Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0260r10f07.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/14/10 17:42:18
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - HOSPITAIS - BIBLIOTECA
Hospital Anchieta (4-f07)

 

Clique na imagem para voltar ao índice do livroEste hospital santista foi o centro de um importante debate psiquiátrico, entre os que defendem a internação dos doentes mentais e os favoráveis à ressocialização dos mesmos, que travaram a chamada luta antimanicomial. Desse debate resultou uma intervenção pioneira no setor, acompanhada por especialistas de todo o mundo.

Um livro de 175 páginas contando essa história (com arte-final de Nicholas Vannuchi, e impresso na Cegraf Gráfica e Editora Ltda.-ME) foi lançado em 2004 pelo jornalista e historiador Paulo Matos, que em 13 de outubro de 2009 autorizou Novo Milênio a transcrevê-lo integralmente, a partir de seus originais digitados:

Leva para a página anterior

Na Santos de Telma, a vitória dos mentaleiros

ANCHIETA, 15 ANOS (1989-2004)

A quarta revolução mundial da Psiquiatria

Leva para a página seguinte da série

7

A TRADIÇÃO AUTORITÁRIA

E O FIM  DOS MANICÔMIOS NO BRASIL

uma conquista traçada a partir  da intervenção no Anchieta

 

Utilizando a internação psiquiátrica com elemento institucional de controle social desde o século XVII, sucedendo e disciplinando a Inquisição católica que se tornou laica, esse método de "tratamento" das doenças mentais, que nunca curou ninguém, vem sendo contestado mundialmente desde os anos 40. Mas foi aqui que estas formas se aplicaram concretamente pela primeira vez, com a mobilização popular dos setores atingidos direta, indireta e ideologicamente engajados.

 

Esse método de participação popular aplicado aqui, alem do seu papel de fazer com que fossem alcançados os objetivos seculares do Movimento Antimanicomial em tempo recorde, graças à participação dos familiares, vizinhos e comunidade -  foram necessários dois terços do tempo do que o mesmo processo levou para ser executado no modelo exemplar de Trieste, na Itália -, fez com que as mudanças se consolidassem "na base", construíssem um castelo inexpugnável e indestrutível de face humana.

 

Por isso Santos foi a cidade que traçou o rumo do fim dos manicômios no país, que já tem cronograma nacional. Fosse a sociedade estratificada e atacada em cada um de seus fundamentos, com a competência desta ação de um exército humanitário e o destino da sociedade seria outro, distante da triste realidade de nossos dias, uma utopia. E a utopia é apenas algo que ainda não foi realizado.

 

Um exército humanitário convocado em todo o país ("uma brigada internacional", apelidou Zanetta), composto por psiquiatras e médicos de todas as especialidades, psicólogos, terapeutas ocupacionais, artistas, teatrólogos, enfermeiros, auxiliares e enfermagem, dentistas, marceneiros, arquitetos e assistentes sociais, jornalistas e diversos outros profissionais e militantes, com apoio da comunidade local, nacional e internacional mobilizada, atendeu de pronto o convite e veio para esta revolução que se efetivava. Tal como na Espanha, na luta contra o fascismo na Guerra Civil, no final dos anos 30 do século passado. Só que nesta a brigada venceu.