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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CLIMA
De ressacas a tromba d'água (5-c)

Uma grande inundação, em 1978
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Em março de 1978, Santos voltou a enfrentar grandes inundações por toda a cidade, em decorrência das fortes chuvas do período. O então futuro editor de Novo Milênio participou da cobertura jornalística, pelo jornal santista A Tribuna, que assim publicou, na edição de 8 de março de 1978, paginas 1, 7 e última (ortografia atualizada nesta transcrição):
 


O Canal 1, na Av. Pinheiro Machado, desapareceu por completo, dando ideia do que foi a inundação (N.E.: foto obtida defronte ao estádio da A. A. Portuguesa Santista)

Imagem: reprodução parcial da página 1 com a matéria original

Repete-se o drama das chuvas

Voltou a chover forte, ontem, na Baixada Santista, ocorrendo a repetição dos velhos problemas que todos conhecem e para os quais, até agora, não surgiu qualquer solução adequada. Em praticamente todos os bairros de Santos as águas tomaram conta das ruas, causando transtornos ao trânsito, pois os veículos mal podiam se locomover. Os canais transbordaram, houve alguns pequenos deslizamentos nos morros, o sistema de iluminação pública apresentou avarias e os bombeiros foram chamados a atender vários casos, inclusive um na Rua Braz Cubas,onde 17 crianças e três mulheres, que residiam numa casa de cômodos que ficou inundada, tiveram de ser removidas às pressas para o Albergue Noturno.

Outros locais - Cerca de cem pessoas que residem nas proximidades do parque industrial de Cubatão foram obrigadas a abandonar as suas casas,na Vila Parisi e na vila ferroviária da Estação de Piaçaguera, em consequência das fortes chuvas que provocaram o transbordamento dos rios Mogi e Piaçaguera. Por outro lado, em Guarujá, o núcleo do Paicará e da Vila Baiana foram os locais mais atingidos, registrando-se algumas inundações. Em São Vicente e Praia Grande ocorreram apenas casos isolados.


Gente ilhada, uma cena que já é comum na cidade

Foto publicada com a matéria, na página 28 (última)

CHUVAS

A rotina dos transtornos

As chuvas torrenciais que castigaram Santos a partir das últimas horas da tarde e durante a noite de ontem demonstraram a precariedade da rede de galerias pluviais. Mais uma vez, o aguaceiro provocou inundações em vários pontos da Cidade e isolou os bairros do centro e vice-versa. A exemplo da enxurrada de 15 de janeiro, o temporal de ontem também deixou sua marca nos morros, onde ocorreram deslizamentos de barreiras. No Morro de São Bento, ligação 300, uma parede ruiu e feriu os ocupantes da casa. Em muitos pontos da Cidade, dezenas de carros ficaram completamente isolados nas enchentes, cujos níveis vêm aumentando perigosamente nos últimos tempos.

Em vários locais, as águas atingiram a altura de um metro. Na Avenida Conselheiro Nébias e nas suas ruas transversais, João Pessoa, Amador Bueno, São Francisco, até à Rua Dona Luíza Macuco, moradores e comerciantes estiveram aflitos com águas prestes a invadir casas, bares e restaurantes. O mesmo ocorreu na Avenida Epitácio Pessoa, desde a Avenida Siqueira Campos até a Avenida Almirante Cochrane (canais 4 e 5). Um dos pontos mais perigosos, em face da altura das águas, situou-se na Epitácio Pessoa, atrás da Igreja do Santo Antônio do Embaré.

Os canais isolaram a população: quem estava no Centro não podia atingir suas casas, nos bairros, e quem estava nos bairros, não ia ao Centro. O transbordamento de todos os canais, desde a Avenida Francisco Manoel, junto à Santa Casa, passando pelos 2, 3, 4, 5 e 6, envolvendo também o da Avenida Campos Sales, têm sido constante nos últimos tempos e isso indica que o vulto das inundações está crescendo na razão direta das deficiências das galerias pluviais.

O acesso a São Vicente e a Cubatão estava prejudicado pela inundação da Avenida Martins Fontes, Vila Haddad e Canal São Jorge. Quem tentasse chegar a São Vicente pela praia também não conseguia em face do alagamento da Avenida Presidente Wilson, junto à Divisa.


A parede que desabou no morro

Foto publicada com a matéria, na página 28 (última)

Duas pessoas ficaram feridas

Até as 24 horas de ontem, era de apenas dois feridos o resultado das chuvas que atingiram a Cidade, que, embora normais, foram demasiadamente contínuas. Isolina Rosa Santos (nome fornecido ao PS Central por seu acompanhante) ou Isolina Souza Silva (nome fornecido ao Posto Policial do Morro de São Bento), casada, mineira, e ainda Salomão Souza Silva, residentes na ligação 300 do Morro do São Bento, receberam escoriações generalizadas em consequência do desabamento da parede lateral de uma casa, onde fica a cozinha e um quarto.

Isolina foi levada ao PS Central por Jorge Souza Silva, que ao chegar, às 21,35 horas, forneceu o endereço de Rua Santo Amaro, 5. E explicou: "Estávamos na cozinha, quando o barranco desabou e levou o barraco. O que eu vi, o que eu pude ver, ficou tudo destruído". Mas isso foi resultado de seu nervoso, porque na verdade apenas ocorreu o desabamento de uma parede, por volta das 18,30 horas, sem maiores consequências que os ferimentos.

No Posto Policial do Morro de São Bento, por volta das 22 horas, os bombeiros e funcionários da Light reuniram-se com os policiais para traçarem um esquema de ação, enquanto Salomão, o segundo ferido, com idade aproximada de 17 anos, aguardava a chegada de uma ambulância.

Seis famílias foram alojadas em casas de parentes e vizinhos, porque seus barracos, no Largo do Machado (onde ocorreu a queda da parede) apresentavam perigo de desmoronamento.

Pela Cidade, o panorama era o mesmo, com regiões alagadas nas avenidas Senador Feijó, Rangel Pestana, Pinheiro Machado, Ana Costa, Cláudio Manoel da Costa, Francisco Manoel e imediações. No Marapé, as águas chegaram em muitos locais a níveis superiores aos da enchente de 15 de janeiro, sendo que em muitos pontos dos canais da Pinheiro Machado e Francisco Manoel a água chegava a cobrir as muretas de proteção, provocando o isolamento de diversos veículos.

Na Rangel Pestana, os veículos passavam por sobre os jardins, que eram os pontos menos atingidos pela inundação. Enquanto isso, vários estabelecimentos comerciais ficaram alagados. nos pontos de ônibus, as pessoas já nem se preocupavam em arregaçar as calças.

Acidentes - Dois acidentes de trânsito com vítimas - ferimentos leves - foram registrados no Posto Policial do PS Central, até às 22 horas: no primeiro, um veículo subiu na calçada e atropelou Cláudia Renata Dias Barbosa Camelo, de 20 anos, residente na Rua Manoel Tourinho, 357. O acidente ocorreu às 19 horas na esquina da Av. Epitácio Pessoa com o Canal 5. O segundo acidente ocorreu na esquina das ruas Lucas Fortunato com Júlio Conceição, às 18,30 horas: uma colisão envolvendo uma perua Ford escolar e um Ford azul. No acidente saiu ferida a menor Regina Célia Alcântara Barbosa, de 6 anos, residente na Av. Epitácio Pessoa, que foi conduzida ao PS Central.

Prefeito - Ao chegar de São Paulo, o prefeito Antônio Manoel de Carvalho tomou as primeiras providências logo na entrada da Cidade, passando a comandar a operação pelo rádio de seu carro, que ficou isolado na Av. Martins Fontes. Tempos depois, o chefe do Executivo foi conduzido, numa viatura da PM, para o Pronto Socorro, onde chegou às 21,30 horas, a fim de verificar a situação, saindo em seguida num veículo do Corpo de bombeiros.

Segundo as suas informações, não foi registrada nenhuma outra ocorrência além do desabamento de uma parede no Largo do Machado, acrescentando que tudo estava sob controle, com todos os setores de prontidão. De fato, às 22,30 horas, um funcionário da Prodesan era visto limpando a via defronte do Palácio da Polícia, na Avenida São Francisco.

A enchente foi, por muitos, considerada maior que a de 15 de janeiro, embora daquela vez o fato se devesse à maré cheia. Entretanto, desta vez, era registrada, às 20,17 horas, maré de zero metro, que só atingiria seu ponto máximo às 2,28 horas de hoje, com a altura de 1,5 metro.

No Centro - A casa de cômodos situada no número 237 da Rua Braz Cubas foi totalmente inundada pelas águas das chuvas. Seus ocupantes - 17 crianças e três mulheres - tiveram que ser conduzidos por uma viatura do Corpo de Bombeiros ao Albergue Noturno, onde passaram a noite. Por volta das 21,30 horas, quando os soldados chegaram ao local, avisados por um chamado telefônico, já encontraram os 20 residentes da casa instalados por sobre os móveis mais altos. As crianças menores mostravam-se assustadas, chorando bastante.

No entanto, nada de mais grave ocorreu com o grupo, que se acalmou com a presença dos bombeiros. Depois de acomodados no Albergue Noturno, receberam, ainda, assistência dos soldados, que se preocuparam em providenciar roupas e alimentação.

Como a Braz Cubas, outras ruas do Centro sofreram também transtornos com as chuvas. A 7 de Setembro e suas paralelas encontravam-se com água quase à altura dos joelhos de um homem de estatura média. O acesso do Centro para a Ana Costa, a partir das 22 horas, ficou totalmente prejudicado, obrigando os veículos a recuar.

Nos bairros - Num dos trechos mais baixos da Rua João Guerra, situado entre as ruas 28 de Setembro e Batista Pereira, as águas das chuvas subiram a quase um metro. Defronte do número 128 daquela via, as marolas provocadas pelo trafegar de carros pesados derrubaram as duas portas de uma loja de doces existente no local.

Nas imediações da João Guerra, várias casas térreas foram inundadas pelas águas, colocando de alerta os moradores, que tomaram várias medidas em função de já estarem habituados aos efeitos de um temporal. Segundo eles, é comum sofrerem transtornos e danos quando das chuvas mais fortes.

No final da Av. Pedro Lessa, os fios começaram a soltar faíscas e assustaram os moradores das residências próximas. Houve possibilidade, no entanto, de comunicação telefônica com o Corpo de Bombeiros, que, logo em seguida, avisou a Light. Em poucos minutos, uma equipe de homens da Light chegou ao local, realizando os reparos mais imediatos.

Os moradores e frequentadores noturnos da Avenida Marechal Floriano Peixoto conseguiram encarar até com certa dose de humor os efeitos do temporal, naquela via e nas imediações. As águas, em várias ruas da região, chegaram a cerca de meio metro de altura,k dificultando o caminhar dos transeuntes, que eram animados pelos que se abrigavam nos bares ainda abertos. Quando os carros ameaçavam parar, novas manifestações partiam dos botequins, onde se recolhiam as "torcidas organizadas", que se aqueciam com bebidas.

O Canal 6 quase transbordou, o que teria provocado o caos absoluto nas ruas próximas. Para se ter uma ideia dos transtornos naquela região da Cidade, uma moradora da Rua Guaiaó, que teve a residência alagada, assegurava que isso nunca ocorreu, nos três anos em que lá reside. Assim como a sua casa, outras da mesma rua também foram invadidas pelas águas, obrigando os moradores a puxarem móveis e tapetes e a se defenderem de outros efeitos. Nas ruas, o nível da enxurrada subiu a mais de 60 centímetros, o que fez com que praticamente cessasse a movimentação de carros, registrando-se o encalhe de vários deles.

Também próximo ao Canal 3, o temporal deixou a sua marca, repetindo-se as cenas de casas alagadas e carros parados no meio das vias.. A Rua Oswaldo Cruz, como sempre, foi bastante atingida.

Zero hora - Ao ser encerrada esta edição, a Cidade começava a voltar a normalidade, com a diminuição das chuvas. Os bombeiros não haviam registrado nenhuma nova ocorrência. A polícia não tinha qualquer ocorrência decorrente das chuvas.

Entretanto, no 1º Distrito Policial, um menino chegava correndo, avisando que ao chegar á sua casa, na Rua da Constituição, 189, encontrara sua mãe morta na cama. O fato foi então comunicado ao 4º Distrito Policial, que imediatamente enviou uma viatura ao local.


As vítimas foram logo atendidas no PS Central

Foto publicada com a matéria, na página 28 (última)

No dia seguinte, quinta-feira, 9 de março de 1978, o mesmo jornal santista A Tribuna destacava em sua primeira página e na página 4 (ortografia atualizada nesta transcrição):


Foto publicada na primeira página: subida pelo Morro do Marapé

Embora as chuvas da noite de terça-feira fossem fortes, causando grandes inundações, a maré baixa permitiu rápida vazão das águas e consequente normalização das atividades na Cidade. Dois barracos foram interditados no Moro do Bufo e também o acesso ao Morro de São Bento, pela Av. São Francisco. As duas pessoas feridas na queda de um barraco foram medicadas e dispensadas. Seis famílias do Largo do Machado tiveram que ir para casa de vizinhos e parentes. Pequenos desmoronamentos foram registrados nos morros e a limpeza dos locais atingidos pela lama começou a ser feita imediatamente pela Prodesan. Engenheiros vistoriaram os morros, concluindo não haver perigo iminente em nenhum deles, inclusive nos que causaram os maiores problemas nas chuvas de janeiro - Vila Progresso e Morro da Boa Vista. Apesar das chuvas, a Land Marine conseguiu executar na madrugada de ontem o puxamento do 10º string do emissário submarino.


Alguns deslizamentos ameaçaram residências

Foto publicada com a matéria, na página 4

Depois das enchentes, apenas uma prontidão

A interdição de três barracos e do acesso ao Morro de São Bento pela Av. São Francisco foi o primeiro resultado das fortes chuvas que atingiram a Cidade na noite de terça-feira. Os dois feridos, em consequência da queda de uma barreira sobre um barraco, foram medicados e em seguida dispensados, já que seus ferimentos não apresentavam maior gravidade.

Por volta das 22 horas de terça-feira, todos os esquemas de emergência estavam de prontidão, inclusive o de limpeza de ruas, da Prodesan, que foi acionado de imediato na área central da Cidade, prosseguindo durante o dia de ontem. Na área dos morros, foram registrados alguns desmoronamentos nas encostas do Jabaquara, prejudicando um pouco os acessos para os morros de São Bento e Nova Cintra. Nenhuma ocorrência foi ontem registrada pela polícia ou pelos bombeiros.

São Bento - No Posto Policial existente no Morro de São Bento, apenas duas ocorrências foram registradas, devido as chuvas. Na Rua Santa Mariza, ligação 300 (Largo do Machado), desabamento parcial de uma parte da casa, sem vítimas, mas com seis famílias desabrigadas, que se instalaram na casa de parentes e vizinhos.

A segunda ocorrência, na Rua Santo Amaro, ligação 5 (Morro do Bufo), com o desabamento parcial de uma barreira que atingiu a parede de uma residência, fazendo duas vítimas com ferimentos leves: Salomão Souza Silva e Isolina Souza Silva, residentes no local. Ambos já haviam retornado e mostravam o casebre com as paredes inclinadas para a frente, devido à barreira que havia caído nos fundos: "A sorte foi haver uma grande pilha de madeira dentro da casa, junto a essa parede, que serviu de escora, quando a encosta caiu, senão o barraco teria se desmanchado e caído lá embaixo. A Isolina ficou presa dentro da sala e teve que quebrar uma mesa para tirá-la, já que não havia ouro meio. Agora estamos até com um certo medo de mexer na casa, esperamos a vinda dos bombeiros, que prometeram vir ajudar. Felizmente ninguém morreu, o que é o mais importante", disse Salomão.

Enquanto isso, as seis famílias que tiveram que sair de suas residências no Largo do Machado continuarão em casa de parentes e vizinhos. Segundo Jonas Édson Faulin, secretário de Obras e Serviços Públicos, houve ainda um problema na ligação 174 do Morro do Bufo, em que um dos pilares de sustentação da casa havia cedido, mas já não havia ninguém no local, razão por que não houve maiores problemas.

Faulin disse ainda que, por volta das dez horas de ontem, duas moradias do Morro do Bufo que estavam ameaçando cair, devido a desmoronamento parcial da encosta, foram interditadas. Disse também que recebera essa informação do engenheiro destacado pela Seosp para vistoriar os morros, juntamente com o chefe do Setor de Morros da Prefeitura. Mas não soube informar quais seriam as ligações atingidas pela interdição, embora acreditasse terem sido as da Rua Santo Amaro, altura do número 5 (casa de Isolina e imediações). Mesmo porque já ali havia caído um casebre, quando das chuvas de 15 de janeiro.

Acrescentou o secretário de Obras e Serviços Públicos que devido a um desbarrancamento a ligação do Morro de São Bento para a Av. São Francisco, esta havia sido totalmente interditada. O problema ocorreu no trecho conhecido como Av. Nossa Senhora do Monte Serrate, defronte da ligação 186. Um engenheiro da Prefeitura esteve no local e ouviu os pedidos dos moradores para que a Light fosse também, para tomar providências quanto a um poste que ameaçava cair com um novo desmoronamento e quanto a uma árvores caída sobre os fios, nesse mesmo local. Os moradores mostravam-se apreensivos, uma vez que rachaduras na beira do caminho, de ambos os lados do trecho desmoronado, evidenciavam a possibilidade de novos desbarrancamentos, que poderiam atingir casas situadas embaixo do trecho atingido.

A interdição total do acesso foi determinada para evitar novos deslizamentos, uma vez que ali é relativamente grande o tráfego de veículos pesados.

Segundo as autoridades, felizmente os dois pontos mais vulneráveis em casos de chuva torrencial (Morro da Boa Vista e Vila Progresso) não apresentaram quaisquer problemas. Odair Veiga, chefe do Serviço de Triagem, lembrou que não houve nem a necessidade de se retirar os moradores do Boa Vista, apesar destes terem recebido um aviso dos engenheiros da Prefeitura para saírem do morro em caso de chuva forte. Esse aviso havia sido dado às 140 pessoas daquele moro, quando ocorreu o temporal de 15 de janeiro.

Também em decorrência das chuvas de janeiro, continuam instaladas no antigo prédio do 3º Distrito Policial (na Av. Conselheiro Nébias) os 26 componentes de quatro famílias que ficaram desabrigadas na Vila Progresso. Odair Veiga explicou já existir uma autorização do prefeito Antônio Manoel de Carvalho para que a Prefeitura faça obras que permitam a volta dessas famílias ao morro, tendo também havido a colaboração da proprietária da área onde se situa Vila Progresso, Giulianna Russo, que cedeu uma área mais segura para a instalação dessas famílias. As obras somente não puderam ser iniciadas nesse fim de semana devido às chuvas, impedindo o trabalho, que entretanto deverá ser executado em ritmo de máxima urgência.

Já não há mais ninguém no Parque Infantil Maria Patrícia (2que vinha alojando alguns dos desabrigados), como também não há nenhum caso sendo atendido pela triagem em decorrência das chuvas. Ainda assim, o Serviço de Triagem vem reivindicando à Prefeitura que coloque mais uma perua com motorista para o atendimento, já que o único veículo não está podendo atender a todo o serviço existente.

O prefeito Antônio Manoel de Carvalho comandou as operações desde as 21 horas de terça-feira, quando chegava a Santos procedente de São Paulo e Brasília. Para isso, esteve às 21,30 horas no Pronto-Socorro Central, voltando ao local por volta de 1 hora de ontem. Nessa hora, a Cidade já estava em ritmo normal de atividades, motivo pelo qual pode descansar após as 3 horas de ontem. Afora os deslizamentos no Morro de São Bento e a queda de uma barreira na subida da Av. Santista (Morro de Nova Cintra), não observou nenhum outro problema maior. Questionado sobre a incapacidade da rede de drenagem em dar vazão às águas, respondeu que isso acontece em casos de chuva anormal, muito forte, causando enchentes que não podem ser evitadas.

Prodesan - Quase 100 funcionários da Prodesan foram mobilizados na noite de terça-feira para a limpeza da Cidade, divididos em grupos de 12 a 15 elementos. Segundo o diretor-presidente da Prodesan, José Lopes dos Santos Filho, uma das turmas foi deslocada para a limpeza do Centro, incluindo a Av. São Francisco junto ao Elevado Aristides Bastos Machado e Rua Rubião Júnior, além da Praça Correa de Melo e Palácio da Polícia.

Outra turma foi levada para as proximidades do canal da Rua Santa Catarina, Praça Washington e Rua Rio Grande do Sul, afetadas pela enchente. Para limpeza de uma caixa de areia junto ao canal, foi colocada uma retroescavadeira e caminhões. Também uma turma foi deslocada para a Av. Waldemar Leão, Rangel Pestana e Teodoro Sampaio, além de um grupo de trabalhadores para a Rua Carvalho de Mendonça e Avenida Moura Ribeiro, com uma pá-carregadeira. Duas turmas foram destacadas para a Zona Noroeste e dois caminhões foram colocados à disposição da Prefeitura.

Quatro motoristas haviam também ficado de plantão na sede da Prodesan na noite de terça-feira, fazendo parte do esquema de emergência o contato permanente entre os diretores e chefes de departamentos. A Prodesan ajudou ainda na limpeza do Centro de Cultura, cujos porões foram invadidos pela água.

Vazão rápida - De forma geral, as baixas marés registradas na noite de terça-feira e na manhã de ontem impediram que as enchentes fossem maiores, devido á rápida vazão das águas. Assim, por volta do meio dia de ontem, apenas alguns poucos locais da Cidade, particularmente na Zona Noroeste, apresentavam ainda trechos alagados. Na Rua Particular Ana Santos, um bueiro destampado no meio da rua, na esquina com Av. Nossa Senhora de Fátima, foi motivo de telefonema de um morador das proximidades a este jornal.

Mais uma vez a Av. Martins Fontes, na entrada da Cidade, ficou intransitável, devido ao alagamento provocado pelas chuvas e falta de escoamento rápido. Mas a Prodesan já está estudando o problema em conjunto com a Secretaria de Obras e Serviços Públicos.

Também o titular da Seosp vem estudando a situação da encosta do Morro da Penha, onde uma pedra de dois metros cúbicos de volume e outras duas, menores, há muito vêm inquietando os moradores, pois ameaçam cair. Quando das chuvas de janeiro, o perigo aumentou, razão pela qual a Seosp havia decidido pela demolição das mesmas. Entretanto, estudando o local, os engenheiros resolveram não executar o serviço, pois há uma relativa segurança no momento e se o trabalho fosse feito, poderia haver um desmoronamento maior. Além disso, as pedras parecem ser apenas um afloramento de rocha, cuja maior parte estaria firmemente enterrada na encosta.

De qualquer forma, as casas interditadas na época não foram desinterditadas, embora isso não esteja sendo fiscalizado, já que não há perigo iminente para os moradores que as reocuparam, apesar da interdição. Estão programadas obras de contenção da encosta em vários pontos dos morros, inclusive na Vila Progresso, onde também está sendo combinada com os moradores a cessão de material para construção da rede de drenagem. O secretário Faulin, que prestou essas informações, finalizou dizendo que o trecho do Caminho Nossa Senhora de Lourdes, no Morro do Bufo - que havia desabado - será reconstruído o mais rapidamente possível: "As obras deveriam ter começado no sábado, mas as chuvas fortes forçaram o adiamento por uma semana".


Desmoronamento no acesso ao Morro de São Bento

Foto publicada com a matéria, na página 4

Novas inundações ocorreriam, destacadas na edição de 10 de março de 1978 de A Tribuna, em sua primeira página e nas páginas 6, 7 e última (ortografia atualizada nesta transcrição):


Da Ponta da Praia ao José Menino, centenas de carros ficaram praticamente encobertos pela água

Foto publicada com a matéria, na primeira página

Santos inundada

A maré vazante impediu que a inundação ocorrida ontem em Santos alcançasse maiores proporções, devido ao rápido escoamento das águas que, misturadas à lama, encobriram o leito e os passeios de dezenas de ruas, chegando a invadir algumas residências. Os canais transbordaram, faltou luz em alguns setores e o trânsito tornou-se caótico, com grande número de carros parados com problemas no motor.

No José Menino, um bananal foi arrastado, espalhando-se as plantas por toda a Praça Washington. No Marapé, o aguaceiro destruiu trechos do canal da Avenida Moura Ribeiro, junto ao final da Rua Carvalho de Mendonça, enquanto na Rua Santa Catarina o canal entupiu novamente, depois de coberto por grande camada de lama e areia.

A queda de uma barreira da Estrada da Cachoeira praticamente isolou a Vila Zilda, um dos núcleos mais populosos de Guarujá. As chuvas provocaram ainda apreensão entre os passageiros que faziam a travessia do estuário numa pequena embarcação, quando seu mestre teve dificuldades para atracar. Uma lancha da Wison Sons teve problemas no motor e ficou à deriva, sendo auxiliada pela balsa de prefixo FB-7.

Em São Vicente, registraram-se inundações na orla e nos bairros periféricos sem, contudo, haver necessidade de remoção dos moradores da favelas, o mesmo ocorrendo em Cubatão e Praia Grande. Os postos de pronto-socorro não registraram nenhuma vítima.


Imagem: reprodução parcial da página 4 com a reportagem

NOVAMENTE A CHUVA

Em 1974, a advertência

Em 1974, portanto, há quatro anos, baseado em estudos criteriosos sobre a situação das galerias pluviais da Cidade, o então secretário de Obras, engenheiro José Garcia da Silveira, fez soar um alarma: Santos aproximava-se de uma fase em que, se não fossem adotadas urgentes medidas, ficaria envolvida no mais completo caos, cada vez que chovesse forte. O alarma não foi verbal, e sim por escrito, com um endereço certo: a Prodesan, que na época já aglutinava as principais atividades antes desenvolvidas por duas secretarias municipais, a de Obras e a de Serviços Públicos.

Mais do que isso, a Prodesan recebeu um estudo detalhado sobre o que na época ficou designado como os pontos críticos de enchentes. Num mapa especialmente elaborado, traços em azul, preto e vermelho indicavam, com pormenores, quais os pontos da Cidade onde as galerias pluviais já estavam sobrecarregadas ou entupidas, ou mesmo quebradas, necessitando de reparos. Em seguida, a própria Prodesan aperfeiçoou os estudos e surgiram novos mapas, diagramas e relatórios, que indicavam este aspecto principal: o sistema de drenagem de Santos não dava mais vazão às águas, nos dias de forte precipitação pluviométrica.

Os primeiros orçamentos para obras situaram-se em torno de Cr$ 80 milhões. Esse cálculo, em 1977, foi reajustado pelo presidente da Prodesan, engenheiro José Lopes dos Santos Filho, para cerca de Cr$ 250 milhões. E no início do ano José Lopes revelou a sua nova estimativa de custo: Cr$ 350 milhões. Dos aproximadamente 100 pontos críticos inicialmente localizados pela Secretaria de Obras, a situação evoluiu, em 1976, para mais de 300 pontos críticos, e agora falta que a Prefeitura e a Prodesan se atualizem, para que se conheça exatamente quantos locais de enchentes existem na Cidade, considerando-se as galerias que deixaram de funcionar no ano passado.

"Vamos pedir a São Pedro que faça parar as chuvas" e "A solução é São Pedro entrar na Arena", são algumas das recentes declarações do prefeito Antônio Manoel de Carvalho, quando a imprensa solicitou informações sobre providências efetivas no âmbito da administração municipal. O prefeito tem repetido, também, que em termos de drenagem todo o esforço do seu governo foi direcionado em benefício dos bairros da Zona Noroeste, de forma que a parte mais pobre da Cidade já não sofre tanto as inundações de antigamente.

O prefeito alega, ainda, que a própria imprensa nos últimos anos reclamou melhorias no sistema de drenagem da Zona Noroeste, o que também é um fato. Mas outro fato, esse divulgado recentemente pela Prodesan, é que em termos de volume de obras a Zona Noroeste tem absorvido mais de 60 por cento dos investimentos, cabendo menos de 40 por cento para a Zona Leste 9incluindo-se todas as praias) e o Centro. O que o  prefeito e o presidente da Prodesan ainda não explicaram é em que medida, atendendo-se prioritariamente a uma zona da Cidade, houve desequilíbrio em outras áreas.

Uma outra declaração repetida pelo prefeito é que a administração municipal tem contado com facilidades para obter recursos do Projeto CURA, Fundo de Desenvolvimento Urbano, Caixa Econômica Federal, BHN e Banco do Brasil, para aplicação nas obras de drenagem da Zona Noroeste, e que a contestação dos benefícios aos moradores daquela parte da Cidade poderia constituir-se em séria contradição às campanhas anteriormente dirigidas em favor daqueles mesmos moradores.

Mas, ao mesmo tempo, Carvalho alega que não dispõe de meios suficientes para desenvolver todas as obras cuja necessidade é reconhecida há quatro anos, em prol do sistema de drenagem da Zona Leste e do Centro. Uma das razões está claramente contida na declaração que o prefeito fez, logo após a última reunião com o secretariado municipal, quanto ficou decidida a contenção das despesas da Prefeitura: os gastos com o funcionalismo público evoluíram percentualmente, nos últimos anos, e agora absorvem 48 por cento da receita de Santos.

As repercussões na Câmara

Um requerimento do vereador Noé de Carvalho (MDB), em que solicitou urgentes providências, ao prefeito Antônio Manoel de Carvalho, para a desobstrução das bocas-de-lobo, provocou na noite de ontem, durante sessão da Câmara, cerca de uma hora de acirrados debates entre vários vereadores oposicionistas e um dos vice-líderes da Arena, Matsutaro Uehara. O autor da propositura sugeriu inclusive que a Prefeitura, "caso não disponha de meios materiais", recorra ao auxílio da população, em forma de mutirão.

"Se pegarmos uma chuva pequena, mas com maré alta - afirmou Noé -, não teremos condições de sobreviver. O entupimento das galerias, pela sujeira, é um mal que a cada chuva está mostrando o grau de periculosidade que estamos enfrentando".

O vereador fez restrições ao fato de o chefe do Executivo responsabilizar São Pedro pelas chuvas: "Se é ele que nos manda a chuva, ele está no seu papel. Mas, não podemos concordar com essa ironia em um caso sério como este. Há pouco tempo, quando chovia muito, apenas 10 por cento da Cidade sofria inundações. Agora, basta chover um pouco, e 80 por cento das ruas ficam alagadas. Nem os veículos têm mais condições de trafegar".

Uehara não concordou com as críticas da Oposição e procurou defender o Executivo, fazendo comparações, que irritaram os emedebistas, citando também São Pedro. "É evidente - observou - que o MDB utiliza um argumento como o das chuvas para criticar o prefeito. Mas, se a maré está cheia, as inundações ocorrem por culpa da natureza. Nos Estados Unidos, conforme noticiaram os jornais, as águas atingem até oito metros de altura. Aqui. se subirem meio metro, já acusam o prefeito de culpado pelo fato. Mas, logo teremos a maré vazante, e a água vai escoar".

Aldo Hernandes culpou "a briga" entre a Sabesp e a Prefeitura pela situação da Cidade, dizendo que as bocas-de-lobo "não engolem nem água", enquanto Mantovani Calejon, Eduardo Castilho e Moacir de Oliveira intervieram também para responsabilizar a Prefeitura. Matsutaro Uehara concordou com os termos do requerimento e, por isso, ele foi aprovado por unanimidade.


O jornal abriu manchete para o fato

Foto publicada com a matéria, na página 4

Há 50 anos, a tragédia que abalou Santos

No dia 8 de março de 1928, o comerciante Zico Borges dirigiu-se aflito à Prefeitura de Santos e pediu que se vistoriasse a encosta do Monte Serrate, atrás da antiga Santa Casa. Uma comissão chefiada pelo diretor de Obras da Prefeitura, engenheiro Octávio Ribeiro de Mendonça, esteve no local no dia 9 e constatou a abertura de pequenas fendas naquela parte do morro. O engenheiro comunicou-se com o vice-prefeito em exercício, Benedicto Pinheiro, que estabeleceu a construção de valas no alto do morro, aconselhando a mudança das pessoas para outro local.

As primeiras providências nem chegaram a ser tomadas: todo o trecho do morro deslizou, no dia 10, soterrando dezenas de casas e destruindo parte do Hospital da Santa Casa e causando a morte de mais de 80 pessoas. Foi a maior catástrofe que Santos conheceu até o momento. As fendas do morro foram provocadas pela chuva intermitente daquela semana de março, exatamente como vem ocorrendo neste ano de 1978, ano de 50º aniversário daquela tragédia, conhecida pelos mais velhos como "a hecatombe".

Há, ainda, sobreviventes da época. Mas os relatos mais impressionantes da tragédia foram deixados nas edições de A Tribuna dos dias 11, 13, 14, 15, 16, 17 e 18. Durante esses dias, este jornal publicou todo o desenrolar dos fatos, ocupando sempre a primeira página com a mesma manchete "Horrorosa Catastrophe Enluta a Cidade", além de outros subtítulos com as principais notícias dos dias anteriores. No dia 11, a A Tribuna abriu subscrição popular em favor das famílias das vítimas, aceitando qualquer quantia. O jornal e seu proprietário, M. Nascimento, entraram, cada um, com um conto de réis. Ao final da campanha, que se estendeu até o dia 31 de março, Giusfredo Santini entregou a quantia total arrecadada, mais de 20 contos de réis, à Prefeitura. Outra campanha paralela arrecadou um mil e quinhentos contos de réis, entregues à Santa Casa.

Assim que as agências de notícias passaram a emitir fatos relativos à tragédia, pelos aparelhos de teletipo, começaram a chegar comunicados de solidariedade de todas as capitais brasileiras, e também dos governos de Portugal, Itália, França, Estados Unidos, Inglaterra, Argentina, Uruguai e Espanha.

Em Curitiba, os ônibus trafegaram durante o dia 16 de março sem preço fixo e a população contribuía com o que quisesse, em benefício das vítimas da catástrofe do Monte Serrate; no Rio de Janeiro, capital do País na época, os escoteiros passaram uma lista ao longo da Avenida Rio Branco, a mais importante via carioca, enquanto a Confeitaria Colombo - onde se reuniam os intelectuais - colaborou com toda a féria do dia 15, alcançando quaro contos de réis.

Em Santos, os comandantes dos navios atracados no porto também entregaram listas de auxílio à Prefeitura e à Santa Casa, assim como várias rendas dos circos que estavam na Cidade também foram revertidas em benefício das vítimas. As rendas dos jogos de futebol e das sessões teatrais daquela semana também passaram às famílias das vítimas.

Uma semana depois da tragédia, ainda se encontravam corpos soterrados. O deslizamento destruiu por completo a serraria de Domingos Pinto & Cia. (proprietário da área que deslizou, onde exploravam também uma pedreira); um depósito de material de construção; uma fábrica de ladrilhos; a sala de operações, vários quartos, o necrotério e a cozinha do Hospital da Santa Casa da Misericórdia; várias casas da Travessa Rubião Júnior; as casas de 11 a 25 da Travessa da Santa Casa; e as casas de números 1, 2 e 3 do cortiço existente no imóvel 25 da mesma travessa.

Bombeiros e policiais da Capital trabalharam durante alguns dias em Santos, auxiliando seus colegas da Cidade no serviço de busca de mortos. O presidente do Estado de São Paulo, Júlio Prestes, acompanhou pessoalmente os trabalhos de remoção, tendo o apoio do presidente da República, Washington Luís.


As águas subiram de forma acentuada

Foto publicada com a matéria, na página 4

São Vicente sob clima de preocupações

SÃO VICENTE - Embora não tenha ocorrido nenhum caso de desabrigados ou desmoronamentos, havia ontem à tarde em São Vicente grande expectativa com relação aos problemas que poderiam surgir por causa das chuvas que caíram durante todo o dia. É que na região dos diques o nível dos canais estava subindo assustadoramente e, no final da tarde, principalmente na favela do Sambaiatuba, os moradores já começavam a ficar apreensivos, sem manifestar, contudo, intenção de abandonar suas residências.

Por outro lado, na área central e orla das praias, as ruas e avenidas estavam praticamente intransitáveis. No início da Avenida Quintino Bocaiúva, que serve de acesso à Rodovia dos Imigrantes, a água - avermelhada, por causa da lama - escoria do Morro do Itararé, cobrindo uma extensão de cerca de 100 metros. Os veículos que transitavam por aquela avenida, com destino à praia, não podiam pegar a Rua Messia Açú, onde a água atingia cerca de meio metro. Os motoristas, então, seguiam na contramão pelo trecho da Quintino Bocaiúva, logo após os trilhos da Fepasa.

A situação nos diques - Na região dos diques, a única área onde os moradores estavam tranquilos era no México-70. O nível do canal do Rio D'Avó, que é o principal responsável pelas inundações naquele núcleo, era normal, e no Canal dos Barreiros a água não ameaçava transpor o dique.

Porém, no Sambaiatuba, o canal da Avenida do Contorno era motivo de preocupações. Apesar de a maré estar baixa, aquele curso de água, por volta das 19 horas, estava quase transbordando. Os moradores das imediações mostravam-se apreensivos quanto à possibilidade de os detritos impedirem a passagem das águas sob a ponte da Avenida Augusto Severo. Neste caso, as probabilidades de uma grande enchente naquela área seriam bem maiores.

Nos bairros da periferia, repetiram-se os problemas de sempre. A Cidade Náutica ficou parcialmente isolada, pois, devido a obras que estão sendo realizadas na Avenida Humberto de Alencar Castelo Branco, a água não escoava com rapidez e formavam-se grandes poças de água, impedindo a passagem de veículos. Na Vila Margarida, as ruas transversais à Avenida Mascarenhas de Morais apresentavam-se quase todas alagadas. Isto, aliado ao fato de que aquelas vias públicas não são pavimentadas, causava sérios transtornos para o tráfego de veículos.


Nesse ponto de Guarujá, só pedestres e ciclistas podiam passar, ainda assim com dificuldade

Foto publicada com a matéria, na página 4

Vila Zilda isolada

GUARUJÁ - Vila Zilda, um dos núcleos mais populosos de Guarujá, está praticamente isolada da sede do município, em razão da queda de uma barreira na Estrada da Cachoeira. O acidente, segundo moradores, ocorreu ontem por volta das 15 horas, quando a chuva atingiu índices que chegaram a deixar apreensiva toda a população da área.

Paralelamente, o mau tempo provocou temor em cerca de 20 pessoas que se encontravam na pequena lancha da empresa Barcos Santos-Guarujá S.C. Ltda., que fazia a travessia do estuário, sendo necessária muita perícia por parte do mestre para evitar problemas no momento de atracação. Às 17 horas, quando os ventos dificultavam ainda mais as manobras, uma embarcação da Wilson Sons, defronte do flutuante do lado de Santos apresentou defeito no motor e ficou à deriva, sendo resgatada pela balsa de prefixo FB-7.

Conforme moradores da Vila Zilda, recentemente ocorreu semelhante deslizamento na Estrada da Cachoeira. Na época, para facilitar o trânsito dos pedestres, foi construída uma pequena ponte de madeira para a travessia do trecho. Passados alguns dias, a barreira foi removida, mas a pequena ponte foi mantida "para qualquer eventualidade".

Durante a tarde de ontem, após o acidente, o único acesso à Vila Zilda era a pequena ponte, já apelidada pela população da área como "minhocão". Os moradores eram obrigados a deixar seus veículos defronte da Escola Estadual de Primeiro Grau do Bairro da Cachoeira. Alguns deles, contudo, preferiam deixar seus veículos em Guarujá, pois temiam que outros problemas viessem a ocorrer.

Com isso, todos foram obrigados a andar, pela lama, cerca de dois quilômetros, distância entre a Piaçaguera-Guarujá e a Vila Zilda. No núcleo, a situação era semelhante, com as vias apresentando precárias condições de tráfego. A Rua 3, por exemplo, teve seu leito coberto pelas águas, que chegaram a invadir algumas residências. Mas, segundo um morador, a Prefeitura era a culpada, "pois nem se lembra que a Vila Zilda existe. Ou melhor, há pouco tempo, fomos lembrados, pois ganhamos o lixão, de onde, nos dias de sol, exala um mau cheiro insuportável".

Vila Baiana - A Vila Baiana, uma das favelas de Guarujá, também foi bastante atingida pelas fortes chuvas que caíram na tarde de ontem. Como ocorre normalmente, a lama que desce pelas encostas do morro invadiu alguns barracos, atingindo os poucos móveis existentes.

Na Vila Santo Antônio, localizada nas proximidades da Via Santos Dumont, também ocorreram inundações, principalmente nas ruas Antônio Luís das Neves, das Margaridas e Alameda das Palmas. Nesta área, o principal problema são as bocas-de-lobo, entupidas, que não dão vazão às águas.

Em Vicente de Carvalho, a área próxima ao Rio Santo Amaro foi a mais atingida, principalmente na área paralela ao aterro da Rede Ferroviária. A Via Santos Dumont também teve trechos completamente inundados.

As balsas - A travessia entre Guarujá e Santos, durante a tarde de ontem, foi feita com alguma dificuldade, pois, além dos fortes ventos, as condições do mar dificultavam as manobras de atracação. Por volta das 17,30 horas, chegou a se formar uma pequena fila ao lado de Guarujá.

A travessia de pedestres, nas barcas Guarujá e Enseada, causou problemas para os usuários. Na Guarujá, por exemplo, havia janelas sem vidros, obrigando os passageiros a permanecerem de pé. A Enseada encontra-se com problemas de vedação, pois, apesar das janelas fechadas, os bancos permaneciam molhados.

Em Cubatão - Às 21 horas de ontem, a situação era normal, em Cubatão, apesar das chuvas, de acordo com a equipe de plantão no Destacamento de Bombeiros da cidade. A maré alta, que fez transbordar o Rio Casqueiro, inundando as áreas ribeirinhas da Vila Siri - sem contudo atingir nenhum barraco - começou a voltar ao nível normal por volta das 17 horas. Com isso, também recuaram as marés de ressaca nos mangues da Vila Parisi, e as águas do canal da Vila Socó escoaram normalmente para o Rio Laranjeiras.


Muitos estabelecimentos comerciais sofreram prejuízos

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A repetição do velho problema

A partir das 16,30 horas da tarde de ontem, as chuvas que, desde a manhã, se desenhavam nas nuvens escuras que cobriam toda a Cidade, começaram a cair violentamente. Meia hora depois, as ruas já se encontravam completamente alagadas e às 20 horas, quando, finalmente, o temporal cedeu, já se tinha uma certeza: foi a maior inundação dos últimos anos.

O caos estava espalhado por toda a Cidade. Nas vias públicas, as pessoas tentavam empurrar carros danificados; nas calçadas, homens, mulheres e crianças caminhavam rapidamente em busca da casa, do ponto de ônibus, do táxi ou de um lugar mais seguro.

Conselheiro - A Avenida Conselheiro Nébias, como sempre, foi uma das primeiras a entrar em estado de calamidade com o temporal, com todas as suas esquinas completamente alagadas, principalmente na altura das ruas Júlio de Mesquita e Luiza Macuco. Na Afonso Pena, o trânsito ficou totalmente congestionado, verificando-se um enervante apelo às buzinas, o que, em razão dos carros encalhados, resultou apenas em uma inútil barulheira. Muita água também penetrou pelo estacionamento do Supermercado Eldorado, causando transtornos para quem estava realizando compras.

No Boqueirão, o mesmo caos, acentuadamente na esquina entre as ruas Pedro de Toledo e Epitácio Pessoa. A partir desse ponto até a praia, a água subia acima das rodas dos automóveis, repetindo-se as cenas de carros parados ou entrando pelo passeio dos jardins, na desesperada tentativa dos motoristas em buscar opções de tráfego ou simplesmente conseguir resguardar, por momentos, seus veículos da ameaça das águas. Além disso, várias garagens de prédios do Boqueirão foram inundadas, o mesmo acontecendo com o Restaurante Cibus, este em razão das marolas provocadas pelos ônibus que ainda conseguiam trafegar.

Os canais - Os canais 5 e 6 transbordaram, aumentando o caos que se verificava junto ás vias paralelas e transversais às praias. Pela Avenida Vicente de Carvalho, na hora mais crítica do temporal, entre 16,30 e 17 horas, só mesmo ônibus com motores em bom estado podiam trafegar em direção à Ponta da Praia. Os motoristas invadiam passeios e ilhas, esperando que as chuvas amenizassem, já que era impraticável qualquer outro tipo de tentativa. Os bares e as padarias também foram invadidos pelas águas, forçando os proprietários e empregados a removerem móveis e equipamentos diversos.

Por volta das 18 horas, o acesso à praia, a partir da Afonso Pena, esquina com a Pedro Lessa, pelos canais 4, 5 e 6, estava totalmente comprometido.

Depois do Aquário, até o Boqueirão, o tráfego praticamente parou, registrando-se várias cenas de pessoas empurrando carros ou simplesmente desistindo de qualquer iniciativa.

Pela calçada, puxada pela mão da mãe, uma garotinha franzia o rosto castigado pelos pingos de chuva, resistindo aos passos rápidos que era obrigada a seguir. Não demorou muito e chorou, assustada com o caos que via à sua volta. Ganhou o colo e afundou a cabeça, não querendo olhar mais para a Cidade.

Água logo escoou

Com a chuva de ontem, a Cidade voltou a ser inundada novamente. Mas a água escoou logo, devido à maré vazante. Ficaram a lama nas ruas, as crateras nos passeios, o sistema de drenagem entupido, as barreiras caídas, os carros parados nas avenidas, a confusão no trânsito, os estragos e os prejuízos. E a certeza de que inundações piores poderão voltar a ocorrer, se uma chuva forte coincidir com a maré cheia. Felizmente, dessa vez nenhuma vítima foi registrada.

Logo no final da tarde, começavam a registrar-se as primeiras consequências das chuvas, com inundações em ruas da Ponta da Praia, do José Menino e da Vila Mathias, principalmente. O Marapé veio em seguida, e logo o restante da Cidade estava sendo afetado pelas inundações. O trânsito era difícil na Rua Lucas Fortunato, onde as águas, em muitos pontos, chegavam acima dos joelhos.

Outro lugar atingido pela chuva foi o situado junto ao Centro de Cultura, na confluência das avenidas Pinheiro Machado e Francisco Manoel. Lá, apenas as muretas existentes nas laterais dos canais eram vistas, embora também estas, em alguns pontos, estivessem cobertas pelas águas. Automóveis e até mesmo um caminhão não conseguiram vencer o trecho alagado, parando.

A Avenida Pinheiro Machado rapidamente se tornou intransitável, nos dois sentidos, em grande parte de sua extensão. Enquanto um caminhão parava, próximo da Avenida Cláudio Manoel da Costa, com problemas no motor, causados pelas águas, pacientemente um paralítico de idade avançada, com sua cadeira de rodas, ia vencendo as águas, que lhe chegavam até à cintura.

Na Rua Professor Reinaldo Porchat, mais uma vez os moradores de um prédio de garagem subterrânea mal tiveram tempo de retirar seus carros: em poucos instantes o local estava com água na altura de dois metros, enquanto na rua o nível alcançava os joelhos dos transeuntes. Nesse trecho, os motoristas que seguiam pela Pinheiro Machado procuravam as vias internas do bairro, porque não havia condições de prosseguir pela avenida.

Toda a região conhecida como Fundão do Marapé (entre as ruas Ana Neri e Carvalho de Mendonça) apresentava as ruas inundadas, com a água cobrindo os passeios e ameaçando entrar nas casas. A grande quantidade de lama, detritos e pedras que desciam o morro provocavam problemas nos canais das avenidas Nilo Peçanha e Moura Ribeiro, principalmente junto à Rua Carvalho de Mendonça. Isso ocorria porque o acesso existente no final dessa via - ainda sem a pavimentação completa - permitia a descida de grande quantidade de areia e pedras, que, com a forte torrente de água, provocou a ruptura e o desmoronamento de grandes trechos do passeio e das laterais do canal.

Quanto à Avenida Brasil, que liga a Rua Carvalho de Mendonça ao Bairro de Nova Cintra, pelo alto do Morro do Marapé, apresentava-se totalmente às escuras, inclusive sem iluminação nas casas. Mas os problemas da Avenida Moura Ribeiro eram maiores entre a Rua Alfredo Albertini e a Praça Cândido Portinari: toda a região estava coberta por 30 centímetros de água.

Na esquina das avenidas Moura Ribeiro e Pinheiro Machado, a confusão no trânsito era total, com carros estacionados nos jardins, nos passeios e mesmo na pista que circunda a praça. A pista Praia-Centro da Pinheiro Machado permitia apenas a passagem de ônibus, e todos os motoristas que chegavam àquele local eram obrigados a desviar para as ruas internas, também alagadas, criando-se a confusão, que perdurou mesmo depois que as águas haviam baixado consideravelmente no trecho. Ali, o alagamento foi maior que durante as chuvas de terça-feira.

José Menino - Mas os piores problemas foram registrados no Bairro do José Menino: junto ao início da Rua Santa Catarina, onde existe uma gruta, caiu um bananal existente na encosta do morro e troncos de bananeiras eram vistos até defronte do Orquidário. Em consequência da queda das árvores, da grande quantidade de areia e água que desciam do morro e ainda de um problema no escoamento das águas no canal de Praça Washington - que de há muito os moradores da região vêm denunciando -, em poucos instantes nem o canal era mais visto. Inúmeros carros ficaram atolados naquele lugar, inclusive oficiais, como uma camioneta da Sabesp, que parou no início da Rua Santa Catarina.

Nesse lugar existe uma caixa de contenção de areia para evitar a obstrução do canal. Embora essa caixa tivesse três metros de profundidade, tal era a quantidade de areia que se podia passar a pé sobre ela. Até um ônibus quase ficou atolado ao tentar passar por ali, mas o motorista, percebendo a situação, voltou. Já uma perua não teve essa sorte, ficando atolada na lama, enquanto motorista e acompanhante procuravam tirá-la dali. Toda a região ficou inundada e até os trólebus sofreram as consequências: dois deles eram vistos parados na esquina das avenidas Francisco Glicério e Pinheiro Machado.

O panorama era idêntico em grande parte das ruas do Campo Grande e Gonzaga. Na Avenida Floriano Peixoto, nenhum motorista se atrevia a seguir o sinal verde dos semáforos: uma camada de mais de meio metro de água na via desanimava mesmo os mais corajosos. Situação semelhante era registrada em vários trechos da Avenida Bernardino de Campos, onde a altura das águas na pista era ainda superior à das águas do Canal 2. O motorista que viesse pela praia era obrigado a desviar pela Avenida Francisco Glicério, seguindo até a Avenida Ana Costa, a única desimpedida na região.

No Pronto-Socorro Central, apesar de tudo, nada foi registrado até às 21 horas, e no posto policial ali existente a última ocorrência era registrada às 13,30 horas, bem antes do início das chuvas. Estas começaram a diminuir por volta das 20 horas e a Cidade iniciava a volta à normalidade uma hora depois.

Ao contrário do que muitos santistas pensaram, tanto ontem como na terça-feira, no momento pior das enchentes - por volta das 19,30 horas -, a maré estava em seus níveis mínimos. Ontem, era registrada maré alta às 15,19 horas (1,4 metro) e mínima de 0 metro às 21,34 horas, voltando a 1,4 metro apenas às 3,10 horas de hoje. Isso dá a certeza ao santista de que, se naqueles momentos a maré - ao contrário do que ocorreu - estivesse alta, a inundação teria sido muito pior. O que ainda pode vir a ocorrer.

Queda de barreira - Por volta das 21 horas, uma guarnição do Corpo de Bombeiros foi chamada para desobstruir a via de acesso ao Morro de Santa Terezinha, próximo ao portão do pedágio daquela elevação, onde caiu uma barreira. A estrada ficou afetada pelo volume de terra, pedra e árvores que desabaram em consequência das fortes chuvas.

Anchieta/Imigrantes - Tanto a Dersa como a Polícia Rodoviária confirmaram trânsito normal na Imigrantes e na Via Anchieta, registrando-se muita chuva, vento e neblina na região da Baixada Santista. Até às 21,30 horas de ontem não havia nenhuma informação sobre deslizamentos na Serra, não se confirmando dessa forma queda de barreiras em ambas as rodovias que ligam o Planalto à Baixada.

Graciana ataca - "Por fora bela viola; por dentro, pão bolorento". Assim, a suplente de vereador do MDB, Graciana Miguel Fernandes analisa o estado de muitas ruas e avenidas da Cidade. "Não adianta um asfalto bonitinho, se a rua não possui uma rede de drenagem em condições", disse Graciana.

A suplente de vereador reside à Rua Pernambuco, um dos pontos críticos, no que diz respeito às inundações. Ontem, logicamente, Graciana voltou a enfrentar muitos contratempos, em virtude das fortes chuvas que começaram por volta das 15 horas. Eram 19 horas e a Rua Pernambuco continuava inundada, levando seus moradores ao desespero e à revolta. A loja de artigos de umbanda de Graciana não escapou à fúria das águas, deixando-a nervosa a ponto de desabafar: "Entra prefeito e sai prefeito, mas esse problema vergonhoso não tem fim. Esses administradores têm que esquecer um pouco a política e se dedicar mais à Cidade, que desde 1910 enfrenta problemas com enchentes.

Graciana lembrou que desde 1951 providenciou diversos requerimentos no sentido de que a Prefeitura corrigisse as falhas de dragagem. "Infelizmente cheguei à triste conclusão de que os prefeitos não se dedicam à Cidade, preferindo cuidar da política", disse Graciana, que é candidata a deputada estadual e que promete "muito empenho visando solucionar problemas crônicos da Cidade, como esse da dragagem".


O motorista da Kombi não se atemorizou

Foto publicada com a matéria, na página 5

No Gonzaga, "rios" caudalosos e muitas inundações

A área formada pelas avenidas Ana Costa, Marechal Deodoro e ruas Bahia e Luís de Faria foi bastante afetada pelas chuvas, sendo que alguns pontos daquela área mais pareciam rios caudalosos, causando apreensão entre os moradores. Até mesmo na Avenida Ana Costa, as inundações causaram transtornos, principalmente no trecho entre a Praça da Independência e a Rua Azevedo Sodré, na pista Centro-Praia. A situação também ficou caótica em toda a extensão da Avenida Vicente de Carvalho, com os motoristas buscando refúgio no canteiro central.

Para os moradores próximos à orla da praia, as inundações parece que já se tornaram rotina. "Adianta reclamar, esbravejar? O negócio é levar na esportiva!", disse um morador da Rua Tolentino Filgueiras. A presença do carro da reportagem foi alvo de muitas observações por parte de pessoas residentes nas ruas totalmente inundadas. "Pena que a minha canoa está na oficina, e por isso não poderei ir até o Centro", comentou um comerciante da Avenida Marechal Deodoro, onde muitos carros ficaram bloqueados. Na Rua Pernambuco, as águas também subiram bastante e era quase que impossível o tráfego de veículos, o mesmo ocorrendo na Rua Euclides da Cunha, em quase toda a extensão.

A Avenida Bernardino de Campos, entre a Avenida Francisco Glicério e a praia (pista Centro-Praia) também transformou-se num rio temporário, o que prejudicou bastante o movimento de veículos. O trânsito ficou congestionado na Avenida Floriano Peixoto entre o Canal 2 e a Praça da Independência, problema que se agravou com a presença dos trólebus.

Na Avenida Vicente de Carvalho, a inundação atingiu as duas pistas e a situação chegou a tal ponto que os motoristas tiveram que buscar proteção no canteiro central, porque os veículos não tinham condições de trafegar. A área ajardinada junto aos abrigos localizados no final da Avenida Conselheiro Nébias transformou-se em estacionamento, com os motoristas na expectativa de que as águas baixassem. O trecho da Conselheiro Nébias entre a Epitácio Pessoa e a praia também ficou totalmente inundado e como consequência os problemas de trânsito, com diversos veículos morrendo em plena pista. As alunas do Colégio Stela Maris ficaram durante algum tempo retidas no galpão, já que o pátio do estacionamento ficou inundado.

Rua Osvaldo Cruz - Em pouco menos de cinco minutos, a Rua Osvaldo Cruz - nas imediações do Super Centro do Boqueirão - ficou totalmente alagada, preocupando seriamente os lojistas instalados junto às entradas principais do complexo comercial. Ainda na mesma rua, estudantes do Colégio Santa Cecília ficaram ilhados durante mais de uma hora, já que, em frente à escola, a água subiu a mais de 40 centímetros de altura.

Inúmeras ruas do Boqueirão ficaram alagadas completamente, fazendo com que muitos carros ficassem sem condições de funcionamento, ao mesmo tempo em que os proprietários sofreram prejuízos de pequena monta. Alguns veículos, deixados desbrecados junto aos meios-fios, acabaram sendo deslocados, [tal] era a força da água no momento em que a chuva se tornou menos intensa e a captação das bocas-de-lobo ficou maior.


A confusão terminou se generalizando

Foto publicada com a matéria, na página 5

Carros destruíram os jardins da praia

O motorista de um táxi Gálaxie de São Paulo encontrou apenas uma saída para seguir seu trajeto pela avenida da praia: entrou com o carro nos passeios centrais dos jardins. Assim, pôde escapar da inundação, que não permitia o trânsito ao longo de toda a Avenida Bartolomeu de Gusmão, na Praia. Os outros motoristas dos carros estacionados entre os canais 5 e 6 seguiram o exemplo do táxi e também trafegavam pelos jardins, arrancando arbustos, pequenas árvores e estragando as plantas e flores ali plantadas. De nada adiantou o alerta de um senhor que estava defronte do Escolástica Rosa: ninguém respeito seus pedidos de parada.

Na Rua Januário dos Santos, uma Brasília e um Chevetti ficaram parcialmente cobertos pela água, que obrigou o fechamento dos bares e lojas das proximidades. Havia mais de um metro de água nesse local e, sob os olhares curiosos das pessoas que se encontravam ali, um rapaz avançou com sua motocicleta, cobrindo-a até o tanque de gasolina, e conseguiu atingir a Avenida Epitácio Pessoa sem que o motor do veículo parasse.

Vários ônibus da CSTC e da Viação mudaram seus itinerários, tentando escapar das ruas inundadas. Um deles trafegou pela Rua Januário dos Santos, até a praia, provocando verdadeiras ondas por onde passou.

Por volta das 17,30 horas, os motoristas faziam qualquer coisa para voltar para casa: trafegavam com seus carros pelos canteiros centrais, na contramão da Avenida Bartolomeu de Gusmão, em marcha à ré, com os faróis altos e até mesmo em velocidade excessiva. As cenas mais comuns: homens, mulheres e crianças empurrando automóveis; gente completamente molhada pedindo carona; e crianças nadando pelas ruas.

Ratos mortos - Uma das moradoras da Rua Manoel Vitorino entrou em contato com a redação de A Tribuna, no final da tarde, informando que surgiram vários ratos mortos no trecho compreendido entre a rua onde mora e as ruas Luís de Faria, Pasteur, Bahia e Paraguai: "Sempre que chove temos problemas com o esgoto e o mau cheiro atinge todas as residências. Hoje foi demais e apareceram vários ratos mortos. Os moradores desta área estão apreensivos com as doenças que podem vir com os ratos. Há muitas crianças nas proximidades. A maioria das casas possui porões habitáveis e tiveram seus móveis destruídos pela inundação".

As classes do Colégio Dino Bueno foram atingidas pela água das chuvas e a área onde está situado, na Avenida Ana Costa, inundou.


Na hora do aperto, dezenas de motoristas não tiveram outra alternativa e invadiram os canteiros

Foto publicada com a matéria, na página 5

CHUVA


O santista enfrentou problemas na Cidade inteira, passando momentos difíceis nas mais diversas situações e circunstâncias, até que a água começasse a baixar

Foto publicada com a matéria, na página 36 (última)

 


Crianças que voltavam da escola molharam-0se até os ossos

Foto publicada com a matéria, na página 36 (última)

 


Em pouco tempo, as ruas transformaram-se em caudalosos rios

Foto publicada com a matéria, na página 36 (última)

 

Noticiário e fotos do serviço local e das sucursais.

No sábado, 11 de março de 1978, A Tribuna dedicou a página 6 do jornal ao tema das chuvas e inundações (ortografia atualizada nesta transcrição):


Praias, canais e avenidas sofreram o impacto das chuvas e não escaparam dos mais variados danos

Fotos publicadas com a matéria

Na Praia, desolação e também a suspeita

Depois das chuvas e da ressaca, só mesmo os surfistas que se exercitam na Praia do José Menino, junto às pedras do canteiro de obras do emissário submarino de Santos, podiam ser vistos, ontem, quebrando a desolação que se estendia pela paisagem da orla marítima de Santos. Em toda a extensão da areia, da Divisa á Ponta da Praia, deparava-se com uma larga esteira de entulhos, da qual se sobressaía, além de pedaços de arbustos e de madeiras, grande variedade de objetos e materiais plásticos.

Dois urubus picavam pequenos peixes mortos que poderiam ser encontrados a determinados espaços juntamente com conchas de mariscos. Um homem negro remexia, pacientemente, todo o lixo devolvido pelo mar, catando aqui e ali tocos de velas de mandingas passadas. Ao ser perguntado sobre o porquê de ele estar executando aquele serviço, explicou que, todas as vezes em que há ressaca, faz a catança dos pedaços de velas, a fim de vendê-los para uma firma que retransforma o material. Não falou nada de si e tampouco mencionou o seu nome, porque "a ninguém interessaria a sua história".

Pelos canais, cerca das 15 horas, exatamente no ponto abaixo das comportas desativadas, as águas da maré provocavam grandes vagalhões, devido ao encontro com as que procediam da Cidade. Um pouco adiante dessa minipororoca, as muretas, de cerca de 30 centímetros de altura, que a Sabesp construiu quando realizava a obra do interceptor oceânico, e que até hoje, não se sabe, ao certo, com que objetivos, também dificultavam o escoamento das águas, represando, inclusive, o lixo em diversos canais.

Segundo os rumores, essas muretas contribuem bastante para que a inundação das ruas da região da orla, durante os temporais pesados, se processem de maneira bem mais rápida do que ocorria em tempos anteriores à sua construção. O fato é que as muretas vedam os fundos dos canais, permitindo que o fluxo das águas vaze apenas por dois pequenos desvãos, espécies de janelas que caracterizam os seus moldes.

Camaroneiro afundou - O camaroneiro Carajá, de propriedade de Mílton Aynu Shiraki, afundou ontem, junto ao píer do Entreposto de Pesca de Santos, durante as intensas chuvas combinadas com a maré cheia.

Segundo informações dos pescadores, a embarcação estava atracada próxima de um assoreamento de areia, e, à medida em que foi balançando com o volume de águas que aumentava, veio a pender e, logo em seguida, começou a ser inundada até afundar, quase que completamente, restando apenas os seus mastros de fora.

Ainda é difícil calcular-se os danos do barco, e só mesmo quando for erguido - o que deve ocorrer hoje, no ponto mínimo da maré - , é que seu proprietário fará uma verificação mais apurada.

Morros e Noroeste bem castigados

Desmoronamento na maioria dos morros, rede de trólebus paralisada, barracos destruídos ou soterrados, muitos desabrigados, confusão geral no trânsito, mais de meio metro de água na maioria das vias, cortes em eletricidade e água em alguns pontos, carros atolados, áreas isoladas e sem comunicações, destruição e interdição de vias públicas - estes os primeiros resultados das chuvas de ontem que, somadas às que vêm assolando a Cidade nos últimos dias, formam um quadro sombrio, marcado pela ameaça de ocorrência de tragédias.

Parte da encosta do Monte Serrate deslizou em direção à Av. Rangel Pestana, atingindo as dependências da Light e da Companhia Santista de Transportes Coletivos. Os bombeiros estiveram ontem pela manhã no local e concluíram pela necessidade de desativação temporária de uma rede de alta tensão, ameaçada em caso da possível queda de uma nova barreira. Essa rede, que desce a encosta do Monte Serrate, fornece energia elétrica à casa de força dos trólebus, serviço que a CSTC já havia desativado, pois os veículos não podem trafegar com os relês molhados. As primeiras informações preveem a paralisação dos trólebus até domingo ou segunda-feira, mas o período poderá ser muito maior se desabar a rede de alta tensão, com a queda de outra barreira no local.

São Bento - Na manhã de ontem, o Posto Policial do Morro de São Bento registrava cinco ocorrências, todas motivadas pelas chuvas: um deslizamento junto à casa de João Menezes da Cunha, na Av. Nossa Senhora do Monte Serrat, 645, sem causar danos; soterramento total da casa da ligação 16 dessa avenida e de parte de uma casa vizinha, sem vítimas porque os moradores já haviam sido retirados; às 7,20 horas, queda de barranco junto aos nºs. 168 e 169 da Av. Nossa Senhora de Lourdes (subida do Morro do Bufo, pela Av. Waldemar Leão); a Av. Santo Antônio do Valongo, caminho de ligação com a Vila Lindóia, foi ainda mais prejudicada, devido a um deslizamento registrado junto ao nº 777; na Av. Nossa Senhora do Monte Serrate, duas barreiras caíram na pista às 6,45 horas, e durante a madrugada outro trecho desmoronou, em continuação ao processo iniciado com as chuvas de terça.

Esse caminho (acesso ao Morro de São Bento pela Av. São Francisco) fora interditado na quarta-feira. Os moradores denunciavam ainda que, na altura da Santa Casa Velha, as águas levaram a terra sob o caminho, e que os paralelepípedos seriam deslocados na passagem de qualquer veículo.

O próprio elevado sobre o túnel sofreu interdição das pistas por algumas horas, na parte da manhã, para remoção do barro.

Também a subida dos morros de São Bento e Nova Cintra, pelo Jabaquara, apresentava problemas, com pequenas barreiras caídas na terça-feira e não retiradas. Pior, entretanto, era a situação de Vila Progresso, totalmente inacessível a veículos e com acesso difícil para pedestres, comprometendo o abastecimento de gêneros alimentícios e as operações de emergência.

Na Rua Torquato Dias e imediações, na Nova Cintra, a água chegou a um metro, e um morador alertava para o perigo de desabamento de uma barreira na descida da Av. Santistas, pela Caneleira, no ponto onde, na terça-feira, caíram algumas pedras, que continuam na pista.

Centro e bairros - Até um metro de água foi registrado na parte central da Cidade, especialmente no início das ruas General Câmara e João Pessoa, onde o comércio, em decorrência disso, abriu somente por volta das 9,30 horas. Na boca, a situação era pior, tendo sido registradas duas atuações incomuns dos bombeiros: um parto, em uma casa onde a ambulância não conseguia chegar, e o resgate por meio de uma canoa, dos passageiros de um ônibus. Ao meio-dia, toda a área continuava sob meio metro de água. Na Rua João Otávio, esquina com a Rua General Câmara, havia um amontoado de carrinhos de venda de sanduíches, parcialmente destruídos.

Na Rua Eduardo Ferreira, a água rejeitada elos bueiros quase chegava às calçadas, por volta do meio-dia, enquanto nas demais a tendência era o esvaziamento. Na Rua dos Estivadores, o prédio onde funciona o sindicato da classe estava alagado, com os funcionários retirando água e lama do prédio com baldes. Quase todos os estabelecimentos da área tiveram pelo menos 20 centímetros de água em seu interior.

Situação semelhante era registrada na maioria das ruas da Vila Matias, especialmente defronte do Centro de Cultura, em toda a Rua Lucas Fortunato, na Av. Senador Feijó, na Rua Braz Cubas, Av. Rangel Pestana e no triângulo formado pelas avenidas Pinheiro Machado, Cláudio Luís da Costa e Francisco Manuel. Em todas, as pessoas andavam com água pelos joelhos e muitos carros eram vistos na contramão.

A entrada de ambulâncias da Santa Casa se havia transformado em uma lagoa.

No Marapé, inúmeras ruas permaneciam inundadas, bem como vários trechos da Av. Pinheiro Machado. Junto à Rua Joaquim Távora, parte do passeio destruído. Na altura da Rua Carvalho de Mendonça, lateral do canal levada pelas águas. Na Av. Nilo Peçanha, esquina com Carvalho de Mendonça, grandes crateras no passeio do canal, de ambos os lados da rua.

Entrada da Cidade - Na Avenida Martins Fontes, a espera média para se ir da Praça Lions até o Saboó era de mais de uma hora: um abarreira havia caído, interditando a pista em direção ao Centro. Às 9 horas, 20 funcionários da Prodesan efetuavam a limpeza do trecho interditado, enquanto os veículos que vinham do Saboó atravessavam o passeio central e seguiam pela pista contrária, até à Praça Lions. Com isso, grande parte do passeio foi destruída. Na Praça Lions, ainda, o trecho de pista que liga com a Rua Visconde de Embaré apresentava-se interditado devido à queda de uma barreira. Dois tratores, acompanhados por dois caminhões e funcionários da Prodesan, efetuavam a remoção do entulho.

Zona Noroeste - Também a Zona Noroeste se ressentiu com as chuvas, e até um metro de água foi registrado em vários pontos. Na Areia Branca, a Rua Jorge Schammass foi uma das mais atingidas, como também o Colégio Paulo Filgueiras Júnior. Elvira Machado Nascimento, da casa 234 da Jorge Shcammass, explicava que a água empoçada no final da rua era resultado das chuvas de terça-feira, pois não houve vazão. Várias casas foram inundadas nesse trecho, enquanto os moradores mostravam-se preocupados com a possibilidade de novas chuvas.

No final da Av. Manoel Ferramenta Júnior, o motorista de um caminhão carregado de tubulações de concreto de grande porte fazia desesperados esforços para retirar o veículo de um atoleiro.

Em pior situação, entretanto, encontrava-se o cavalo-mecânico de placa WF-4495, prefixo 87, da Empresa São Geraldo, cujo motorista tentou na noite de quinta-feira vencer águas de um metro de altura na Rua Professor Nélson Spíndola Lobato, caindo numa valeta, defronte do número 10 dessa via. Não conseguindo retirar o veículos naquela noite, o motorista foi para casa, próximo ao local do acidente. Durante o dia de ontem, uma carreta da empresa, auxiliada depois por um trator, procurava retirar o veículo, com pouco sucesso. Às 17 horas, o cavalo-mecânico continuava no local.

Uma pequena barreira caiu em local deserto defronte do antigo matadouro, sem maiores problemas. Na tarde de ontem, na Av. Nossa Senhora de Fátima, defronte da Rua Particular Ana Santos, havia uma enorme lagoa de água suja e lama.

Os desabrigados - Em operação conjunta entre o Serviço de Triagem da Prefeitura e o jornal A Tribuna, dois grupos de desabrigados foram atendidos e encaminhados a entidades assistenciais. Às 8,15 horas, logo após o Corpo de Bombeiros remover os moradores de várias casas de madeira existentes na encosta do Monte Serrate, defronte da Rua Tiro Naval, o barraco de porta 1, casa 5, dessa rua, era totalmente destruído por uma barreira. Choroso, o proprietário Deolino Francisco Couto contava que mal tivera tempo de retirar da casa sua mulher, grávida de cinco meses, e uma filha, acrescentando que havia perdido aproximadamente Cr$ 60.000,00 entre móveis e eletrodomésticos. A reportagem colocou-o em contato com o Serviço de Triagem da Prefeitura, informando também seu responsável, Odair Veiga.

Nas proximidades, Osvaldo Silva Santos (Rua Tiro Naval, 8) mostrava um exemplar amarelado da Gazeta do Povo, de 10/3/1928, com a manchete "Uma desgraça tremenda abalou a cidade", sobre a queda da encosta do Monte Serrate.

Às 15 horas, João Martins de Souza, da ligação 139 do Morro do Marapé, procurava o jornal, acompanhado de mulher e uma filha, para relatar que parte da encosta havia desabado sob seu barraco, motivo pelo qual ele estava desabrigado. Relatava ainda que o acesso à Avenida Brasil pela Carvalho de Mendonça estava interditado por barreiras e que as casas próximas estavam sem luz nem água. Foi encaminhado ao Serviço de Triagem, que acompanhou a equipe de A Tribuna ao local, onde verificou estarem em perigo de desabamento as ligações 108, 133, 139, 85 118 e 101, num total de 30 pessoas, divididas em 7 famílias, que a qualquer momento terão que abandonar suas residências. [N.E.: trecho cortado por falta de espaço na impressão da página, e recuperado das laudas datilografadas na época por este jornalista].

Escolas alagadas ficam sem alunos

Por determinação do delegado de Ensino de Santos, professor Romualdo ramos, as escolas da rede estadual tiveram as atividades suspensas ontem, em virtude dos problemas causados pelas fortes chuvas dos últimos dias. Também as unidades municipais e particulares não tiveram aulas. Mesmo que não houvesse nenhuma recomendação oficial para a suspensão das atividades escolares, não haveria condições de os alunos permanecerem nas classes, a maioria ainda alagada ou com o mobiliário encharcado.

Professores, diretores e funcionários ainda compareceram nas escolas nos dois primeiros períodos e algumas secretarias funcionaram. Mas o maior trabalho foi a retirada de água das salas de aula, administração e de professores e limpeza das dependências dos estabelecimentos. Na EESG Primo Ferreira, os trabalhadores que estão revisando as instalações elétricas do prédio aproveitaram o dia e adiantaram o serviço, pois somente quando não há alunos eles podem trabalhar com a luz desligada.

Quanto às providências a serem tomadas posteriormente, o diretor da Divisão Regional de Ensino do Litoral, professor João Baptista Zerbini, esclareceu que isto ocorrerá nas escolas onde a situação seja ruim a ponto de os diretores se comunicarem com a DREL, solicitando medidas daquele órgão para reparos. Mas tudo indica que não houve prejuízos de grande monta nas unidades escolares, apesar de as águas terem invadido os prédios.

O diretor da DREL agradeceu ainda ao auxílio prestado pelo Corpo de Bombeiros na retirada de estudantes das escolas, principalmente na EEPG Dino Bueno, que funciona em prédio muito antigo e de condições precárias. Conforme contou Zerbini, foi grande a colaboração dos bombeiros, principalmente na retirada das crianças das classes de pré-escolas e especiais de deficientes.

Goteiras - Um problema comum a muitos estabelecimentos de ensino são as goteiras, as maiores responsáveis pela água nas salas, apodrecendo o piso e o mobiliário. Na EEPG Padre Bartolomeu de Gusmão, localizada na Rua Itanhaém, onde os alunos já são obrigados a enfrentar um verdadeiro lamaçal para chegarem à escola - a rua não é pavimentada -, há goteiras em várias classes e o piso já demonstra a ação da umidade, com grandes manchas, que também dão um mau aspecto às paredes e cortinas. A necessidade de um reparo no telhado deste estabelecimento é grande, pois cada vez que chove as salas ficam molhadas e os alunos são prejudicados.

Com receio de provocar um curto-circuito, a diretora da EEPG Suetônio Bitencourt - unidade que já passou por várias reformas e está sempre com problemas - não ligou a força elétrica nas salas de aula, pois as goteiras estão localizadas junto às lâmpadas, o que é mais notado nas salas de números 6, 10 e 11, onde o piso está apodrecendo devido à unidade. Na última sala há uma fenda no teto, por onde cai água em abundância. A situação é praticamente a mesma de meados do ano passado, antes da última reforma, quando a diretora, mesmo com alunos nas salas, foi obrigada a colocar grandes baldes nessas salas, para aparar a água que caía das goteiras.

Os responsáveis esperam que as escolas já estejam em condições de retomar suas atividades normais na segunda-feira, pois a limpeza deverá ser providenciada durante o fim de semana. No caso de problemas com a instalação elétrica, como é o caso da EEPG Suetônio Bitencourt, a esperança é que a chuva pare e os fios sequem, evitando assim possíveis curto-circuitos.






Ninguém escapou da pelo menos um resfriado ou de uma acalorada discussão, numa manhã molhada

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