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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - HOSPITAIS - BIBLIOTECA
Hospital Anchieta (4-f49)

 

Clique na imagem para voltar ao índice do livroEste hospital santista foi o centro de um importante debate psiquiátrico, entre os que defendem a internação dos doentes mentais e os favoráveis à ressocialização dos mesmos, que travaram a chamada luta antimanicomial. Desse debate resultou uma intervenção pioneira no setor, acompanhada por especialistas de todo o mundo.

Um livro de 175 páginas contando essa história (com arte-final de Nicholas Vannuchi, e impresso na Cegraf Gráfica e Editora Ltda.-ME) foi lançado em 2004 pelo jornalista e historiador Paulo Matos, que em 13 de outubro de 2009 autorizou Novo Milênio a transcrevê-lo integralmente, a partir de seus originais digitados:

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Na Santos de Telma, a vitória dos mentaleiros

ANCHIETA, 15 ANOS (1989-2004)

A quarta revolução mundial da Psiquiatria

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NO TRABALHO, A LOUCURA

O sistema enlouquecendo os seres/Ciência e Direito

 

Quantos trabalhadores estão hoje em processo de estafa mental e enlouquecimento – modernamente, estressamento- acelerado? No Brasil, por exemplo na área do transporte coletivo, os motoristas que têm que cobrar e dirigir, entre outras tarefas no ônibus, estão pirando, afastados do trabalho por licença médica às centenas. Há casos de panes mentais no volante, cresce o número de acidentes. E os bancários, categoria com alto índice de internações psiquiátricas? Gente com carteira ou sem carteira assinada, trabalhando 12, 15 horas por dia, desempregados ou com salário de fome em trabalho desumano e insuportável. Quantos, senhores, quantos?

 

No meio de buzinas, choros, desespero, sirenes, roncos de motores, apitos, gritos, sons estridentes em decibéis desumanos, o sistema econômico baseado no lucro e só nele é uma condução eficiente para a loucura. Se devemos tratá-la ou cuidar de suas causas, construindo uma nova sociedade devemos dizer. E fazer. A obrigatoriedade legal (artigo 162 da Consolidação das Leis do Trabalho, parágrafo único), uma conquista dos trabalhadores por condições mais humanas, não é gratuita.

 

A preservação das condições ideais tem mandamentos nos itens de Medicina e Segurança do Trabalho, explicados por Segadas Viana no livro de Arnaldo Sussekind sobre as conseqüências da fadiga no estado mental dos trabalhadores, provocadas por excesso de movimentos e contrações musculares, órgãos fibrosos elásticos e irritáveis ligados aos ossos que agem uns reflexamente aos outros dirigidos pela vontade – sob a ação de influxos nervosos.

 

Aderbal Freire, em Direito ao Descanso, editado em 1937 em Fortaleza, escreve que "a transmissão de uma excitação centrífuga pelos nervos motores, que se ramificam entre as malhas do tecido conjuntivo denominado perimysium, que envolve o feixe das fibras musculares. É a contração de um músculo em movimento caracterizada pela manifestação de fenômenos histológicos (estudo dos tecidos orgânicos), físicos, químicos e mecânicos, representados por transformações em seus tecidos – pelas produção de calor e eletricidade, fenômeno de oxidação, consumo de hidratos de carbono, graxas e matérias protéicas, e produção, enfim, do trabalho mecânico".

 

No trabalho, atualizado neste capítulo por João de Lima Teixeira Filho, Viana conclui que em atividade um músculo absorve vinte vezes mais oxigênio e queima trinta e cinco vezes mais carbono do que em estado de descanso, o que ocorre em estados de grande atividade física, mental e emocional.

 

O excesso de trabalho dá motivo para que a recuperação orgânica não se processe no mesmo ritmo que o desgaste, fazendo com que as toxinas que se produzem não sejam eliminadas como necessário. Como diria George Bernard Shaw (1886-1950): "O homem sensato se adapta ao mundo, o insensato quer adaptar o mundo a ele. Logo, todo progresso depende do homem insensato".

 

Cerca de 20% da nação brasileira, cerca de 30 milhões de seres, apresentam alguma espécie de problema mental. É preciso conviver com eles e solucionar o problema; não será entre injeções, eletrochoques e celas-fortes que resolveremos. Mesmo porque são seres humanos e tudo vale a pena, diria Pessoa, quando a alma não é pequena.