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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [32]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 382 a 386, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

Galho de algodoeiro
Foto publicada com o texto, página 382

Algodão

e fosse necessário um exemplo, para demonstrar o futuro industrial de que é capaz o Brasil, facilmente o daria a indústria do algodão. Não é exageração afirmar que, nos anais do mundo industrial, poucos capítulos se encontram mais interessantes que o desenvolvimento da indústria do algodão no Brasil.

Quantas pessoas, na Europa, farão idéia de que no Brasil se manufaturam artigos de algodão, e em quantidade avultada, iguais aos artigos de Manchester?

Menor será ainda o número dos que saibam que na indústria manufatora de algodão no Brasil se emprega hoje um capital mui pouco inferior a £20.000.000 esterlinos (Rs. 300.000:000$000) e que, anualmente, mais de 360.000.000 de metros de tecidos de algodão são produzidos pelas fábricas nacionais, no valor de £10.000.000.

Só diante de fatos destes se compreende que é apenas uma questão de pouco tempo, para que a totalidade dos habitantes do Brasil tenha os artigos de algodão, de que necessitem, supridos por teares brasileiros: e só assim se percebe claramente o grande futuro reservado ao Brasil industrial.

Pode agora parecer estranho que este desenvolvimento não se tivesse produzido mais cedo. Com efeito, nada  impedia que assim fosse; o algodão floresce no Brasil luxuriantemente e requer um mínimo de trabalho agrícola; e para maior vantagem dos manufatores, a força hidráulica é encontrada em toda a parte no Brasil. Faltavam apenas a energia necessária e a iniciativa; pode-se, porém, dizer que, nos últimos anos, o manufator, quer nacional, quer estrangeiro, tem feito o melhor uso das oportunidades que se lhe têm apresentado.

Os anos de relativa negligência foram plenamente compensados, pois que o futuro se apresenta cheio de promessas animadoras. Que tivesse havido negligência não foi tanto culpa da iniciativa privada como do Estado – instituição tantas vezes reduzida ao papel de bode expiatório... Neste caso, porém, com razão. Para o explicar, é necessário remontar alguns anos atrás.

O algodão foi cultivado no Brasil desde os tempos coloniais, sendo o seu primeiro centro de cultura o estado do Maranhão. Em breve, porém, a cultura se estendia a outros pontos, e a produção se tornava tão remuneradora que as autoridades portuguesas resolveram animar essa prometedora fonte de renda; e, em 1750, tomaram medidas para auxiliar o estabelecimento de fábricas no interior do país. Foi o mesmo que chegar um fósforo a um rastilho de pólvora. A indústria começou a progredir a passos largos, a tal ponto que os próprios portugueses, então completamente senhores do mercado brasileiro de tecidos de algodão, se alarmaram.

Esse rápido desenvolvimento ia totalmente de encontro à idéia que os portugueses tinham do progresso; eles consideravam e queriam a colônia apenas como uma fonte inesgotável de riqueza para a metrópole. Entenderam então que havia um meio único de resolver a dificuldade: acabar com a manufatura de tecidos de algodão no Brasil. E em breve era posta em vigor uma medida que proibia absolutamente a manufatura de artigos de algodão dentro dos limites da colônia, à exceção do tecido muito ordinário em uso, então, para vestuário dos escravos.

Esta proibição deixou de vigorar em 1809. Para tão grande mal, houve apenas um lenitivo; é que os cultivadores brasileiros haviam compreendido como o solo e o clima do Brasil admiravelmente se prestavam a produzir algodão da melhor qualidade; assim, a produção das províncias de Pernambuco, Pará, Maranhão, Bahia e Rio de Janeiro era já calculada, em 1800, em 11.000.000 de quilos; entre 1860 e 1865, em 22.000.000 de quilos anualmente; entre 1865 e 1870, em 45.000.000; e em 1874, em 78.000.000.

Em conseqüência da guerra civil nos Estados Unidos da América do Norte, deu-se uma alta de preços nos mercados consumidores de algodão, devido ao menor suprimento; a exportação do Brasil foi, nesse ano, avaliada em Rs. 46.000:000$000. Até essa data, ocupava o Brasil o terceiro lugar entre os países produtores de algodão em todo o mundo; e decaiu para o sexto lugar em 1901-1902.

Mais ou menos por essa época, grandes áreas, até então cultivadas com algodão, foram abandonadas, como aconteceu com as plantações de Sergipe. Entretanto, nestes últimos anos, foi-se tornando evidente uma nova extensão nas culturas. Julgar agora o Brasil somente do ponto de vista de país exportador de algodão em bruto, será naturalmente uma injustiça e conduziria a resultados falsos, pois que o consumo das fábricas locais atinge já a 40.000.000 de quilos anualmente, além da considerável quantidade empregada para fins diversos.

Conquanto novas plantações estejam sendo feitas constantemente, não parece provável que a proporção entre o algodão bruto e o manufaturado possa aumentar nestes anos mais próximos, pois que, por assim dizer, todos os meses se abrem novas fábricas de tecidos, destinadas a consumir importantes quantidades de matéria-prima.

Paralelamente, a exportação de algodão, que, em 1910, foi de 11.160.072 quilos, no valor de Rs. 13.455.375$000, papel, subiu em 1911 a 14.646.909 quilos, no valor de Rs. 14.704:176$000. À data de se escrever este artigo, está geralmente reconhecido que a colheita de 1912 mal dará para satisfazer os contratos de exportação e suprir o mercado nacional.

E não tem o cultivador a recear que se dê a super-produção, pois que a colheita do algodão brasileiro, em razão do comprimento da sua fibra, encontra sempre um bom e pressuroso mercado. Assim, é sabido que, tomando-se uma unidade arbitrária, a fibra de algodão de Pernambuco é de 12 a 17, a do algodão da Bahia de 12 a 15, a do algodão de Sea Island de 11 a 13, a do algodão da Luisiania de 8 a 10, e a do algodão de Smirna de 7 a 9.

Em resistência, o algodão brasileiro não teve, durante muito tempo, competidor; atualmente, porém, cede a primazia ao algodão de Sea Island (onde a cultura é mais cuidada), o qual hoje é tomado como base de comparação. Pode-=se mencionar aqui, visto tratar-se da produção de algodão, que, em muitos pontos do Brasil, a semente é ainda jogada fora, sem que se lhe extraia o óleo; além disto, as cascas da semente, que nos Estados Unidos são convertidas em papel, são aqui consideradas sem nenhum valor.

Casulos de algodão: 1) Antes de abrir; 2) Casulo aberto
Foto publicada com o texto, página 383

Áreas de cultura - O algodão dá-se, por assim dizer, em todo o Brasil, conquanto a zona do Norte seja mais favorável ao seu desenvolvimento perfeito. A variedade mais comumente plantada é talvez a malvacea, a qual, antes do advento do branco no Brasil, era já usada pelos índios, para a confecção de redes e linhas para a pesca. Dava-se-lhe então o nome de maniú. Outras variedades têm obtido grande popularidade, tais como o gossypium barbadensis, gossypium hirsutum, gossypium religiosum, gossypium pubescens e gossypium peruvianum.

O Maranhão, que foi o estado pioneiro na cultura do algodão, ainda hoje ocupa um lugar eminente. O seu solo e o seu clima são igualmente apropriados à cultura da malvacea, especialmente ao longo das margens do Rio Itapicuru; as variedades peruvianum, quebradinho e governo cobrem também largas áreas.

Ultimamente, têm sido introduzidos no estado pés de Sea Island e Upland e, como já vão sendo empregados bons métodos de cultura, o algodão do Maranhão torna-se um dos melhores do Brasil. Nas fábricas de fiar e de tecer do estado, são consumidos cerca de 2.000.000 de quilos anualmente e mais ou menos 7.000.000 de quilos são exportados, principalmente para os estados vizinhos. Sobre o algodão fiado, exportado, cobra o governo a taxa de Rs. 95 por quilo e sobre o algodão bruto, ainda contendo a semente, a taxa de Rs. 30 por quilo.

Em Pernambuco, sobe a produção a 20.000.000 de quilos anualmente, dos quais grande parte é consumida pelas fábricas situadas dentro dos limites do estado. No solo arenoso do Ceará, cresce um algodão de fibra flexível e resistente, principalmente das variedades Sea Island e quebradinho; e a produção anual eleva-se a cerca de 6.000.000 de quilos.

Com os trabalhos agora em via de execução, para melhorar os métodos de irrigação e para introduzir os processos de cultura seca nesta área, há toda a razão de se esperar que, nos próximos anos, se opere um aumento enorme nas áreas de cultura do algodão.

O estado do Piauí presta-se admiravelmente à cultura do algodão, mas, quaisquer que sejam as razões, não tem feito grandes progressos nesse sentido, e em geral, os métodos ali seguidos são os mais antiquados. Ainda assim, pouco mais ou menos 2.000.000 de quilos de algodão bruto são exportados anualmente e cerca de 300.000 quilos consumidos no interior do estado.

O algodão constitui o principal artigo de exportação da Paraíba; a produção atinge ali perto de 5.000.000 de quilos anualmente, com igual quantidade em sementes. Alagoas é um importante estado na produção de algodão; e recentemente, têm as áreas entregues a essa cultura demonstrado uma tendência notável para aumentar. Atualmente, deve a produção andar muito perto de 9.000.000 de quilos por ano, e o consumo no interior do estado vai a cerca de 1½ milhão de quilos, também anualmente.

Na Bahia, o algodão malvacea cresce muito bem e existem territórios imensos, apropriados à sua cultura. Fato estranho, entretanto; nunca a produção foi grande e a procura originada pelo número sempre crescente de fábricas vai muito além da produção local, pelo que se torna necessário importar considerável quantidade.

Sergipe produz o bastante para consumo das manufaturas locais. Em São Paulo, é a cultura do algodão, como a de outros produtos, prejudicada pelo café, que domina em todo o Estado. Entretanto, nos últimos anos, começou o governo e também o público a compreender as desvantagens e perigos da monocultura, e as autoridades estaduais têm ativamente procurado promover aquela cultura.

Mais facilmente se avalia da conveniência da cultura do algodão, quando se tenha em vista que as fábricas locais consomem mais de 10.000.000 de quilos anualmente e que a produção do estado raras vezes tem chegado a 7.500.000 quilos. Além disso, foram fundadas várias fábricas para extração do óleo da semente do algodoeiro.

As fábricas do estado do Rio de Janeiro vêem-se obrigadas a importar quase todo o algodão de que precisam; e o Distrito Federal, naturalmente, recebe de fora a totalidade dessa matéria-prima.

Pequenas quantidades produzem ainda os estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Pará, Mato Grosso e Goiás. Em poucos anos, provavelmente, a produção virá a assumir muito maior importância. O solo do Amazonas é, por assim dizer, inexcedível para a cultura do algodoeiro; mas a indústria de extração da borracha tem, até aqui, monopolizado a atividade do estado.

Finalmente, resta-nos tratar do estado de Minas Gerais, onde a sorte da cultura do algodão é de explicação bastante complexa. Em 1820, exportou esse estado 1.485.000 quilos de algodão em bruto; vinte anos depois, porém, a sua exportação caía a 4.995 quilos. A guerra civil nos Estados Unidos trouxe uma nova animação, de modo que os 439 quilos exportados em 1860-1 subiam a 679.447, em 1865-6. Outra queda, porém, se operou na exportação mineira, que desceu para 35.310 quilos em 1875-6, e chegou a se reduzir a 504 quilos em 1888; em 1891, cifrava-se em 750 quilos.

Até certo ponto, foi este fato devido a ser uma parte da produção consumida no local. Ultimamente, têm-se aberto muitas fábricas, cujo número sobe  já a 37 em Minas Gerais; e o consumo destas fábricas é tal que se torna necessário importarem-se anualmente cerca de 2.000.000 de quilos de algodão em bruto.

Foram os seguintes os preços alcançados nos mercados locais pelas diferentes qualidades de algodão brasileiro, durante o ano de 1911:

Meses

Sergipe

Alagoas

Pernambuco

Paraíba

Rio Grande do Norte

Ceará

Janeiro

Nominal

12$400 a

 13$500

13$000 a

 13$800

12$800 a

 13$600

12$600 a

13$600

13$200 a

 13$600

Fevereiro

Nominal

12$400 a

 13$500

12$400 a

 13$200

12$000 a

 12$800

12$000 a

 12$800

12$700 a

 13$000

Março

Nominal

12$400 a

 13$500

12$000 a

 12$800

11$800 a

 12$400

11$600 a

 12$600

12$000 a

 12$500

Abril

Nominal

11$200 a

 12$500

12$200 a

 13$000

11$500 a

 12$500

11$300 a

 12$500

12$200 a

 12$700

Maio

Nominal

10$500 a

 12$000

12$200 a

 13$000

11$800 a

 12$800

11$500 a

 13$000

12$100 a

 12$800

Junho

Nominal

  9$000 a

 11$000

11$300 a

 12$400

11$000 a

 12$000

10$800 a

 12$000

11$300 a

 12$200

Julho

Nominal

  9$500 a

 10$000

  9$800 a

 11$800

  9$400 a

 11$200

  9$300 a

 11$500

10$000 a

 11$500

Agosto

Nominal

  9$200 a

 10$500

  9$800 a

 10$500

  9$500 a

 10$000

  9$500 a

 10$300

10$000 a

 10$300

Setembro

Nominal

  9$500 a

 10$000

  9$400 a

 11$000

  9$200 a

 10$500

  9$200 a

 11$000

  9$500 a

 10$700

Outubro

Nominal

  9$500 a

 10$000

  9$500 a

 10$300

9$300 a

 10$000

  9$300 a

 10$200

  9$500 a

 10$000

Novembro

Nominal

Nominal

10$000 a

 10$500

  9$600 a

 10$200

  9$600 a

 10$500

  9$800 a

 10$200

Dezembro

Nominal

Nominal

10$000 a

 10$500

  9$800 a

 10$200

  9$800 a

 10$500

10$000 a

 10$200

Anos

Extremos

Extremos

Extremos

Extremos

Extremos

Extremos

1910

13$800 a

 17$000

14$300 a

 18$000

10$500 a

 18$500

  9$400 a

 18$000

  9$400 a

 18$500

11$200 a

 17$000

1909

  8$600 a

 14$800

  8$800 a

 15$200

  9$000 a

 16$000

  8$700 a

 15$500

  8$700 a

 15$800

  9$000 a

 16$000

1908

Nominal

11$700 a

 12$800

  8$300 a

 13$000

  8$300 a

 13$000

  8$300 a

 13$000

  9$000 a

 13$000

1907

  9$000 a

 11$800

  9$500 a

 12$000

10$700 a

 12$400

10$000 a

 11$800

10$000 a

 12$200

10$800 a

 12$00

1906

  7$000 a

 9$200

  7$600 a

 9$600

  8$200 a

 10$500

  7$800 a

 10$000

  7$700 a

 10$500

  7$800 a

   9$000

1905

  5$800 a

 8$200

  7$000 a

 8$300

  6$700 a

 9$200

  7$300 a

 9$300

  6$200 a

 9$300

  6$300 a

 8$900

Por estas cifras se vê que os preços do mercado do algodão não se têm mantido estáveis nestes últimos anos. De fato, sempre eles estiveram subordinados à produção da América do Norte, Índia e Egito e aos preços correntes no mercado inglês.

A considerável influência exercida pela Grã-Bretanha, no mercado brasileiro de algodão, se depreende muito facilmente dos algarismos que abaixo damos. Por eles se verá que, durante os anos de 1905, 1906e 1907, entre 70% e 75% do algodão exportado foram enviados para a Grã-bretanha; e se essa percentagem desceu para 46% em 1908, foi devido à insignificância da exportação total. Com o aumento apresentado no ano seguinte, subiu também a exportação para a Inglaterra a 83,5% sobre o total. É de lastimar que não possam aqui ser dados os algarismos relativos aos anos de 1910 e 1911.

Exportação de algodão em rama e em pluma para o exterior do Brasil nos anos de 1905  1909

Portos de procedência

Quantidade em quilos

Equivalência em mil réis, ouro (27 d.)

1905 1906 1907 1908 1909
1

Belém do Pará

--

--

26.944

11:699$

100

54$

751

445$

1.240

781$

2

S. Luiz do Maranhão

1.447.622

606:535$

2.874.816

1.254:782$

1.817.066

968:133$

523.356

270:163$

407.998

209:012$

3

Ilha dos Cajueiros

2.376.943

880:561$

2.563.427

978:273$

2.664.090

1.435:931$

557.984

286:137$

996.865

525:803$

4

Fortaleza

2.964.185

1.305:054$

4.210.400

1.995:720$

3.228.814

1.725:117$

147.664

76:746$

258.894

133:129$

5

Mossoró

--

--

300.000

135:010$

160.080

95:466$

--

--

--

--

6

Natal

645.600

261:100$

823.114

388:082$

1.005.116

535:751$

92.019

39:615$

867.977

470:519$

7

Cabedelo

4.750.204

2.071:074$

7.352.212

3.454:573$

5.401.728

2.974:591$

1.062.575

546:153$

2.585.702

1.312:314$

8

Pernambuco

9.352.267

4.088:744$

9.899.454

4.757:576$

11.989.249

6.687:999$

1.143.692

599:393$

4.684.914

2.527:866$

9

Maceió

2.497.336

1.054:839$

3.431.476

1.655:523$

1.647.273

933:080$

8.540

4:449$

133.347

69:375$

10

Aracaju

--

--

--

--

--

--

--

--

7.697

4:276$

11

Bahia

1.659

796$

6.127

2:878$

--

--

--

--

--

--

12

Rio de Janeiro

37.590

18:922$

93.853

48:827$

102.884

53:138$

19.043

6:354$

16.980

4:176$

13

Santos

8.303

3:152$

86.577

43549:$

19.484

8:359$

9.091

3:062$

6.500

3:300$

14

Porto Alegre

44

13$

--

--

--

--

--

--

--

--

15

Corumbá

--

--

--

--

397

222$

--

--

--

--

 

Total

Total

24.081.753

10.290:790$

31.668.400

14.726:492$

28.036.281

15.417:841$

3.564.715

1.832:514$

9.968.114

5.260:551$

 

Valor médio por quilo

$427

$465

$550

$514

$528

Países de destino

Quantidade em quilos

Equivalência em mil réis, ouro (27 d.)

1905 1906 1907 1908 1909
1

Alemanha

255.733

114:160$

245.650

121:877$

521.802

284:918$

--

--

12.759

5:957$

2

Argentina

--

--

--

--

71.247

32:299$

21.684

7:612$

16.980

4:176$

3

Bélgica

34.249

17:475$

109.572

56:391$

75.534

39:093$

18.448

8:228$

241.653

119:242$

4

Estados Unidos

6.327

2:230$

2.780

1:305$

--

--

--

--

--

--

5

França

1.042.631

459:842$

2.123.494

992:851$

1.296.273

694:443$

167.178

88:887$

74.055

38:642$

6

Grã-Bretanha

17.853.802

7.755:011$

23.264.896

10.898:978$

20.980.705

11.574:982$

1.695.231

858:952$

8.282.874

4.388:048$

7

Espanha

--

--

835.836

393:246$

405.105

226:041$

--

--

41.401

25:972$

8

Holanda

--

--

9.992

4:935$

--

--

--

--

--

--

9

Itália

5.303

1:617$

13.073

5:805$

23.888

10:873$

6.400

1:780$

6.500

3:300$

10

Portugal

3.823.915

1.503:601$

3.947.287

1.706:083$

4.071.928

2.213:996$

1.467.690

750:740$

1.291.892

675:214$

11

Rússia

1.059.793

436:854$

1.115.820

545:021$

589.799

341:196$

188.084

116:315$

--

--

 

Total

Total

24.081.753

10.290:790$

31.668.400

14.726:492$

28.036.281

15.417:841$

3.564.715

1.832:514$

9.968.114

5.260:551$

Valor médio por quilo

$427

$465

$550

$514

$528

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Cia. de Fiação e Tecidos São Felix - A fábrica na Gávea
Foto publicada com o texto, página 385. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Indústria manufatora – A dificuldade de se encontrarem no Brasil estatísticas recentes muito prejudica os esforços empregados para se dar o esboço duma indústria, como a do algodão, que tem tido tão rápido desenvolvimento no país. É verdade que em 1908 foi feito um recenseamento estatístico geral; às questões propostas, porém, muitas fábricas deixaram de responder.

Operar mesmo com os dados então obtidos é tomar uma base pouco segura, pois que, desde 1908, têm sido montadas numerosas fábricas por todo o país e principalmente no estado de São Paulo. Não há outro remédio senão dar os algarismos obtidos pelo recenseamento industrial de 1908; em todos os casos, porém, os números abaixo devem ser aumentados de 20 a 30% para se obter a real expressão das condições da indústria brasileira do algodão, na atualidade:

Estados Número de fábricas Capital em mil réis papel Número de operários Valor da produção anual em mil réis papel
Distrito Federal 22 76.032:259$ 10.281 42.839:532$
São Paulo 30 54.083:690$ 9.738 44.990:510$
Rio de Janeiro 25 46.329:457$ 7.140 22.674:900$
Pernambuco 8 19.241:660$ 3.700 9.844:073$
Minas Gerais 37 17.734:372$ 4.792 13.647:151$
Bahia 19 16.258:400$ 4.080 10.861:650$
Maranhão 13 11.382:900$ 3.762 4.882:992$
Rio Grande do Sul 9 8.695:000$ 2.418 9.025:000$
Alagoas 5 5.489:887$ 2.080 4.134:764$
Sergipe 4 4.458:400$ 1.288 2.616:105$
Ceará 6 2.405:000$ 962 1.668:105$
Paraíba 1 1.778:000$ 561 1.151:121$
Santa Catarina 13 1.702:000$ 360 534:820$
Piauí 1 1.069:878$ 289 986:700$
Rio Grande do Norte 1 875:000$ 320 739:500$
Paraná 5 675:000$ 171 150:200$
Espírito Santo 1 160:000$ 50 362:500$

Das fábricas referidas, 161 não só tecem, como também fiam; representam estas o capital total de Rs. 240.000:000$000, empregam 45.000 operários e a sua produção anual alcança o valor de Rs. 130.000:000$000. Cumpre observar que, se até há pouco tempo, muitas fábricas usavam o fio manufaturado no estrangeiro, hoje é empregado, no Brasil, quase exclusivamente o fio nacional.

Conquanto as necessidades do povo brasileiro aumentem de ano para ano, a produção dos tecidos de manufatura nacional tem crescido de modo tão considerável que a sua influência se exerce decisivamente para a redução no volume da importação de fazendas, redução esta que se tem tornado mais sensível desde 1907. Os algarismos que se lêem abaixo amplamente demonstram este fato.

Importação exclusiva de tecidos de algodão - mil réis, ouro

Tecidos 1902 1903 1904 1905 1906 1907 1908 1909 Totais
Crus

184

.367

.000

451

.983

.000

535

.521

.000

280

.951

.000

149

.490

.000

274

.355

.000

217

.878

.000

78

.438

.000

2.172

.983

.000

Brancos

3.495

.030

.000

3.966

.400

.000

3.576

.477

.000

4.232

.925

.000

4.178

.350

.000

3.598

.406

.000

2.083

.617

.000

2.283

.620

.000

27.414

.825

.000

Tintos

6.204

.060

.000

7.888

.792

.000

7.785

.206

.000

6.884

.117

.000

5.873

.826

.000

7.149

.962

.000

4.839

.743

.000

4.456

.340

.000

51.081

.976

.000

Estampados

6.926

.140

.000

7.527

.938

.000

6.396

.156

.000

6.170

.892

.000

5.564

.172

.000

5.655

.804

.000

2.792

.795

.000

2.520

.192

.000

43.554

.089

.000

Não especificados

1.821

.569

.000

2.717

.079

.000

4.176

.371

.000

5.164

.297

.000

7.661

.663

.000

10.260

.033

.000

7.358

.975

.000

6.579

.422

.000

45.739

.409

.000

 

18.631

.166

.000

22.552

.122

.000

22.469

.731

.000

22.733

.182

.000

23.427

.501

.000

26.938

.560

.000

17.293

.008

.000

15.918

.012

.000

169.963

.282

.000

A diminuição na importação de manufaturas, no mesmo período, foi também muito notável. Assim, Rs. 31.824:139$000, ouro, valor da importação em 1906, e Rs. 37.703:798$000, ouro, valor em 1907, se reduziram a Rs. 24.558:665$000 ouro em 1908 e Rs. 22.914:187$000 ouro em 1909.

A quem visite qualquer das grandes fábricas de tecidos brasileiras, um fato chama logo a atenção – e é o modo por que são tratados os operários. E relação ao operário da indústria de tecidos inglesa, o brasileiro tem um salário inferior ao que era de supor, levada em conta a carestia da vida no Brasil; goza, porém, de outras vantagens que o compensam da modéstia desse salário.

Assim, a maior parte das grandes empresas dão, mediante aluguel muito diminuto, casas para  moradia dos seus operários. Além disto, oferecem aos mesmos operários diversões tais como clubes, salas de baile etc. Do ponto de vista da beneficência, existem nessas empresas sociedades de auxílio mútuo, cooperativas etc.; quase todas elas dão gratuitamente aos operários médico e farmácia e muitas mantêm creches, onde as criancinhas recebem todos os cuidados enquanto as mães trabalham nas fábricas.

O grande número de fábricas recentemente montadas e o número ainda maior das que se acham em construção ou em projeto, juntamente como a maneira evidente como o artigo nacional está pondo fora do mercado o produto congênere importado, mostra bem a situação em que se acha a indústria do algodão no Brasil.

Ainda assim, não falta quem reclame um aumento da tarifa alfandegária, sob o pretexto de que o preço crescente dos maquinismos, do carvão e das drogas usadas na manufatura, praticamente destrói o efeito dos direitos aduaneiros sobre as manufaturas importadas.

Aos estranhos parece, porém, que o manufator brasileiro não tem muita razão de queixa. Atualmente, em raríssimos casos, os dividendos são inferiores a 10% no ano; e na opinião duma autoridade no assunto, ao par das condições tanto na Europa, como no Brasil, não há absolutamente razão que impeça estes lucros de aumentar ainda mais no futuro, visto como a indústria se acha tão firmemente estabelecida, que não se torna mais necessário pagar salários elevados aos mestres estrangeiros.

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Companhia América Fabril: 1) A fábrica de Bomfim; 2) A fábrica Mavilis; 3) A fábrica em Pau Grande; 4) A fábrica Cruzeiro
Foto publicada com o texto, página 387. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

 

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Na nova fábrica Mavilis, Cia. America Fabril
Foto publicada com o texto, página 388. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

 

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Cia. Progresso Industrial do Brasil: 1) Operários em caminho para o almoço; 2) O fusos; 3) Vista geral da fábrica em Bangu, E. F.C. B.; 4) Acabando o tecido; 5) Os teares
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As fábricas da Cia. de Fiação e Tecidos Confiança Industrial, em Vila Isabel
Foto publicada com o texto, páginas 390 e 391. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

 

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As fábricas da Cia. de Fiação e Tecidos Confiança Industrial, em Vila Isabel
Foto publicada com o texto, página 390. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

 

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As fábricas da Cia. de Fiação e Tecidos Confiança Industrial, em Vila Isabel
Foto publicada com o texto, página 391. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

 

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Cia. Progresso Industrial Do Brasil: 1) A estamparia; 2) Oficina de cardagem; 3) Departamento de gravura
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Cia. de Fiação e Tecidos Aliança
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