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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - MEDICINA
Santa Casa de Misericórdia (5)

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Texto publicado na edição especial/comemorativa dos 460 anos da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos, publicada em 1º de novembro de 2003 pela entidade, em formato tablóide, com edição de José Eduardo Barbosa, textos dele e de colaboradores, revisão de Isabel Machado e editoração eletrônica de Marinilza Barroso Bueno (com impressão A Tribuna e patrocínio Unibanco). Os citados Guinle eram sócios da Companhia Docas de Santos, construtora do porto santista:
 


Vista panorâmica de meados da década de 1950, tomada desde o Morro do Bufo, com os prédios da Santa Casa e já aberta a Av. Dr. Cláudio Luiz da Costa, ao centro o estádio
da Portuguesa Santista e ao fundo os bairros do Campo Grande e Marapé
Foto: coleção Laire Giraud

100 mil metros quadrados?

O atual prédio da Santa Casa, fundado em 2 de julho de 1945, tem 44 mil metros quadrados dentro de uma área de terreno de 100 mil metros quadrados, área esta adquirida pelo valor de Rs.: 500:000$000 (quinhentos contos de réis).

Você que gosta de pesquisa e evidentemente de história vai, a partir de agora, viajar um pouco no tempo, tendo a oportunidade de ler trechos das atas, nas quais constam os ricos detalhes da aquisição desta "propriedade":

"Acta da 2ª Sessão Extraordinária da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Santos.

Aos vinte e quatro dias do mês Dezembro do anno de mil novecentos e vinte e quatro pelas nove horas da manhã, no Consistório da Santa Casa da Misericórdia de Santos, presentes os Senhores Mesários Alberto Baccarat, Provedor; Arthur Alves Firmino, 1º Secretário; George Rosenheim, 2º Secretário; Augusto Marinangeli, Tesoureiro; Arnaldo Ferreira de Aguiar, Mordomo Geral; José da Silva Gomes de Sá e Flamínio Levy, Consultores, havendo número legal, o Senhor Provedor declara aberta a sessão e diz te-la mandado convocar a pedido do Snr. Tesoureiro para tratar de assumpto de interesse da Santa Casa, pelo que concedia a palavra Ss. afim de expor aos Collegas o projecto que motivou a presente convocação.

Usando da palavra, o Sr. Thesoureiro agradece em primeiro lugar ao Sr. Provedor a attenção que havia dispensado ao seu pedido e passa em seguida a fazer a exposição seguinte: Diz Sss. que há tempos está em tratactivos com os Snrs. Guinle Irmãos, para aquisição de uma área de terreno de 100.000 metros quadrados, ao preço de Rs.: 5$000 (cinco mil réis) por metro quadrado, ou seja um total de Rs.: 500:000$000 (quinhentos contos de réis) situado no local denominado Jabaquara, terreno esse alto.

Nenhum dos Snrs. Mesários ignora o desenvolvimento que está tomando a nossa cidade e dentro de pouco tempo o nosso actual hospital será pequeno para attender à necessidades geraes.

Se a nossa Irmandade fizer a acquisição desse terreno, cujo preço é relativamente barato, nunca mais terá occasião de fazer uma compra tão vantajosa como essa que se apresenta no momento.

Se opportunamente a Irmandade não quizer construir um novo hospital, poderá com vantagem, vender essa área de terreno. Convém ainda notar que para o respectivo pagamento a Santa Casa poderá dispor da área de cerca de 20.000 metros quadrados (vinte mil metros quadrados) que há tempos adquirio no Canal Braz Cubas e que hoje tem já o seu valor duplicado, ou seja cerca de Rs: 250:000$000 (duzentos e cinqüenta contos de réis) para pagamento da compra que pretende realizar a Santa Casa poderá desde já contar com os seguintes recursos: cerca de cem contos de reís em depósito em diversos bancos; o espólio do finado João Baptista Ribeiro que, segundo informações do respectivo inventariante Snr. Azevedo Júnior, será liquidado dentro de pouco tempo e que produzirá cerca de trezentos contos de réis, a venda do terreno adquirido em tempos no canal Braz Cubas, que deve produzir cerca de 250:000$000 (duzentos e cincoenta contos de réis), probabilidade de um empréstimo em qualquer estabelecimento bancário mediante a caução das apólices da dívida pública em número de 248 do valor de um conto de réis cada uma e que garantirão cerca de cento e cincoenta contos de réis, havendo, portanto, numerário de sobra para fazer face a esse compromisso. Era esta a exposição que tinha a fazer e solicitava do Snr. Provedor a gentileza de ouvir os Collegas de Mesa sobre o assumpto.

O Snr. Provedor diz que os Snrs. Mesários acabavam de ouvir a exposição feita pelo Snr. Thesoureiro e que julgava não haver necessidade de maiores esclarecimentos sobre o caso, pelo que concederia a Palavra aos Collegas que della quizessem fazer uso para tratar do assumpto.

Pede-a o Sr. Mordomo Geral para declarar que, quando o Snr. Thesoureiro lhe fallara sobre esse assumpto, lhe havia dito que como transação commercial achava-a explendida ponderando, porém, que, comquanto as finanças da Santa Casa fossem melhores entendia que não se deveria empatar um capital tão grande nesse negócio.

Faz sentir que não pareceria bem que a nossa Irmandade que sempre tem pleiteado o augmento do imposto de caridade, fosse dispender tão importante quantia em um imóvel improductivo.

Se, porém, a transação se realizar somente depois de uma Assembléia Geral, autorize a venda do terreno anteriormente comprado, está prompto a dar o seu voto favorável. Era o que tinha a dizer.

Ouvido os demais Snrs. Mesários, manifestam-se de accordo com a opinião externada pelo Snr. Mordomo Geral.

Pergunta ainda o Snr. Mordomo Geral se o nosso Consultor Azevedo Júnior havia sido ouvido sobre o assumpto, pois que a Irmandade não pode deixar de manifestar essa deferência a Ss. que tem sido um dos maiores batalhadores para os augmentos das subvenções que vimos tendo dos poderes públicos.

O Sr. Provedor informa que Ss. ouvido a respeito, manifestou o seu voto favorável, uma vez que a Assembléia Geral autorisasse a venda do outro terreno.

Posto as cousas neste ponto, resolve a Mesa considerar fechado o negócio da aquisição da área de 100.000 m² (cem mil metros quadrados) de terreno no Jabaquara, devendo a escriptura definitiva ser lavrada depois da resolução da Assembléia que será convocada para breves dias."

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