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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CARNAVAL
Tempo de Carnaval (20)

Preparativos para o ressurgimento, em bases metropolitanas
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Texto publicado em 22 de janeiro de 2006 no jornal santista A Tribuna:
 


Na Unidos dos Morros, folião trabalha para deixar tudo pronto para o desfile,
no final de fevereiro
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

CARNAVAL
Renascendo das cinzas

Depois de cinco anos sem desfiles, escolas de samba se preparam para levar brilho e alegria de volta à avenida

Bruno Guedes
Da Reportagem

Anos atrás, os mais pessimistas poderiam atribuir a Santos o título de túmulo do samba, em alusão à frase perpetuada pelo poeta Vinícius de Moraes há mais de três décadas, que tentou estigmatizar a cidade de São Paulo como tal. Mas, depois de cinco anos sem desfiles, Santos já mostra que tem condições de reerguer o Carnaval.

Ao perceber o clima de euforia motivado pelo desfile deste ano, que será realizado em 26 e 27 de fevereiro, e a paixão daqueles que têm lugar cativo no sambódromo, conclui-se que a frase de Vinícius não combina mais com Santos. Durante o dia, o trabalho de preparação é silencioso e se restringe a quadras e barracões das 11 escolas de samba santistas. À noite, bateria e alas entram em harmonia com as comunidades que deram origem ao carnaval santista.

Dia-a-dia, cada canto da Cidade se aquece para a data. Alguns dos fiéis colaboradores das escolas, como a chefe da Ala das Baianas da Unidos da Zona Noroeste, Carla Cristina dos Santos, passaram a dedicar período integral à confecção de fantasias e carros alegóricos.

Aos 34 anos de idade, Carla acompanha a escola desde a fundação, há 25 anos. "Aqui, a gente pára só para almoçar", ressaltou ela, que, junto com diversos moradores da Zona Noroeste, atenta para os detalhes de cada adereço. "Um erro pode representar pontos a menos para a escola. E este ano temos que fazer o melhor que podemos, porque o desfile será na nossa casa", orgulha-se Carla, referindo-se à avenida que está sendo construída no terreno do Estradão, na Areia Branca, e será sede do Carnaval.

O enredo comemora o aniversário da agremiação. Para o integrante da Comissão de Apoio da escola, José Jaílson Lima Junior, a comemoração é dupla. Ele também completará 25 anos um dia antes do desfile. "Praticamente nasci aqui, participando da montagem de tudo em vários carnavais".

Já na escola Bandeirantes do Saboó, a montagem dos figurinos avança pela madrugada. Em noites de ensaio, a quadra é palco de prévias da festa que será realizada daqui a algumas semanas. Nas noites mais calmas, a comunidade põe a mão na massa.

"Apesar de todo esse tempo sem Carnaval, conseguimos resgatar todos que participavam e estamos fazendo um mutirão", disse a presidente da escola, Clarice Gomes Mazagão, que mora em frente à quadra, mas, nos últimos dias, tem ido para casa somente para dormir. A produção, em grande escala, segue em ritmo acelerado. Somente de costeiros, adereços usados nos ombros, há centenas.

Morros - Os moradores dos morros também se mobilizaram para levar de volta à avenida a tradição da Unidos dos Morros, conquistada com os 28 anos de existência. Na quadra, uma equipe dirigida pelo carnavalesco André Leahun, responsável pela organização do Carnabonde em anos anteriores, tem um trabalho longo pela frente.

Todos os adereços, que irão compor as fantasias que representam o enredo de homenagem ao ex-prefeito de Santos Oswaldo Justo, são minuciosamente confeccionados na própria quadra. Mas as fantasias ficaram por conta dos próprios moradores dos morros. Cada chefe de ala se comprometeu a prepará-las. Tarefa nada fácil, visto que a escola levará mais de mil pessoas à avenida.

Os carros da agremiação estão sendo montados no armazém da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), no Centro, espaço cedido pela Prefeitura. No local, a Padre Paulo, outra escola igualmente tradicional, também está equipando seus carros alegóricos. O presidente, Robson Rett, disse que a apresentação da agremiação, que representa o Estuário, terá no mínimo 1.200 pessoas.

"Temos um público garantido porque a Padre Paulo não parou. Nossa sede cultural tem escolas de dança e esportes", contou.

Estréia - O Carnaval deste ano terá um sabor especial para a Escola de Samba Metropolitana. A agremiação, fundada há apenas oito anos, entra no sambódromo pela primeira vez.

A Metropolitana representa o Campo Grande, mas, até este ano, só havia feito desfiles no próprio bairro. Apesar da pouca experiência, a equipe da agremiação está correndo atrás dos preparativos objetivando fazer uma apresentação profissional. "Já temos 400 integrantes, mas pretendemos fazer o desfile com 800 pessoas", disse a coordenadora geral, Célia Maria Santiago.

PERSONAGEM
Flávio Silva de Jesus
                                                                

Há pelo menos 20 anos, o ajudante geral Flávio Silva de Jesus vestiu a camisa da mais antiga escola de samba de Santos, a X-9. Desde então, o jovem passou a ser um leal integrante da agremiação, fundada em 1944 no Macuco. “Meus pais freqüentavam a escola. Sempre vinham nos ensaios. Aí, começaram a me trazer quando eu tinha uns cinco anos e eu nunca mais deixei a escola”, orgulha-se ele. Este ano, está ajudando na trabalhosa montagem dos carros alegóricos e se preparando para desfilar na Bateria da X-9


Sambistas da Bandeirantes do Saboó ensaiam na quadra da escola
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Ensaios contagiam e atraem comunidades para as ruas

Em alguns bairros da Cidade, o som contagiante de enredos ultrapassa os limites das quadras e barracões. Os ensaios de algumas escolas, realizados pelo menos duas vezes por semana, ganham as ruas e levam a diversos moradores uma alternativa de entretenimento.

Nesta lista de agremiações está a Real Mocidade Santista, que representa parte do Marapé e improvisa, com faixas e cavaletes, um pequeno sambódromo em uma das ruas do bairro. Engana-se quem pensa que a festa pode incomodar a vizinhança. Nas noites de ensaio, a rua fica intransitável.

Os preparativos da escola estão em ritmo acelerado no ateliê da agremiação. "Em 20 dias, devemos terminar a confecção de todas as fantasias", ressaltou o carnavalesco da Real Mocidade, Joacir Carvalho.

Na coordenação, está um antigo componente da escola, o diretor de Bateria, Felipe Alberto Alexandre Marques, de 21 anos. Ele começou a participar dos desfiles ainda quando criança. "Nesses dias, estou me dedicando apenas ao Carnaval", disse.

Uma das escolas mais antigas de Santos, a Brasil também realiza seus ensaios em uma rua do BNH, na Aparecida. Fundada em 1949, a Brasil ainda reúne muita gente da comunidade nas noites de ensaio, mesmo depois de cinco anos sem desfiles.

 

No Marapé, a Real Mocidade improvisa sambódromo

 

Vila Nova - O nome da Escola de Samba Vila Nova também serve para caracterizar esta agremiação como a mais jovem da Cidade. Mas, apesar dos quatro anos de existência, a escola já reúne moradores de todas as idades nos ensaios realizados três vezes por semana em praça pública.

"Será nosso primeiro desfile", lembrou o presidente, Márcio dos Santos Pereira. A agremiação já tem um projeto de reunir jovens da comunidade para formar a Bateria Mirim. Segundo o presidente, a idéia será concretizada quando as obras da Praça Rui Ribeiro Couto forem concluídas. "Talvez a Bateria Mirim possa até participar do Carnaval 2007".

Pereira disse que a escola está contando com a ajuda de voluntários para os preparativos do desfile deste ano, mas a agremiação está sem dinheiro para comprar parte do material necessário, principalmente porque a Prefeitura ainda não liberou a segunda parcela dos R$ 80 mil prometidos para cada escola.

"Só liberaram R$ 30 mil até agora", afirmou. A Secretaria Municipal de Cultura (Secult) informou que a verba será liberada em três parcelas. A segunda, de R$ 30 mil, será depositada até a próxima quarta-feira e a terceira, no valor de R$ 20 mil, ficará para fevereiro.

Ensaios
Escola

Local (quadra/barracão)

Horários
X-9 Av. Siqueira Campos, 101 Terças e quintas, às 21 horas
Brasil Av. Frei Francisco Sampaio, em frente ao nº 394 Quartas e sextas, às 20 horas, e domingos, às 18 horas
Padre Paulo Praça Rubens Ferreira Martins - Estuário Segundas, quartas e sextas, às 21 horas
União Imperial Rua São Judas Tadeu, 20 - Marapé Terças e quintas, às 21 horas
Unidos dos Morros Av. Brasil, 2.562 - Morro Nova Cintra Segundas, quartas e sextas, às 20h30
Unidos da Zona Noroeste Av. Francisco de Domênico, ao lado do M. Nascimento Segundas, quartas e sextas, às 21h30
Real Mocidade Santista Rua Dom Duarte de Leopoldo e Silva, 7 Segundas, quartas e sextas, às 20 horas
Bandeirantes do Saboó Av. Maria Mercedes Féa, 112 Terças e quintas, às 20h30
Metropolitana Av. Francisco Ferreira Couto, 351 (campo do Jabaquara) Terças e quintas, às 21 horas
Sangue Jovem Rua Xavier Pinheiro, 89 Terças e sextas, às 21 horas
Vila Nova Praça Rui Ribeiro Couto Segundas, quartas e sextas, às 19 horas


Um dos destaques da escola será uma baleia, símbolo do time
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Caloura, Sangue Jovem homenageará o Santos

Santos Futebol Clube, o Maior Espetáculo da Terra. Com este enredo, a Escola de Samba Sangue Jovem pretende mostrar na avenida a história de décadas de conquistas do time santista. O tema marcará a primeira vez que a agremiação fará um desfile de Carnaval.

A escola, criada em 2000, já realizou bandas carnavalescas na própria Vila Belmiro e promete que não deixará a desejar em sua primeira apresentação. No barracão, um dos destaques já está praticamente pronto. A escultura de uma baleia, símbolo do time, está recebendo os últimos retoques e, agora, será pintada.

Para dar conta dos preparativos, uma equipe de profissionais recebe a ajuda de torcedores, que muitas vezes dão um jeito de escapar do trabalho para dar uma força à escola. O representante comercial Luciano Augusto Diesner é um deles.

Santista fanático, Diesner já tem lugar garantido no sambódromo: irá desfilar na Ala da Torcida. "Venho aqui quase todos os dias, mas ainda temos um mês de trabalho pela frente", ressaltou o representante comercial.

Mais do que torcedor, Jeferson Giangiulio da Silva pode dizer que a combinação de Carnaval e Santos Futebol Clube faz parte de sua vida. Ele é caseiro do barracão da Sangue Jovem e, agora, está tendo a oportunidade de participar da preparação de cada detalhe para a primeira apresentação da escola. "O trabalho nestes dias está redobrado, mas eu prefiro esta agitação do Carnaval".