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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
O trabalho feminino junto ao porto do café

Lavadeiras recebiam encomendas dos navios; amas-de-leite eram muito requisitadas

Território eminentemente masculino, o porto santista contava já em princípios do século XX com numeroso contingente de trabalho feminino, e no próprio núcleo urbano eram muitas as ocupações remuneradas das mulheres, bem antes de se falar em movimento feminista (no máximo no direito das mulheres ao voto) e quando em todo o mundo no máximo apenas se começava a sonhar com uma passeata de trabalhadoras em greve pela redução na jornada de trabalho. É nessa época que se situa o relato a seguir apresentado, extraído do livro Café - Santos & História (vários autores, Editora Leopoldianum/Universidade Católica de Santos, Santos, 1995):


O TRABALHO FEMININO - O braço feminino também presta valioso concurso ao comércio de café. Damos acima um instantâneo apanhado num dos armazéns de café desta praça, onde várias operárias estão entregues ao seu mister
Foto-legenda: jornal santista A Tribuna, em 6 de abril de 1930

História, memória e cotidiano privado: o feminino e o masculino no porto do café (1890-1930)

Maria Izilda S. de Matos (*)

[...]

UM PORTO PARA ALÉM DO MAR

A inauguração da ferrovia Santos-Jundiaí (1867) possibilitou um transporte mais regular, com menos riscos e maior grau de eficiência, impulsionando a expansão da cafeicultura e viabilizando o escoamento da produção. O comércio e a exportação do café passaram a ser centralizados em Santos, em detrimento de outros portos, desencadeando um intenso processo de urbanização e a expansão acelerada e contínua da cidade.

A crescente urbanização de Santos, que se consolidou como ponto de trânsito dos produtos de exportação-importação e dinâmico centro econômico e político, provocou transformações sociais num curto espaço de tempo e em ritmo acelerado, num quadro onde se interpenetraram a desintegração da abolição, a grande imigração e a emergência da República.

O porto, centro dinâmico da cidade, precisava ser constantemente modernizado e ampliado, já que a área se tornara pólo de atração para os imigrantes recém-chegados [1]. Em Santos, o contingente imigrante, em particular de ibéricos, foi incorporado em serviços estratégicos ao funcionamento básico da economia agroexportadora nos armazéns de café e docas, onde exerceram atividades de doqueiros, estivadores, ensacadores e carroceiros.

O intenso processo de urbanização era marcado pelas constantes demolições e construções, erigiam-se obras que definiam novos espaços, em geral estabelecidos a partir do porto e de suas necessidades. Os imigrantes ajudaram intensamente a construir a cidade trabalhando nas obras do porto e da cidade como pedreiros, carpinteiros, marceneiros e marmoristas. Artífices também se destacavam, fabricando artefatos de cimento e gesso, tacos de madeira para pisos, serralheiros executavam trabalhos em ferro para portões, janelas, grades e gradis.

ENTRE SACOS E SOBRE RODAS

As sacas de café, ao chegarem em Santos, eram descarregadas dos vagões dos trens e colocadas nos depósitos alinhados ao longo da via férrea; carroças e carretões estacionavam junto às portas numeradas desses depósitos e retiravam a mercadoria. Iniciava-se então o transporte pelas ruas estreitas da cidade até os armazéns particulares e o porto. Havia firmas organizadas, mas geralmente os carroceiros, quase todos imigrantes, dividiam entre si o transporte de café pela cidade.

O trabalho girava em torno da safra, quando o ritmo da atividade era intensificado. O número de carroças transitando cresceu em proporção direta ao aumento da quantidade de café exportado. Pelas ruas estreitas homens corriam ao lado das carroças puxadas a burro, sob um calor sufocante, fazendo às pressas a viragem, as misturas e o reensaque do café. No porto o embarque era feito carregando-se os sacos de café nas costas, e como num formigueiro humano os trabalhadores subiam e desciam com sacos nos ombros as pranchas do cais para o convés dos navios, ou de um navio para outro.

Carroceiros e carreteiros realizavam também inúmeras tarefas ligadas à circulação de alimentos e de mercadorias em geral e ao suporte à construção civil; faziam mudanças, transportavam pessoas, assegurando o funcionamento de serviços essenciais à rotina urbana. Todavia, o ganho era incerto, pois se em alguns dias arranjavam vários fregueses, em outros ficavam parados. Durante a safra o trabalho era intenso, mas em outros momentos do ano os ganhos eram eventuais.

As ruas estreitas, o porto desarranjado, o trânsito de centenas de carroças e as epidemias marcavam o espaço urbano santista. Velhos problemas de infra-estrutura agravavam-se com o crescimento desordenado do porto, constantemente atingido por violentos surtos de epidemias como cólera, febre amarela, varíola, impaludismo e peste bubônica. Eram os imigrantes, particularmente estivadores e carroceiros, os principais atingidos [2].

Apontava-se como um dos principais fatores das epidemias o grande número de cortiços localizados nas áreas mais centrais da cidade, erguidos nos pátios e nos quintais de qualquer jeito e tamanho, quase todos em estado deplorável; esses "cubículos" eram baixos, feitos de tábuas, cobertos com zinco, compostos de um só cômodo. Eram construídos às pressas "para albergar a numerosa imigração chegada em busca de trabalho remunerador e certo" [3]. Havia também o problema das cocheiras-cortiços, que em sua maioria eram também habitações coletivas, onde viviam cocheiros e suas famílias em palanques construídos sobre as baias [4].

EM TORNO DO PORTO

O "sonho americano" e a atração exercida pelo porto prosseguiam, concentrando um significativo contingente de trabalhadores, toda uma massa que excedia largamente as necessidades do mercado. Como conseqüência, aviltavam-se os salários, criavam-se formas múltiplas de atividades temporárias e domiciliares, ampliavam-se o subemprego e o emprego flutuante de uma população que garantia a sua sobrevivência com ocupações casuais, mediante improvisação de expedientes variados, eventuais e incertos. Envolvendo esses trabalhadores numa trajetória que simultaneamente englobou participação e exclusão num processo de tensões e conflitos.

A crescente urbanização do porto e o aumento considerável da população geraram novas oportunidades para as atividades comerciais. Procurando trabalhar com um custo operacional mínimo, inúmeras famílias aproveitavam o quarto da frente de suas próprias casas para estabelecer pequenos armazéns de secos e molhados, açougues, adegas, quitanda de frutas e legumes, vendas, botequins. A participação de mulheres nesses negócios era determinante, e vários estabelecimentos eram conhecidos pelos nomes de suas proprietárias.

Entrecruzando o público e o privado, a mulher administrava o lar e o negócio, trabalhando duramente no balcão de madrugada a madrugada. Esses estabelecimentos de pequeno e médio porte contavam com alguns poucos auxiliares, muitas vezes membros da família recém-chegados que se colocavam sob a tutela de parentes. Parcamente remunerados, submetiam-se a pagamentos incertos, muitas vezes recebendo somente roupa, alimentação e morando debaixo do mesmo teto do patrão [5].

Entre as diferentes categorias de vendedores ambulantes, que retiravam sua sobrevivência do comércio das ruas, havia aqueles que ofereciam gêneros de abastecimentos fundamentais à rotina doméstica, comercializados em pequenas quantidades renovadas dia a dia. Utilizando-se de carrocinhas de madeiras, comercializavam verduras, peixe, frutas, flores, ovos, aves e pão. Cronistas citam os peixeiros, leiteiras e verdureiros oferecendo alface, couve, salsa e principalmente cebolas e batatas.

Em Santos, a presença de portugueses no comércio se fez sentir desde as atividades vinculadas ao café, importação e exportação de gêneros alimentícios, em especial vinhos, azeites e conservas, mas principalmente no pequeno comércio a retalho. Nesse setor trabalhavam com um pouco de tudo: trigo, arroz, milho, aveia e também alfafa, devido ao grande número de muares empregados no transporte e serviço portuário [6].

Entre as pequenas profissões que predominavam no cenário urbano destacava-se o artesanato autônomo, em pequenas oficinas caseiras, localizadas em algum cômodo ou fundo de quintal, onde majoritariamente imigrantes trabalhavam como carpinteiros, ferreiros, ourives, sapateiros, calígrafos, alfaiates, seleiros, gravateiros. Dependendo do vulto do negócio, eram auxiliados pelo grupo familiar: mulher, filhos, algum conterrâneo ou agregado. O fato de crianças serem desde pequenas introduzidas no aprendizado e utilizadas como ajudantes de seus pais fez com que muitas destas profissões adquirissem tradição hereditária, passando de geração a geração. Era o caso dos habilidosos e tradicionais marceneiros, serralheiros, alfaiates, costureiras e bordadeiras de origem imigrante [7].

No cotidiano da cidade chamavam a atenção, transportando grandes volumes difíceis de equilibrar, os ilhéus comerciantes de palha e vime, utensílios largamente empregados pelas donas de casa como guarda-volumes. Dadas as dificuldades de arcar com os custos de montar uma oficina própria, um amplo contingente de imigrantes, valendo-se de suas habilidades pessoais, dedicava-se a ofícios itinerantes, ligados à prestação de pequenos serviços domésticos de manutenção e conserto: eram jardineiros, capinadores de quintal, empalhadores, lavadores e enceradores de casas, desentupidores, limpadores de calhas, podadores de árvores, exterminadores de formigas, rachadores de lenha. Podiam receber pagamento em dinheiro ou simplesmente um prato de comida ou restos de alimentos. Esse tipo de trabalho casual era desenvolvido como complementação salarial, ou então em função de momentos críticos de miséria [8].

Trabalhadores diaristas e ocasionais muitas vezes se reuniam em pontos da cidade para se informar de oportunidades de serviço. Em Santos, um desses pontos de encontro de toda uma população multiétnica e diversificada - pescadores, marinheiros, portuários, empregadas domésticas e trabalhadores eventuais - era o Largo da Banca, onde o porto e a cidade se misturavam. As pessoas se aglomeravam no local, comprando - peixe, frutas, verduras e outros gêneros -, conversando, bebendo, brigando, trabalhando (catadoras de restolho), trocando informações sobre possibilidades de empregos e pequenos biscates.

PERFIS FEMININOS NO PORTO DO CAFÉ

A cultura urbana santista contou com o marcante papel da mulher local: negra, índia ou imigrante, ela foi elemento de suma importância no espaço da cidade, do porto e dos domicílios, trabalhando e resistindo. As mulheres de Santos sempre estiveram muito presentes no universo do trabalho, nas fábricas, nos estabelecimentos comerciais familiares ou em "atividades informais" [9].

O cotidiano do trabalho portuário afetava diretamente a rotina de vida e trabalho das mulheres em Santos. O trabalhador portuário morava perto do local de atividade, e o ritmo instável, irregular e sazonal do trabalho permitia um ir e vir entre a casa e o porto até mais do que uma vez ao dia. A rotina doméstica das esposas desses trabalhadores era diretamente afetada pelas horas que seus maridos trabalhavam e pelo tipo de carga com que lidavam. O salário do trabalhador do porto flutuava conforme a sazonalidade, o que criava um impacto no orçamento familiar.

Com as colunas arqueadas e os pulmões corruídos, doqueiros e estivadores tinham que abandonar precocemente as atividades da estiva [10]. Assim, suas mulheres, além de desempenharem as atividades domésticas, tinham que compensar a incerteza do ganho e a inatividade precoce dos maridos trabalhando como catadoras de café e de restolho, nos porões, armazéns e no mercado, na costura dos sacos de café, ou como empregadas domésticas, particularmente lavadeiras.

As trajetórias de vida e de trabalho dessas mulheres se interpenetram, o que se reflete na sua memória como um todo inseparável. Benedita Ribeiro dos Santos, nascida em São Sebastião em 1902, neta de escravos, recorda:

"Trabalhei trinta anos como catadora de café num armazém, às vezes eu ficava a noite inteira catando café. Quando um navio tinha que sair de manhã carregado de café eu trabalhava a noite inteira. Foi o último trabalho que eu tive. Eu trabalhei lá muitos anos até me aposentar. Mas o salário era ruim, pior do que nas lavanderias a vapor. Eu trabalhei muito tempo nas lavanderias a vapor também. Nós lavávamos as roupas dos navios e mandávamos de volta a bordo limpas e engomadas, eu trabalhava com um ferro elétrico e pesado... Nas lavanderias, a gente tinha muito trabalho. Eu entrava às sete horas da manhã, parava só pra almoçar e saía às seis da tarde. Quando eu voltava pra casa, eu ainda levava roupa pra lavar e passar por minha conta. Eu pegava esta roupa lá na zona, onde ficava aquela fila de casas de mulheres no cais. Elas usavam saias armadas. Eu passava lá bem cedinho, de manhã, antes de ir pro meu trabalho. Devia ter outras lavadeiras fazendo o mesmo porque as casas eram muitas e as mulheres tinham cada roupa linda! Você precisa ter visto as anáguas! Eu tinha que colocar uma tábua por dentro para não amarrotar tudo com o ferro. Era uma trabalheira! Hoje acabou tudo. Coitadas das mulheres, ficam aí de noite pelas ruas..." [11].

Os baixos ganhos e a necessidade de procurar uma renda complementar levavam essas mulheres a realizar atividades ocasionais, alternativas importantes por permitirem a combinação das atividades domésticas com o trabalho remunerado. Ocuparam funções reconhecidamente femininas: cozinheiras, passadeiras, lavadeiras, arrumadeiras, copeiras, pajens. Prioritariamente, exerciam funções que lhes permitissem concatenar as atividades de mãe e esposa, preferindo serviços que pudessem realizar no próprio domicílio: tornavam-se doceiras, bordadeiras, floristas, costureiras, tricoteiras, engomadeiras. Também destacaram-se no intenso comércio de alimentos: galinhas, ovos, verduras, legumes e frutas.

PORTA ADENTRO

Numa conjuntura de alta rotatividade da mão-de-obra, fruto de um mercado de trabalho com flutuações cíclicas, os serviços domésticos eram uma das atividades que absorviam um dos maiores contingentes de trabalhadores, particularmente do sexo feminino e menores. Mulheres casadas ou solteiras, imigrantes ou nacionais, brancas ou negras, sós ou acompanhadas com filhos, empregavam-se para diversos serviços em casas de família.

Na orla da praia e em ruas próximas, as mansões inglesas e americanas tinham seus extensos gramados e belos jardins quase sempre cuidados por jardineiros portugueses, também empregados como cocheiros e motoristas, como se pode verificar pelos anúncios de jornais. Diante disso, as famílias brasileiras também passaram a contratar imigrantes como empregados domésticos, mas como aquelas pagassem salários baixos e muitas não respeitassem o horário de trabalho, estes acabavam por preferir os patrões estrangeiros [12].

As criadas enfrentavam uma dura rotina doméstica, começavam a trabalhar desde a madrugada e, dependendo das necessidades, só paravam altas horas da noite, ficando à disposição para serviços eventuais. Nas casas geridas por patroas exigentes, as criadas se submetiam a um rígido programa de trabalho, onde se interpenetravam tarefas variadas e de certa forma sobrepostas, em geral realizadas longe da presença de outros membros da família, como um serviço invisível, embora indispensável.

As transformações no espaço urbano e no interior da família são indissociáveis. A ampliação do campo de ação da medicina, e em particular da higiene, influenciou diretamente a cidade e as casas, e nestas o trabalho doméstico, que se alterou nessa passagem de século em relação estreita com os surtos de febre e epidemias e com a difusão de novas normas de higiene, canalização de água, ordenação do comércio de abastecimento [13]. A organização do trabalho "porta adentro" também se tornou dependente dos horários da escola e do trabalho.

Os trabalhos na cozinha também eram árduos. Cozinhava-se no fogão de lenha, o que exigia grandes habilidades não apenas nos pratos que se preparavam mas também no equipamento que se usava [14]. O cotidiano do trabalho na cozinha foi se alterando com a paulatina introdução dos fogões a gás e da água encanada. As práticas alimentares também se alteravam consideravelmente, a alimentação tornou-se mais variada e, correlativamente, o trabalho de preparação tornou-se maior. Além do preparo do alimento (abate, limpeza e preparação de aves e animais de pequeno porte), os serviços de cozinha incluíam o fazer pão, pilar e moer o milho e o arroz; pilar, torrar e moer o café; refinar o açúcar e o sal, preparar a banha, defumar carnes e até fazer sabão.

Numa cidade onde o urbano e o rural se interpenetravam, o "fora" e o "dentro" se opunham e se misturavam dialeticamente, o trabalho doméstico também poderia incluir o trato do galinheiro, da horta e do pomar, e até vendas ocasionais de excedentes desses produtos.

A rotina se diferenciava de casa para casa. Numa residência com muitos empregados havia rigorosa hierarquia e delimitações de funções, sendo que alguns mais especializados chegavam a se recusar a realizar serviços para os quais não tinham sido contratados. A copeira, além do serviço de mesa, era encarregada dos cuidados com as louças, cristais e prataria. As governantas eram empregadas em lares sem dona de casa, de homens viúvos e solteiros, ou por famílias que desejassem entregar toda a responsabilidade sobre os demais criados para uma senhora. Como mostram os anúncios na imprensa, as alemãs eram as preferidas para essa função, por sua suposta autoridade e dinâmica de trabalho [15].

Havia contudo variações, como o hábito, entre as famílias de elite, de contratar "criados pessoais", "criados de quarto" ou acompanhantes, que realizavam serviços pessoais, ficando à inteira disposição do patrão. Eventualmente, também utilizavam servidores diaristas ou temporários, como enceradores, lavadores de vidraças, costureiras, lavadeiras e engomadeiras, para complementar o trabalho da única criada.

Todavia, o mais comum era ter uma única empregada que realizava todos os serviços: lavar, engomar, cozinhar e arrumar. As mais experientes faziam verdadeiros malabarismos para executar todas as suas obrigações. Mesmo assim, para muitas o trabalho doméstico significava também a possibilidade de obter alimentação e casa, além de outros benefícios. Quando a casa era farta, os empregados, a despeito do valor ínfimo dos salários, conseguiam condições de alimentação e moradia melhores que as de muitos outros trabalhadores.

ROUPA SUJA DE LAVA EM CASA

A lavagem de roupa era uma das funções mais essenciais em qualquer moradia. As famílias de posses usavam grande quantidade de roupa branca no seu cotidiano: roupas de cama, mesa e banho, e também as próprias roupas de homens, mulheres e crianças, que em geral exigiam cuidados especiais no lavar, passar e engomar. Por outro lado, o movimento intenso do porto, com um grande número de navios entrando e saindo, em particular nos momentos de safra cafeeira, criava a necessidade de que as roupas de bordo fossem lavadas, tornando-se essa atividade uma possibilidade de ganho para mulheres, particularmente imigrantes. Essas mulheres agitavam o porto, movimentavam a cidade, pois em tempo hábil, antes da partida dos navios, as roupas deveriam retornar a bordo limpas, passadas e engomadas.

As lavadeiras, algumas delas chefes de família, procuravam ampliar suas fontes de subsistência num esforço para trazer à família recursos monetários adicionais, vitais em caso de crise. Isto acarretou um aumento da atividade feminina, levando essas mulheres a reproduzir as ocupações desenvolvidas nos quadros domésticos, como lavar, passar e engomar, atividades que passaram a constituir uma opção de ocupação remunerada, impondo-lhes uma jornada de trabalho ampla numa extensão de sua própria atividade doméstica e com ganhos parcos. Assim, procurando harmonizar o exercício da maternidade com atividades outras que lhes permitissem garantir a subsistência, as mulheres recorriam, entre outras, a esta estratégia de sobrevivência.

Além de serem reconhecidas como mulheres dispostas para o trabalho, eram tidas como "quem não leva desaforo para casa", pois cotidianamente envolviam-se em brigas e acabavam parando na polícia. Os conflitos envolvendo lavadeiras estão presentes na imprensa diária e nos relatórios dos chefes de polícia. Umas brigavam porque passaram à sua frente na utilização da bica, porque "sujou a minha roupa no quaradouro", "porque me deu com o tamanco na cabeça", "por ter retirado um bambu de estender roupa e ter insultado com palavras obscenas", além das constantes disputas por espaço nas cordas de estender roupa.

Todavia, o cotidiano dessa atividade não se pautava apenas pelos conflitos. Era costume bastante difundido o canto das lavadeiras que ritmava o trabalho de lavar, esfregar, torcer e bater. Como o trabalho era realizado em grupo, as mulheres trocavam experiências do dia-a-dia, tagarelavam informando-se sobre os problemas da vizinhança, transmitiam e mantinham as tradições, como receitas, remédios, histórias, rezas. Assim, o trabalho coletivo revigorava vínculos de vizinhança e camaradagem que significavam lazer, solidariedade material e afetiva, mas também controle e regulação das condutas e procedimentos.

Em Santos, a construção do porto e o saneamento da cidade foram obras interligadas no quadro de transformação urbana e fizeram parte de um processo através do qual se reorganizaram o trabalho e a própria face da cidade. No combate às epidemias, nas desinfecções e no controle sobre cortiços, cocheiras e lavanderias públicas trabalhavam conjuntamente a Cia. Docas de Santos e a Comissão Sanitária, que procuravam, aliadas à Comissão de Saneamento, disciplinar o traçado da rede de esgotos e das ruas.

Acreditava-se no início do século (N.E.: século XX) que os "miasmas" empesteavam o ar e a água, sendo a sujeira veículo de contaminação. As autoridades higiênicas santistas também alertavam que as mulheres que recolhiam roupa para lavar em tinas comunitárias nos cortiços (considerados focos de contaminação) "misturavam as roupas de todas as gentes" e contaminavam as famílias, reforçando a idéia corrente de que o pobre contaminava o rico [16]. As lavadeiras foram acusadas pela propagação das pestes e epidemias que assolavam o porto. Alegava-se que a mistura das roupas na lavagem possibilitava o contágio, trazendo dos navios as pestes. A água suja das lavagens que escorria pela cidade também era considerada grande foco de propagação [17]. Procurou-se então controlar ou extinguir esse tipo de ocupação, difundindo-se as lavanderias a vapor.

Tentava-se de diferentes formas normatizar essa atividade, que gradativamente, mas não sem resistência, perderia o seu caráter público e externo: a prática de quarar em espaços públicos e de secar nas pontes e praças da cidade passou a ser realizada prioritariamente, embora não exclusivamente, nos domicílios dos patrões, onde as lavadeiras passaram a trabalhar como mensalistas e, principalmente, diaristas. Incorporada ao cotidiano, essa prática se corporificou no ditado popular: "roupa suja se lava em casa".

AMAS-DE-LEITE

Uma das ocupações femininas que possibilitava melhores ganhos era a de ama-de-leite. Esse ganho mais elevado, em comparação com outras funções, devia-se à responsabilidade dessas criadas a quem os patrões confiavam a vida e os cuidados de seus filhos, e também porque esse serviço requeria muita paciência, dedicação e cuidados, além de asseio constante, pois para que a ama pudesse manter a criança e a si própria limpas tinha que fazer constantes e generalizadas trocas de roupa, em geral toda vez depois de amamentar. É que os patrões se preocupavam com a possibilidade de que as amas infectassem as crianças, principalmente com tuberculose e sífilis. Na verdade, a questão do aleitamento mercenário preocupava não só os pais, mas também as autoridades médicas. Desde 1894/95 tentou-se regulamentar essa ocupação, mediante a instituição do "serviço de aluguel" ou contrato de amas-de-leite, parar regrar obrigações e deveres destas.

Sugeria-se a criação de órgãos médicos que examinassem o sangue e o leite das amas, e fornecessem atestado de saúde. Além de arregimentar e catalogar as mulheres disponíveis para essa função, o órgão de saúde deveria servir como local de seleção, mantendo listas das que estivessem qualificadas para trabalhar e registrando o número de partos que cada mulher tivera e a data de nascimento de seus filhos [18].

Os jornais santistas da época exibiam anúncios das mais variadas candidatas: brancas e negras, nacionais e estrangeiras de diferentes nacionalidades, para dormir na casa dos patrões ou "para amamentar três vezes por dia". Algumas vinham sem os filhos, outras se faziam acompanhar pela criança, muitas vezes se sujeitando a receber menos por isso. Havia as amas de primeiro leite e as já de uma quarto ou quinto filho, com leite de um, dois ou até sete meses.

O controle do aleitamento mercenário foi feito paralelamente à difusão de uma nova noção de maternidade e de princípios de dietética infantil pela puericultura, que encaminhou as campanhas pelo leite higienizado e pelo leite de vaca integral (testado contar a tuberculose). Entretanto, tal processo não se efetuou sem contradições; a alta mortalidade infantil e as preocupações com a eugenia caracterizaram o discurso médico-sanitarista do período. Todo tipo de comportamento desviante, de relacionamento incontrolável, ameaçador, impuro, anti-higiêncio deveria ser bloqueado [19], entre eles as condições em que era realizado o trabalho de aleitamento infantil. Todavia, a utilização de amas continuou pelo menos até 1930, quando nos jornais ainda havia anúncios de procura e oferta de amas.

FUNÇÕES FEMININAS

Os serviços domésticos eram vistos em grande parte como "funções femininas" [20], que eram as que exigiam menor esforço físico, monótonas e praticamente invisíveis aos olhos dos membros da família, além de desprestigiadas socialmente. Algumas mulheres não se submetiam a esse discurso que lhes recusava a competência, a autoridade, como D. Benedita Ribeiro dos Santos:

"Eu aprendi a passar roupa quando eu era menina com minha mãe... Hoje meus meninos dizem que eu não sei nada, só porque eu não sei ler. Mas eu sei tudo de trabalho na roça, lavar, passar, costurar, tudo sobre café, sobre todo tipo de trabalho, eu vi muitas coisas na minha vida..."

Ao contrário de D. Benedita, a maior parte das próprias mulheres interiorizava essa banalização de seu trabalho, desvalorizando as suas funções. A maioria via sua atividade como um biscate, uma "ajuda" prestada ao marido, mesmo quando a renda auferida se equiparava à percebida pelo homem. Enfim, era um trabalho não contabilizado, mal remunerado e não reconhecido. As fronteiras, para essas mulheres, entre o mundo do trabalho e o da vida privada não eram muito nítidas, pois entre esses dois mundos havia uma complexa relação de complementaridade.

Todavia, os padrões de fragilidade feminina e trabalho leve podem ser revistos se observarmos o cotidiano das lavadeiras, carregando pesadas trouxas de roupa, das engomadeiras, dias a fio utilizando o ferro de carvão e os ferros de entiotar, das cozinheiras, rachando a lenha para atiçar o fogão ou carregando água para a limpeza da louça.

A imagem difundida sobre o serviço de criada como um trabalho leve, não especializado, sem riscos e inofensivo à saúde entra em contraste com as informações coletadas. Depois dos carroceiros, a categoria que mais sofria acidentes era a dos criados, que muitas vezes chegavam a ficar incapacitados. As lavadeiras eram atingidas principalmente por ferimentos nas mãos, causados por cortes e penetração de corpos estranhos, mas havia também casos de afogamento nos rios, tanques e poços. As que também exerciam a função de passadeira freqüentemente se queimavam com o ferro de passar.

Além disso, registravam-se cortes com faca e machado (utilizados para rachar a lenha) e queimaduras no fogão, em espiriteiras e lâmpadas a álcool, cuja explosão atingia rosto, tórax e braços. Muitas também sofreram penetração de corpos estranhos, fraturas, esmagamentos e dilacerações. Além das contusões e escoriações, eram comuns as rupturas de varizes, principalmente entre as mais idosas, demonstrando como o trabalho era pesado.

Entre as cozinheiras, particularmente, além das contusões e incisões, havia queimaduras com água fervida, gordura, querosene e álcool, atingindo os braços, mãos e pernas. Registrava-se também um elevado número de picadas de cobra, aranhas e escorpiões, em geral escondidos na lenha.

Entre as doenças que atingiam esse grupo, além da tuberculose e o reumatismo, que se agravava pelo excesso de trabalho, falta de repouso e alimentação adequada, numerosos eram os ataques de nervos, conseqüência, provavelmente, de tensões nas relações cotidianas dentro dos domicílios.

Nesse dia-a-dia envolto em toda essa ambigüidade, não se poderia esperar dessas mulheres apenas conformismo e passividade, mas também resistência, mesmo que expressa numa consciência fragmentada, de certa forma determinante em suas expressões de luta.

As criadas comportavam-se simultaneamente com resignação e revolta; a fuga, a indolência, o mau humor, os protestos - sutis ou velados - apareciam como manifestação. Todavia, o medo e o profundo respeito também caracterizavam essas relações.

POR MÃOS FEMININAS

O trabalho domiciliar feminino foi intensamente utilizado em Santos, através de atividades como costura, bordados e manufatura de flores, elaboração de enxovais de cama e mesa, bordados para noivas e batizados [21].

Mesmo em fase de avanço industrial, algumas fábricas ainda mantinham um caráter sazonal e recorriam constantemente a trabalhadores externos em diferentes momentos, em particular nos picos das atividades. Foi muito utilizada a costura domiciliar para confecção de roupas, mercadorias de carregação e costura da sacaria para o café. O baixo custo deste trabalho, as especificidades da mão-de-obra utilizada, a dispersão das costureiras como fator de controle, a disponibilidade de trabalhadores que se sujeitassem a essa atividade eram fatores para a persistência dessa ocupação.

Realizado sob condições pouco propícias, o trabalho a domicílio caracterizava-se como uma atividade temporária, tendo seu ritmo intensificado em certos momentos. Sem horário fixo, a costura poderia estender-se muito além do número de horas comum ao trabalho fabril. A remuneração era baixa e por peça, sofrendo um achatamento nos momentos de queda no preço e/ou de aumento da oferta de mão-de-obra.

O local de trabalho era a própria residência das trabalhadoras: nos morros, nos cortiços, alguns cubículos estreitos, aglomerados com péssima situação sanitária, pólos de propagação da tuberculose, e com má iluminação, o que causava males irremediáveis à visão.

A costura, em contraposição a outras atividades, permitia uma certa flexibilidade de horário, liberdade de ir e vir. Criava também o prazer do convívio em grupo, pois freqüentemente, nos pátios dos cortiços, nos morros, mulheres costuravam, bordavam e conversavam nas chamadas "trempas". Eram momentos de encontro, de troca de informações, receitas e remédios. Longe do apito da fábrica, a idéia de autonomia, a fuga às estruturas hierárquicas, aos condicionamentos de tempo e ao ritmo de trabalho concorriam para aumentar a disponibilidade e oferta dessa mão-de-obra. Isso não significa, no entanto, que inexistissem formas de controle, já que um certo número de peças deveria ser entregue num prazo determinado e mantendo um perfil de qualidade.

Mas mesmo frente a essas condições, a costura e outras atividades domiciliares femininas se apresentavam como opção para as mulheres, num certo período de sua trajetória de vida, possibilitando conciliar o ritmo, o espaço e o tempo do trabalho doméstico com uma atividade remunerada e sem horário fixo.

[...]

(*) Maria Izilda S. de Matos é doutora pela USP, professora-doutora associada do Departamento de História da PUC-SP e coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher (NEM-PUC/SP).


Porto de Santos em 1908: veículos motorizados começavam a substituir as carroças,
mas o café ainda seguia para bordo nos ombros dos estivadores
Foto: cartão postal da época

NOTAS:

[1] Nas ferrovias e obras do porto de Santos, os imigrantes apareciam como preferenciais nos contratos desde 1890. Contrato Gaffrée-Guinle & Cia. com a Sociedade Promotora de Imigração, em 1892.

[2] Os obituários de Santos entre 1876-97 indicam que dos mortos de febre amarela 78,7% eram estrangeiros, dos quais 83,5% eram portugueses (carroceiros, ensacadores, carregadores, estivadores).

[3] Álvaro, Guilherme. A Campanha Sanitária de Santos, São Paulo, Casa Duprat, 1919, p. 38-55.

[4] O grande número de cocheiras facilitava a difusão de ratos e pulgas, transmissores da peste bubônica. Como os outros cortiços, não tinham água nem esgoto, eram abafadas, insalubres. As águas paradas nos seus pátios difundiam o mosquito transmissor da febre amarela. A salubridade da cidade só seria melhorada após 1912, quando o projeto urbano-sanitário remodelou o porto e construiu os canais de escoamento.

[5] Exploração e paternalismo coexistiam dentro do mundo do trabalho e nas casas comerciais. Nos processos-crimes e nos jornais liam-se notícias como a do menor Alfredo Júlio Machado, português de 11 anos de idade que foi se queixar ao delegado de polícia por ter sido espancado pelo seu "amo" José Rodrigues Tavares, também português (Diário de Santos, 6/12/1886). Contudo, cabe lembrar que solidariedade e paternalismo não eram apenas formas de exploração, pois podiam ser também estratégias de sobrevivência e de lidar com os recursos possíveis na ocasião. Thompson, E. P. Tradicion Revuelta y conciencia de clase. Estudios sobre la crisis de la sociedade preindustrial, Barcelona, Editorial Crítica, 1984.

[6] Frutuoso, Maria Suzel Gil. A Emigração Portuguesa e sua Influência no Brasil: O Caso de Santos, São Paulo: Mestrado, FFLCH-USP, 1989, mimeo.

[7] Desde pequenos os filhos eram iniciados na rotina do trabalho. As crianças realizavam pequenos trabalhos, vendiam jornais, entregavam mercadorias, recados, cartas, eram engraxates, auxiliares em serviços domésticos, lojas e armazéns. A necessidade de as crianças desde cedo se engajarem no trabalho, casual ou nas fábricas, fruto das necessidades das camadas pobres, possibilitava também a obtenção de um ofício que lhes garantisse um futuro mais promissor.

[8] Pinto, Maria Inez M. B. Cotidiano e sobrevivência, São Paulo, EDUSP, 1995.

[9] Todavia, de acordo com o censo de 1913, só 17% da população feminina acima de 10 anos tinha empregos remunerados. Esse censo registra 60 mulheres na indústria, 39 na agricultura, 47 nos transportes, 267 no comércio, 114 em  pequenas ocupações, 64 em "diversas profissões", 51 capitalistas ou proprietárias. Os bordéis ocupavam 405 mulheres, enquanto apenas 165 eram professoras. As funcionárias públicas eram 35, e 31 delas trabalhavam nos correios. Havia ainda 38 freiras, 12 parteiras e 24 outras mulheres ocupadas com a saúde ou farmácia, embora nenhuma delas fosse médica ou enfermeira. Mas o grupo realmente numeroso (2.978) era o das empregadas domésticas.

[10] Gitahy, M. Lucia C. Ventos do Mar: trabalhadores do porto, movimento operário e cultura urbana em Santos, 1889-1914. São Paulo, Ed. Unesp, 1992.

[11]Lembranças de D. Benedita Ribeiro dos Santos. Banco de Memórias de Famílias Negras, PUC-SP, p. 4.

[12] Frutuoso, Maria Suzel Gil. A Emigração Portuguesa e sua Influência no Brasil: O Caso de Santos, São Paulo: Mestrado, FFLCH-USP, 1989, mimeo.

[13] As transformações no espaço urbano vêm atraindo a atenção de vários historiadores, mas o foco do espaço privado não vem merecendo a devida análise (exceção feita ao trabalho de Sandra Lauderdale Grahan). A expansão urbana e capitalista desse período trouxe o aparecimento da noção de rentabilidade, eficácia do trabalho em todos os domínios, inclusive no espaço interior, destacando-se a importância da limpeza e da higiene para saúde e bem-estar da família e com ela a responsabilidade da dona de casa. Nesse momento se expandem os manuais e revistas que fornecem as normas de como executar e/ou organizar os serviços do lar.

[14] Grahan, Sandra Lauderdale, Proteção e Obediência: Criadas e seus Patrões no Rio de Janeiro - 1860-1910. São Paulo, Cia. das Letras, 1992, p. 6-47.

[15] Essas governantas eram em geral pessoas de nível educacional mais elevado, como indicam os qualificativos dos anúncios: "alemã, falando francês", "moça educada e diplomada", "senhora de educação distinta", e também se ocupavam da educação das crianças.

[16] No setor médico-sanitarista acreditava-se que febres e epidemias (por exemplo, a febre amarela) eram transmitidas pela roupa; assim, as lavadeiras, que em seus domicílios misturavam as roupas sujas, eram verdadeiramente perseguidas. Somente em 1903 é que Adolfo Lutz, do Instituto Bacteriológico de São Paulo, provou que a transmissão desta doença era feita pelo mosquito.

[17] Santos, Francisco Martins dos. História de Santos. São Paulo, Empreza Gráphica da Revista dos Tribunaes, 1937, vol. 2, p. 29.

[18] A proposta visava proteger as crianças do contágio das amas. Entre as instituições de que temos conhecimento, uma das que foi mais eficiente, perdurando por longo período, foi a "Gota de Leite" de Santos, criada na passagem do século (N.E. XIX/XX), e que posteriormente foi transformada em orfanato.

[19] Rago, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar, Brasil 1890-1930. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985. Del Priori, M. (org.). A História da Criança no Brasil, São Paulo, Contexto, 1991.

[20] Perrot, Michelle- "Qu'est-ce qu'un métier de femme?" in Le Mouvemente Social, Paris, Les Éditions Ouvriéres, juil-sept., 1987, nº 140.

[21] As mulheres madeirenses, que trouxeram a tradição do bordado, passada através de gerações, à medida que se tornavam conhecidas, começaram a receber encomendas. O trabalho era parcamente remunerado, embora os bordados depois de prontos alcançassem altos preços nas lojas.

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