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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CLIMA
De ressacas a tromba d'água (4)

Cidade litorânea, Santos registra fenômenos meteorológicos curiosos
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Com os ventos e as tempestades que por vezes se formam, Santos às vezes fica irreconhecível, para quem vê as fotos resultantes, que às vezes lembram cenas do litoral do Caribe devastado por tufões ou mesmo uma tempestade de areia no deserto.

Após a forte ressaca registrada em 26 de abril de 2005, na Ponta da Praia, foram realizados novos trabalhos de recuperação do calçamento e muretas e construção de um muro de contenção das ressacas, como registrou na edição de 18 de maio de 2005 o Diário Oficial de Santos:


Cada fôrma da muralha tem 6 m de comprimento por 2,5 m de altura
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria

OBRAS
Ponta da Praia: iniciado trecho mais difícil do muro de contenção

Serviço faz parte das obras de recuperação das muretas

Uma nova etapa do muro de contenção que está sendo erguido na Ponta da Praia, no trecho que já fica dentro do mar, foi iniciada, ontem, pela empreiteira Termac Construção Civil, contratada pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp) para as obras de recuperação de muretas e calçamento. Trata-se da fase da obra mais difícil, já que só pode ser realizada quando a maré está baixa, e não há prazo para terminar, já que depende de fatores climáticos.

Cada fôrma da muralha tem 6 metros de comprimento por 2,5 m de altura, utilizando-se em cada pedaço 8,5 m³ de concreto ciclópico (concreto misturado com pedras de grandes dimensões). Outra obra prevista no trecho é a reconstrução de escadaria de acesso à praia e a construção de novas muretas.

A primeira etapa do muro de contenção já concluída, a partir da altura do Aquário, tem 87 metros. Em outra frente de trabalho, operários estão preparando as formas para as muretas decorativas, que são a logomarca de Santos. Além da substituição de muretas destruídas haverá a construção de novas, no trecho que vai da rampa de barcos até a escadaria.

Outras imagens da ressaca santista, em diferentes épocas:


RESSACA - O mar deu um espetáculo ontem em Santos, com a chegada da frente fria.
Mas também provocou alguns inconvenientes,
como a interdição da Av. Bartolomeu de Gusmão pela manhã e à tarde
Foto: Carlos Nogueira, publicada com essa legenda em A Tribuna em 25 de março de 2005


RESSACA - Na Ponta da Praia, as águas do mar chegaram à avenida. O fenômeno se repetiu em Guarujá, causando mais estragos. Os proprietários de quiosques temem a maré alta de hoje
Foto: Carlos Nogueira, publicada com essa legenda em A Tribuna em 6 de setembro de 2006

Matéria publicada na página 4 do jornal santista Diário do Litoral, de 8 de dezembro de 2011:


Foto: Luiz Torres/DL, publicada com a matéria

CIDADES
É preciso criar uma faixa de proteção na orla, diz geóloga

Doutora em Geologia Sedimentar e pesquisadora do Instituto Geológico da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, Célia Gouveia afirma que é preciso aumentar 50 metros de areia para minimizar os impactos na zona costeira em função das mudanças climáticas

Da Reportagem

Se o Litoral Paulista e, em especial, a Baixada Santista não promover intervenções significativas em toda a sua orla, como por exemplo, o aumento de, no mínimo, 50 metros da extensão da areia, a natureza vai fazer o serviço, causando impactos danosos em todos os empreendimentos construídos ao longo das últimas décadas, como os jardins da praia e edifícios de Santos.

Esse foi um dos muitos pontos abordados ontem, pela pesquisadora científica do Instituto Geológico da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a geóloga Célia Regina Gouveia, durante palestra proferida na última reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) de Santos, na Universidade Santa Cecília (Unisanta).

Doutora em Geologia Sedimentar e professora da Universidade de São Paulo (USP), Célia Regina apresentou um estudo de como as mudanças climáticas e a elevação do nível do mar estão impactando a zona costeira, que vem sofrendo com um número excessivo de ressacas e erosões.

"A ponta da praia, em Santos, principalmente no trecho entre o Aquário e o Ferry Boat, é um exemplo desses impactos, que começaram há muito tempo. As mudanças climáticas já estão ocorrendo. Todos nós já estamos percebendo o aumento da temperatura do ar, da água e a elevação gradativa do nível do mar", disse a geóloga.

Durante cerca de duas horas, Célia Regina falou não só da erosão costeira, mas das mudanças marinhas, do aumento da entrada do mar no continente (intrusão da cunha salina), elevação do lençol freático e outros impactos.

"Em 2010, as ressacas foram da metade de fevereiro até a metade de dezembro. Em outros tempos, o período se limitava de abril a agosto. As ressacas não permitem que a praia se recupere e as praias de Santos vêm diminuindo nos últimos 50 anos".

Segundo a geóloga, todo esse movimento natural e, principalmente, a elevação do nível do mar, que vem aumentando ano a ano, pode trazer prejuízos à área urbanizada como, por exemplo, os decks da ponta da praia, o Aquário e até os prédios.

"Há prognósticos de que até 2100 o nível do mar subirá dois metros, que é justamente a linha dos prédios da orla. Precisamos reestudar intervenções nos bloqueios que impedem o fluxo natural do mar. Basta dizer que a Ponta da Praia vem recuando lateralmente em direção ao Canal 6. A Praia do Gonzaguinha, em São Vicente, é responsável pela maior taxa de recuo do Estado de São Paulo e acredito que ela irá sumir em menos de 100 anos", disse.

Entre os muitos bloqueios estão o emissário submarino, os prédios "pé na areia", localizados entre o Canal 1 (Santos) e a Divisa com São Vicente, a passagem para a Ilha Porchat (que prejudicou o fluxo e foi fundamental para a situação do Gonzaguinha) e dezenas de outros.

"Estamos num processo geológico em que a temperatura vem subindo e o nível do mar também, principalmente nos últimos anos. Em Cananéia, a taxa de elevação já chegou em 40 centímetros – o dobro da taxa mundial. Nas próximas décadas, haverá partes do planeta [em] que a taxa subirá até dois metros e outras mais de dois metros", afirma, alertando que não existem, ainda, projeções para a região.

O que fazer – A geóloga afirma que o poder público e a sociedade organizada precisam iniciar estudos e tomar medidas baseadas nesta realidade, como a criação de uma legislação específica para preservar as praias, que limite e regularize obras costeiras.

"Um anteparo de pedra é construído para proteger a avenida, mas piora a erosão. É preciso parar de se construir na areia da praia e criar uma faixa de proteção de no mínimo 50 metros de largura. Na Espanha, a zona de proteção é de 100 metros. Não existe praia hoje que não esteja sob risco".

Célia Regina afirma que os maiores impactos que serão causados em função da erosão costeira, do excesso de ressacas, da elevação do lençol freático e do nível do mar serão: a destruição de imóveis da orla; problemas nas atividades portuárias; comprometimento da paisagem; inundações; redução do estoque pesqueiro; além de problemas na rede de esgoto e no fornecimento de água, entre tantos outros.

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