodão, possuindo para esse fim uma fábrica no Salto de Itu, cujos edifícios cobrem 3.000 metros quadrados, em uma área total de 8.000 metros quadrados.

A fábrica consome anualmente 250.000 kg de algodão em rama, no valor de Rs. 300:000$000, e produz por ano 1.200.000 metros de brins, tipo colonial, no valor de Rs. 600:000$000, além de 11.000 colchas, no valor de Rs. 50:000$000. A companhia emprega em sua fábrica 180 operários de ambos os sexos. A diretoria é composta do dr. Eduardo da Fonseca Cotching, presidente; e do dr. Jorge Araujo da Veiga. O gerente é o sr. Luiz Trevisioli; e guarda-livros, o sr. C. Machado.

Fábrica de Tecidos Belemzinho – Esta fábrica fica situada no bairro do Braz, em São Paulo, à Travessa da Intendência. Atualmente, está sendo aumentada e terá, quando completa, 600 teares para a manufatura de toda a sorte de tecidos em algodão. A sua especialidade é, porém, a manufatura de panos crus. O maquinismo é todo ele de origem inglesa e proveniente dos melhores fabricantes de Manchester. Toda a produção da fábrica, que é cuidadosamente manufaturada, encontra fácil colocação na própria cidade de São Paulo.

O fundador e proprietário da fábrica, sr. S. Boyes, nasceu em Manchester. Conhece a fundo a indústria do algodão, na qual trabalha há meio século. Veio para o Brasil em 1884, desembarcando em Santos. Ocupou-se durante alguns anos como empreiteiro em Sorocaba, e estabeleceu-se depois, em 1888, em São Paulo. Aí foi, durante 12 anos, gerente da Companhia Industrial de São Paulo, passando em seguida para outra firma da mesma cidade. Em 1906, foi organizada a presente empresa, que opera sob a hábil e experimentada direção do sr. Boyes. Este tem consigo seus dois filhos: Alfredo, como gerente, e Herbert, como chefe do escritório. O sr. Boyes dedica-se a obras pias e religiosas. É guardião da Igreja Anglicana de São Paulo e devotado organizador de toda a sorte de obras pias.

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Fábrica da Cia. Paulista de Tecidos de Malha
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Companhia Paulista de Tecidos de Malha - A Companhia Paulista de Tecidos de Malha foi fundada em dezembro de 1909, com o capital realizado de Rs. 250:000$000, e que deverá ir subindo gradualmente até Rs. 1.000:000$000. A companhia tem seus escritórios e oficinas à Rua Cotegipe, 48, na cidade de São Paulo. O terreno, com uma área de 7.000 metros quadrados, é quase inteiramente ocupado pela fábrica, que tem todos os seus modernos e aperfeiçoados maquinismos acionados a vapor por um motor Wolf de 45 cavalos de força.

Os produtos manufaturados são toda espécie de tecidos de malha, meias, camisas de meia, ceroulas de meia, tricôs, em seda lã, algodão, lã e seda, etc., tanto para homens como para senhoras e crianças. Na fabricação de camisas de meia, que representa 100 dúzias diárias, são empregadas 26 máquinas circulares de grande produção, para fazer o tecido, e cerca de 100 máquinas auxiliares, para a confecção das camisas. Para a fabricação de meias, que é de 200 dúzias por dia, possui a companhia 80 máquinas circulares automáticas e mais 20 para os elásticos das meias de homem.

A companhia dispõe também de uma bem montada seção de tinturaria, aquecida a vapor e provida de todos os modernos maquinismos, tais como hidro-extratores, máquina de mercerizar etc. Possui ainda uma fábrica de caixas de papelão, com acondicionamento para toda sua produção; uma oficina mecânica completa, outra de carpintaria, para a fabricação de caixões, veículos, e tem para a condução de mercadorias, automóveis, animais de tiro etc. etc.

Além do pessoal superior, trabalham na fábrica, cuja produção diária vai a Rs. 4:000$000, cerca de 180 operários. Essa produção é toda ela vendida antes de fabricada, e há sempre grande número de pedidos em atraso. Fazem parte da diretoria da companhia os srs. conde Asdrubal do Nascimento, presidente, e dr. Elias Ayres do Amaral, diretor-gerente. A superintendência da fábrica está a cargo do sr. Fausto Salles.

Companhia Nacional de Tecidos de Juta, Fábrica Santa Anna - Esta fábrica, fundada em 1891 e adquirida pelos atuais proprietários em 1908, foi a primeira, no Brasil, a manipular artigos de juta; e o estabelecimento situado no Braz, em São Paulo, figura entre os maiores do gênero. Consome cerca de 450 toneladas de fibras de juta, importadas da Índia, mensalmente; e dá trabalho a 1.800 homens, aos quais são pagos, ao todo, 90 a 100:000$000 por mês. Todos os meses são consumidas 17 toneladas de lã na manufatura de colchas, cujo número em 1910 atingiu a 300.000; e já a fábrica tem encomenda de 600.000 para 1912. É também importante a manufatura de alpacas.

Os proprietários ganharam medalhas de ouro na Exposição de São Luiz em 1904 e na de São Paulo em 1902; assim também em 1908 receberam o grande prêmio na Exposição Nacional do Rio de Janeiro.

O maquinismo é todo ele moderníssimo, acionado por uma força total de 56.000 cavalos, que lhe fornecem um poderoso motor Taylor e dois motores Wolf da força de 800 e 450 cavalos respectivamente, e também é usada a força elétrica. A empresa trata de aumentar a capacidade produtora da fábrica, apesar de já ter esta, em certa ocasião, produzido, em quatro meses, 10.000.000 de sacos para café; e atualmente está sendo adicionada uma seção de máquinas para colchas de fantasia.

A companhia está construindo também uma fábrica de tecidos de algodão, num sítio de 300.000 metros quadrados, em Belenzinho; e aí serão montados 1.000 teares e 40.000 fusos.

O capital é de Rs. 20.000:000$000, em ações de Rs. 200$00 cada uma. A diretoria compõe-se dos srs. dr. Jorge Street, presidente; dr. Ildefonso Dutra, tesoureiro; dr. Joaquim Dutra da Fonseca e Alexandre Leslie, diretor-gerente. O escritório central acha-se instalado à Avenida Central, 46, no Rio de Janeiro, havendo outro em São Paulo, à Rua Direita, 7.

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Cia. Nacional de Tecidos de Juta, São Paulo
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