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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URUBUQUEÇABA
Um projeto na ilha dos urubus (2)

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Pouso dos urubus. É o que significa o nome Urubuqueçaba, dado a pequena ilhota defronte à praia do José Menino, que chegou ao século XXI praticamente intocada, apesar de diversos projetos de ocupação, como é lembrado nesta página Web da Prefeitura Municipal de Santos, publicada no início do século XXI:
 


A ilha em 1902, em tela (desaparecida em 1998) de Benedito Calixto
Reprodução do raro Calendário de 1978 - Quadros de Benedito Calixto, editado pela Prodesan

Ilha dos urubus

A ilha tem formato triangular
Foto: Prefeitura Municipal de Santos, publicada com a matéria

A palavra Urubuqueçaba significa pouso de urubus. Isso mesmo, em Santos, na divisa das praias do José Menino e do Itararé, bem perto do Emissário Submarino e da movimentada Avenida Presidente Wilson, está uma pequena ilha denominada Urubuqueçaba.

O autor Francisco Martins dos Santos, em sua História de Santos, explica que o nome para a ilhota não foi dado por acaso. Antigamente, no final da tarde, os mais velhos presenciavam a revoada diária dos animais para o lugar. Até hoje, é um dos locais favoritos das aves.

Mas essa misteriosa ilha não é habitada só por urubus. Fazendo parte da Mata Atlântica, nela podem ser encontrados alguns tipos de coqueiros e pitangueiras. Quanto à fauna, há exemplares de algas, moluscos, anêmonas, ouriços, tartarugas, crustáceos, peixes, como robalo, garoupa e peixe-galo. Contribuem ainda para o visual garças e gaivotas. Algumas pessoas dizem já ter visto até botos ao redor.

Mergulhadores acostumados a freqüentar a ilha afirmam que, entre abril e junho, Urubuqueçaba recebe a visita de arraias, um fenômeno que ainda não foi estudado. A ilha, que possui 2.000 m² de chapada e fica a 260 metros de distância da costa, tem uma encosta arenosa e rochosa. Ao contrário do que se imagina quando se pensa em ilhas, a nossa tem forma triangular e não arredondada.

Conta-se que, no século passado (N.E.: século XIX), tentaram mudar o nome para Ilha das Cobras, o que foi rejeitado pela população. Para preservar a ilha e não correr riscos, o ideal é vê-la de longe. A correnteza é forte, existem muitos buracos e, se a maré subir, a pessoa pode ficar ilhada.


A ilha em 1998, no centro da paisagem com as praias de Santos, vista do Morro do José Menino
Foto: Tadeu Nascimento/Prefeitura Municipal de Santos

A descrição de Francisco Martins dos Santos, em sua História de Santos de 1937 (republicada em 1986 junto com a Poliantéia Santista de Fernando Martins Lichti (Ed. Caudex Ltda., São Vicente/SP), é esta (no capítulo Toponímia santista):

Urubuquiçaba (Ilha das Cobras)
A ilha, vista do mirante do José Menino, em 1998
Foto: Prefeitura Municipal de Santos

Ilhota junto à praia do José Menino. Seu nome provém de Urubu e Queçaba, ou Que-çaba e Qui-çaba "pouso, pousada, recolhimento" - significando "pouso de urubus".

Esta pequena ilha santista, quando era mais coberta de matas remanescentes e mais isolada do movimento urbano, recebia, de fato, ao cair das tardes (expedindo-os de manhã), bandos numerosos de urubus, que o povo erroneamente chama de "corvos". O urubu brasileiro é da família Catartídeos, classificado como Catharista atratus brasiliensis (o comum, a que nos referimos), e o corvo legítimo (português) é da família Corvídeos, do gênero Corax, classificado como "Corvus corax", cujos parentes no Brasil são as gralhas (também corvídeos) com suas 8 espécies, do Norte e do Sul, o que bem demonstra a impropriedade da classificação popular.

Os nossos velhos, e mais ainda aqueles que conhecemos há sessenta anos passados, assistiram às antigas revoadas diárias de urubus, sobre a ilhota santista. Com o progresso e o aumento de freqüência da praia do José Menino (de 60 ou 70 anos a esta parte), os urubus foram-se mudando daquele pouso para outros pousos mais afastados e principalmente para perto do Matadouro.

Em papéis antigos e em algumas plantas cartográficas, encontramos o nome Ilha das Cobras, igualmente aplicado à conhecida ilhota, e naturalmente pela mesma razão: a extrema abundância dos ofídios, ainda lá existentes em menor quantidade.


A ilhota em 1998, junto às praias santistas, vista do Morro do José Menino
Foto: Prefeitura Municipal de Santos

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